12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 40
Capítulo 40




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Vitor se sente encurralado, sem saber se fez a coisa certa. Mas, já que estava feito o melhor era seguir... O dia amanhece e ele se levanta junto de Paula, ajudando-a a preparar Vitória. Tomam café juntos e resolvem a questão do dia em que trarão os outros familiares para ver a filha.

– E quanto ao meu pai?

– Vou resolver isso daqui a pouco... Não comenta nada com sua mãe, nem pense perto dela. Vou dar um jeito dela não saber que ele vem aqui!

– Mentir? Não Vitor... É demais. - se levanta.

– Ninguém vai mentir, ela apenas não vai saber.

– Mentir, esconder... O que for, dá no mesmo. Assim não quero!

– Então me responde... Como quer trazer ele aqui sem ela ficar chateada com você? Porque não podemos tocar nesse assunto perto dela. Ou podemos?

– Claro que não... Depois de tudo aquilo que ele fez, ela não quer ver ele nem em fotografia.

– Então Paula... Ela não pode saber.

– Quer saber Vitor!? Deixa isso...

– Não, não vou deixar. - Se levanta. Você fica angustiada com isso o tempo todo, e isso é muito ruim... Já que sua mãe não aceita, o problema é dela. Sei que ela é sua mãe, sou muito grato por isso, mas estou exausto de acabar fazendo o que Dulce acha certo.

– Nossa... - Fica surpresa. Por que está falando assim? Quando foi que você teve que fazer algo que ela achasse certo?

– Preciso ir... Não me espera pro almoço, vou almoçar com uma pessoa pra resolver um problema. - Beija-a. Fique bem, já volto!

– Espera aí... - Segura ele pelo braço. Você fala de uma forma e depois sai dessa maneira... Almoçar com quem?

– Vou resolver um problema, meu amor...

– Vitor, eu... - Desiste. Vou dar um banho na Vitória... Até mais. - Sai da cozinha.

– Paula... - Olha o relógio e vê que já está atrasado. Diva, dê uma olhada na Paula, vou precisar sair... Qualquer coisinha me avise! - A beija no rosto. Tchau!

Vitor segue o caminho todo pensando se realmente fez certo em ter se comunicado com Erica novamente, sabendo que Paula descobre tudo, sempre. Quando chega ao restaurante, trinta minutos depois, já a vê de longe... Não teria como não ver.

– Nossa... Atrasou, hein?

– Bom Dia, também... Se não se lembra moro em um Fazenda. - Senta-se.

– E então... Pensei que iríamos comer no seu apartamento, como antes...

– Pelo amor de Deus... Nem pense isso e nem ouse aparecer lá.

– Sem compromisso, como sempre foi... Não me importo. - Se aproxima dele.

– Erica fique onde está! Está vendo essa aliança aqui? - mostra pra ela. Sou CASADO, E MUITO BEM CASADO.

– E daí? - ri. Não minta pra mim Vitor... Sua mulher acabou de ganhar uma bebê, não pode te satisfazer tão cedo.

– Erica...

– Estou mentindo? Diga pra mim... Desde quando vocês dois não se relacionam?

– Você acha que a vida é só isso?

– Não só, mas também... Vitor, só estou querendo te animar um pouco.

– Você está é me irritando... Vou me arrepender de ter vindo te procurar.

– Ok... - ri. O que quer de mim se não é aquilo que quero de você?

– Erica acho que você não entendeu as coisas ainda... Te ofereci um emprego em uma das maiores agências de viagens de Uberlândia...

– E sou muito grata a você por isso... Sabe que digo essas coisas só por dizer... Mesmo querendo... Mas, calma... Sei o meu lugar.

– Que bom... Você sempre foi uma ótima companhia.

– Só isso?

– Nunca quis te iludir...

– É... Mas então, o que quer?

– Quero que você organize uma viagem pra mim... Um cruzeiro, para duas pessoas.

– Vai viajar comigo? Em alto mar, vamos quebrar todas as ondas.

– Erica... Pega esse dinheiro e pague sua conta. Vou indo... - Se levanta, mas ela o puxa.

– Calma aí... - ri. Cadê seu senso de humor, acabou quando se casou? Está frustrado, né? Quando saíamos e você estava assim, tanto tempo vendo moscas, a noite ia longe...

– Erica, me respeita...

– Desculpe. - ri. Tá bem, pra onde você quer? Para aquela chata da sua "cantorazinha" - faz com as mãos... Sugiro que seja no Pólo Sul! Frio como ela...

– Se você mencionar a Paula, eu acabo com todas as suas oportunidades. Te faço perder o emprego e não conseguir arrumar um nunca mais! Não se esqueça que se você tem algo hoje foi porque eu te ajudei, então não abusa da minha paciência para não perder tudo!

– Não precisa falar assim...

– Falo e se continuar dizer o que não sabe, deixo de falar e ajo.

– Só estava brincando... O que essa mulher fez pra te pegar de jeito!? Pelo jeito não é tão fria assim! Vai, me conte... - ironiza.

– Erica... - segura o braço dela. Já te falei pra não abusar da minha paciência!

– Adoro quando faz isso... Mas, me solte que está machucando! - ele a solta. Por que não fazia isso antes? Era tão frio...

– Porque eu não te amava! Você ia fazer seu serviço, apenas. Te dei a oportunidade de sair disso, te ajudei pra que você construísse sua vida da maneira que merecia.

– Não precisa lembrar tudo.

– Então leva sério o que estou fazendo aqui sem mencionar minha esposa.

– Só me responde uma coisa antes... Era ela a tal mulher?

– Era.

– É, você consegue tudo que quer!... Então senhor, deseja um Cruzeiro de quanto tempo?

– Uma semana no máximo. - Ignora a ironia.

– Tem algum lugar em mente?

– Não... Escolha você.

– E faço isso em nome de quem?

– Te passo depois.

– Tudo bem... Vou providenciar hoje ainda e depois você me passa os nomes para que eu já emita as passagens.

– Certo... Agora vou indo.

– Pode me dar uma carona? Meu carro ficou na revisão.

– Não, está aqui o dinheiro... Pode pegar um táxi.

– Que isso, Vitor!? Éramos parceiros, conversávamos muito... E agora você me trata assim? Não vou dizer que não gosto... Mas, preferia que fosse em outro ambiente.

– Deixe de falar asneiras! Não vou te dar uma carona porque tenho outros compromissos.

– Sei... Voltar pra casa, paparicar a esposa, trocar fralda...

– Você não tem noção do perigo a cada vez que fala da minha família!

– É!? O que você vai fazer se eu falar? Me bater aqui, me matar!? - ri. Por favor, né...

– Se for preciso, não vou pensar duas vezes! Está avisada! - se levanta.

– Virou agressivo desde quando?

– Pega aí e paga sua conta...

– Você está pensando o que, hein? - o interrompe. Que eu ainda dependo de seu dinheiro?

– Não estou pensando nada, apenas sendo gentil.

– Você não sabe ser gentil comigo nem quando deveria...

– Você é uma encrenca... Das piores. Me responde... Você ainda sai com outros homens?

– Isso não é da sua conta!

– É sim... Te dei oportunidade de sair disso.

– Você está me confundido com uma mulher da vida... Eu era uma acompanhante.

– Tá... Como se houvesse alguma diferença nas finalidades disso.

– Só não te dou um tapa agora porque você foi o único que me ajudou de verdade, que me respeitou e porque eu queria fazer isso em outro lugar! - levanta-se.

– Diva!? - o celular toca e ele atende. Houve algum problema? - gesticula pra Erica sair do restaurante.

– Não, a Paula só quis saber se você vem para o almoço.

– Não sei Diva, não me espera... Já havia dito para ela.

– Olha, ela só quer saber mesmo com quem você está!

– Eu sei...

– Vou desligar antes que ela chegue aqui.

– Está bem, até mais tarde. - sai do restaurante e vê Erica o esperando.

– Algum problema com sua família?

– Não, nenhum.

– Posso ver como é sua filha?

– Acho melhor não... - abre o carro. Preciso ir, depois te telefono para passar os dados.

– Está bem... E não vai rolar mesmo a carona?

– Entra nesse carro Erica... Antes que eu mude de ideia, mas já vou logo avisando... Não me venha com suas insinuações.

– Ok... - ri.

– Onde você vai ficar? - entram.

– Na agência mesmo... Preciso trabalhar, né?

– Que bom que sabe...

– E então, como é de verdade a vida de casado? Pela segunda vez...

– Quando você encontrar alguém que você ame, que sabe que é parte de você, entenderá o que sinto.

– Você falava que amava todas.

– Eu falava que me apaixonava... Nunca enganei ninguém, se quiseram se iludir o problema foram delas.

– Coitada da sua primeira esposa... - ri. E de todas antes da querida Pulinha.

– Erica... Já te avisei!

– Calma... - Coloca a mão na perna dele que fica tenso.

– Erica, pare com isso...

– Quer que eu pare mesmo?

– Desce! - para o carro. Vamos, desça aqui mesmo e vá a pé!

– Vitor, eu...

– Desce Erica! Vamos...

– Você é um mal educado mesmo... - Desce do carro.

– Droga! - bate no volante tentando se acalmar. Se controle Vitor... Se controle.

No caminho vai pensando no que aconteceu, resolve ir pra casa da mãe antes de retornar pra casa.

– O quê houve Vitor?

– Oi mãe, também estou bem! - ri.

– Desculpe... - riem e o abraça. É que pensei que tivesse acontecido algo, você sair de casa assim.

– Assim?

– Com sua filha e sua esposa lá.

– Vim almoçar com você.

– Se sente e você vai me contar o que aconteceu...

– Você sempre sabendo de tudo. É que...

– Sim... É que...?

– Mãe, quando me separei da Claudia, tempos depois eu sai com uma acompanhante, como preferem serem chamadas. Mas, na verdade na maioria das vezes não acontecia nada! Só ficávamos conversando e quando resolvi procurar a Paula, parei de sair com ela e a ajudei a sair dessa vida, consegui um emprego pra ela na agência de viagens. Hoje fui falar com ela e... Muita insinuação, e Paula anda tão cansada, tão distante.

– Não vai me dizer que você...

– Não, claro que não... Fiz ela descer do carro antes que a situação piorasse. Eu amo a Paula... Quero minha mulher de volta.

– Estava demorando pra isso acontecer... - se senta. Vitor, ela também o quer assim... Mas, agora ela é mãe e precisa se recuperar fisicamente e emocionalmente. Você precisa estar do lado dela e compreender... Não permita que ela sonhe com isso que aconteceu.

– Não houve nada... Nem haveria, eu não teria coragem.

– Eu sei...

– Mãe, tenho medo de nunca mais voltarmos ser como antes.

– Não tem porque esse medo... Dê o tempo dela.

– Estou dando... Só estou cansado. Não dela, não da minha filha... Mas, de algumas situações.

– Eu sei Vitor, mas você precisa aguentar isso... O que acha de sairmos pra você comprar algo pra ela?

– Está bem...

– Vou pedir pra servirem e já nós vamos.

Vitor almoça com a mãe e depois vai em busca de algum presente pra Paula. Se sente culpado por não ter se controlado mais, por se sentir cansado sabendo que Paula é a grande razão pra ele seguir. Enquanto isso, na Fazenda, Paula ensina pra Lucy, a nova babá, a rotina de Vitória, explicando que na maior parte do tempo ela fará tudo, mas que será bom ter alguém que ajude.

– Está certo...

– Bem Lucy, é isso... Amanhã peço pra algum funcionário buscar suas coisas na cidade e trazer pra casa da sua mãe. Seja bem vinda... - sorri.

– Muito obrigado Paula, isso está sendo uma oportunidade e tanto...

– Ótimo! Aproveita que vão levar sua mãe ao supermercado e vá junto. Amanhã, logo pela manhã você retorna... - a abraça.

– Será um prazer trabalhar com vocês...

– Que bom! - Vitor chega e deposita as sacolas no sofá. Seja bem vinda, Lu. - a abraça.

– Obrigado Vitor! Agora vou indo, até amanhã... Tchau.

– Tchau. - vai se retirando da sala até Vitor se aproximar.

– Nem parece que estou aqui.

– Hã!? Preciso ver Vitória...

– Paula... - Segura ela. Esquece o que eu te disse...

– Não vou esquecer. Você nunca falou daquela maneira sobre minha mãe... Parece que somos, sei lá o que. Eu não tenho culpa se não tenho uma família como a de todas as outras que você se envolveu. Agora, por favor, me solte... Preciso ver minha filha. - sai. E a... - retorna. Com quem você almoçou?

– Com minha mãe...

– Você foi resolver negócios com sua mãe?

– Resolvi bem antes do que imaginei e passei pra ver ela.

– Entendi. - sai.

– Paula, espera aí... Não me trata assim. Poxa... - segue ela.

– Te tratando assim como? - entra no quarto. Fale baixo...

– Olha aí... Ela está dormindo. Vamos conversar!

– Vamos, claro... Me conte, porque falou daquela maneira?

– Pelo amor de Deus, esquece esse assunto. Eu falei de uma maneira normal! - Sai do quarto.

– É normal você falar assim? Desde quando? O que é Vitor... Você está se cansando da gente? - Paula o segue.

– Não inventa coisa...

– Não inventar coisas? Você falou de uma maneira estranha...

– Paula, CHEGA! - grita. Chega desse assunto, chega disso! Que saco... - vai até a cozinha e a deixa na sala sozinha.

– Eu...

Paula não entende o que tem acontecido, sente Vitor distante nas últimas horas, sem paciência, sem que compreenda ou respeite o estado dela, como se tivesse esquecido do quão frágil ela está no momento. Sente a necessidade dele estar perto, mais perto do que nunca, mas parece que ele só tem se afastado. Sem conseguir se controlar devido a forma dele falar, coisa que não acontece com frequência... Ele não grita com ela e naquele momento ele gritou. Vitor parece ouvir o choro de Paula e retorna a sala, ciente e arrependido do que fez. Mas, não queria que o assunto voltasse para ter que contar a verdade do porquê falou daquela maneira.

– Me perdoa... - senta-se ao lado dela. Pulinha, olha pra mim... Me desculpa, eu não quis gritar com você.

– Mas, gritou... O que está havendo com você? Eu estava sentindo tanto sua falta, mas se fosse pra voltar assim, pra piorar meu estado era melhor ficar onde estava! - se levanta e sai.

Vitor tenta argumentar, mas não adianta. Sente-se arrependido de ter começado tudo aquilo; mas já não havia como mudar a situação. Queria que ela soubesse o quanto a ama e sofreu dia após dia longe dela... Mas, mesmo estando ali não estava sabendo lidar com tudo. Recolhe as sacolas que trouxe e caminha para o quarto de Vitória. Paula não estava ali, facilitaria fazer o que queria. Retirou as fotografias que mandou revelar, uma a uma pendurou no mural... Como em uma linha do tempo, relembrou todos os momentos desde de que descobriu que seria pai, que ouviu o coração daquele ser que já tinha todo o dele. Não conteve as lágrimas quando terminou e viu o resultado. Olhava para uma imagem em especial... Em uma tarde, na fazenda ainda em reforma, tirou uma foto da Paula sorrindo enquanto conversava com um dos mestres de obra. Ver imagens dela de uma forma tão natural aquecia o coração dele.

– Minha Pulinha... - passa a mão na fotografia e se retira.

Na porta pendurou o nome de Vitória escrito em borboletas, assim como todas as luminárias que havia dentro do quarto. Ouviu Paula conversar com a filha que acabou de acordar no quarto... Sem chamar atenção vai até a porta e fica observando. Paula sente sua presença e o olha.

– Posso?

– É seu quarto. Sua fazenda...

– Paula... - respira fundo.

– Não quero conversar... Preciso amamentar Vitória durante os primeiros seis meses. Não preciso de mais problemas, mais situações que me faça ficar nervosa e não poder amamentar.

– Eu te amo... Muito. - sai do quarto.

Paula o vê fechando a porta e não contém as lágrimas. Queria ele ali perto, mas ao mesmo tempo queria que ele ficasse distante.

– Também te amo... - sussurra, mesmo sabendo que ele não pode ouvir.

– Diva!?

– Oi Vitor.

– Sol não veio hoje?

– Veio sim...

– Chame ela pra mim e peça que traga a filha.

– Tudo bem... Aconteceu algo?

– Não.

Vitor vai até o carro e termina de retirar o que comprou com a ajuda da mãe. Retorna pra casa, acompanhado de Flokinho e paçoca que não desgrudam.

– Vitor!?

– Oi Cintia...

– Que isso tudo?

– É pra filha da Sol, só tive tempo agora... - ri.

– Que máximo. Bem... Estou indo pra piscina, se a Paula gritar por mim, me chame?

– Pode ficar tranquila... Eu ajudo.

– Tá bem, até mais...

– Até...

– Oi... Vitor!?

– Sol! Clara... - vai até a menina e a cumprimenta. Tudo bem, meu anjo?

– Tudo. - sorri.

– Desculpa a demora, mas está aqui... - Puxa o presente.

– Que isso? Nossa... Posso abrir!?

– Claro que pode, deve... - ri.

– Meu Deus Vitor, não precisava...

– Imagina Sol, enquanto eu puder ajudar as pessoas a realizarem os sonhos delas, terei um sentido a mais. Quer ajuda pra abrir?

– Eu já sei o que é... Mãe! - Se emociona.

– Abre, meu amor...

– É a sanfona... - Chora. Mãe!

– Gostou?

Clara vai até Vitor e o abraça, fazendo-o se emocionar. Paula vem até a sala com Vitória nos braços e observa, sorrindo.

– Que linda sua sanfona!

– Paulinha!

– Oi meu amor, tudo bem!? - se aproxima deles.

– O Vitor quem me deu...

– É linda Clarinha... Quando você aprender, tem que vir tocar pra nós. A Vitória vai adorar ouvir... - riem.

– Posso ver ela?

– Claro, vem aqui... - se senta.

– Mãe, olha... Ela é tão pequena. - riem. Ela é muito linda, lembra você.

– É!? Uma das primeiras pessoas que fala isso.

– Mas, com você também Vitor!

– Fico honrado. - riem.

– Clara, precisamos ir antes que você perca a van... Vitor, eu nem sei como te agradecer! - o abraça. Isso é um sonho não só dela, mas meu também. Você e Paula são verdadeiros anjos, Deus foi generoso me dando a oportunidade de trabalhar com vocês.

– Ôh Sol... Não precisa agradecer. Apoie essa mocinha e tudo estará resolvido...!

– Pode deixar! Vamos Clara...

– Vitor, eu ainda vou vir aqui e tocar uma música pra você.

– Estou muito ansioso já aguardando...

– Tchau Vivi... - se despedem e saem.

O silêncio na sala é inevitável. Vitor não sabe o que dizer e Paula finge ele não estar ali, até que quebra as vozes caladas.

– Quer pegá-la?

– Sim...

– Aqui... - a entrega com cuidado. Daqui um pouco vou dar um banho nela... Se quiser ajudar...

– Sim.

– Tá... Vou ligar pra minha mãe e já volto. - se retira.

– Vitória, oi... - pega na mãozinha dela. É o papai, meu anjo...!

Paula vai para área externa da Fazenda e vê Cintia na piscina. Se senta em uma cadeira e telefona para mãe.

– Mãe...

– Oi Paula, tudo bem?

– Tudo... A senhora sumiu daqui.

– O Juca veio pra cá, fiquei resolvendo as coisas do apartamento e não deu pra ir. Como está Vitória, filha?

– Bem também. Está na sala com Vitor...

– Ele chegou?

– Sim, ontem.

– Que bom, pensei que estivesse sozinha.

– Não... Mas, tem momentos que me sinto mesmo ele estando aqui.

– Vocês não estão bem?

– Sim... - mente. Só uma força de expressão por ele ter que trabalhar aqui ainda.

– Entendo. Vou ver se amanhã consigo ir aí.

– Tudo bem... Pode resolver suas coisas. Está com algum problema?

– Não, nenhum... São só os papeis da transferência do apartamento e uns do escritório que Nilmar enviou.

– Mãe, quando ele vem?

– Na semana que vem e ele já traz sua avó.

– Está bem... Nem pude telefonar pra ele ainda.

– Faça isso quando puder.

– Mãe, preciso desligar... Vou organizar as coisas da Vitória. Beijos...

– Tchau filha.

Paula acena para Cintia rindo e entra. Observa Vitor conversar com a filha, como se ela já fosse uma criança de tantos anos, rindo e fazendo crer que ela entendesse tudo. Sente um conforto enorme ao ver que ele é tão feliz com ela.

– Vou organizar o banho e daqui a pouco você vem ao quarto dela.

– Ah... - Vitor se lembra da surpresa. Vou agora e te ajudo. - se levanta a acompanha.

– Certo...

– Paula...

– Oi? - para no corredor.

– Não fica assim comigo, preciso tanto de você.

– E eu o dobro... - segue.

– Espero que goste.

– Do que...? - abre o quarto. Ah... Meu Deus!

– Como você pediu.

– Bem mais do que esperei... Que coisa mais linda. - vai até o mural emocionada. Olha... Onde tirou essa?

– Quando a fazenda estava sendo reformada.

– A primeira ultrasonografIa... Está muito lindo Vitor. Vitória crescerá vendo cada tempo desde o momento que ela foi gerada.

– Essa foto aí... De nós dois na viagem. Você já estava grávida...

– Já... Essa aqui, provavelmente foi quando ela foi gerada.

– Por isso coloquei aí. Ela foi feita como todo meu amor e entrega...

– Sim... Por isso ela é tão linda assim.

– Como você! Sou o homem mais feliz ao lado de vocês...

– Vitor...

– Eu te amo tanto... Por favor, não vamos ficar assim. Sinto tanto sua falta!

– Vitor eu... Pensa que não sinto a sua? Que não sinto falta de nós dois... Sei que aceleramos tudo, aconteceu... Mas, eu...

– Paula... - Coloca Vitória no berço e retorna pra Paula. Eu sei que você sente falta... E eu estou aqui. - a acaricia.

– Quero que você saiba que não é porque temos uma filha que tudo tem que mudar entre nós dois. Eu continuo aqui, sendo a mesma mulher...

– Eu sei disso... Me desculpa se em algum momento eu acabei deixando transparecer o contrário. Mas, pra mim você continua sendo a minha mulher...

– Então me ama... Como todas as outras vezes.

– Agora!?

– Vitor... - riem. Não estou falando só disso.

– Tudo bem... - riem. Pulinha... - a abraça. Eu te amo a todo minuto e de todo jeito... E daquele outro jeito eu estou esperando seu tempo. - ri e a beija.

– Meu menino... - passa a mão sobre os cabelos dele.

– Menino já velho...

– Que pra mim continua menino! - o beija. Olha aí...

– Vitória resmungando...

– Sim... - riem. Ela quer tomar um banho. Tire a roupinha dela que vou preparar a água...

– Tá bem...

Vitor Paula preparam tudo e começam dar banho em Vitória. A ideia no início parecia bacana, até Vitor demonstrar que estava morrendo de medo.

– Segura aqui... - ri. Calma Vitor...

– Tá... Me ensina...

– Tem que ser com muita delicadeza.

– Ok... Deixa eu agora.

– Ok... - Paula se afasta e observa.

– Vivi...

– É... Você leva jeito.

– Está vendo... Só tenho medo de machucar.

– Continua devagarinho...

– Pronto... Pega a toalha dela. - entrega pra Paula.

– Vem mamãe meu amô... - Leva-a para se vestir.

Passam o resto do dia dedicando-se a filha. Quando a noite chega, Cintia se oferece para cuidar de Vitória para que Paula e Vitor possam jantar sozinhos.

– Qualquer coisa é só nos chamar. Vou tomar um banho e depois do jantar pego ela pra levar pro meu quarto.

– Não se preocupa... Ela só vai mamar na madrugada não é!?

– Sim...

– Então... Relaxa. Quando ela for mamar você vem aqui... Curte sua noite Paula, o Vitor logo vai voltar pra estrada.

– Tá... Mas, se ela...

– Ela não vai chorar... - a interrompe. Ela é muito tranquila.

– Tudo bem...

– Paula, essa sacola aqui... Eu abri achando que era algo da Vitória pra ser guardado, mas não é...

– Uai, o que é? Não peguei sacola alguma por esses dias. Será que foi Vitor!? Me deixe ver... - pega da mão de Cintia.

– Isso aí não cabe na Vitória... - ri.

– É uma roupa íntima... Provavelmente foi o Vitor comprou. - se chateia.

– Por que essa cara?

– Cintia é que... - respira fundo e se senta ao lado dela. - Eu estou com medo.

– De quê?

– Disso tudo... Eu não sei se estou pronta já e nem se podemos. Tenho medo de acontecer algo por eu ainda amamentar, por não estar no prazo que o médico deu... e também... Medo dele não entender.

– Paula...

– Cintia, ele tem sido compreensivo, mas já faz muito tempo... Tenho medo de fazer isso mais por ele do que por mim. É tudo estranho ainda... Como se fosse a primeira vez de novo!

– Prima, deixa tudo acontecer naturalmente... Ele te ama pra desrespeitar seu tempo.

– Eu sei...

– Agora vai... Tome um banho, fique linda.

– É... Se algo acontecer, já sabe... - ri. É só chamar...

Paula se despede da filha e vai pro quarto ao lado. Olha o presente do Vitor e resolve que colocará após o banho. Procura por ele até ouvir o barulho vindo do banheiro, sentindo o coração ficar mais forte sem entender porque. O cheiro de Vitor era seu vício... Não se contém e vai até lá, o observando minuciosamente, cada detalhe de tudo que há nele e ele é. Vitor não percebe a presença dela e quando termina o banho que se vira a encontra na porta.

– Pulinha...

– Oi...

– Por que não entrou?

– Preferi ficar aqui... Só observando.

– Me passa esse roupão...

– Aqui... - entrega pra ele, que a puxa. Vitor! Você está me molhando... - ri.

– Você não vai tomar banho?

– Vou...

– Então, só estou te preparando. - tira o cabelo do rosto dela. Você é tão linda assim... Te sinto com uma força tão imensa, que me aquece cada vez mais. - A acaricia.

– Vitor... - Em um ato inconsciente joga a cabeça pra trás, pra que ele se encaixe em seu pescoço. Eu amo você... Muito. - a respiração fica acelerada.

– Eu sei... - se volta para a boca dela. Tome um banho que vou te esperar...

– Está bem... - Fixa os olhos nos dele. Tenho uma surpresa pra você...

– O que é?

– Pede pra Diva arrumar o jantar no nosso quarto, na varanda.

– Tudo bem... - sorri. E Vitória?

– A Cintia vai cuidar dela, mas não podemos ficar enrolando porque na madrugada vou pegá-la para amamentar.

– Então vou me trocar e colocar o jantar aqui. - Beija-a e se afasta.

– Vitor olha a bagunça... Molhando todo o chão. Veste seu roupão logo! Ninguém quer ver nada disso aí... - ri. Na verdade muitas querem, né?

– Mas, só você pode. - Coloca o roupão.

– Não faz bagunça no meu closet...

– No MEU CLOSET que você roubou uma parte.

– Tanto faz... Minhas roupas estão lá... - se aproxima dele e se vira. Abre aí pra mim...

– Mas, logo você tem que tirar... Não sei porque tanta roupa, se é tão linda assim... - Desce o zíper e acaricia a pele dela.

– Vou viver nua por aí?

– Não, isso não... Por aí não. Só por aqui... Dentro do banheiro, do closet. Somente, pra mim. - Beija o pescoço dela.

– Escuta... Desse jeito não teremos tempo nem de jantar. - segura as mãos dele em seu corpo.

– Teremos sim... - A acaricia segurado por suas mãos.

– Vitor, devagar...

– Eu sei... Bem, devagar... - Sobe as mãos até o pescoço. Não quero te machucar.

– Você não me... - respira fundo... Machuca. Me deixa tomar banho...

– Me deixa tomar banho com você. - Abaixa o vestido dela, beijando-a.

– Ainda não... Vitor! - Grita involuntariamente. Por favor...

– Você quer Pulinha... Me deixa...

– Não... Ainda não. Eu... - Tenta controlar a respiração. Vou explodir com você aqui... Por favor... A gente precisa ir devagar.

– Está bem... - Se levanta.

– Não fica assim... - Se vira pra ele. Só estou te pedindo pra ir devagar.

– Eu sei... Está tudo bem. - Beija-a. Vou me arrumar e te aguardo.

– Se arrumar? Só precisa colocar uma samba canção e fala que vai se arrumar. - ri.

– Isso é se arrumar... Vou me perfurar com flores. - riem.

– Eu quem vou...

– Você me pede pra ir devagar, mas me provoca Paula. Tenta entender que é complicado pra mim... Já passei anos me controlando perto de você.

– É só estou te pedindo mais um tempinho...

– Então não me provoque...

– Mas, não faço nada... Não tenho culpa se...

– Se sou maluco por você... - Interrompe. Tem culpa sim...

– Vai logo, antes que nosso tempo diminua mais ainda. - Retira a última peça que lhe cobria.

– Tudo bem... - Respira fundo. Um dia eu não vou me controlar mais!

– Você quem sabe... - Ri e entra na ducha. Vai Vitor... Antes que tenhamos que trazer Vitória pro quarto.

– Tá... - Sai rumo a cozinha. Diva!?

– Estou aqui...

– Oi...

– Vitor, olha o que você está fazendo no chão! Paula vai ficar uma fera...

– Leva nosso jantar pra varanda do quarto.

– Está bem... Agora some daqui, olha essa bagunça!

– Nossa... Tudo bem! - ri. Não demora, tá?

Vitor retorna ao quarto, sente-se tentado a ir até Paula, mas resolve aguardar, não querendo forçar a barra. Vai até o Closet e se arruma, retornando ao quarto e ajudando Diva colocar a mesa na varanda.

– Ficou lindo!

– Aqui está o vinho... - Coloca sobre a mesa. E o suco da Paula... Qualquer coisa que faltar é só avisar.

– Meu charuto... Cadê?

– Paula... - Se sente desconfortável.

– O quê tem?

– Ela não deixou que eu comprasse.

– Como assim?

– Olha... Tem dois ainda aqui. Vou buscar...

– Não... Tenho alguns no closet. Pode ir Diva...

– Qualquer coisa me chame...

– Pode deixar. - Abre a porta para ela. Paula é... - Pensa alto.

Vai até o seu closet buscar os charutos que tem guardado no cofre, enquanto Paula ainda está no banheiro.

– Fleur of England... - Segura a sacola do presente de Vitor. Vamos lá! - Retira a camisola com um robe. Caramba... Onde ele aprendeu a escolher coisas assim? - se encanta.

Vitor havia comprado uma roupa íntima da marca internacional Fleur of England. As peças eram da coleção keepscake, um robe e uma camisola em seda arsenal de renda francesa na cor de cinza empoeirado.

– Vou jantar quase nua! Meu Deus... Onde ele estava com a cabeça?

Paula termina de se vestir e vai até seu closet, separado do de Vitor. Escolhe um scarpin louboutin para calçar com brincos de Priscila Schivinatto, ganhos da Tatianna. Resolve não fazer maquiagem e deixar o cabelo como estava. Sente seu coração pulsar tão fortemente, tanto quanto foi da primeira vez em que esteve com ele.

– Vitor!? - Sai para o quarto e não o encontra. Vitor!?

– O...i. Paula... - Para perplexo na porta.

– Era pra mim, não era? Acho melhor ser...

– Era... - Engoli seco. Você está divina... Assim como imaginei que ficaria. Não esperava que você vestisse isso... Até porque eu esqueci de te entregar! Eu... - Paula coloca as mãos sobre o pescoço dele.

– Para de falar... Já entendi!

– Eu te amo tanto...

– Eu também! - Se aproxima da boca dele, mas não o beija. Vamos... Precisamos comer.

– Te falei pra não me provocar Paula!

– Não estou... Apenas estou te chamando para comer... Você não vem?

– Você ainda me paga! - riem.

Se sentam na varanda, bem próximos. Vitor serve-se, assim como Paula... Conversam sobre Vitória, sobre os últimos dias que ele esteve fora de casa e da rotina que Paula irá começar com os exercícios.


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