12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12
Continuação...
– Pode deixar que eu abro. – entra no carro.
– Você deveria ser menos teimosa. – Coloca o cinto.
– E você deveria ter ouvido o médico, quando disse que preciso relaxar.
– É isso que iremos fazer...
– Mandei você me procurar só quando tivesse o divórcio.
– Não fica, desde já, ensinando Vitória mentir. Você não quer o divórcio e mesmo se quisesse, eu nunca vou te dar.
– O que você quer? Preciso descansar, me leva pra casa... da minha mãe.
– Não.
– O que é? Vai me segurar pelo braço, me machucar a fazer o que você quer? Não sou uma adolescente grávida? – Ele coloca a mão na coxa dela e aperta, para que pare de falar. Pare com isso, Vitor!
– Leo...
– Não coloque seu irmão no meio. Sabe... o problema não foi você jantar com a tal mulher, é você não ligar mais pra mim!
– Eu não ligo pra você?
– Não é isso... Não gostei de ter me deixado sozinha, estava com dores, fazia dias que não nos víamos e você sai pra jantar com uma outra pessoa? Nosso relacionamento virou a Vitória, só isso... Tenho medo que as coisas entre a gente nunca se alinhem, não tivemos tempo pra respirar o que estava acontecendo entre nós, eu logo engravidei. Não estou agindo feito uma adolescente, eu apenas preciso de tempo pra entender tudo isso... Pra falar a verdade, só agora estou começando crer na gravidez.
– Não sai pra jantar porque quis... Jamais te deixaria, jamais faria as coisas que você insinuou.
– Vitor, quando uma mulher está grávida e seu marido sai pra jantar com outra mulher que não está... Enfim!
– Mas não tem cabimento você me tratar como se tivesse dormido com ela.
– Você não entende! Estava te aguardando... Vitor, não quero mais falar disso, chega... – Começa chorar.
– Paula! Por favor... – para o carro. Volta pra casa, preciso de você...
– Vitor... Me leva pra casa da minha mãe, agora.
Vitor funciona novamente o carro e a leva para o apartamento, ajuda-a a subir.
– Paula...
– Preciso descansar...
Ela entra e ele vai para a Fazenda, deixando Diva esperançosa para que Paula esteja com ele.
– Arrume minhas malas, Diva.
– Malas?
– Sim, uma para mim passar uns dias e outro para os shows.
– Você vai pra onde?
– Pra cidade, vou ficar lá... Mas depois eu ligo pra explicar tudo.
Vitor recolhe tudo que Diva preparou e vai para a cidade. No caminho combina de se encontrar com Tatianna no Shopping Uberlândia.
– Demorou, hein?
– Tudo bem Tata? – Cumprimenta-a.
– Sim, cadê Paula? Como ela está?
– É uma longa história, vamos entrando?
Eles caminham rumo as lojas e Vitor conta tudo que houve e o porquê pediu sua companhia.
– Você nunca tentou resolver um problema assim.
– Não estou tentando resolver um problema, apenas viver como se ele não tivesse existido.
– Pense como quiser... Mas enfim, vamos escolher algo surpreendente! O que você prefere? Joias, sapatos, vestidos. Paula adora sapatos e joias... e vestidos também. Vai ser difícil!
– Bem... Então vamos levar tudo.
– Me dê seu cartão. – Estende a mão.
– Manda ver! – Começa rir.
Entram na primeira loja de joias e Tatianna mostra um colar para Vitor que reprova.
– Acho que ela não vai gostar... Quero algo que faça parte dela.
– Que tal esse?
– Não... Já sei! – Se vira pra atendente. Quero ver anéis.
– Um anel?
– Sim, algo que ela não vá tirar e que fique bem claro que ela é minha mulher.
– Você não acha que está muito possessivo?
– Não! E por favor, não comece...
– Como quiser!
A atendente chega e Vitor bate o olho no já escolhido. Pega-o na mão e analisa.
– Esse anel é algo bem casual, é da H. Stern em ouro amarelo de 18k da coleção MyCollection.
– O que você achou Tata?
– É singelo e lindo.
O anel eram cinco camadas com dois passarinhos ao topo.
– Pode embrulhar.
– Adoro homens que não perguntam o preço. – Riem.
A próxima loja é pra escolherem um vestido.
– Qual sua ideia?
– Paula tem que se sentir linda, é essa a ideia.
– Vamos lá...
Começam a olhar vários, mas Vitor não aprova nenhum o que deixa Tatianna enfurecida.
– Você tem que colaborar!
– Não vi nada ainda que imagine no corpo dela... Continue procurando.
Ela e a atendente trazem mais cinco vestidos e dentre eles Vitor reage a apenas um.
– É esse. Vai ficar lindo nela...
– Também gostei... Trançado atrás, longo e leve. Onde você está aprendendo tudo isso?
– Quando os homens amam, acabam descobrindo tudo. Mas, agora qual você prefere? Preto ou florido?
– Onde você quer vê-la assim?
– Em qualquer lugar...
– Então é o florido.
– Embrulha. – Entrega pra atendente.
– Por que não compra uma roupa íntima pra ela? Você conhece o corpo dela e posso dizer que um homem conquista mais ainda quando acerta nesse quesito.
– Não sei, não... Paula anda cheia de paranoias, é perigoso já pensar outras coisas.
– Vou buscar pra você ver.
– Com uma mulher vestida como modelo?
– Por isso ela pensa coisas...
– Só estou brincando, gracinha...
Minutos depois Tati volta e Vitor leva mais tempo pra escolher uma peça do que qualquer outra coisa que já tenha comprado na vida.
– Sempre fui muito prático. Como vocês tem paciência? – Pega uma na mão e coloca ao lado, negando.
– Porque relaxamos... Olhe essa. – Estica pra ele ver.
– Tati ela está grávida, não vai caber.
– E essa?
– Me deixe ver... Ual. – Olha pra ela e ri. É essa! Pode mandar embrulhar.
– Queria ver a cara da Paula recebendo tudo isso. – Saem da loja minutos depois.
– Nem queira. É perigoso ela tacar tudo pela janela... E tudo por culpa de quem? Leo. Não vou mais resolver problema de ninguém.
–Hei, estou aqui...
– É ótimo porque já passa o recado pra ele!
– Deixe ser bobo Vitor. Tome seu cartão e boa sorte lá... Mesmo que ela dê uns gritos, vai amar. – Riem.
Trinta minutos depois, na porta do antigo apartamento de Vitor que agora passou a ser de Dulce, Cíntia atende.
– Oi. – Entra.
– Foi as compras?
– Digamos que sim. Onde está Paula?
– Se deitou, novamente.
– Ela almoçou?
– Não quis comer nada.
– Prepare o prato dela e leve até o quarto.
Vitor a encontra deitada, olhando pro teto. Quando o vê, encara sem entender o porquê das malas e sacolas.
– O que é isso?
– Por que você não comeu?
– Não estou com fome.
– Você não tem opção. Bem... essas coisas são minhas. Já que você não vai pra casa, eu venho até você!
– Aqui. – Cíntia entra no quarto com uma mesa portátil carregando uma refeição.
– Você vai me obrigar a comer?
– Óbvio que não. Obrigado branquinha, pode ir. – Pega e leva até a cama. Será por livre e espontânea vontade.
– Por que você acha que tem tanto poder sobre mim assim?
– Porque eu tenho. Coma!
– Vitor isso é...
– Você está brigada comigo. Nossa filha não tem nada ver... Não mando em você, mas quero cuidar da minha filha e se você não comer peço pra te aplicarem um soro.
– Como se eu não tivesse vida própria? Você é maluco...
– Sou maluco por você... Realmente. Você está virando a minha vida de cabeça pra baixo!
– Você andou fazendo compras?
– Sim. – Se levanta e pega as sacolas.
– Você nunca vai fazer compras...
– Pra você ver o que faz comigo. – Retira o anel embrulhado. Quero ficar bem... Com você. Quando estamos brigados eu fico muito mal, quero que você se sinta bem e o tanto que amo você.
– Desculpa... – Olha pra ele. Confio em você, sei que não sairia com nenhuma mulher, mas... Estou me comportando com infantilidade, não é?
– Não te culpo... Mas fale comigo, não fique fugindo. Fico transtornado quando você faz isso...
– Eu sei...
– Quero te mostrar o quanto eu pertenço só a você, e o quanto você pertence só a mim! – Pega a mão direita e coloca o anel. Não retire esse anel por nada, é o nosso elo.
– É tão lindo... Somos nós dois aqui. – Ri. Você pensa em tudo, eu amei e não vai sair nunca daqui.
– Tem mais. – Pega as outras sacolas.
– É alguma data comemorativa?
– Não – Riem. Não posso querer te presentear?
– Claro, deve...
– Quero que você vista pra mim ver.
– Vamos ver o que é... – Pega as caixas na mão e abre a do vestido. Nossa... Você quem escolheu? É tão incrível!
– Gostou? Fui eu sim. – Ele a ajuda se levantar.
– Meu Deus! – Paula coloca o vestido na frente e se olha pelo espelho. É maravilhoso! Vou experimentar...
– Espera, pega a outra caixa. – entrega pra ela.
– O que é?
– Abra, só não vá brigar comigo...
Ela abre a caixa curiosa e não segura a risada quando vê o que é. Vitor fica sem graça, não entendendo a reação enquanto ela se aproxima e se aconchega em seu colo.
– O que foi? Não entendi a graça.
– Desculpa...
– Tati insistiu, olha... Não precisa ficar se não quiser.
– Calma Vitor... Eu amei e vou colocar pra você.
– E porque está rindo?
– Imaginando você comprando... Pensei que nunca faria isso. Estou muito feliz por ter feito, e espero que não pare principalmente depois que Vitória nascer.
– Ainda não entendi a graça...
– Vou colocar e já volto. O que quer ver primeiro?
– Não quero ver nada! – respira fundo.
– Vitor deixa de ser besta!
– Ele te comprava essas coisas?
– Ah, por favor!
– Não suporto nem pensar nessa ideia.
– Não pense, fique aí que já volto... – se levanta e vai ao banheiro.
Vitor fica impaciente, não gostou da reação da Paula criando a hipótese de que outro poderia ter feito o mesmo. Respira fundo, afastando a ideia que o deixava tão nervoso. Quando Paula aparece no quarto, ele sorri automaticamente, o vestido havia ficado exatamente como imaginou e vê-la daquela forma o emocionou.
– Você é tão linda... Não me canso de admirar! Ficou perfeito! – Se levanta até ela.
– Não é? Eu amei... Você acertou meu gosto, algo que me valorizasse. Estou me sentindo linda, bem... – Entrelaça as mãos sobre o pescoço dele. Obrigado...
– Não foi nada... – Sussurra baixinho. Eu te amo, não duvide nunca disso.
– Me ajuda. – Se afasta dele, virando-se de costas. Puxe e tire.
– Mas já?
– Pra você ver o outro presente!
– Havia até me esquecido.
– Mentira sua, você não se esqueceu coisa nenhuma! – ri.
– Assim você estraga meu lado romântico. – Puxa o vestido.
– Estou com saudades de seus lados mais pervertidos.
– Paula... Não me provoque. – A vira. Meu Deus... Você existe?
– Sim! E sou sua. – Mostra o anel pra ele.
– Só minha! Você está divina, uma pena não podermos aproveitar isso... Mas, tudo bem. Tenho aguardado pacientemente.
– Prometo te recompensar depois. – O abraço.
– Digo o mesmo. – Coloca as mãos entre seu rosto e a beija.
– Vitor... – O aperta, para que a beija mais profundamente.
Batem na porta, mas Vitor não se afasta de Paula. Quer explorar cada canto de seu interior, a trazendo mais pra ele, deixando seu gosto nela para que nunca se esqueça de que ela é dele.
– Pronto... – Se afasta procurando ar e repousa um beijo em sua testa. Quem é?
– Sou eu, tem telefone pra você.
– Já vou Dulce. Fique aqui, quando eu voltar não quero ver seu prato ainda assim.
– Sai daqui antes que me deixe maluca! – o empurra rindo. Vai...
Vitor passa pela porta enquanto Dulce entra e encontra Paula sentada na cama, arrumando o cabelo.
– Paula! Não vai dizer...
– Não mãe... – ri. Ele me deu essa lingerie, coloquei pra ele ver.
– Enfim...
– Me ajuda a arrumar aqui. – Se levanta.
– Sim. Você está melhor?
– Estou sim... Eu e Vitor conversamos. Por falar nisso, quem está ligando pra ele?
– Não sei.
As horas passam. Os dias. As semanas. Os meses. Paula prepara o quarto da filha e se prepara para o parto que pode acontecer a qualquer momento. Vitor ainda está de viagem, o que a deixa nervosa, pois não sabe se ele estará na hora do parto.
Continua!
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