12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 34
Capítulo 34




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"Vitor bate a porta do carro, funciona o motor e sai. Diva volta pra casa, disca o número da Dulce que atende escondida de Paula."

– Vitor...

– Não Dulce, sou eu.

– Oi Diva, o que aconteceu? Você está nervosa.

– O Vitor saiu nessa chuva, Dulce. De carro... – Ela corre pra fora pra ver se ele havia retornado.

– Meu Deus Diva, porque deixou?

– Eu tentei pegar a chave dele, mas não deu! Dulce estou preocupada, ele está nervoso...

– Calma Diva, ele levou o celular?

– Não Dulce! Está descarregado...

– Diva, se acalma, vou tentar fazer alguma coisa... A Paula não pode saber disso.

Vitor só percebeu que era uma grande besteira ter saído de carro, quando já estava na estrada e não conseguia enxergar nada. Havia batido a cabeça duas vezes ao passar por buracos que nem ele sabia que existiam. Passava a mão para tentar limpar e enxergar melhor, mas ainda assim era impossível ver algo com aquela chuva. Conseguiu enxergar algumas luzes que piscavam ao longe, provavelmente o pisca alerta de um carro que havia parado. Quando chegou mais perto, pensou duas vezes se desceria ou não, não era nada apropriado parar em rodovias naquele tempo ainda mais para observar carros que já estavam parados. Viu que do lado de fora tinha um rapaz com uma moça, provavelmente namorada ou esposa observando o capó que estava aberto.

– Algum problema? – Pergunta com o vidro abaixado.

– Acredito que seja a bateria...

Vitor liga o pisca alerta e desce, mesmo sem entender nada de carros como muitos homens entendem. Observa junto com o cara e conclui que realmente era a bateria. Tentam fazer uma “chupeta” e o carro liga o motor.

– Muito obrigado, como nós podemos retribuir?

– Sem problemas, fiquem tranquilos... Boa Viagem.

Entra no carro e segue caminho. Teve esperança que nesse meio tempo a chuva pudesse cessar; mas não. Estava todo molhado, sujo e ainda correndo riscos por seguir naquela tempestade. Quando chega na entrada da cidade, escuta um barulho e torce para que não seja o que está pensando.

– Não... – desce do carro constatando que um dos pneus furou.

Procura pelo telefone no carro até se lembrar de que saiu sem nada de casa. Vai até a porta malas e tenta trocar o pneu que depois de muito esforço consegue e segue. Ao chegar no prédio de Dulce, tranca o carro e corre para não se molhar mais, mesmo sabendo que mais do que ele já estava era impossível e que certamente a consequência dessa imprudência seria uma gripe das fortes.

– Oi...

– Vitor, você é maluco? Entra... – Passa a mão nas costas dele pra tentar tirar um pouco da água. Diva me ligou desesperada, você não deveria ter saído nesse tempo...

– Dulce, eu sei. Cadê ela?

– Se acalme... Ela já dormiu, depois de muito falar.

– Por que isso aconteceu? Eu só sai pra jantar com essa mulher...

– Porque não se importa comigo, não pensou em mim! – Surge na sala.

– Você está doida?

– Estive quando acreditei em você. Devia saber que você não nasceu pra ser de uma mulher só; que me faria sua esposa, mas continuaria saindo...

– Cala sua boca!

– Você... –Começa chorar, não acreditando que ele falou daquela forma com ela.

– Você não pode falar essas coisas de mim! Você não sabe o que aconteceu...

– Nem quero, vai embora. – Sai para o quarto.

– Paula, o Leo pediu para que eu fosse...

– Agora vai falar que é ele? Se você pensasse em mim, diria que não iria, que eu estava precisando de você. VAI EMBORA!

– Se eu for embora, você vem junto. – Pega no braço dela. Está pensando que casamento é brincar de casinha? Que pode sair de casa quando bem entender?

– Você está me machucando...

– Vamos...

– Me solta Vitor, você está me machucando... – Começa a soluçar entre as lágrimas.

– Você precisa entender que não sou um idiota, que tenho pensado em você mais do que em mim. Tem que deixar de agir feito uma menina, você percebeu o que é isso em você? UMA GRAVIDEZ. Você vai ser MÃE! Comece a agir como uma... Estou cansado de segurar a ponta pra você, enquanto você age como uma adolescente que engravidou antes do tempo.

– Gente, se acalma por favor...

– Vai embora, agora. Não quero mais que pense em mim, na sua filha ou em quer que seja. PENSE EM VOCÊ! Vai embora daqui agora...

– Você vem comigo!

– Não Vitor! Parem com isso...

– Me solta, eu não estou bem... Por favor!

Ele a solta percebendo a burrada que está fazendo, tenta se acalmar e Paula senta em um dos sofás mais próximos puxando o ar. Vitor não sabe como agir, se sente culpado.

– Vai embora, agora...

– Paula nós vamos para um hospital!

– Falar o quê? Que você me machucou e por isso estou passando mal?

– Fala como se eu estivesse te batendo! Por favor... – Se desespera.

– Quero o divórcio, nesse meio tempo que fiquei com você minha vida não teve sossego!

– Por quê? Arrependeu-se de estragar seu corpo com uma gravidez?

– Não ouse repetir isso...

– Você ainda ousa me acusar de coisas que não faço... – Começa chorar.

– VAI EMBORA VITOR!

– Paula, não... Está chovendo muito, ele não pode sair assim.

– Ele não pensa em ninguém... Sai daqui e só volte a me procurar quando tiver os papeis do divórcio. Você só voltou me procurar porque eu era a pessoa que te acolhia quando todos os seus relacionamentos davam errado. Era na minha porta que você batia pra virar uma noite e sumir depois... Você só aparece pra infernizar a minha vida! – Chora tentando recuperar o ar, com raiva.

– Como você pode pensar isso de mim? – Se agacha. Paula, eu te amo...

– Você ama alguém que cuide das suas coisas, que te dê um filho! E qualquer uma pode fazer isso...

– PAULA CHEGA DISSO!- Dulce grita.

– Vai embora Vitor... Vai!

Ele se levanta, querendo que tudo aquilo fosse um pesadelo e logo ele acordaria com ela do lado, ansiosos pela chegada da filha. Não estava conseguindo assimilar o que estava acontecendo; mal sabia pra onde ir, não queria falar com ninguém.

– Vitor! – Se levanta e vai atrás. Cintia fica aqui...

– Dulce...

– Vitor, não! Você não vai sair daqui, me dê essa chave agora. Dê-me aqui... – Pega a chave da mão dele.

– Eu preciso ir embora!

– Não...

– Por favor... Deixa-me ir embora. – Encosta-se a uma das paredes.

Dulce compreende o quanto ele está sofrendo e desce junto dele, avisando a um taxista para deixá-lo no endereço da casa mãe. O caminho todo é feito em silêncio, cortado apenas pelos soluços de Vitor. Quando entra na casa da mãe, ela o olha sem compreender.

– Mãe... – A abraça.

– O que houve Vitor? Olha seu estado...

– Mãe, eu e Paula brigamos...

– Mas Vitor...

– Amanhã, tudo bem? Amanhã eu conto tudo... Posso dormir aqui?

– Claro, vá tomar um banho e se deite. Vou levar algo pra você comer...

– Não precisa. Está tudo bem... – Ele sobe as escadas rumo ao quarto de hospedes.

Dulce retorna para dentro de casa e vê Paula no sofá, em lágrimas. Cintia tenta acalmá-la, alertando sobre a saúde da filha.

– Chega Paula!

– Pra onde ele foi? Você o deixou dirigir nessa chuva?

– Não, claro que não filha... – Senta-se ao lado dela.

– Vitor... Mãe, eu queria que nada disso tivesse acontecido. Eu... não quero o divórcio, era mentira... Se ele quiser se separar de mim agora?

– Paula, vamos se deitar... – Levanta ela.

– Mãe...

– Calma, amanhã vocês se falam. Fique tranquila, ele não quer se divorciar... Cintia, ligue pra Diva e avise que está tudo bem.

– Ta bem tia... – Se retira com o telefone.

– Mãe, o que eu vou fazer agora?

– Dormir... Amanhã você conversa com Vitor.

Dulce deita Paula na cama, tenta acalmá-la de todas as formas.

– Tome... – Entrega um dos calmantes receitados por Ricardo.

– Não... Isso me faz tão mal.

– Então tenta se acalmar se não quiser que Vitória nasça antes do tempo!

Marisa foi até o quarto e Vitor estava deitado, mas não dormindo. Resolveu bater, ele olhou e autorizou que entrasse.

– Beba – sorriu entregando-lhe o chá.

– Obrigado...

– Filho... Você está bem?

– Estou melhor... Ela pediu o divórcio.

– O quê? A Paula é maluca? Me conte o que aconteceu...

– O Leo recebeu uma diretora da Som Livre no estúdio. – Respira fundo. O problema é que ele não podia recepcioná-la depois e pediu que eu a levasse pra jantar... Levei.

– E a Paula...

– Isso. Ela me falou coisas horríveis, como se eu somente a tivesse usado...

– Vitor, as mulheres quando estão grávidas se tornam muito mais sensíveis e dependentes. Ela deve ter falado no calor do momento, você sabe como ela é melhor que eu... Tenha paciência. Pela manhã você vai falar com ela...

– Eu a amo muito, ela não acredita nisso.

– Ela acredita. Vou sair pra você dormir! Tem um calmante no chá, relaxa e amanhã vai falar com ela. – Beija-o e sai do quarto.

Paula passou a noite em claro, isso depois da gravidez tornou-se mais comum ainda na vida dela. Não achava posição para a barriga; Vitor é quem sempre a ajuda quando o problema era esse. Sentia falta dele ali, das mãos dele nas suas e da sua respiração aquecendo sua pele. Pegou o celular e começou a olhar as mensagens que ele enviava todas as noites, com trechos das canções que haviam feito juntos ou poesias que ele fazia para ela enquanto estavam longe. Vitor dizia que essa atitude fazia com que ficassem pertos, enquanto ele estivesse longe. Ela não sabia se isso duraria anos, mas o que durasse, para ela, já era tudo. Depois de virar e revirar tudo consegue pegar no sono, despertando com Dulce já do seu lado.

– Vai se atrasar para a última consulta da Vivi antes do nascimento... – Sorri.

– Bom dia... – passa a mãos nos olhos. Ai!

– O que houve?

– Muita dor nas costas...

– O jeito que você dormiu também... Vem, levante-se. – Segura a filha a ajudando. Vá tomar um banho e desça para o café daqui a pouco saímos.

Quando Marisa desce pro café, Vitor já está na mesa.

– Madrugou? – Beija-o.

– Milagres acontecem... Hoje é a última consulta da Vitória.

– E você vai?

– Claro. – Respira fundo. Não sei como ela vai reagir, mas eu preciso ir mãe. – Se desaponta.

– E deve ir sim... Quer que eu vá?

– Eu ia pedir isso...

– Irei, vamos terminar e saímos.

Dulce coloca as coisas de Paula na bolsa, Cíntia aguarda ela terminar o seu café para ajudá-la. Saem rumo ao consultório de Ricardo; Paula não fala nada, mas todos sabem que ela está pensando que Vitor deveria estar ali.

– Talvez ele vá... – coloca o óculos de sol.

– Não sei nem se ele lembra que é hoje.

– Filha, você acha que Vitor é capaz de não saber?

Paula não responde e o caminho todo passa assim. Ao chegarem ao local, desce do carro olhando para os lados, com a esperança de que o dele estivesse por ali.

– Vamos...

Vitor já havia chegado, estava na sala de espera com Marisa que percebe a inquietude do filho.

– Vitor, está tudo bem?

– Sim. – Se levanta e pega um café.

Ao virar de volta ao sofá, vê Paula entrando no consultório. Ela o olha diretamente, como se ninguém mais tivesse ali e engole seco.

– Pulinha! – Marisa levanta e as cumprimenta.

– A família toda! (riem)

– Sim Dulce...

– Bom dia Vitor. Dormiu comigo?

– Bom dia Dulce...

Não demora muito para que Ricardo chegue na sala de espera e se diverte com o fato de todos estarem acompanhando. Na sala dele só entram Paula e Vitor, ainda evitando um ao outro.

– Se deite Paula... Pode ajudá-la Vitor?

– Sim. – Segura a mão de Paula para que ela suba.

Vitor se senta ao lado dela, aguardando Ricardo começar a consulta. Paula fecha os olhos, sentindo o cheiro de Vitor, aquele que ele tem assim que sai do banho. Aperta a mão e ele corresponde, ambos em silêncio. Quando o médico começa a ultrassonografia, Paula sente-se já emocionada, o som do coração.

– Vamos começar por aqui... – ri.

– Ela está bem?

– Está ótima... Vamos fazer as medidas aqui dos ossinhos dela, da circunferência da cabeça só pra confirmar mesmo, fizemos isso quando você estava em torno da vigésima semana, pela ultrassonografia morfológica .

Ricardo fala as medidas e Paula e Vitor deixam todas as diferenças de lado para compartilharem a emoção da maior igualdade entre eles.

– Paula, você está entrando na trigésima oitava semana... Estamos muito próximo do parto. Você decidiu qual procedimento vai optar? – ri.

– Ai... Vou aguardar o parto normal, vou esperar ela querer vir. – riem.

– Ótimo, isso que eu queria ouvir. Sem contar que a recuperação é muito mais rápido! Você já saiu de licença, né?

– Sim, não estava aguentando mais... Qual o peso dela?

– Ela está agora com os pezinhos bem acima, de perninhas cruzadas. - ele passa a mão logo na barriga de Paula, indicando a posição logo abaixo dos seios. Vitória está com 3,250kg e 50 cm... Tudo perfeito!

– Olha só... – aponta para o monitor emociona.

– Sim, Vitor... Ela está com a mãozinha na boca. – riem. Paula, com 39 semanas nós iremos conferir a dilatação do útero, a Vitória já começa a se alinhar pro nascimento... Se bem que acredito que vamos estourar 42 semanas! Mas isso é uma incógnita... – limpa a barriga dela. Vou querer saber de você a todo tempo, tenta ao máximo, nada de estresse, distrai a cabeça... Pode levantar.

– Está bem, e os exames farei hoje?

– Sim, você está em jejum?

– Não... – Se lembra que deveria ter ficado.

– Sem problema, amanhã faremos. Logo pela manhã porque você precisa se alimentar como nunca... Olha leve essa revista é sobre amamentação. Você irá amamentar, não é?

– Com toda certeza!

– Muitas mulheres optam por não amamentar... Não entendo o porquê, mas...

– Quero amamentar, fazer tudo que eu puder fazer.

Conversam sobre os últimos procedimentos, saem do consultório aproximadamente 50 minutos depois.

– Já estávamos preocupadas.

– Como foi? Quanto ela pesa? – Pergunta sorrindo.

– Branquinha ela está com 3,250kg e 50 centímetros.

– Meu Deus!

– Não vejo a hora de pegar ela. – riem.

– Já podemos ir?

– Você vem comigo. – sussurra.

Paula sente-se enfurecida quando Vitor toma domínio por ela. Todos saem e Marisa dá o carro pra Vitor e Paula sair, enquanto pega uma carona com Dulce.

Continua...


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