12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 33
Capítulo 33




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Pessoal, a partir de agora a narração será feita em terceira pessoa. Espero que estejam gostando!

Quando Vitor retornou para o Hospital, Ricardo já havia liberado Paula, ajudou-a organizar as coisas e saíram para o estacionamento. O caminho foi percorrido em silêncio, sob a tensão da noite passada.

– Vitor, está tudo bem? - Paula se vira para ele.

– Claro. Estou bem... Já estamos chegando.

Ela não sabia ao certo se realmente tudo estava bem; sentiu-se um pouco culpada pensando nas coisas que havia dito a ele. Dulce tentou puxar assunto, falando sobre o chá que estavam organizando para Vitória.

– Mas mãe, você acha que elas aceitarão vir? Quero muito que vovó venha!

– Não sei... Mas enfim, o importante é que venham. Não acha Vitor?

– Claro. – Ele a olha com um meio sorriso, educado.

– Amor, acredito que você possa participar...

– Talvez Pulinha, se eu puder...

Paula desiste de conversar e decide resolver isso quando chegar em casa. No caminho Vitor desvia e ela estranha, mas não comenta nada esperando para onde vai levá-las.

– Já venho.

– Vitor... – ela o encara buscando respostas, mas ele já saiu do carro. Só faltava isso, mãe! Ficar emburrado comigo... Vitor sabe ser frio quando quer.

– Paula, deixe-o. Dê um tempo, muitas dúvidas têm deixado- o aflito... Acredito que você deva conversar com ele.

– Estava tudo indo tão bem... Onde será que ele foi?

Paula tenta reconhecer o lugar, mas não lembra de ter vindo para esse bairro enquanto esteve em Udi. Na verdade, depois que se mudou, estando grávida ela não sai para lugar algum. Vitor demora uns quinze minutos e quando entra no carro, entrega uma sacola para Paula, ela o olha sem entender.

– Ficou pronto hoje, me ligaram pra vir buscar. Abra...

Ele funciona o carro enquanto ela, curiosa, abre a sacola e retira uma caixinha. Se emociona ao ver uma pulseira, tão delicada, gravado o nome de Vitória rodeado de símbolos que fizeram e fazem parte da vida deles. Um passarinho, um balanço, uma borboleta, um sapo, coloca a mão sobre a coxa dele e sorri. Paula mostra a pulseira para a mãe e Cintia, entusiasmada com a delicadeza da peça; sentindo que Vitor ficou contente por ela ter gostado. Quando chegam na fazenda, ele a ajuda sair do carro, juntamente com Dulce levam Paula até o quarto.

– Paula, vá se deitar um pouco. Vou ver alguma coisa pra você comer, vem comigo Cíntia?

Paula sabia que a intenção de Dulce era deixar ela a sós com Vitor, mas ela não tinha certeza se deveria conversar com ele ou apenas aproveitar o momento e pedir pra que deitasse ao lado dela.

– Você está bem? – Se aproxima da cama.

– Sim, deita comigo? – Ele se aninha nela enquanto respira fundo, deixando fora da cama toda a tensão. Adorei a pulseirinha...

– Pra ela ser como a mãe...

– Vitor, eu não me arrependo de ter engravidado. Não te culpo por nada, você sabe como é ter que dar uma pausa quando se é agitado...

– Eu não sei (risos) não sou agitado. Mas, eu entendo você meu bem... Não se preocupe.

– Não mesmo?

– Não...

– O quarto dela já está quase pronto, mas é uma surpresa pra você. Por isso, não estrague entrando lá antes que eu fale.

– Nem tem como... Já fui tentar e estava trancado.

– Vitor... – Ri se virando de frente para ele.

– Diga...

Foi só depois de alguns segundos que perceberam quanta saudade estavam um do outro, de estarem em momentos assim e de, principalmente, se beijarem. Ela sentia-se segura enquanto ele abria caminho dentro de sim, levando-a estar de onde não queria sair. Um som vindo da porta afasta os lábios sem afastar a respiração.

– Diva está chamando para o almoço!

– Já vamos...

– Você vai trabalhar em algo hoje? – pergunta enquanto ele a ajuda sair da cama.

– Não, temos o dia pra falar sobre as coisas que faltam da Vitória.

– Ótimo. – Fala com um sorriso contente. Temos muitas coisas para resolver ainda, parece tão perto agora.

– Sim meu bem. – Ri. Bem mais perto do que imaginamos...

Eles almoçam e passam o resto dos dias de folga dele resolvendo os últimos detalhes, tanto sobre a vida deles quanto ao nascimento da filha. Vitor retorna aos shows e Paula sai em licença sob os cuidados da mãe que se mudou pra Fazenda, para ajudá-la nessas ultimas semanas. Um mês se passa e Paula sente cada vez mais o peso da barriga.

– Talvez seja meu porte físico. – Passa a mão na barriga enquanto se olha no espelho.

– Sim, Paula... Logo a teremos aqui. – Sorri.

– Vitor está demorando, né?

– Ele não avisou que chegaria tarde?

– Sim, mas não me falou o que estava fazendo pra chegar tarde.

– Paula, não começa com suas crises.

– Não é uma crise, mãe. Só quero saber onde ele está... Já liguei várias vezes e ele não atende. – Pega o celular e deita-se na cama.

– Ás vezes está trabalhando...

– Vou ligar pro Leo.

– Paula, por favor...

Ela disca o telefone do cunhado e descobre que Vitor não está com ele, havia saído pra jantar com uma convidada, amiga da Som Livre, gravadora em que fazem parte. Paula desliga o telefone enfurecida.

– Não estou acreditando...

– O que houve?

– Ele está jantando com uma amiga...

– Paula não começa inventar coisa...

– Ele não tem um pingo de consideração por mim!

– Que isso, Paula? Ele só foi jantar...

– Foi jantar com uma amiga enquanto eu fico aqui esperando ele feito uma besta, sentindo dores horríveis... – Se levanta da cama com dificuldade.

– Fica calma... Você não pode se exaltar.

– Por que não me disse que iria jantar? Precisava desligar o telefone? – Respira fundo.

– Filha, talvez...

– Não quero saber... Ele deveria ter pensado em mim! Sabe o que é isso?

– Paula...!

– Isso é porque eu já não posso satisfazer ele, e agora começa a sair pra jantar com as amigas dele que sei bem como são!

– Tenta se acalmar, por favor, pensa na sua filha...

– Mãe, vamos pro seu apartamento, por favor... Não quero ver o Vitor!

Dulce arruma as coisas da filha e pede pra um dos caseiros levarem elas para a cidade.

– Diva, a Paula não está muito bem, mas não se preocupe. Vou levar ela pro meu apartamento e depois tento falar com Vitor.

– Não vai falar nada com Vitor!

– Paula, por favor...

– Paulinha, se acalme...

– Estou calma, Diva. Estou muito calma... Quando ele chegar, se chegar, se vier dormir em casa, não fale pra onde fui!

– Está bem...- Olha pra Dulce que sinaliza pra ela não cumprir o pedido.

– Vamos...

Paula passa o caminho todo em silêncio, sente suas lágrimas descerem e milhões de dúvidas invadirem sua mente; não fala nada e deixa que tudo tome conta de si ao ponto de sentir um nada na vida dele. Quando chegam, sobe até o quarto.

– Por que ele faz isso?

– Paula... Você está sendo tão precipitada com esses julgamentos.

– Ele deveria estar aqui, do meu lado. Mas não, agora eu percebo a maneira que ele tem me enxergado... A esposa, grávida que cuida das coisas dele e nada mais. A mãe do filho que ele sempre quis ter, só...

– Filha, não tem cabimento você pensar essas coisas! – Se deita colocando a cabeça dela em seu colo.

– Acreditei nele, que ficaria ao meu lado. Que teria paciência comigo, que esperaria a gravidez passar... que entendia as minhas condições. – Começa chorar, agora sem tapar o choro.

– Paula você está falando como se ele estivesse ido pra cama com ela!

– E quem garante que não foi? Ele está lá, jantando com ela... Eu não posso sair com ele, quando chega em casa só falamos da Vitória. Ele não me conta nada mais!

– Estava demorando...

– Para que?

– Pra isso acontecer. A maioria dos casais passam por isso, mas você está indo além... Ele só saiu pra jantar com uma amiga que trabalha na mesma empresa que ele.

– Mãe, me deixa sozinha...

– Mas você...

– Por favor...

Dulce sai do quarto em silêncio, preocupando-se que Paula continue com esses pensamentos.

– Espero que ele venha logo.

– O que tia? – Cíntia se vira para ouvir melhor.

– O Vitor... Espero que ele venha logo.

– Ela não está bem?

– Nem um pouco... Fica pensando que ele a traiu, esse tipo de coisa.

– Paula exagera ás vezes...

Vitor havia saído para jantar com uma das diretoras de produção da Som Livre a pedido do Leo, já que ela veio fazer uma visita ao seu estúdio e ele não pode recepcioná-la.

– E a Paula?

– Está indo... Os últimos meses são sempre de ansiedade.

– A fazenda de vocês fica muito longe daqui?

– Aproximadamente uns trinta minutos...

– Então, é melhor fecharmos a conta para que você possa ir. O tempo está fechando rápido demais.

Vitor sente-se aliviado, pois nem ali queria estar. Eles saem do restaurante e Vitor a deixa no Hotel; pega o celular para telefonar para Paula, mas a bateria havia acabado. Olha pela janela do carro e pensa se deveria mesmo seguir pra fazenda, porém sem avisar pra Paula não haveria outra solução. Tentar dirigir o mais passível possível, todas as pessoas resolveram sair àquela hora da noite engarrafando toda a cidade.

– Droga!

Quinze minutos depois consegue seguir o trajeto sem mais paradas. A chuva se intensifica quando ele chega já na metade do caminho, observa que vários carros estão parando, mas tenta continuar crendo que nada irá acontecer. E não acontece...

– Diva?

– Meu Deus, não me diz que você veio nessa chuva?

– Vim. Cadê todo mundo? Leo me colocou em uma enrascada hoje...

– Vitor...

Ele vai para o quarto chamando por Paula, mas não a encontra. Encara Diva que está logo atrás.

– O que aconteceu? Por que ela não está aqui?

– Vitor...

– Ela passou mal? Essa droga de celular descarregou... Fala Diva!

– Calma você não me deixa falar! A Paula foi pra cidade...

– O que? Fazer o que na cidade? Ela foi pra algum hospital? Passou mal?

– ME DEIXA FALAR!

– Desculpa... - Tenta relaxar o medo.

– Ela foi com Dulce pro apartamento dela.

– Fazer o que?

– Não sei... – Ela sabia, mas era óbvio que não diria nada. Só me disse que iria pra lá.

– A Paula é maluca!? Ela não pode ficar saindo assim, como se não tivesse uma barriga de quase nove meses! Pega o telefone pra mim.

– Aqui.

– Vou tentar falar com ela...

Diva se retira já sabendo que a tempestade, literalmente, ainda estava por vir. Vitor disca o número da casa de Dulce.

–Branquinha, é o Vitor... Por que foram pra cidade?

– Ah... A Paula, espera vou passar pra ela. – Cíntia coloca a mão para tapar o que iria falar.

– Tia, é o Vitor. Quer saber porque viemos pra cá.

– Leva pra Paula...

– Ela não vai querer atender, tia...

– Me dê aqui... – Ela pega o telefone. Vitor, é a Dulce.

– Oi Dulce, o que está havendo?

– Nada...

– Passa o telefone pra Paula, por favor...

– Vitor, ela está dormindo.

– Dulce, eu admiro muito você e Cíntia, mas infelizmente vocês não sabem mentir! Quero falar com Paula, eu sei que aconteceu algo e quero saber o quê.

– Ta bem, vou ver se ela quer atender.

– Ver se ela quer me atender? Que brincadeira é essa? Ela agora decide o dia que quer falar com o marido dela?

Dulce ignora e leva o telefone até o quarto. Entrega pra Paula que pede pra ela dizer que já está dormindo; mas a mãe insiste até que ela pegue o telefone.

– Oi...

– Oi? O que você está fazendo aí?

– Abaixa seu tom de voz comigo.

– Paula. – Passa a mãos nos cabelos. O que você foi fazer na cidade?

– Ficar longe de você! – Paula desliga o telefone. Idiota!

– Paula, pelo amor de Deus!

– Não quero saber, se ele ligar, desliguem na cara dele... Que se ferre!

Vitor olha incrédulo para o telefone. Vai até a cozinha e procura por Diva.

– Estou aqui, Vitor.

– O QUE ACONTECEU AQUI?

– Vitor, eu não...

– VOCÊ SABE DIVA E VAI ME FALAR SE QUISER CONTINUAR NO SEU EMPREGO!

– Paula não ficou bem porque você estava jantando com outra mulher.

– O que? – Vitor começa rir de nervoso.

Pega a chave do carro e Diva vai atrás.

– Vitor, você não vai dirigir nessa chuva. Por favor! – Tenta segurar ele. Meu Deus, Vitor calma... Não faz isso com você, amanhã vocês conversam meu filho.

Vitor bate a porta do carro, funciona o motor e sai. Diva volta pra casa, disca o número da Dulce que atende escondida de Paula.

Continua...


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