12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 31
Capítulo 31




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VITOR

As semanas passaram depressa, mas quando estou sem Paula parece que os dias se atrasam. Sinto saudade dela, da barriga, de falar com a Vitória e sentir que finalmente eu tenho uma família. Paula e eu temos saído para comprar as coisas dela juntos, mas sempre que estou em show, recebo algum presente e compro algo pras duas, como hoje:- Diva?

Ela aparece enxugando as mãos:- Chegou!

Começamos a rir e a cumprimento:- Tudo bem?

Diva:- Ótimo. Já comeu? Vou servir daqui a pouco.

Coloco minhas coisas no sofá:- Não, quando servir me chame.

Ela sai e eu vou para o quarto, meu celular descarregou e não consegui falar com Paula. O coloco pra carregar e vou tomar um banho. Minutos depois Diva aparece na porta chamando por mim:- No banho.

Diva:- Tem umas amigas da Paula aqui.O que eu faço?

Amigas da Paula? Me apresso e coloco o roupão:- Quem são?

Diva faz carranca e aponta para o chão:- Olha a lambança Vitor! São aquelas das roupas dela.

Caminho para o closet procurando uma roupa:- Cadê? Cadê?

Diva:- Oi?

Olho para fora:- Nada, só estou procurando uma camiseta. Diga a elas que eu já desço...

Diva se retira e eu termino de me aprontar:- Não sei por que sempre sou eu pra receber essas pessoas!

Caminho para fora e as encontro conversando com Sol, dou um passo para trás pensando que podem ficar falando com ela até que Paula chegue. Mas, logo desisto porque nem sei que horas Paula vem:- Olá.

Patrícia:- Sempre você nos recebendo!

Fabíola ri e a cumprimento:- Tudo bem?

Ofereço algo a elas enquanto sentamos e conversamos. Explico que não sei em que horário Paula chega, mas que podem fazer o que vieram fazer:- Diva?

Ela aparece:- Leve elas até o quarto, querem organizar algumas coisas da Paula.

Diva some com elas pelo corredor e eu vou para cozinha:- Oi.

Aproximo-me de uma mocinha, filha do Sol:- Tudo bem?

Ela fica envergonhada e começa rir:- Tudo...

Pego uma fruta e ofereço a ela que recusa:- Foi pra aula?

Ela nega com a cabeça:- Ainda irei, daqui a pouco.

Sento-me ao lado dela na mesa:- Você tem irmãos?

Insisto para que ela pegue a fruta até que ela aceite:- Não, sou filha única. Acho que meus pais não quiseram mais...

Começo rir:- Você dá trabalho a eles, para que não queiram mais?

Ela ri:- Não sei... Acho que não.

Sol ri:- Ela está aguardando o transporte aqui Vitor.

Olho pra ela:- Sem problemas, pode vir aqui o quanto quiser. Quando Vitória nascer, você vem ajudar cuidar, ta?

Elas riem:- Ta. Ela vai demorar pra nascer?

Sorrio:- Não... Falta pouco. Você também está ansiosa?

Sol responde:- Muito. Fica me perguntando da Paula toda hora!

Rio:- Paula ta barrigudinha, você viu?

Ela ri:- Barrigudinha?

Brinco com ela:- É! Parece um bichinho com barriga...

Continua:- Ah... Deve ser porque ela é pequena, daí fica um barrigão.

Alcanço uma uva da mesa:- Você acha?

Ela balança a cabeça:- Uhum... Ela não fica brava que você fala assim?

Começo rir:- Fica, por isso é um segredo nosso. Qual seu nome?

Ela se vira pra mim e pega a uva que ofereço:- Clara.

Alcanço um cacho inteiro e coloco na mão dela:- O meu é Zé.

Ela começa rir:- Mentira!

Rio:- E qual é meu nome, então?

Clara:- É Vitorrr!

Levanto-me:- Está sabendo mais do que eu. Sol vai demorar o almoço?

Sol:- Não, estou aguardando Diva chegar pra colocar a mesa.

Vira-me pra Clara:- Você vai me fazer companhia no almoço Clara. Coloca aqui mesmo Sol, não precisa levar pra sala de jantar, fazer bagunça pra nada...

Sol:- E as mulheres que estão aí?

Tinha me esquecido:- Verdade... Então coloca lá pra elas. Mas, pra mim eu mesmo pego aqui. Vamos Clara? Sua van vai demorar.

Ela se levanta e coloca a comida. Sentamos-nos e começamos a conversar sobre o que ela mais gosta no Colégio, o que pretende ser quando crescer:- Então você quer tocar sanfona?

Ela ri:- Quero tentar...

Sorrio:- Por que sanfona?

Clara pensa:- Não sei... Mas, é que eu acho um instrumento legal, gosto do som que faz. Uma vez meu pai tocou uma sanfona, daí eu comecei pedir pra ele tocar mais pra mim ver e gostei.

Encanto-me:- E você tem uma sanfona?

Ela nega:- Não tenho. Meu pai tocou a do meu avó, mas também já quebrou.

Pisco pra Sol:- Entendi.

Clara:- Você toca mais coisas sem ser violão?

Olho pra ela:- Nem toco violão, só brinco. – Ela ri. Brinco também de guitarra, baixo, bateria, banjo. Qualquer instrumento eu tento brincar!

Clara:- Quero brincar como a Paula também. Ela também fala isso...

Percebo que ela tem uma admiração muito grande pela Paula:- Você gosta da Paula?

Sorri:- Muito. Ela canta muito bem e toca também... Gostava quando via tocar piano. Minha mãe foi no escritório dela e me levou, por que na casa dela não tinha piano.

Brinco com ela:- Você conhece a casa dela mais do que eu.

Clara:- Acho que sim... Mas eu só ia quando não tinha gente chata.

Começo rir e Sol briga com ela:- Ela é sincera... Tem que ser assim mesmo. Espero que aqui não tenha gente chata e você possa vir sempre.

Diva aparece:- Oi Clarinha. Sol, coloca a mesa pras meninas. – Ela me vê com o prato. Por que você já comeu? Elas vão comer sozinhas?

Termino meu suco:- Vim fazer companhia pra Clara.

Diva fica enfurecida:- Você é sem noção, Vitor. Quem vai fazer sala pra elas?

Clara ri:- Eita Diva...

Me levanto e vou até a pia:- Diva, tenho que ir mexer com muitas coisas, não tenho tempo pra fazer sala.

Diva:- Mas é falta de educação.

Me viro pra ela:- Eu sei. Mas diga a elas que precisei sair... Depois eu me desculpo. Por falar nisso, pega meu celular que está lá no quarto?

Diva:- Não vou lá agora. Deixa eu te falar uma coisa...

Diva é abusada, paro no balcão e começo rir:- Diga lá!

Diva:- Tinha roupa sua jogada pra todo lado! Sai pegando, porque foi uma vergonha as mulheres lá vendo cueca sua. Vê se toma jeito!

Vejo Clara levantar e pego a bolsa pra ela, rindo:- Diva, falo nada. Já vai?

Clara:- Sim, obrigado.

Coloco a bolsa nela e me despeço:- Amanhã você volta pra almoçarmos de novo, com a Paula. Ta? Não esquece.

Ela sai e eu vou até o telefone:- Vou ligar pra Paula daqui, JÁ QUE NÃO QUISERAM IR BUSCAR MEU CELULAR.

Diva:- A distância é a mesma pra você.

Disco o número dela e vou para fora:- Pulinha?

Ouço a voz dela e meu corpo corresponde:- AH! Até que fim!!!

Rio:- Estou bem também.

Ouço-a rir:- Estou com tanta saudade.

Me sento em um banco:- Eu também. Já está chegando?

Paula:- Sim. Daqui umas duas horas eu estarei aí!

Conversamos sobre o atraso no aeroporto e o calor absurdo que ela está sentindo. Me conta sobre a barriga que está enorme, começando a pesar, das coisas que comprou para Vitória:- Se cuide e quando chegar me avisa. Te amo!

Retorno para casa e obsevo se já estão almoçando, Patrícia e Fabíola. Sol me pega olhando e ri:- Depois eu me desculpo...

Sol:- Elas não ligam.

Faço careta:- Tomara, mas hoje realmente não quero fazer sala. Não sei o que conversar com elas, vou falar de roupas? Sem condição, logo eu!

Sol:- Sei bem como é. Quer alguma coisa?

Vou até a porta:- Não Sol. Vou mexer com minhas plantas... Até mais.

Uma das minhas maiores paixões são as plantas que eu cultivo na fazenda. Com Dulce, criei uma estufa de orquídeas que cuidamos nós mesmos. Gosto de regar e observar a diferença entre elas; Paula adora orquídeas e me acompanha na observação sempre que estamos juntos. Em época de girassóis, como agora, reservei uma parte da fazenda pra criar uma plantação deles, estão enormes desde a última vez que Paula e eu vimos, quando ela chegar trarei ela aqui. Pego um regador e vou mexer com as samambaias:- Oi garotas... – Não demora muito pra paçoca sair da casa e vir correndo. O problema de paçoca com as plantas é grave, ele quebra a maioria das minhas plantas e tento explicar, brigar para que ele não faça isso, mas não adianta. Seguro ele no colo pra não quebrar mais das flores:- Paçoca... Êh paçoca.

Deixo o regador e vou até um dos quartos de ferramentas. Ficaram algumas flores sem serem plantadas e resolvo fazer isso:- Fica aqui, quietinho... – Deixo paçoca no chão pra pegar as coisas e quando me viro ele já não está lá. Saio atrás e flokinho aparece brincando com ele. Os chamo e vamos pra onde plantarei as flores. As horas passam e nem percebo...

Ouço uma voz de longe:- Olha só pra você!

Me viro:- Você? Oi...

Claudia ri:- Oi. Calma...

Limpo as mãos na camiseta, o que não é uma boa ideia:- Droga... Aconteceu algo?

Claudia:- Vitor não precisa ficar nervoso... Bem, eu não queria deixar você assim.

Respiro fundo:- Está tudo bem. É que a última pessoa que eu esperava aqui, era você. Tudo bem?

Claudia:- Estou. Desculpe, agora que pensei... Você acha que Paula não entenderá? Eu só vim acertar uma...

Interrompo-a:- Não têm motivos para ela não entender. É que eu realmente me assustei, perdão...

Ela ri:- Entendo... Você pode falar agora?

Me aproximo dela e a cumprimento decentemente:- Claro. Vamos para dentro!

Passo pela porta e Diva me olha sem compreender:- Diva, leva Claudia para o escritório. – Me viro para Cláudia. Vou me limpar e já conversaremos.

Caminho para o quarto pensando na Paula, “Se ela aparecer e não entender...”. Me arrumo depressa e corro para o escritório, no caminho Diva me para:- Não sei, não me pergunte nada. Depois conversamos... Leva uma água, qualquer coisa pra nós. – Respiro fundo e caminho pro escritório.

Claudia está sentada e se levanta assim que eu entro. Indico para que se sente novamente, mas ela nega:- É rápido. Só vim te devolver esse dinheiro, não há necessidade de me pagar pensão ainda. Só agora abri a conta que era nossa e vi isso, por favor, pensei que havíamos resolvido. – Tento falar algo, mas ela continua. Não precisa se culpar porque sai do emprego, você não tem nada ver com isso, achei melhor pra mim e não estou desempregada para que você me mantenha. Te peço, fique com o dinheiro.

Encaro-a:- Me desculpe se te ofendi...

Ela sorri:- Sei que essa jamais seria sua intenção. Mas, tente me entender...

Sorrio:- Tudo bem.

Claudia se aproxima:- Estou muito feliz que você esteja com a pessoa que você sempre quis estar. Parabéns pela filha, espero que você possa me mostrar ela... Desejo toda a felicidade para você e Paula.

Alegro-me por ela ser tão compreensiva:- Obrigado. O mesmo, em dobro, eu desejo por toda minha vida para você Claudia.

Conversamos sobre uns papéis para encerrar nossa conta conjunta e a acompanho até a sala.

PAULA

Quando atravesso o portão da Fazenda, minha alma parece entrar no modo silencioso e meu coração se conecta ao funcionamento. Minha casa, meus bichos, meu cheiro no cheiro dele, Vitor. Ele está aqui, eu já sei que está e amo essa ideia:- Uhul, chegamos!

Mamãe ri e entramos:- Olá?

Coloco a bolsa em uma das mesas de entrada, Flokinho se aproxima e paçoca vem latindo logo atrás:- Meus bebês... Mamãe não pode abaixar pra pegar vocês. Diva? Sol?

Entro em casa e encontro Vitor na sala:- Meu branquinho!

Ele vem até mim, coloca as mãos entre meu rosto e me beija:- Saudade, muita saudade.

Vitor beija minha barriga e olho pro corredor, ouço Diva conversando com alguém:- Tem alguém aqui?

Ele se levanta e me olha:- Tem...

Claudia aparece e eu olho pra Vitor sem entender, ele dá um meio sorriso:- Oi, como vai?

Cláudia sorri, jamais poderei negar a beleza que ela possui. Meu peito fica pequeno:- Oi Paula, que linda você está! Tomei a ousadia de conhecer a sua casa; mas já estou indo, meu namorado está me esperando no carro.

Vitor:- Namorado? Por que não avisou? Ele teria entrado.

Claudia sorri e via se despedindo:- Sabia que nosso negócio seria rápido, não há necessidade. Bem, que você tenha um bom parto e que Vitória venha ao mundo cheia de saúde, torço muito por vocês.

Fico sem jeito, mas tento não transparecer. Agradeço e acompanhamos ela até a porta, quando desaparece na entrada na fazenda me viro para Vitor:- Não quero que me explique nada, vou tomar um banho.

Vitor vem atrás:- Não está pensando besteiras, não é?

Entro em nosso quarto:- Tenho que pensar?

Vitor me puxa:- Claro que não.

Sorrio:- Está tudo bem, preciso de um banho.

Ele sorri e eu me despedaço em seus lábios:- O teu beijo, o teu corpo... Sinto tanta falta!

Vitor caminha sobre meu corpo com as mãos, ás vezes me olho no espelho e me pergunto em como ele pode se sentir atraído por mim assim. Não que eu não me ache linda grávida, está sendo um sonho, mas não é algo tão sexy. Começo rir com os lábios nos dele:- O que você estava fazendo?

Ele se afasta, retona com um selinho e se afasta novamente:- Plantando algumas flores...

Sorrio e passo a mão sobre o peito dele:- Você parece criança, limpou na camiseta.

Enquanto rimos, flokinho e paçoca entram. Quando pensamos que para por aí, Chalana empurra a porta e pula na cama:- Não estou vendo isso...

Vitor se deita com ela rindo:- Paçoca quebrou mais plantas hoje. O que vamos fazer com esse filho? Onde erramos na criação?

Que saudade eu estava disso tudo:- Meu Deus... Fique com eles que vou tomar meu banho.

Vitor se levanta e coloca todos para fora:- Preciso de um banho também e se deixar eles aqui, acabaram com nosso quarto. Banheira, minha senhora?

Respiro e fecho os olhos como se ele acabasse de tocar minha música predileta:- Por favor... – Ele pega na minha mão e vamos para o banheiro. Vitor retira meu vestido e me ajuda entrar na banheira, senta-se perto de mim. Conversamos enquanto ele faz uma massagem para que eu relaxe:- Elas estiveram aqui?

Vitor:- Sim. Pensei que você sabia...

Brinco com a espuma:- Eu sabia... Mas, não que seria hoje. Você não gostou?

Vitor:- Elas entraram no closet e eu estava no banho. Quando sai me deparei com elas recolhendo algumas cuecas minhas que estavam no chão, foi um pouco constrangedor.

Me viro pra ele:- Como é?

Vitor ri:- É brincadeira, meu bem...

Ele está com a barba por fazer, os olhos miúdos de cansaço, tantas vezes fico sem compreender tamanha beleza:- Você dormiu?

Vitor:- Você sempre se preocupa com o fato de se eu dormi ou não. Por quê?

Sorriu:- Porque não gosto de ver você cansado.

Ele se aproxima e me toma nos braços, meu corpo vai gritando pelo dele, minha pele queimando enquanto suas mãos alcançam...:- Vitor... Vitor, espera...

Ele se afasta controlando a respiração:- O que houve?

Repiro fundo:- Não aguento mais... Quero dizer, nem me curvar muito. A barriga está pesando, desculpa!

Vitor me beija:- Pulinha... Acredito que chegou a hora de parar, não é mesmo?

Me levanto da banheira, com ajuda:- Ai...

Ele se levanta e me ajuda:- Paula...

Coloco o roupão e ele me ajuda a secar o cabelo:- Vitor, por favor!

Ele vem logo atrás se secando:- Sei que é complicado parar, mas serão só alguns meses e você não irá parar...

O interrompo nervosa, sentindo as lágrimas já brotarem em mim só de pensar:- Não posso parar!

Vitor me abraça:- Calma... Vem aqui.

Ele me senta e eu desabo:- Ainda não consegui assimilar, tudo... – Agarra a minha mão. Eu ainda não consigo processar a ideia de dar uma pausa desse tamanho nos shows. Não quero fazer isso... Sei que uma hora terei, mas não é agora. Ainda posso fazer shows sentada, Vitor eu quero continuar vivendo.

Ele me puxa pra ele, percebo a grande besteira que acabei de dizer, mas preciso me acalmar. Eu preciso...Vitor me deita, acaricia meu rosto:- Vitor...

Ele me interrompe:- Dorme... Shiu...

Me sinto culpada por ter dito que queria continuar vivendo. Sei que o feri, sei que ele é inseguro quanto ao fato deu ter ficado grávida, pensando que eu não tivesse gostado de ter engravidado sem planos. Entretanto, nunca foi isso. Fiquei muito confusa com a gravidez, mas foi a coisa, o acontecimento mais importante da minha vida. O problema é a dependência que fiquei de Vitor misturada com a minha independência de tudo... Vou caindo aos poucos, perdendo o sentido, aos poucos.

VITOR

Engulo a dor, preciso engolir minhas dúvidas. Cubro-a e saio do quarto, tentando ao máximo não fazer nenhum barulho. Quando passo pela sala, Cintia, Dulce, Diva e Sol estão vendo as coisas da bebê que elas compraram. Sorrio e caminho para a saída...

Diva:- Vitor, você quer que sirva o seu jantar agora?

Olho pra ela:- Não irei comer.

Dulce:- Paula está fazendo o que?

Respiro fundo:- Dormindo... Quando acordar leve um daqueles comprimidos que Ricardo receitou a ela, por favor.

Dulce congela:- Vitor...

Indico que está tudo bem e saio. Preciso pensar em tudo, ao menos tentar. Diva se aproxima, antes que diga algo, faço um pedido:- Diva, vá descansar. Pode deixar a mesa, tudo... Peça que a Sol vá também.

Ela para de andar:- Mas Vitor você não comeu ainda...

Fixo meus olhos na piscina:- Faz o que estou pedindo, por favor. Não preciso mais de vocês hoje!

Ela fala algo, mas eu não presto atenção. Sinto que se foi, mas vejo que logo volta:- Diva, fique. Faça como quiser...

Dulce:- Ela já foi.

Me viro:- Desculpa, pensei que fosse ela. Um pouco teimosa...

Dulce me oferece um copo e o enche de uísque:- A última pessoa com qual pensei beber, era você.

Ela ri:- Tudo pode acontecer...

Dou meu primeiro gole, longo como se minha sede por respostas fosse saciada ali. Ficamos em silêncio algum tempo, o tempo suficiente para que eu desabasse sem pensar quem estava do lado ou qualquer outra coisa:- Eu...

Ela me tira o copo:- Chore... Mas, não chore por dúvidas meu filho. Diga o que está havendo...

Penso e continuo chorando, fazendo lágrimas às incertezas que tenho carregado, me machucado:- Sabia que não seria fácil. Mas isso eu nunca pensei... Dulce, me responde, com sinceridade... Ela se arrependeu? Ela me culpa por estar grávida, por ter deixado BH, por ter de sair de licença, deixar os shows... Po..r..?

Dulce:- Vitor, que maluquice é essa? Ela jamais pensou e pensaria isso.

Balanço a cabeça negando:- Ela me pediu pra viver, Dulce... Queria ela feliz, mas agora ela está tomando medicamentos para se acalmar!

Dulce se aproxima de mim e coloca sua mão sobre a minha:- Se acalme...

Olho pra ela:- Ela está feliz? Ela se assustou tanto quando descobriu a gravidez...

Dulce sorri:- Qualquer mulher se assusta, se não espera... Mas isso não quer dizer que ela não quer estar grávida. Paula é outra pessoa gerando a Vitória. Ela é quem quer ser, e ela tem o amor que ela sempre quis ter. Ás vezes quando você luta muito por algo e esse algo chega tão naturalmente e sem que fosse no momento que você aguardava, você se confunde, se assusta com tamanha felicidade. Acaba gerando medo de perder isso, fica inseguro, porque não entende que não é você quem planeja, mas sim uma força maior que você! Foi isso que aconteceu com Paula...

Aperto a mão dela:- Mas ela pediu pra viver...

Dulce:- Vitor, você percebeu o quanto você tem guardado pela Paula? Dor, angustia, medo, voe também é pai de primeira viagem e ter se mantido em um controle absurdo. Paula quer compartilhar tudo isso, mas ela sabe o quão fraca tem sido porque ela se tornou dependente de você. Quando alguém que sempre foi independente se torna dependente de um sentimento, de um cuidado como esse que você tem dado, pegado todos os problemas dela e carregado, a pessoa se confunde. Ela está confusa, não quer deixar tudo porque acha que vai recair sobre você. E está recaindo...

Sinto tanta coisa:- Não está, eu não quero que ela seja infeliz!

Dulce:- NÃO REPITA ISSO! Olha seu estado, é claro que está. Deixa ela saber dos teus medos como pai, como marido, deixa ela ter o controle da insegurança também... Você não pode resolver tudo, e ela não está infeliz. Por que você está dizendo isso? Nunca vi Paula tão realizada como agora...

Começo perceber meu cuidado extremo, meu excesso de proteção:- Mas ela não está alegre com a situação...

Dulce ri:- Ela não sabe o que está dizendo... Deixa-a. Ela já tem tudo pronto, já está tudo certo pra ela entrar em licença. O que ela quer é você apoiando o fato dela continuar mais um pouco... Mas isso, nem pensar! A barriga está pesando muito e falta muito pouco, ela foi além do que devia. Se tivesse ouvido o médico e parado há um mês, não estaria tomando remédios agora. Mas você sabe...

Confirmo:- As coisas do jeito dela! O que eu faço?

Dulce:- Nós vamos ocupar o tempo dela... Essa foi a última semana de shows agendados. Ela só tem mais um que é o evento fechado pra empresa da sua família, depois disso nós já vamos começar nos preparar pra chegada da Vitória.

“Pra chegada da Vitória...” isso ecoa na minha mente a cada segundo. Dulce me tranquiliza e entra para a casa, para ver a Paula. Permaneço imóvel, dando um tempo pra que elas se falem, para que Paula tenha mais segurança. Ao menos sinta que possa ter. Meu celular vibra no bolso, me tira a paz:- Oi...

Marisa:- Filho está tudo bem?

Fecho os olhos e tento parecer o mais calmo possível:- Está mãe. Paula e a bebê estão bem...

Marisa:- Ahh... Vitor, avisa a Paula que encontrei o que ela pediu. Tento falar com ela, mas não consigo.

Quase não ouço:- Uhum... Ela dormiu, chegou faz pouco tempo.

Marisa:- Filho, vou desligar...

Interrompo:- Mãe, me desculpe. Passo aí pela manhã, eu prometo... Tive alguns problemas, mas já estão resolvidos, mas amanhã eu te conto tudo.

Marisa:- Estou certa que sim... Boa Noite!

Desligo o telefone, respiro fundo limpando o rosto, me levanto enquanto ela se senta:- Acordou?

Paula me olha:- Me desculpa...

Me sento novamente:- Não vamos falar disso, eu entendo.

Segura minha mãe:- Só estou com medo, do nascimento... Sabe?

Sorrio:- Eu também.

Paula:- Também?

Me aproximo dela:- Claro, mas eu sei que dará tudo certo porque tem uma fênix dando a luz a uma passarinha... Não tem como nada dar errado.

Ela ri:- Vou aproveitar a licença pra descansar, do seu lado... Não sabia que gravidez deixava os nervos assim.

Rimos falando sobre as mudanças de humor que jamais imaginávamos existir. Paula e eu comemos na sala, enquanto vemos um filme:- Vou buscar uma coisa.

Paula está deitada em mim e se senta:- O que?

Me levanto e vou até o quarto, vasculho minhas malas até encontrar o meu caderno. Quando retorno ela me espera com um sorriso:- Aqui.

Ela pega:- Quando você fez isso?

Sorrio:- Nessa viagem, meu passatempo.

Paula olha incrédula:- Você nem estava me olhando, como... VITOR!

Rio:- Uai...

Ela me bate:- Se você olhou pra outra mulher pra desenhar isso, eu vou acabar com você.

Sorrio:- Nenhuma outra mulher tem esse corpo...

Paula:- Sei que não fez isso. É que está tão perfeito, inacreditável, faz tanto tempo que você não me vê assim...

Coloco o cabelo dela para frente:- Não preciso ver pra que seja real. Eu fotografei na mente e na alma...

Paula:-Me desenha grávida? Pra lembrarmos e mostrar pra nossa filha...

Sorrio:- Eu havia pensado nisso, vou desenhar depois. Deita aqui... – Ela coloca o caderno sobre a bancada da sala e se arruma de leve no meu colo, caindo aos poucos até eu perceber que ela não está respondendo por seu corpo:- Paula, Paula...? – grito. PAULA? Levanto e coloco as mãos sobre o seu rosto, o desespero percorre meu corpo inteiro:- Paula, por favor... Meu Deus, DULCE? DULCE!

Continua...


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