12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 29
O casamento, parte 2




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PAULA

Não sabia me conter. Ele parado na frente, como quem parado lá fora me esperando me prometeu:- Desculpa...


Peço perdão por estar chorando tanto e não conseguir falar nada. Ela não fala, não interage comigo, apenas faz gestos:- Pai, o senhor está bem?


Osvaldo:- Tenta se acalmar...


Choro mais ainda. Pessoas se aproximam e tentam ir arrumando o que vou desmanchando. Peço que esse momento não seja filmado:- Por favor, esperem lá fora. Deixem-me um pouco a sós... Você fica.


Ele permanece imóvel. É aparente que mamãe não está gostando da situação, mas tento não dar brecha para encadear um mal estar.


Dulce:- Paula já extrapolou um atraso. Por favor, Vitor deve estar preocupado, estão todos esperando...


Não tiro os olhos dele- Calma... O senhor pode me dar o abraço?


Ele... êxita, mas se aproxima e eu desmorono em seus braços:- Es...perei tanto...


Osvaldo:- Sua mãe está certa. Nós precisamos ir!


Recomponho-me e sorrio:- Claro. Quero ver o Vitor...


Dulce:- Vou chamar o pessoal pra te arrumar, olha sua situação...


Ela vai e fico o olhando, um tanto retraído, frio talvez. Não consigo compreender. Arrumam meu cabelo enquanto Patrícia reajusta meu vestido. Retocam minha maquiagem e me pedem calma:- Vou tentar... Alguém sabe como Vitor está?


Patrícia:- Um príncipe...


Sorrio:- Ele é.


Olho para meu pai e faço um sinal de tudo pronto. Mamãe sai a frente e, assim que estou saindo ele vem até a mim e segura meu braço:- Antes de irmos preciso te dizer uma coisa. Amo você minha filha e é emocionante te ver assim, espero depois ter tempo pra falar com você sobre tudo...


O interrompo:- Pai, o senhor com duas palavras já me fez feliz... Depois iremos resolver tudo, mas agora preciso ir ver meu marido.


Ele ri:- Sim.

Assim, ele me acompanha pelos corredores. Desde que Vitor foi para o altar, reparei os últimos detalhes em um dos quartos em casa. Os corredores pareciam comprimir meu abdômen e, quanto mais perto da perto, mais minha respiração acelerava e meus olhos ficavam turvos pelas lágrimas. Pediam-me calma a cada segundo, eu ria pela aparência deles acreditando que eu desmaiaria a qualquer momento:- Está tudo bem! Só quero ver logo tudo meu Vitor!


Riem e me pedem para respirar fundo. Já estamos na porta e quando ela se abre, meu primeiro passo se faz trêmulo. Poucos, pouquíssimos metros me separam de uma nova vida...

VITOR

Me acalmam dizendo que ela está bem e já a caminho. Meu nervosismo me consome aos poucos e a cada minuto sou obrigado a secar os olhos. Em um sinal quase despercebido levantam-se os músicos que me mandam outro sinal. Fico atônito e chamo o Leo:- Não irei conseguir...

Leo ri:- Vitor... você tem que conseguir! Toma aqui...

Ele me entrega o violão, mas meus medos parecem não conseguir manterem-se calmos:- Leo...

Minha mãe se aproxima:- Vitor, calma...

Minha preocupação passa a ser se conseguirei ao menos parar em pé:- Mãe, eu não vou conseguir...

Marisa:- Meu filho faça até onde puder... Ela merece ver isso.

Respiro fundo enquanto eles tentam me acalmar sem demonstrar pros convidados. Em minutos repasso o sinal aos músicos:- Estou bem...

A avisto se aproximando até a passarela de flores. Parece um anjo revestido de pérolas caminhando como se carregada por borboletas. Em seus cabelos, levemente prendidos, giram flores em curvas mais do que precisas que me envolviam e acalentavam. Seu vestido não lhe vestia. Parecia mais seu corpo de tão delicadamente detalhado, cada parte me faziam prender os olhos... Perdi-me no espaço, no tempo. Que esse casamento era diferente eu já tinha em mente, mas jamais pensei ser merecedor de tamanha sensação. Sequer pensei que tamanha sensação existia... Ela caminha em minha direção, meus olhos fixos ao dela embalados por minha voz trêmula tentando professar as palavras que desenhei somente para ela, somente para esse momento. Antes que chegue ao meio do caminho já não me contenho e não ouço nada em minha volta. Deixo de cantar e retiro o violão, Leo assume por mim enquanto caminho para assumir as mãos dela:- Eu sei que não estava planejado, mas não iria aguentar aguardar mais...

Ela ri entre lágrimas:- Vitor...

Coloco minhas mãos entre seu rosto:- Minha Pulinha, você está...

Volto a me emocionar e Dulce passa a mão por minhas costas. Viro-me pra ela:- Desculpe... Me permite?

Ela ri:- Os olhos respondem por mim.

Cumprimento Osvaldo e volto para minha mulher. Agacho-me envolvendo meus braços sobre ela enquanto beijo minha filha. Levanto-me e ela me acompanha até o altar...

PAULA

O juiz proclama os votos. Ainda durante sou presenteada com um poema de Vitor. O poema que será tema do seu livro, ainda sem data, mas já pensado. Para onde quer que eu olhe olhos emocionados nos fitam. Sinto-me inteira, como se todo o resto, mesmo ali estando, não estivesse. Nosso mundo se fecha ali, naqueles olhos que não saem de mim e que pela primeira vez consigo olhar sem desviar. Tudo agora faz sentido. Tudo agora é mais do que sério e comprovado. Tudo é muito mais que...

Juiz:- Podem se beijar...

Ele ri e bebe do meu riso. Os gostos das lágrimas não apagam o amor que nem o tempo apagou... Viramos-nos para os convidados que aplaudem nossa eterna união com pétalas e mais pétalas. De mãos dadas retornamos a caminhar a passarela enquanto cumprimentamos a todos seguidos por fotografias de todos os lados:- Mãe...

Ela se aproxima emocionada:- Minha filha...

O abraço foi o melhor que já pude receber dela:- Aí meu deus... Chega de chorar e vamos comemorar!

Rimos enquanto são encaminhados pra um local que serão recepcionados. Terminando os cumprimentos Vitor se aproxima:- Meu esposo...

Ele ri:- Minha esposa. Feliz?

Sorrio pra ele:- Além do que eu poderia imaginar que até existiria...

Vitor:- Desculpa não ter conseguido cantar... Nossa, eu tenho tanta coisa pra te falar!

Rio beijando-o:- Teremos tempo... Está tudo lindo, né?

Ele olha ao redor:- Você quem fez...

Mamãe se aproxima:- E então... Não irão pra recepção?

Vitor:- Iremos! Aliás, já estamos indo, vamos?

Seguro a calda do vestido e partimos. Não saberia resumir o que já aconteceu nessa noite. Tão pouco descrever. Se me pedissem isso a cada minuto teria de parar para conter as lágrimas e o sorriso de tão grandioso. Foi o melhor dia da minha vida. No momento da valsa não sabia se ria de Vitor ou dançava:- Sinto-me uma princesa.

Ela sussurra no meu ouvido em retorno:- És uma rainha...

Não houve nenhum momento em que eu não sorrisse. Emocionasse-me ou risse das situações. Receber todas as pessoas que fazem parte da nossa vida e sentir o quão alegre estavam na nossa união me fez me emocionar em silêncio. Vitor foi buscar uma bebida enquanto estou conversando com nossas mães e cunhada. Marisa exalta a beleza do filho enquanto se aproxima rio:- Sempre foi...

Ele me abraça:- Fui o que?


Marisa:- Lindo!!!


Vitor ri e o beijo:- Vamos?


Vitor:- Vamos sim...


Marisa:- Mas já?


Vitor:- Já deveríamos ter ido!


Tatianna:- Mas pra onde irão?


Vitor:- Infelizmente não pudemos viajar. Vamos ficar em casa mesmo!


Dulce:- Sacaram a sede privada?


Começo rir envergonhada:- Vamos sair de mansinho pra que ninguém vá embora tão cedo por nossa conta.


Marisa:- Saiam pela porta da lateral. Não esqueçam, amanhã vocês devem ir almoçar em casa.


Vitor:- Não nos espere tão cedo...


Nos despedimos e saímos pela lateral. A fazenda é gigantesca e fizemos a cerimônia bem distante da sede para que pudéssemos ter privacidade já que não iríamos viajar. Vitor tira o blazer do terno:- Aguenta caminhar?


Íamos de carro, porque realmente é distante:- Quando eu não aguentar você me carrega!


Ele ri e segura minha mão:- Paula Fernandes de Souza Chaves...

Olho para ele:- Vitor Chaves Zapalá Fernandes Pimentel... Ufa! (rimos) Fiquei muito contente que você tenha colocado meu nome.

Vitor:- Paula lembra que eu queria te falar tantas coisas?

Faço que sim e ele continua:- Uma delas é que você é a minha escolha mais correta. (rio) E que... por um minuto naquele altar pensei que não aguentaria caminhar. Que meu corpo beijaria o chão!

Aperto a mão dele. Continua:- E soube que, não importasse o tempo que levasse, mas seria você quem teria que estar caminhando até a mim para que eu entendesse o que é um amor como o nosso.

Ele se vira pra mim:- Não tenho nada pra dizer pra você... Porque eu não sei o que dizer. O que você importa pra mim, o tamanho desse algo que está aqui dentro queimando meu peito. Quero te dar algo que ninguém jamais lhe tome e que se eu acabar partindo um dia antes de você, que você tenha intacto e só pra você. Que nosso amor seja capaz pra você, como é pra mim, de ouvir as estrelas rindo (ele se emociona e sorrio)... porque eu as ouço rir sempre que estou do teu lado e ninguém me faz ouvi-las como você... Você a melhor parte de mim Vitor e...

Ele me beija:- Chega... É você, é você quem é minha melhor parte. Meu norte...

Seguro-me nele:- Vamos pra casa logo!


Ele ri e continuamos a caminhar. Durante o caminho peço-lhe que me mostre todas as constelações como sempre fazia. Desconheço melhor professor sobre isso do que Vitor. Chega um ponto em que não aguento mais:- Vi... não dá! Meu vestido está molhado, está pesando muito...

Vitor:- Por falar nisso... o vestido é lindo! O cabelo, a maquiagem, o buquê... de que cor eram as flores do buquê? (rio) estou brincando... O que faremos agora?

Meus sapatos já estão nas mãos deles:- O que? Uai, você vai me carregar. Falta pouco e o marido carrega sua mulher até a casa...

Ele olha de uma maneira para mim que não me contenho de rir:- Vamos... nas costas?

Vitor:- Paula...

Pego meus sapatos das mãos dele:- Nada de Paula... Anda!

Ele ri e me vira de uma vez sobre seu colo:- Ainda bem que está perto.

Vitor dá umas corridinhas, mas logo para cansado. Chegamos a entrada, peço pra descer mas ele não permite:- Até o final... Preparada?

Começo rir:- Tem algo no quarto do qual eu deva me preparar?

Ele abre e TEM! As mesmas luminárias e flores da decoração da cerimônia. Vitor me coloca no chão e começo a observar:- Sinto um frio na barriga... Como se nunca tivéssemos estado assim.

Ele vem até a mim e vira para ele até que eu possa sentir sua respiração:- E não estivemos. Somos casados!

Sorrio e ele me beija transcorrendo suas mãos sobre meu corpo até que cheguem aos meus cabelos onde retira cada grampo que os prende sem retirar seu beijo do meu. Me seguro nele enquanto opera sobre mim todo o amor que emana o sinal a meu sangue que passa a borbulhar de tal forma que meus pelos se levantem em reação a pele que se repele. Escorre as mãos sobre a alça de meu vestido, me viro o alertando que se retira por trás. Pacientemente desfaz cada cruzada que me tirou o ar ao mesmo tempo em que se entrelaça sobre meu pescoço me contorcendo para ele. Vira-me novamente e levo as mãos até sua roupa desabotoando ao ponto em que posso enxergar sua pele e senti-la quente e me atrever a beijar. Ele puxa meu vestido ao chão e repousa-me na cama. Trilha e desfaz carícias enquanto cavalga sobre meu corpo me tirando o sentido. Amo-o como se há anos não o tivesse visto, como se aqueles movimentos fossem os últimos de nossas vidas. Em um ritmo frenético suga-me o ar dos pulmões transportando para os dele que parece não me ouvir, perdido e m fazendo se perder. Meu interior só corresponde dessa forma ao dele. Em exato pois, o nosso interior é só um, e quando unidos dessa maneira podem recolher os pedaços que faltam e o outro carrega:- Vitor...

Parece meu corpo um ponto de encontro dele com ele mesmo. Um ponto de encontro que me consome e me faz virar pó em suas mãos. Responde a mim me colocando para dentro dele e tornando mais habitável e dependente de seus movimentos. Assim, me perco em qualquer palavra, me torno incapaz de terminar de pronunciá-las ou sequer pensar nelas...


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