12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 27
Paula




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PAULA

Acerto os detalhes do vestido e os ajustes, duas horas depois elas já se foram e vou a procura de Vitor. No caminho pergunto a Diva se está tudo ok com o jantar:- Daqui a pouco devem chegar.

Diva:- Seu vestido já está pronto?

Sorrio:- Não, mas falta pouco. Quando eu for experimentar vou chamar você para ver. Cadê o Vitor?

Diva ri:- Não faço ideia.

Quando chego do lado de fora ele está sentado com mamãe, Cintia e os cachorros:- Nem me chamaram pra reunião?

Vitor:- Mas nem a começamos ainda...

Dulce:- Só se for reunião de jogar conversa fora.

Me sento no colo de Vitor:- Dessa que eu gosto.

Começam a falar que já fiquei folgada e dengosa demais:- Sou duas agora.

Vitor suspira:- Minha vida é mulheres mesmo...

Rio:- E você não vai tomar banho pra receber sua mãe?

Vitor:- Já vou...

Dulce:- Eles virão pra cá?

Vitor:- Virão. Não estão se aguentando. Comentei que a Paula está barrigudinha.

Elas riem:- Não é barrigudinha Vitor. Que coisa...

Ele ri:- Me desculpe...

Ele me levanta do colo e sai para tomar o banho:- Esse Vitor...

Dulce:- Estava me cobrando o doce!

Cintia ri:- Só fala abobrinha.

Rio:- Não fale em abobrinha que ele inventa de querer o doce da abobrinha.

Dulce:- Realmente, nem fale.

Tento começar um assunto delicado:- Mãe... quero te contar uma coisa.

Ela coloca na mesa o suco que estava bebendo:- O que foi?

Respiro fundo:- Eu estava pensando no meu pai. Queria muito que ele viesse ao casamento, que soubesse que estou grávida, mas você sabe que ele...

Ela me interrompe já se levantando:- Não insiste. Nem me peça pra tentar ligar...

Ela sai e olho pra Cintia:- Ás vezes eu não entendo...

Cintia:- Ela não se sente bem com você insistindo se ele não quer saber. Vou tomar um banho...

Cintia sai também e fico sozinha, pensando em tudo, na saudade do tempo em que nada disso havia acontecido. Resolvo ir até o quarto e tomar do meu melhor remédio: Vitor. Quando chego ele está se trocando:- Coloca a outra...

Ele se vira por não ter me visto entrar:- Qual?

Aproximo-me e pego pra ele:- Essa!

Ele ri, lindamente:- Ok.

Me sento na cama pra vê-lo se aprontar:- Será que ainda vão demorar?

Vitor:- Creio que não.

Ele termina e se senta perto de mim entregando o pente para que eu arrume o cabelo dele, começo a rir enquanto penteio:- Está perdendo o cabelo...

Vitor:- Será que Vivi vai me ver careca? Ainda bem que tem muitas fotos para ela ver como o pai dela era lindo, era...

Interrompo:- Convencido!

Vitor ri:- Tadinha. Vai encontrar um pai chato, chato e chato e...

O beijo:- O melhor pai pra nossa bichinha.

Ele se deita e me chama:- Vai desarrumar o cabelo.

Vitor me abraça:- Não importa. Quero ficar jutinho enquanto tem tempo.

Ele parece, até indiretamente, saber tudo que preciso no momento que preciso. Agarro-me nele com força, encostando minha cabeça o maior perto de seu peito:- Não me solta mais.

Vitor:- O que aconteceu?

Começa a chorar e ele me vira pra me olhar:- Vitor,posso te pedir uma coisa?

Ele fica preocupado:- Meu Deus Paula, o que está havendo?

Seguro-me nele:- Vitor, tentei falar com minha mãe em relação ao meu pai vir ao casamento...

Antes que eu termine ele me interrompe:- Deita aqui... Ele vai vir.

Com ele dizendo parece que as coisas são tão fáceis, faço o que ele manda:- Que ele pudesse saber da Vitória, estar aqui quando ela nascer.

Vitor:- Nós vamos conseguir fazer com ele venha.

O problema:- O problema é se minha mãe não apoiar a ideia, não posso contrariar ela que sempre esteve do meu lado.

Vitor respira fundo e posso exalar mais perto ainda do seu cheiro:- Nós vamos resolver também.

Fecho os olhos pra degustar desses momentos. Das caricias dele em mim, da proteção que ele me traz. Sinto que todo o peso que tive que carregar, ele me tirou das costas. Isso por um lado também me preocupa, fazer com que ele carregue meus problemas, mas parece tão menos difícil com ele, ou nada difícil. Essa segurança secam minhas lágrimas permitindo que meus olhos se deitem em paz. Batem a porta e quebram o silêncio tão prazeroso de se ouvir:- Entra.

É mamãe:- Eles chegaram.

Eu e Vitor nos aprontamos e vamos recebê-los. Marisa é a primeira a me abraçar, aconchegante:- Tudo bem?

Marisa:- Ás vezes tenho vontade de bater em vocês dois...

Começo rir:- Não deu tempo de ir lá. Desculpa...

Ela se abaixa colocando a mão na minha barriga:- Só vou perdoar por conta dessa princesinha...

Leo se aproxima com aquele jeito caloroso que tenho medo que até me quebre:- Cunho!

Ele ri e me abraça:- Estou tão feliz!

Rio:- Uma sobrinha.

Leo:-A primeira. Porque vocês vão fazer mais...

Vitor finge ter se engasgado:- Não nasceu nem essa! Não dá pra fazer outra enquanto essa estiver aí dentro. Depois que sair...

Começo rir da conversa nada construtiva deles:- Tata...

Ele me abraça e me entrega tantas sacolas que nem sei por onde começar:- Meu Deus!

Tatianna:- Pra ela nascer já toda linda...

Os meninos vem até mim pedindo pra ver a neném, explico pra eles que está dentro da barriga ainda e Antônio diz que dá pra ver pelo umbigo, o que me faz rir o resto da noite inteira. Vitor pega as sacolas e se senta pra abrir:- Vamos ver...

Vitor:- Own...

É tão lindinho ver ele encantado com as coisinhas:- Meu deusu...

É um sapatinho, tão pequeno, frágil:- Menina puxa mais para o pai, né?

Marisa:- Em alguns casos sim.

Vitor:- A minha já é linda!

Leo:- É a décima, quatrocentas vez que vejo Vitor dizer isso.

Tatianna:- Pai babão é assim...

Abro um outro:- Um vestido! Olha isso Vitor...

Tatianna:- Isso já é coisa de tia babona! Achei a coisa mais fofa desse mundo.

Enquanto abrimos os presentes percebo que hora ou outra Vitor se emocionava. Também não teria como não se emocionar:- Vamos comer? Ta com fome Leo?

Tatianna:- Sempre está.

Rio:- Deve ser coisa de família isso.

Vitor:- Não necessariamente porque Leo come mais. Sempre foi assim...

Marisa:- Deixa de mentir Vitor.

Dulce:- Leo, não vejo você comer, mas se for mais que o Vitor me passa a receita pra ficar magra assim...

Leo ri:- Du, esse é um porte físico de gordinhos.

Olho pra Marisa:- Por que a Paula não veio?

Marisa:- Porque ela já vinha no final de semana. Ficou triste porque final de semana vocês não estarão, né?

Vitor:- Eu ainda não sei. Tem show Leo?

Leo:- Não, porque na segunda e terça vai ter eventos corporativos.

Vitor:- E você amor?

Olho pra Cintia:- Tem? Lembro que na Quarta tem gravação de Tv.

Cintia:- Não também, porque remarcamos pra outra semana por conta dos programas.

Marisa:- Então vamos lá pra casa.

Sorrio:- Combinado.

Mamãe se prontifica e nos chama para jantar. Horas depois entre conversas, risadas, planos eles se vão e me sinto exausta. Nem imagino em como Vitor possa estar sem ter dormido nenhum segundo desde que chegou:- Vi...

Ele está recolhendo os presentes e começo rir:- Cansado?

Vitor:- Um pouco.

Me aproximo:- Vamos dormir...

Vitor ri e vem até a mim:- A Vitória está recebendo tanto amor...

Sorrio:- SIM! Como eu me sinto.

Vitor:- Hoje pela tarde, não entendi o que Patrícia quis dizer com aquilo.

Me abraço nele:- Nem queira. Coisa de mulher.

Vitor:- Colo?

Rio:- Ah, sim...

Ele me pega e vou rindo até o quarto:- Quando eu tiver com um barrigão, vou me recusar a andar!

Ele me coloca na cama:- Nem ouse algo assim. Não aguento...

O olho fixadamente, para mais um dia gravar seu semblante em minha memória, como gravei por tantos anos:- Não sei mais ficar sem você. Nem quando você está em shows, ou eu estou em shows. Ás vezes isso me aterroriza...

Ele se deita sobre mim com muito cuidado e fala baixinho:- Estou sempre com você Paula.

Sorrio com o coração e o corpo em chamas enquanto ele toca nos pontos exatos, nos momentos exatos, do jeito exato que só exatamente ele sabe. Como alguém pode ter tanto domínio sobre mim? Não vou saber responder. Nunca. Nem entender. É tão intenso, que pareço perder o fôlego e recuperá-lo segundos depois quando ele se coloca em mim, quando traz ar para meus pulmões me beijando, me preenchendo, me tirando de mim e devolvendo a cada movimento, a cada momento. Ele faz trilhas sobre meu corpo, me contorce, me vira do avesso. Repousa sobre mim, com o ouvido em minha barriga como se pudesse ouvir o coração do fruto desses nossos momentos, desses nossos segredos. Passo as mãos sobre ele, sobre o cabelo, a pele:- Ela ta feliz...

Ele ri:- Ainda bem que ela ainda não vê nada.

Rio:- Ai!

Ele levanta a cabeça:- O que foi?

Fecho os olhos:- Estou cansada...

Ele vem até mim e me entrelaça nele, como se formasse um casulo e me colocasse dentro. Segura minhas mãos e beija meu rosto, meu cabelo, meu pescoço em um ritmo que vai me apagando mais, mais, mais...

Quando abro os olhos ele ainda dorme, quase me sufoca:- Vi!

Tento mexer nele já rindo:- Vitor!

Ele abre os olhos, tonto:- Se vira, quero levantar.

Ele me solta e se vira, voltando a dormir. Puxo um dos lençóis e vou pro banheiro.

Ele resmunga:- Bicho, se alguém entra aqui... Joga esse lençol aqui!

Jogo outro lençol pra ele e vou pro banho. Minutos depois o chamo:- VITOR! Você está me ouvindo!

Vitor:- Meu deus Paula! Pelo amor de Deus...

Grito de novo e ele aparece estressado:- O que foi?

Abro a vidraça do banheiro:- Pega esses cremes...

Ele me interrompe:- Você está de brincadeira, né? Me fez levantar pra pegar isso?

Olho pra ele:- Não fica bravo, fala baixo, porque se minha mãe aparecer aqui, te pega assim... Anda logo!

Ele me entrega respirando fundo:- Me deixa dormir! Você sabe que eu sem dormir, sou...

Sorrio:- Coloca algo pra dormir! Isso não é bonito pra todo mundo...

Ele sai do banheiro nervoso e começo rir. Quando termino meu banho e retorno pro quarto ele está até roncando:- Senhor!

Pego uma almofada e jogo nele. Me troco e o celular dele toca:- Oi?

Uma mulher responde, digo que sou eu e ela diz que liga mais tarde. Pergunto quem é e me responde que trabalha pra ele, no escritório. Desligo e fico repetindo o nome da pessoa, tentando me recordar se há alguma:- Vitor!

Vou até a cama e mexo nele:- Vitor, acorda!

Depois de tanto tentar, ele se senta irritado:- Paula, você não está fazendo isso!

Entrego o telefone a ele:- Quem é Juliana?

Ele me ignora e deita de novo. Grito pra que se levante novamente:- Responde Vitor... RESPONDE!

Ele se levanta pisando fundo:- Escuta aqui, eu te avisei da última vez o que aconteceria se você fizesse mais uma dessa! Não tem fundamento suas histerias, não tem sentido. TRABALHA COMIGO, não foi isso que foi dito? Pelo amor de Deus Paula, se fosse pra trair você eu nem ficaria com você. Coloca isso nessa sua cabeça mimada!

Me sento na cama, um pouco tonta enquanto ele sai pro banheiro. Respiro fundo pra não desabar por ele ter se alterado. Penteio mexa por mexa do cabelo até ele que saia do banho... Passa por mim até o closet como se nem ali eu estivesse. Retorna ainda envolto na toalha.

Vitor:- Se você não se controlar, chegará um momento que vai ser insuportável, pra mim, pra você. Se não confia em mim...

Me viro pra ele, o interrompendo:- Eu não confio é nelas!

Vitor se altera:- MAS SOU EU que tenho que dar ousadia pra elas. E NÃO DOU!

Torno a pentear o cabelo:- É bom não dar.

Vitor volta ao closet ainda falando:- Você é incrível! Eu não sei que tipo de homem você quer na sua vida. Se tento dar todo carinho cabível e não cabível, ainda reclama... Bicho, fico sem pregar os olhos preocupado em...

Vou até ele:- Por favor! Não começa agora você com suas histerias.

Ele me olha:- Como é?

Olho pra ele:- É o que você ouviu.

Ele respira fundo e se vira:- Vou ignorar o que ouvi, pro nosso bem...

Começo chorar:- Sempre tem...

Vitor se vira:- Está vendo? Isso é você quem causa! Você acha que irei te trair Paula?

Ele vem até a mim e me segura:- Não.

Vitor:- Então para que tudo isso? Só me diz... A situação que você fica, a situação que nós ficamos.

Choro mais ainda:- Estou me sentindo um saco! Com medo...

Ele me interrompe:- Xiu... Chega, esquece tudo isso. E pelo amor de Deus, não faz mais isso... Eu vou pedir que liguem só pra casa, não vou atender mais trabalho no celular! Ta certo? É tão sem necessidade... Está te faltando alguma coisa?

Penso:- Não. Está tendo demais. Sinto que já estou ficando chata, mole...

Vitor:- Você já era!

Olho pra ele:- Mas você, nem pra ajudar...

Vitor:- Estou tentando! Paula pare de chorar... Já foi.

Limpo o rosto e saio do closet:- Agora vai ficar me mandando parar até chorar? E quando eu estiver mais chata, vai deixar até de vir pra casa?

Vitor segue:- Eu só pedi que você parasse...

Interrompo chorando mais ainda:- Ai Vitor! Para de falar...

Vitor:- Mas... não estou entendendo.

Ele vem até mim e me abraça:- Era só isso que queria...

Ele me leva até a cama e deita comigo:- Desculpa...

Ele beija meu cabelo:- Com o tempo eu vou aprendendo a lidar com suas crises. Mas vai passar, é só a gravidez... Não é? Vai passar, não vai? Estou começando a ficar preocupado...

Rio:- Vai. Não sabia que isso era assim...

Vitor:- Nem eu!

Fico envergonhada com a situação:- Sinto falta de tudo, tendo tudo. Sinto sua falta. Quando você falou daquele jeito comigo...

Vitor:- Eu não sabia que era tão assim...

Sinto vontade de chorar de novo, ele me vira e me abraça de novo. Me seguro nele mais forte, não entendendo a situação...:- VITOR!

Vitor:- Ai Paula... bicho, o que...

Começo rir:- Eu acho que ela mexeu!

Ele sorri e começa rir:- Isso é tudo muito doido. Você chora e ri, e eu sou o chato... A Vitória mexeu...

Coloco a mão:- Eu não sei, foi rápido. Já é tempo de mexer?

Vitor:- Segundo o médico seria provável... Vivi, foi você minha princesinha...

Sorrio:- Mexe pra mamãe saber...

Vitor:- Paula...

Olho pra ele:- Foi...! Fala com ela Vitor...

Ele se emociona e começa a conversar com ela, mas ela não mexe mais:- Acho que agora sei que tem alguém aqui... Vi!

Vitor me beija rindo:- Minhas mulheres...

Me emociono:- É tão gostoso...

Vitor:- Vocês duas são!

Sorrio pra ele e meu dia, que mal começou, já foi um dia e tanto!


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