12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 18
O acerto




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PAULA

Não fiz nada com a intenção de acabar nisso. Por que se torna difícil amar alguém difícil? A resposta parece tão óbvia e ao mesmo tempo... Não são mágoas, são dúvidas, são coisas ditas sem pensar, é uma dor tão grande por te acabado assim. Eu sei que ele não está bem, eu não estou... Choro baixinho pra ele não ouvir, o olho de costas pra mim, como se eu tivesse de costas para mim mesmo. Fico esperando ele se mexer, mas nada... O tempo passa e não consegui dormir ainda, resolvo tomar um banho que só serve para me fazer desabar. A dor é tanta, a raiva das coisas que eu disse, que eu ouvi que:- Vitor...

Ele está na porta e vem me levantar do chão, o rosto vermelho entrega o jeito que estava também:- Chega...

Seguro nele:- Eu não tenho mágoas de você, Vitor...

Ele me levanta todo molhado, não sei se é do suor, do chuveiro, eu não sei tanta coisa, me sinto tão mal:- Eu disse chega. Pare...

Tento me acalmar enquanto ele me enrola em uma toalha e me leva pra cama:- Desculpa...

Vitor:- Esquece isso. Talvez eu tenha trago essa mulher ressentida pra dentro de você em algum momento... Eu sei que te fiz sofrer, mas quero que entenda que nunca foi uma intenção e se algum dia ficou como sendo, era só dor.

Tento falar:- Eu não tenho mais...

Ele me dá um pouco de água:- Fica quietinha, mesmo que não tenha, não quero te deixar nesse estado... O que eu vou fazer com você?

Me seguro nele:- Não me deixa mais, o que eu preciso só me cura quando vem de você. Só preciso de um amor de verdade...

Ouço ele segurar o choro e me abraçar tão forte que eu poderia dizer que a dor saiu na pele:- Vou te dar...

Me prendo mais nele que se vira e me beija, me tira a dor, me traz a paz, me traz a mim. Me deito sobre ele com uma vontade imensa de tê-lo, mas ele se esquiva.

Vitor:- Nem tudo que se quebra entre dois amores se repõe na cama. Não quero que as coisas terminem sempre assim... Nós temos que aprender nos acertar de outras formas, conversando seria um bom começo.

Ele está certo sobre o certo não ser tudo acabar nisso:- Certo.

Vitor:- Não me peça desculpas. Nem fique pensando que estou te tratando feito criança, o que estou fazendo é só tentando unir estes caquinhos que sempre deixo em você. Você não me merecia Paula!

Tento me recompor:- Por favor... Estamos no mesmo nível de erros e acertos, se eu não te mereço, você não merece a mim, e assim no fim a gente acaba se merecendo. Nós sabíamos que seria assim!

Vitor:- Sim. Sabíamos e aceitamos aprender, então é um bom começo...

Ele demora alguns minutos, mas acaba fazendo a pergunta:- Você não vai querer mais se casar comigo?

Olho para ele:- Se eu não quisesse já teria voltado ao Brasil. Estamos tentando, não é?

Vitor:- Estamos...

Fico quieta e então ele se aproxima, me abraça, me deita nele, me faz chorar mais:- Você está naqueles dias Paula?

Aperto ele:- Cala a boca!

Vitor:- Ta, desculpa. Posso te beijar agora?

Me levanto e o olho:- Acho que já concertamos o que estava quebrado. Creio que não será mais pecado...

Ele sorri secando minhas lágrimas e me toma para ele, como eu precisava naquele momento. Tudo entre nós é muito intenso, desde ao amor até as brigas, o que me faz repensar se isso é bom ou ruim:- Vitor...

Ele está abraçado em mim, vai abrindo os olhos e eu o meu sorriso:- Oi?

Beijo-o e ele me pergunta que horas são:- São 7 horas da manhã.

Vitor:- Bom dia então...

Me deito sobre ele:- Bom dia... Sobre o que houve, me desculpe ter te chamado de covarde, de novo. Você não é um, me expressei errado, estava nervosa.

Vitor:- Não vai se repetir. Me desculpe ter sido imaturo por tanto tempo com você, com seu amor por mim, você deve saber que foi o único tão fiel que recebi até hoje... Amor de mãe não conta.

Penso no que ele disse, no meu amor ser o único fiel até hoje. Ele quebra o silêncio:- Você acredita que eu te ame?

Vitor fez tantas coisas erradas que...:- Acredito no seu amor torto, porque se não me amasse não sentiria tanta paz junto de você.

Vitor:- Mas isso...

Interrompo:- Você me ama do seu jeito e o seu jeito é o melhor pra mim. Me ama e pronto, ou eu estou errada?

Vitor:- Eu te amo, eu... te amo mesmo. Talvez você não confie tanto ainda, e eu entendo os seus motivos.

Me levanto:- Acredito em você. Vamos nos arrumar?

Ele se levanta e começamos a nos aprontar:- Sua roupa está toda na mala?

Ele está lindo:- Sim, está. Vou descer e pedir para avisarem quando o carro chegar.

Ele desce e termino de organizar as malas, vou na varanda e pego uma das flores, já murcha, e guardo dentro de uma caixinha na mala. Ele volta com duas canecas de chocolate:- Cortesia do hotel.

Ele ri:- Sim. Eles vão nos avisar quando o carro chegar, me falaram maravilhas de Cancun!

Me sente e o chamo pra junto:- Não vejo a hora de chegar lá.

Começamos a conversar sobre os lugares e rever as fotos, ele me fala que quando chegarmos montará um mural com as fotografias:- Pra colocarmos na nossa casa?

Ele me olha:- Pra colocarmos na nossa casa.

Passa alguns minutos e batem na porta avisando que o carro chegou. Descem nossas malas, as contas já estão fechadas, então só nos despedimos e vamos. Fiquei muito feliz por ter sido reconhecida aqui:- Você viu!?

Vitor sorri:- Não estranho tudo isso.

Rimos enquanto entramos no carro rumo ao nosso próximo paradeiro.

VITOR

No caminho fico pensando em tudo que houve, ver a Paula naquele estado me destruiu, mas eu não poderia transparecer nada e fui eu quem causei aquilo, sempre sou eu quem tenho o dom de destruir as situações. Me perco pensando e nem percebo que Paula está falando comigo:- Oi?

Ela está me olhando intocável:- Nada.

Sorrio e me viro pra janela novamente, olhar pra ela me dói. Pensar em tudo, me dói. Me corroí pensar que nosso relacionamento ainda é balançado:- Paula...

Paula:- Sim...

Fico em silêncio:- Não consigo esquecer o que houve. Muito menos não pensar que nosso relacionamento é...

Paula:- Vitor, não vamos pensar nisso, por favor... Nosso relacionamento é sim complicado, mas aceitamos tentar juntos.

Continuo:- Paula está entalado o mal que te fiz passar por minha culpa, não quero isso! Eu amo você, mas sempre acaba tudo errado, tudo estranho, inseguro...

Paula:- Eu deveria ter pensado, pesado minhas palavras. O problema é a intensidade das coisas, nós devemos nos controlar. Não sinto insegurança, não me sinto insegura com você...

Desvio pra ela:- Te amo, não esquece disso.

Ela ri:- Presta atenção naquilo...

Ela aponta para um local lindo, sorrio e começamos a conversar sobre a vista. Percebo que ela está tão ansiosa e isso me faz rir mais ainda.

Paula:- Estamos chegando?

Deito no ombro dela:- Uhum.

Ela não para quieta:- Vitor...

Antes dela falar me levanto: HUM?

Ela me olha:- Que?

Começo rir:- Já estamos chegando.

Paula:- Não ia perguntar isso.

Nos olhamos e começamos a rir:- Sei... Vou ficar de olho no tamanho do biquíni.

Paula:- Hã?

Imito ela fazendo careta:- Hã?

Paula:- Ridículo!

Beijo a bochecha da carinha amarrada:- Chegamos!

Ela sorri:- Ótimo!

Descemos o carro e ajudantes já se prontificam para pegar as malas. Vamos até a recepção, enquanto resolvo tudo Paula observa o local:- Gracias.

Paula:- Pronto!?

Rio mostrado a chave do quarto:- Si muchacha!!!

Paula ri:- Você é péssimo.

Entrelaço o meu braço nela e saímos. O quarto é esplêndido, não vão acreditar que a sacada é praia!

Paula:- AMEI!!!

Me deito na cama:- AMEI!!!

Ela ri e se deita:- Um paraíso...

Vou pra cima dela:- Usted és um paraíso!

Ela ri:- Own...

A beijo mas logo somos interrompidos por alguém batendo a porta:- Sempre isso, droga!

Vou abrir e é um homem de meia idade uniformizado, fala rápido e eu faço que entendo, chamo a Paula e ele nos entrega colares de “ula,ula” e uma cartilha de turismo. Fico vendo ele sair, quando olho pra Paula:- Ula!

Ela fecha a porta:- Ula mi amor...

Rio:- Não nascemos para isso.

Ela vem e me braça:- O que faremos agora?

Olho bem pra ela:- Nada.

Ela ri:- Como nada? Pensei que poderíamos...

Beijo-a antes que termine de falar. Porque tenho que ser tão preso nela?: Eu te amo muito.

Ela sorri:- Eu sei!

Caímos na cama trocando caricias, experiências, amores, almas que descansam uma na outra. Ela não prega os olhos, sei que quer conhecer a praia logo mas não tenho o mínimo pique pra isso:- Pode ir a praia, depois eu vou e te encontro lá.

Paula:- Você não vai ficar chateado?

Beijo o cabelo dela:- Não. Daqui a pouco eu vou.

Ela se levanta:- Então vou me arrumar, vou logo aqui na frente, mas não demora pra ir.

Concordo com a cabeça. Estou muito cansado, mas vou pra varanda para vê-la, quando surge na porta deixo transparecer que não estou nem um pouco contente:- Paula...

Ela já sabe o que é:- Se você olhar toda praia está vestindo isso, uns até menores que estes.

Ela sai antes que eu argumente algo, escoro a cabeça e fico observando. Não demora muito para que ela retorne me irritando para ver a delicia da água, o quanto é límpida, o quanto é...:- Ta bem Paula!

Ela ri:- Vamos...

Coloco a roupa de banho e vamos:- Cuidado.

Entramos na água que realmente tudo que ela falou e um pouco mais:- Temos que tomar muito cuidado. É uma area perigosa aqui!

Ela está abraçada em mim:- Perigosa?

Continuo:- Só soube depois. Tem na cartilha de turismo, os tubarões migram para cá.

Ela fica me olhando:- Você não sabe mentir.

Começo rir, cruzo uma perna na dela e puxo:- Ta vendo!?

Seguro-a rápido para que não caia na água, ela ri:- Para com isso.

Ela se solta e mergulha, quando retorna sirvo de apoio para que ela fique sobre a água:- Temos que ligar no Brasil.

Paula:- Depois ligo, onde ficou meu celular?

O sol daqui é extremamente forte:- Isso é um milagre, não saber onde está sua terceira mão.

Ela ri:- Exagero. Onde está?

Levanto ela:- Não sei Paula, depois procura. Deve estar na bolsa, sei lá.

Paula:- Seus olhos estão vermelhos já. Vamos sair...

Sinto em concordar com ela e partimos. Nos sentamos na varanda, como eu disse, é praticamente a porta da praia:- Estava pensando em uma coisa.

Paula:- O que? Quer?

Ela está bebendo um drink que compramos na volta:- Não. Que não tenho mais idade pra namorar, nem sei como faz isso mais.

Paula:- Você deveria ter ficado quieto. Diz cada coisa... e existe idade pra isso? As pessoas se gostam, namoram.

Olho pra ela:- E quando elas se amam, se casam.

Ela sorri olhando o mar:- Também...

Me deito no colo dela e seguro sua mão:- Poderíamos jantar aqui hoje.

Paula:- Sim, mas nem almoçamos ainda.

Começo a rir:- Pra que esperar? Vamos então...

Paula:- Não estou com fome, peça algo pra você e coma aqui.

Me levanto:- Se levante e coloque uma roupa. Vou reservar a mesa no restaurante daqui.

Ela odeia quando faço estas coisas, mas não ligo desde que ela vá comigo. Com tudo pronto descemos até o restaurante e fazemos nossos pedidos:- Só isso?

Paula:- Eu nem ia comer.

Pego o cardápio e escolhe mais alguma coisa pra ela:- Pronto.

Paula:- Vitor eu não vou comer tudo isso.

Não ligo para o que ela diz e começo a conversar sobre o local, mas ela não se empolga:- O que está havendo?

Paula:- Não estou muito bem.

Me preocupo:- O que está sentindo?

Paula:- Acho que foi a viagem...

Fico olhando ela:- Quer subir?

Paula:- Sim. Pede pra comer no quarto...

Faço o que ela diz e vou segurando ela até o quarto:- Deita aqui... Vou pegar água pra você.

Paula:- Já está passando amor.

Não consigo entender, ela estava bem:- Vou pedir um médico.

Paula:- NÃO, não tem necessidade, já passa. Não é a primeira vez por estes tempos, foi a viagem corrida, já melhoro.

Me deito com ela:- Nem quero comer mais.

Ela ri:- Estou bem, já está passando...

Tento ver se ela está com febre e ela ri:- Paula, o que você tem?

Paula:- Vitor é só um mal estar que até já está passando. Preciso dormir um pouco, deve ter sido a ansiedade!

Bem pensado:- Então vem aqui que vou fazer você dormir.

Ela ri:- Ta bem.

Não prego os olhos, ao contrário dela que logo dorme. Me levanto fazendo o mínimo de barulho para não acordá-la. Vou até a varanda, começo observar as pessoas passando na praia, a imensidão daquele mar que faz confundir se o céu é ali, uma bela inspiração para uma postagem nas redes sociais. Sem nada pra fazer começo ler os comentários, visualizar as noticias que saíram após nosso anuncio. Fico tão entretido que não ouço Paula acordar:- Ta bem?

Paula:- Um pouco tonta, acredito ser uma boa hora pra comermos.

Providencio tudo e em minuto chega ao quarto:- Coma.

Comemos mas eu ainda continuo preocupado. Ela me diz querer conhecer alguns lugares ainda hoje:- Se você melhorar, depois saímos.

Paula:- Já estou bem. Terminando aqui me arrumo e saímos.

Evito discutir.


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