12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 16
O presente




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Acordo e não encontro Paula no quarto, me levanto sonolento e vou procurá-la:- Hei...

Ela me olha:- Oi.

Me aproximo e deito no colo dela:- O que está fazendo aqui?

Paula:- Pensando...

Já imagino no que:- Meu amor eu não falei aquilo para assustar. Você tem todo o tempo que precisar e... se não quiser viver comigo, tudo bem. Na verdade, não vai ficar tudo bem, mas eu vou compreender!

Ela ri:- Quero muito viver com você. Mas é tudo tão complicado, sem contar que, não estamos indo com pressa?

Respiro fundo:- Eu amo você...

Ela acaricia meu cabelo:- Vitor, sobre nos casarmos...

Interrompo ela:- No momento certo, também não vou atropelar nada. Você quer casar comigo?

Paula:- Obvio que sim!

Pego na mão dela:- Então fique calma. O que está te preocupando?

Paula:- Se eu não conseguir dar conta de tudo? Ser esposa, artista, cuidar de você, de mim, do escritório.

Fecho os olhos:- Paula você não fará nada sozinha.

Percebo que ela começa falar com a voz embriagada:- Se não der certo, vou perder você de novo.

Me levanto:- Não precisa se preocupar, por favor... Vem aqui...

Ela vem para perto e a entrelaço em mim:- Você não imagina a dor que me causa pensar nisso.

Beijo o cabelo dela:- Você não faz ideia do amor que eu tenho por você. Eu sei que se não der certo, vamos os dois sofrer. Mas eu acredito que vai dar certo... Paula, já fui casado, sei o quanto é complicado e poderia desistir de querer isso pra minha vida. Mas eu quero e quero que seja com você.

Paula:- Se eu não for uma boa esposa, você vai me dizer? Não se afasta de mim quando as coisas não darem certo...

Interrompo:- Não irei me afastar. Quando eu também não estiver sendo um bom marido, amante, namorado eu sei que você vai me dizer. Nós temos que confiar um no outro, se respeitar, ser parceiros, porque eu vi de perto a necessidade disso tudo, eu vivenciei o quanto o amor é capaz de tudo. Mas se você tem dúvidas, é melhor nós não iniciarmos isso por enquanto.

Ela se afasta e me olha:- Não tenho dúvidas de querer viver com você, pra você. O que tenho é medo de não conseguir cuidar de tudo.

Acaricio o rosto dela:- Você lembra quando você tinha 12 anos e teve que mudar de estado? Quando tinha 18 e teve que abandonar tudo? Que entre os seus 12 ao 18 você sempre teve que recomeçar todos os dias, você não conhecia nada do que você viveu, mas você sem saber se conseguiria ser o que você está sendo agora, continuou... Você teve ajuda dos seus pais, vai ter a minha, vai continuar tendo da sua equipe, dos seus amigos, das pessoas que gostam de você, que querem seu melhor. Ninguém está pronto para nada, mas se a gente não for, mesmo sem saber onde vai dar, a gente não vive. Eu acredito no seu amor, pelo que faz, por mim. Acredito no seu potencial, na sua força e que consegue TUDO o que quiser.

Paula:- Eu te amo tanto... E não vou medir esforços nenhum para dar conta de tudo!

Sorrio e a puxo para mim:- NINGUÉM vai me tirar você mais. Pula!

Me levanto e peço que ela pule nas minhas costas:- Vamos dormir senhora Chaves.

Ela ri, é contagiante.

Vitor me trata de uma forma única. São dois grandes pontos, um gelado como iceberg, um quente como fico a cada vez que ele me toca com as mãos, com as palavras. E esse fervor que me consome quebra a sensação fria de qualquer iceberg:- Você quer dormir?

Ele se vira e eu subo na cama:- Só se você quiser...

Rio:- Se eu disser que quero, você dorme?

Ele ri:- Chega, por favor... Psiu!

Ele se aproxima e algo dentro de mim se acende. Quando as mãos dele chegam em mim, meu coração palpita em uma velocidade desenfreada. Quando a boca já está na minha, sinto meu sangue entrar em combustão. Quando o corpo dele encosta no meu, já não respondo por mim:- Que isso nunca termine...

O corpo dele é quente, as mãos são macias, os toques são certeiros. A respiração dele acelerada cruza a minha, ele se cruza em mim de uma maneira impossível de se separar. Já disse uma vez e repito, meus ossos decidem tirar férias. Minha mão escorra no corpo dele já úmido, enquanto invade todo meu ser eu vou perdendo os movimentos, me perdendo de mim ao mesmo tempo que me encontrando da maneira mais bonita que possa existir. Ele sussurra de uma maneira que no meu interior tudo grita. O barulho que tem o silêncio do corpo dele é a coisa mais linda que eu já ouvi. Quando olho para ele é como se ele também não respondesse por ele, fica tão perto da minha alma que o sinto tocar o fogo sem se queimar.

Eu me sinto existir de fato perto dela. Tocar a alma dela é para mim a melhor sensação! Minha mente tira férias, meu coração puxa as rédeas, determina minhas coordenadas, me permite voar de verdade. Não é algo banal, abstrato. É tão profundo que consigo me conectar ao meu EU. Jamais consegui sentir algo tão fora do comum. Saímos de órbita, perdemos a razão de tempo, espaço... me sinto desconectar de todo pensamento, minha mente descansa, conhece a paz sobre os beijos dela que se transformaram em um vicio compulsivo. Quando ela me toca a minha pele queima, me faz revirar a mente, os órgãos trocam de lugar, tudo arde sem doer. Quando se movimenta sobre mim, a maciez que tem seu corpo me faz sentir estar sobre uma nuvem, mesmo nunca ter tocado uma. Com ela é assim, eu experimento todas as sensações inimagináveis. Tento respirar com pressa, não sinto meus pulmões, os pavores de mãos dadas com a tranquilidade quase me enlouquecem. Ela me prendeu nela! Eu não sei o caminho para sair disso e peço, se existir algum que o desfaçam... Ela é meu céu, o meu inferno, a minha paz, a guerra de tentar encontrar ar, ela é a vida que eu não sou, é a decisão mais correta que eu senti em toda minha vida.

Paula:- Oi?

Respiro fundo:- Oi...

Ela sorri e eu peço para o tempo congelar ali:- No que estava pensando?

Sorrio:- Não sei. Você me roubou de mim!

Ela ri:- Vou sentir falta disso quando estiver fora de casa.

Rio:- Ai meu deus! Vou fazer os shows rindo só de pensar em tudo isso quando voltar pra casa.

Paula:- Mas como é bobo... Não vá se engraçar, não! Eu também sei cortar um bom rei.

Olho para ela:- Vai começar?

Ela sobe sobre mim:- Não, não...

Faço cócegas nela que quase caímos os dois da cama:- Você vai me provocar de novo?

Ela não consegue falar direito:- Ch..Chega...

Me acabo de rir da cara dela:- Mas é fraca!

Paula:- Deixa eu me recuperar que você vai ver! Doeu Vitor...

Faço cara de debochado:- Ôh dó! Vem...

Puxo ela nos meus braços:- Que horas é nosso voo amanhã?

Beijo-a:- Na madrugada. Está tudo pronto?

Paula:- Sim. E suas coisas?

Balanço a cabeça:- Tudo ok. Já trouxe tudo, as passagens, documentos, chaves da casa no Texas. Tia Léia guardou para mim.

Paula ri:- Nem acredito ainda...

Rio:- Inacreditável é quando estivermos lá.

Paula:- Então vamos dormir, pra estarmos descansados.

Me aconchego mais nela:- Fica bem pertinho. Quando você dorme perto de mim, não fala tanto na noite.

Ela me olha:- Sério?

Continuo:- Todas as vezes que observei sim!

Paula:- É que você me aquece, me deixa confortável. Sem frustrações, com paz eu falo menos.

Pisco para ela e apagamos.

O sol entrando pela janela, quase cega meus olhos. São 13horas, olho pro lado posso dizer que a vista só é bela tirando o fato dele quase estar babando, rio. Tomo um banho e preparo um café. Quando saio para fora começo rir do barulho das angolas:- Boa tarde para vocês também. O que eu vou fazer pra almoçar?

Começo a pensar em algo prático:- Macarrão...

Vitor:- Onde?

Olho para porta e lá está ele, passando as mãos nos olhos que se curvam mais ficando mais pequenos devido a luz:- Boa tarde...

Ele sorri:- Boa tarde!

Me levanto e vou até ele:- Como dormiu?

Ele nem tomou banho, do jeito que acordou, ficou:- Bem.

Rio:- Vai se arrumar pra comer.

Ele ri:- Mas não tem nada para comer! Você não fez nada ainda...

Começo rir:- Mas vou fazer.

Ele sai pro banho e eu vou arrumando as coisas. Quando retorna peço que vá até a horta e colha o que vou precisar usar:- Hum...

Vitor:- O que?

Olho para ele:- Nada, é que está bom aqui.

Vitor:- Hum...

Ele é muito debochado:- Você vai lavar tudo depois.

Vitor:- Hum...

Deixo ele olhando as panelas e saio para telefonar:- Oi branquinha... Boa tarde!

Cintia:- Boa tarde! Como está?

Rio:- Me virando. Deixa eu falar... No meu notebook tem uns documentos que Vitor arquivou para imprimir, são as tarifas dos hotéis em que vamos ficar. Tem como você quitar para mim?

Cintia:- Sim. Pelo cartão?

Ouço Vitor me chamar:- Pode ser. Ou dinheiro mesmo, está tudo prontinho é só pagar. Preciso desligar, vamos almoçar aqui mesmo. Beijo...

Vitor:- Não está ouvindo não bicho?

Me viro para ele:- O que foi?

Vitor:- Desliguei lá. Está pronto!

Eu mereço:- E precisa gritar? Tapado.

Ele entra comigo e nos servimos. Como pedi ele limpa tudo e o levo para conhecer os animais, uma ideia engraçada porque ele inventa de colocar nomes dos bichos:- Amarela? Que nome é esse?

Vitor:- As penas são amarelas... Todo mundo merece uma identidade própria.

Passamos o resto da tarde na chácara:- Melhor irmos buscar suas coisas logo.

Vitor:- Sim, está dando um friozinho na barriga...

Rimos:- Em mim também. Você está levando uma roupa de banho?

Ele começa a chupar uma laranja dentro do carro:- Para que?

Falto ferver:- Como para que? E olha essa sujeira aqui dentro... Você está indo para Cancún! Em um Hotel que fica na praia.

Vitor faz um barulho chupando a laranja que começo a desconfiar se não é graça:- Estou levando um shortinho.

Não aguento e vou rindo até BH.

Praticamente tudo pronto! Pegamos minhas coisas depois de tomarmos um café na tia Léia. Ligo para minha mãe digo que retorno em 15 dias. Voltamos ao apartamento da Paula, ela está organizando o restante das coisas, desfez minha mala só para ver o que eu estava levando. Me sento com Dulce que começa falar sobre a Biografia da Paula que ela está me montando. Me pede para dar uma ajuda em algumas questões. Flokinho se senta do meu lado até que o pego no colo:- Oi flokos...

Dulce ri:- Seu papai...

Viro o rosto para ele lamber:- Filho calma...

Paula:- Vitor o que é isso?

Olho na porta está Paula segurando uma roupa intima minha:- Ué Paula! É o shortinho...

Ela olha para Dulce que está rindo:- Você vai nadar com esse shortinho?

Rio:- Vou! E pode colocar lá dentro de novo!

Ela ri e sai:- Não sei porque desfazer minha mala!

Dulce:- Paula sendo Paula.

Sorrio e continuo brincando com o flokinho. Servem um café quase na hora da janta, para não ter problemas com Paula, dormirei aqui essa noite, ás 3h da manhã embarcaremos para o Texas:- Iremos ficar no avião 10 horas e alguns minutos...

Paula:- Ainda bem que vamos sair de madrugada. E do Texas ao México?

Olho no celular:- Uma hora e pouquinho... E depois para Benito Juárez dá para ir de carro.

Paula:- Ficamos um dia em Cidade do México e depois para as praias de Cancún!

Sorrio:- Exato.

Paula:- Me dê as passagens e seus documentos para guardar.

Entrego a ela:- Paula tem que imprimir as tarifas, dá para pagar lá mesmo.

Paula:- Eu já cuidei disso.

Encaro ela:- Vou fingir que você não fez isso.

Paula:- É melhor, já fiz, está feito!

Fico furioso, mas me controlo por estar na casa dela:- Vamos jantar. Estão nos chamando...

Saímos para a mesa:- Que delícia! Sol, você tem que ir embora com a gente.

Dulce:- Embora!?

Paula:- Depois vamos conversar sobre isso.

Me sinto um tonto na mesa, Paula me olha e me indica que depois falaremos do assunto.

Depois do jantar, Vitor e eu vamos para o quarto:- Quer sentar na sacada?

Vitor:- Pode ser...

Abro a sacada:- Vem.

Vitor:- Por que ainda não falou com sua mãe?

Rio:- Nem tive tempo ainda, eu disse que quando chegar da viagem começo a preparar tudo.

Vitor:- Mas ela não vai conosco?

Me aproximo dele:- Vitor depois vamos conversar. E outra, a fazenda nem está pronta ainda.

Vitor:- Mas esse não é o problema. Que horas são?

Pego o celular:- São 00:30h.

Vitor:- Temos 1 hora para dormir!

Rio:- Já arrumou sua roupa?

Vitor:- E precisa arrumar?

Vitor sendo Vitor:- Você que sabe, né!?

Ele se levanta:- Vamos dormir Paula...

Sigo ele e nos deitamos do jeito que estamos. Quando o celular desperta tenho um grande trabalho para fazer Vitor ir pro banho, me arrumo, desço as malas e organizo as passagens e os documentos:- Pronto?

Ele segue:- Vamos!

Nos despedimos e partimos em um táxi mesmo.


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