12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 150
Capítulo 150 - Fantasias




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Paula entra no quarto de Vitória com ela. Deitam-se na caminha dela até Marisa chegar e conversar com elas. Vítor retorna para o seu quarto extremamente nervoso, mas tenta se acalmar e não vai até elas.

 

— Mãe... Você não gosta do papai?

— Filha...- sente o coração apertar. Eu amo o papai! E o papai ama a mamãe. Não se preocupe!

— Mas porquê você chamou ele daquilo?

— Porque eu estava brava! Olha...- segura a mão dela. Ás vezes a gente briga e é normal. A mamãe pede desculpas por ter brigado na sua frente. Papai e mamãe se ama e não vai fazer mais isso.

— Você vai pedir desculpas?

— Sim! - sorri.

— Então vamos...- se levanta. Vamos lá pedir desculpas!

— Filha...

— Mãe, você vai mentir para mim?

— Vitória! - se levanta. Claro que não estou mentindo!

— Não quero que vocês briguem! - chora. Não quero que o papai vai embora de novo!

— Filha, não...- a ampara. Papai nunca foi embora e não vai! Se acalma! -  abraça-a. Vamos lá no papai...- segura na mão dela e seguem para o quarto.

 

 

Paula abre a porta de seu quarto e o encontra sentado no sofá, bebendo whisk e chorando. Quando a vê com Vitória se levanta, enxugando as lágrimas.

 

 

— Pai...- vai até ele. Por que você está chorando? Eu também estava, mas a mamãe disse que ama você e ela só estava brava, né mãe? - olha para Paula imóvel.

— Eu vim pedir desculpas! - olha para ele, se segurando para não ofende-lo.

— Não! A gente não tem que mentir para ela!

— Vitor, ela só tem 05 anos! Por favor...

— Vocês estão brigando? - olha para eles.

— Não! - se abaixa e fala com ela. Filha, senta aqui! - a coloca no sofá. Eu e sua mãe nos desentendemos como todo mundo. Isso acontece. Nem sempre duas pessoas que se amam se dão bem o tempo todo! A mamãe ficou nervosa porque eu queria sair e deixar vocês aqui. O papai não entendeu e ficou nervoso também. Mas isso não vai acontecer mais! Sabe quando você briga com Vitor também? - ela balança a cabeça que sim - então... é quase a mesma coisa. Por isso eu tenho que pedir desculpas para a mamãe porque fiquei bravo com ela!

— Tá...- olha para Paula. Ele vai pedir desculpas, mãe! Não chora. - a vê chorando.

— Está tudo bem! - sorri e enxuga o rosto.

— Paula, - ele vai até ela - me desculpa! Eu perdi a cabeça, não entendi a sua necessidade e coloquei a minha na frente por egoísmo. Não falei nada daquilo com relação as crianças no sentido que você entendeu, me desculpe se te fiz pensar isso. Eu amo estar com eles, se tornou a coisa que mais gosto de fazer e sim, é minha obrigação como pai e meu prazer como pai também poder ficar com eles todos os dias.

— Tá tudo bem! - tenta sorrir.

— Mãe...- desce do sofá e vai até a Paula. Tem que dar um beijinho!

— Vitória! - acabam rindo.

— Vocês não vão brigar mais?

— Ás vezes vamos brigar sim filha... Mas isso não significa que a gente não se ame! Na vida as coisas são assim. É normal! - explica Vitor.

— Mas você não vai embora, né?

— Não Vivi! Eu não vou embora.

— Vou dormir agora!

— A mamãe te leva!

— Mas você não pode dormir lá! Você sempre fala que cada um tem que dormir no seu quarto.

— Tá...- engole seco.

 

 

Paula aguarda Vitória dormir e volta para seu quarto, onde Vitor a aguarda.

 

 

— Isso não dá para acontecer mais! Ela viu tudo!

— Paula, eu sei...

— Tudo que menos quero nessa vida é meus filhos vendo essa situação! É inadmissível.

— Conversamos com ela! Amanhã me sento com ela novamente para falar disso.

— Não! Deixa isso quieto. Ela já entendeu...

— Me desculpa! - chora.

— Vitor...- vai até ele. Está tudo bem! Só vamos nos controlar de agora em diante. Vitória é extremamente inteligente e é não justo ela ter essa imagem de nós.

— Tudo bem! Sempre te peço para conversar comigo, para me dizer o que pensa e o que está sentindo. Você tem que ser clara comigo.

— Eu sei! Mas quando fico nervosa as coisas saem do controle. Eu não sou de estar dizendo tudo o tempo todo e você precisa que eu diga tudo!

— Tá...

— Vou me policiar! - deita na cama.

— Posso dormir no escritório hoje.

— É... Você até pode, mas se Vitória te pegar lá amanhã? A cabecinha dela já está confusa. Pode dormir aqui! - apaga a luz do seu lado.

— Tudo bem!

 

 

Ele vai ao banheiro, se recompõe e retorna para a cama. O cansaço da viagem e o estresse de horas atrás o faz dormir logo, assim como ela. Mas na madrugada é despertado com o som dela batendo na porta e chorando.

 

— Paula! - vai até ela. Está tudo bem! - a pega, levando de volta para cama. Está sendo apenas um pesadelo! - deita-se aconchegado nela. Shiu...- vai a acalmando.

 

 

Pela manhã ela desperta com ele sobre si. Tenta tirar o braço dele mas não consegue.

 

 

— Vitor! Estou sufocada...- empurra.

— Oi! - se assusta, se afastando.

— Por que deitou em cima de mim? - se levanta.

— Você acordou no meio da noite chorando! Só fui te acalmar. - vira para o outro lado e volta dormir.

— Entendi! - respira fundo.

 

 

Paula se organiza e vai para a cozinha, onde já encontra os filhos arrumados para a escola. Beija cada um deles e se senta, conversando.

 

 

— Por que você não gostou, amor?

— Mãe, eles riram da minha amiga!

— Como assim filha? - se preocupa.

— É... Riram porque ela não tinha ido de roupa assim! - mostra o uniforme.

— A sua amiga que veio aqui em casa?

— É, uai!

— Entendi! É triste isso, mas acontece amor. Tem pessoas que não pensam nas outras! Nunca ria de ninguém, tá? É muito feio e dói na outra pessoa.

— Sim, mãe! Dói mesmo, ela chorou.

— Nossa, filha... Convide ela para vir aqui de novo. Ela pode dormir; fazemos uma noite de cabanas!

— Vou chamar hoje! - sorri.

— Isso! Aproveitar que amanhã não tem aula.

 

 

Terminam o café da manhã e Paula resolve levar pessoalmente os filhos. Entrega os gêmeos na porta da sala deles e depois leva Vitória até a dela. Na porta a filha encontra a amiga que está se despedindo da mãe.

 

 

— Oi! - sorri.

— Oi! - cumprimenta.

— Que bom que nos conhecemos! - ri. Oi Larissa...- sorri.

— Oi!

— Filha, boa aula! Depois você vai com Elias!

— Tá bom! Tchau! - entram.

— Posso conversar com você? - chama a mãe de Larissa.

— Claro!

— Vitória adora a Larissa, fala dela o tempo todo! - riem. Acho linda essa amizade! - sorri.

— Larissa também gosta muito da Vitória!

— Amanhã, como elas não tem aula, pensei da Larissa ir dormir em casa, claro, se você deixar!

— Dormir na casa de vocês? - se preocupa.

— Sim! - sorri.

— Paula, fico feliz com o convite. Mas eu tenho receio de...

— Olha, eu te entendo... Mas, estaremos todos lá cuidando delas! Vitória está contente com a ideia e acho que a Larissa vai gostar.

— Sim, mas meu medo é outro! Paula, seria muito engano fingir que elas não são de classes sociais diferentes! Não quero que a Larissa se machuque.

— Não estou entendendo...

— Pediram que eu tirasse a Larissa dessa escola! Me disseram que se eu não puder comprar sequer o uniforme dela, não posso conseguir manter ela aqui! Me disseram que ela não tem a mesma educação que as outras crianças.

— Quem te disse isso? - se assusta.

— A diretora me chamou para conversar! Vocês são muito atenciosos, pessoas incríveis. Mas ela vai sair daqui... Tenho medo do que ela vai sentir.

— Lidiane seu nome, né? - olha na roupa.

— Sim!

— Lidiane, nem eu e nem Vitor nascemos com as condições que temos agora. Eu principalmente. Só que não são essas coisas que queremos passar para os nossos filhos... Vitória só tem Larissa de amiga porque o coração delas se encontrou nessa amizade e elas são puras, sem olhar qualquer classe, cor ou raça. Eu não vejo Larissa como uma criança de classe inferior... Eu simplesmente a vejo como uma criança! Por favor... Deixa ela ir! Não importa para onde ela vai, a amizade delas vai continuar.

— Você me entende, né? - se emociona. Não estou querendo ser aquela chata... Só me dói tanto ver minha filha passar por isso.

— Eu te entendo perfeitamente! - coloca a mão sobre a mão dela. Nós nunca queremos isso para nossos filhos. Tanto preconceito, tanta dor... Vamos tomar um café comigo?

— Eu não posso...- olha ao redor.

— Claro, entendo! Faz o seguinte... Na hora do almoço quero que você e Larissa almoce conosco. Você tem mais filhos ou marido?

— Não! Somos nós.

— Certo! - sorri. Busco vocês quando elas sairem!

— Tá bem! Não quero te incomodar.

— Não é incômodo algum! Vou resolver umas coisas e na hora delas sairem eu venho aqui.

— Está bem!

 

 

Paula observa Lidiane se retirar. Liga para o Vitor e conta sobre a conversa com Lidiane. Sai do prédio do colégio e entra no carro.

 

 

— Demorou, hein? - abre a porta.

— Estava dormindo! Fui levantar, me arrumar...

— Certo! - fecha o carro. Vamos lá!

— Onde vamos colocar eles?

— Isso nós vemos depois! Mas você quer que eles continuem aqui? Sendo essa a política da escola?

— Óbvio que não!

— Ótimo!

 

Retornam ao prédio da escola e seguem até a diretoria.

 

 

— Que honra! - sorri. Sentem, por favor!

— Obrigada! - sentam-se.

— Os filhos de vocês são uma graça! Vitória tem uma inteligência sobrenatural! - ri. Inclusive vamos fazer uma reunião na semana que vem para conversar sobre umas coisas. Mas, já que vocês são atarefados e quando você me ligou - olha para Paula - para pedir uma reunião comigo, imaginei que queriam saber dos seus filhos... Então já fui adiantando algumas coisas! - pega uns papéis.

— Sei...- observa.

— Antônia é retraída, mais na dela, mas desenvolve muito bem. Vítor é calmo, mas é melhor ninguém pisar no calo dele! - ri. Já Vitória é uma situação mais complicada!

— O que quer dizer? - se preocupa.

— Ela andou brigando com alguns coleguinhas... Mas não falamos nada porque acreditamos que isso seja influência.

— O que?

— Sim... Ela tem andado muito com a Larissa, filha de uma das nossas zeladoras. Larissa apresenta comportamento mais agressivo! Acredito que Vitória tenha sido influenciada. Mas não se preocupem, Larissa saira do colégio. - sorri.

— Comportamentos agressivos...?

— Sim! Ela provoca e depois não aguenta. Vitória influenciada por ela para proteger acaba brigando com os colegas. Ela sabe que Vitória não será expulsa, então a usa!

— Então você está me dizendo que uma criança de 05 anos influencia outra a bater porque sabe que ela não será expulsa?

— Exatamente, mas não se preocupem...

— Nos preocupamos sim!

— Entendo que seja absurdo! Mas já resolvemos

— É realmente um absurdo sem tamanho! - olha-a. Um absurdo uma senhora da sua idade com tamanho preconceito e maldade no coração ao ponto de falar isso de uma criança que vem sofrendo dentro dessa escola de fachada. Meus filhos não estudam mais aqui! E se depender de mim, vou fazer com que nenhuma mãe coloque seu filho em um lugar tão desprezível como esse.

— Você está exaltada! Não foi isso que...

— Ah, faça-me favor! - se levanta. Vou buscar meus filhos! Termine de tirar as crianças desse lugar! - olha para Vitor e sai.

 

 

Ele encerra a matrícula das crianças. Na porta da sala pede que os filhos saiam. Vitória resiste em sair por conta da amiga e Paula pede que a traga junto. Com as 4 crianças, começam procurar a mãe de Larissa.

 

— O que houve? - a vê com todas as crianças.

— Acabei de tirar eles daqui!

— O que? - coloca a vassoura escorada na parede. O que aconteceu?

— Nem queira saber! Olha... Não posso te oferecer muito, mas acredito que você deva sair daqui. Arrumo emprego para você na minha casa, ou no escritório, em qualquer lugar! A gente pode conversar com calma depois... Mas é inadmissível o preconceito que tem esse lugar! Isso aqui não é lugar para crianças. Você educa sua filha muito bem, não merecem ficar aqui!

— Paula, eu agradeço muito! Mas eu não sei nem...

— Faça o seguinte! Termine o dia hoje e depois você vai até a minha casa para conversarmos. Eu e meu marido vamos achar uma solução para vocês.

— Tá bem! Muito obrigada. Eu só preciso que Larissa continue aqui hoje... Não tem com quem deixá-la.

— Ela vai comigo!! Não se preocupa.

 

 

Vítor as encontra. Lidiane se despede da filha e volta ao trabalho, enquanto Paula e Vitor seguem com as crianças para o carro.

 

 

— Eu levo as meninas! Você leva os gêmeos.

— Certo!! Vem...- pega na mão dos filhos.

— Mãe, onde nós vamos? Por que a gente já saiu?

— Vamos para a casa! Você vai com a gente tá Larissa?

— E minha mãe?

— Ela vai depois!

— Oba! A gente vai brincar um monte Larissa! - sorri, animada.

 

 

Paula coloca as meninas no carro e Vitor organiza os gêmeos no dele. Seguem para a fazenda, chegando algum tempo depois.

 

— Vitória, tire o uniforme! E empreste uma roupa para Larissa.

— Tá! - segue para o quarto.

— Lucy, ajuda os gêmeos a trocar de roupa?

— Claro!

— O que vamos fazer agora? - coloca as chaves sobre o móvel.

— Pesquisar uma nova escola! Tem alguma vaga no seu escritório? Vaga de emprego.

— Não! Não que eu saiba... Por que?

— Queria arrumar algo para a mãe da Larissa!

— Coloca ela aqui mesmo para ajudar as meninas!

— Tudo bem para você?

— Sim!

— Ok! Vou conversar com a Diva.

— Enquanto isso vou ligar para Tati, para saber da escola dos meninos!

— Faça isso!

 

 

Paula conversa com as funcionárias, para que recebam Lidiane e encaminhem ela para as funções. Vitor conversa com Tatianna que se prontifica a ver vaga para os sobrinhos na escola dos filhos. Algumas horas mais tarde, Elias busca Lidiane na cidade e a leva para a fazenda.

 

 

— Boa tarde!

— Boa tarde! - sorri.

— MÃE! - Larissa corre até ela.

— Oi Lari, calma! - a pega rindo.

— Mãe, aqui é muito legal!

— Eu imagino! - sorri.

— Lari, vai com a Vitória na piscina! A Lucy vai levar vocês.

— Tá!

 

 

Lucy leva as meninas para a piscina. Os gêmeos ficam com Marisa e Paula e Vitor vão com Lidiane para o escritório.

 

 

— Senta! - aponta.

— Obrigada!

— Depois que saímos de lá, foram falar algo para você?

— Não...

— Lidiane, não precisa mentir...

— Me demitiram! - respira fundo. Não quero que se preocupem com isso.

— Na verdade te fizeram um favor! Você trabalhava onde antes?

— Trabalhava na Arco, a transportadora, no setor administrativo. Era recepcionista, na época estudava administração. Trabalhávamos eu e o pai da Larissa! Ele era caminhoneiro da empresa. Sofreu um acidente e faleceu há dois anos... O advogado da empresa me procurou e pagou meus direitos. Mas meses depois descobrimos que havia uma falha no caminhão e eles não notificaram meu marido! Deixaram ele ir viajar com o caminhão daquela forma... Procurei um advogado e fomos questionar a empresa. Me demitiram e na rua eu não tinha condições nem de continuar na faculdade, tão pouco de pagar advogado.

— Meu Deus! Sinto muito...

— Ficamos sem nada. Não tínhamos casa própria, chegamos em Uberlândia há pouco tempo. Não tenho família, só a dele. Mas não podem nos ajudar... Vivo da pensão dele. Mas não dava. Faltava tudo em casa. Porque manter uma criança; aluguel e todas as despesas...

— Sim!

— Aí foi quando minha vizinha que também trabalha na escola, me disse que estavam procurando alguém. Fui até lá e consegui ser contratada. Essa minha vizinha me ajudou a colocar a Larissa lá... Só que as coisas começaram a complicar!

— Eu imagino! Lidiane, não conseguimos te oferecer muito... Mas você pode trabalhar conosco. Por enquanto temos vaga aqui em casa... É organização, ajudar as meninas...

— Além do mais, eu me encarrego de pagar o restante da sua faculdade! A Lucy, que também trabalha conosco, faz faculdade... Ela sempre vai daqui.

— Meu Deus! - se emociona.

— Futuramente você pode trabalhar na nossa empresa... E quanto a casa, não se preocupe! Vamos te colocar em uma das nossas casas na cidade.

— Não tenho como agradecer nada disso...

— Não se preocupe com isso! - sorri.

— E quanto a Larissa, precisamos do documento dela... Ela vai para a mesma escola que nossos filhos.

— Eu não posso aceitar! Vocês já estão fazendo demais.

— Não estamos pedindo autorização! Já é uma ordem de seus novos patrões. - riem.

 

 

O advogado da família chega na fazenda algum tempo depois. Ajeitam toda a documentação da nova contratada. Elias segue para a cidade com ela e Diva, que a ajuda escolher móveis e eletrodomésticos novos, além de levarem ela até a casa que cederam. Larissa fica na fazenda com a família.

 

— Mãe, a gente podemos fazer sanduíche?

— Filha, não é a gente podemos. É a gente pode!

— Então a gente vai lá fazer!

— Vitória! - ri. Peça para Lucy ajudar!

— Paula, os gêmeos estão tirando a soneca deles!

— Ok! Vamos tomar café?

— Vamos!

 

 

Toma café com a sogra enquanto observa Lucy ajudar as meninas. Vítor chega e se junta a elas.

 

— Cadê sua mãe? - pergunta para Paula.

— Está na cidade!

— E Cíntia? Não vi ela ainda.

— Disse que já estava vindo!

— Que bom! Será que vai trazer o namorado?

— Nem me fale! - se levanta.

— Paula... - se levanta. Vamos até o quarto... Preciso conversar com você! - sai.

— Uai! - o vê sair. Já volto, sogra! - vai atrás.

 

 

Entram no quarto e Vítor tranca a porta.

 

 

— Você está bem?

— Eu quem pergunto isso. Você não consegue se ver... Mas está soltando faísca! Está tensa, não descansa, pilhada desde que chegou. E não venha dizer que é pelo ocorrido na escola. Não parece a pessoa que estava viajando comigo há dias atrás... Se você quer continuar nessa vida, sugiro que relaxe. Ou procura ajuda ou pensa um pouco no que está havendo. Mas conviver assim não dá! Você está bem?

— Vitor...

— Se você não tiver e for eu, me diga! Se quer um tempo sozinha, viaje sem se preocupar. Pense.

— Só não suporto as coisas saírem do meu controle! Eu perco o chão...

— Nem tudo podemos controlar! Você precisa entender isso. Nossos filhos estão bem e tudo que vem acontecendo é normal... Acontece em toda família.

— Eu sei! Mas é que... Me irrita! Me irrita não saber o que estão fazendo com as crianças. Me irrita pensar que ficam confusos. Me irrita...

— Você nunca ficou confusa quando criança? Você precisa deixar eles viverem! Viveram todos os sentimentos. Raiva, amor, estresse, tristeza. Não podemos livrar eles disso. E nem devemos.

— Minha mãe nunca havia se chateado comigo igual agora! Ao ponto de dizer que não deixo fazerem nada com meus filhos. Me doeu! - se emociona. Me doeu ver Vitória perguntando se você ia embora de novo! - chora. Não quero mais isso.

— Não fui embora todas aquelas vezes por culpa sua! Sua mãe estava chateada também, tente entender... Eu sei que dói. Mas isso não significa que você é ruim no que faz!

— Posso voltar para a terapia?

— Devemos voltar! - a abraça. Tanto sozinhos quanto de casal! E colocar as crianças também.

— Concordo! - se aconchega nele.

 

 

São interrompidos pelas batidas de Vitória na porta. Vítor abre enquanto Paula se recompõe.

 

 

— Paiê...- entra. A Larissa e eu pode fazer cabana na sala!

— Podem! - sorri. Mas não agora... Espera a Lucy se organizar, tomar café e aí ela vai ajudar vocês.

— Tá bom! - sai. Ah pai...- volta.

— Oi!?

— Não queria que meus irmãos também fossem na cabana! Eles são pequenos ainda.

— Filha...- Paula vem do banheiro. Eles irão sim! Você tem que incluir eles na brincadeira.

— Mas o que o Vitor vai brincar? Ele é menino.

— De qualquer coisa! Agora vai... E deixa de conversa boba!

— Aff...- sai.

— Posso com isso? - riem.

— Vou na cidade, ok? Preciso comprar uns vinhos, uns charutos...

— Tudo bem!

— Quer algo?

— Não!

— Certo! - pega sua carteira e coloca no bolso. Já volto! - beija-a. E não seja indelicada com Cíntia!

— Não vou ser! - ri.

 

 

Enquanto ele vai para a cidade, ela ajuda Lucy a montar as cabanas na sala. Os gêmeos acordam e Marisa e Cíntia que já chegou, se revezam para auxiliar. No fim do dia a sala virou um verdadeiro acampamento, que Paula decora com sutileza.

 

 

— Que coisa linda! - sorri.

— Também achei! - observa feliz.

— Mãe, onde o Vitor vai dormir?

— Aqui filha! - aponta.

— Mas ele vai dormir na cabana com flor?

— Vitória, homens também gostam de flores! O papai mesmo, ama!

— Então tá! - vai para dentro de uma cabana com Larissa.

— Ela tem implicado muito com o Vitor...

— Sim!

— Paula? - entra.

— Oi! Quanta sacola! - o ajuda rindo.

— Trouxe algumas coisas a mais!

— Percebi! - ri.

 

 

Diva prepara um jantar diferente para as crianças. Sentam todos na sala de jantar e comem enquanto jogam conversa fora. Quando terminam seguem para a sala de TV onde estão as barracas e começam a brincar.

 

 

— Deixa eu fazer uma trança em você! - vai até Larissa.

— Olha a minha, Lala! - mostra. Igual da Elsa! - riem.

— Filho, aqui...- coloca a peça. Cadê Antônia? - olha ao redor.

— Foi buscar uma presilha no quarto dela! Que cabelo lindo...- começa mexer no cabelo de Larissa.

— Pai, um peixe! - mostra para Vitor.

— Sim! - sorri. Agora você tem que achar outro peixe... Você lembra onde estava?

— Aqui! - vira a peça. Ah não...

— Qual bicho é esse?

— Um cachorro!

— Não filho, é um lobo!

— Mas parece um cachorro!

— É... Parece!

— Tô mãe! - entrega para Paula.

— Olha! - chega rindo com a tartaruga na mão.

— Vitória! O que já falamos sobre você não pegar a tartaruga?

— Ela tava na solidão! Só quis trazer ela aqui um pouco. - senta com a tartaruga no chão.

— Me dá um potinho! - vai até a irmã.

— Não! - afasta de Antônia. É minha!

— Se você trouxe até aqui, deixa Antônia brincar!

— E se ela machucar; você vai me dar outra?

— Ah, vou! Vai sonhando. E ela não vai machucar nada! Deixa de bobagem.

 

 

Brincam com as crianças até que fiquem cansados. O que demora a acontecer, mas acontece. Maria e Cíntia se voluntariam para dormir com eles quatro na sala e então Paula e Vitor vão para o quarto.

 

 

— Fiquei feliz hoje! - fecha a porta. Ver eles se divertindo foi ótimo.

— Foi sim! - sorri.

— Você está cansado?

— Para ver um filme? Vamos ver, tem um ótimo na Netflix que vi indicarem! - pega o controle.

— Estava pensando em outra coisa! Pedi uma coisa pela internet e a Cíntia trouxe hoje...

— Que coisa?

— Estava vendo umas coisas no instagram e vi essa coisa... Lembrei de você na hora! De você e dos seus charutos. Fica aí... Já volto! - vai saindo. Ah...- retorna. Se rir de mim, não tem sexo pelo resto do ano! - sai.

 

 

Sentado no sofá, ele ri sozinho. No closet Paula veste-se e algum tempo depois, com o controle das luzes em mãos, diminui a iluminação e aparece na porta, surpreendendo-o enquanto mexia no celular.

 

 

— A gente nunca fez isso antes! Mas depois dessa viagem acho devemos começar a fazer de tudo um pouco...

 

Ele a olha por um tempo, sem nada dizer, o que a deixa sem graça.

 

 

— É patético, né? - começa tirar o calçado. Esquece isso!

— Fique aí! Não tire nada.

— Você está imóvel! Me olhando e me deixando sem graça! Fala alguma coisa!

— É que não consigo levantar... Bom, eu até consigo, mas... Não seria uma cena muito bonita!

— Você está...

— Você tem uma mania de querer ter certeza se estou excitado!

— Vai brigar comigo até agora? Quando me visto praticamente como uma... de cabaré! - ele ri.

— Você não está parecendo uma...! Não repita isso. Você está linda!

— Eu não quero estar linda! Não quero palavras bonitas, eu não quero delicadeza. Eu me vesti assim para você dizer que vai me...

— O que?

— Você sabe!

— Mas eu não quero dizer! - se levanta.

— Eu quero que você diz! Por favor...

 

Se aproxima dela, roçando sua barba por fazer sobre o rosto delicado dela, seguindo com a língua até seu ouvido e sussurrando o que tanto ela queria ouvir, recebendo um gemido dela quase inaudível. Sem pensar duas vezes, Paula crava sua boca na dele, sem deixar qualquer hora de ar passar entre as línguas. Instantaneamente Vitor a coloca sobre seu colo, que enlaça suas pernas sobre o quadril dele; leva-a até a parede mais próxima e joga o corpo dela contra o revestimento frio, a fazendo arfar.

Paula desliza suas pernas até os pés tocarem no chão e ri de prazer quando ele a vira contra a parede, colocando agora seu rosto sobre a parede gelada. Vitor desce as mãos para o corselet que ela usa e puxa o zíper, jogando-o ao chão e deixando os seus dela expostos junto a parede. Desliza suas mãos sobre eles enquanto se afunda nos cabelos dela, inebriado pelo cheiro bom que exala. Paula pede que ele sussurre algumas palavras e ele faz, a levando do céu ao inferno. Ela vira agora sobre ele, retira sua camiseta e desce até o chão levando sua samba canção. Quando sobe, para sobre sua intimidade e acaricia-o suavemente entre mãos e lábios, fazendo-o se segurar em um misto de dor e prazer. A ponto de chegar ao seu limite, puxa- até sua boca, beijando, enquanto a leva entre tropeças até a cama, quando a joga. Retira os sapatos que ela havia colocado novamente e trilhando beijos segue o caminho do prazer. Sobre sua peça íntima, a única que ainda vestia, ele a acaricia entre beijos quentes, o que a faz suplicar.

Vitor retira a peça dela e passeia as mãos por todo seu corpo enquanto não desgruda sua boca da dela. Paula deita sobre ele e sem suportar mais cavalga-o como se não houvesse freios. Gemem, riem, choram, se seguram para não gritar quando juntos se tornam só um corpo, uma só alma.

Deita ofegante sobre o peito dele, sentindo o ritmo frenético do coração dele na sintonia do seu.

 

 

— Pode pensar na próxima?

— Deve! - riem.

— Você é linda! - acaricia os cabelos dela, ainda de olhos fechados. Que bom que teve essa ideia!

— Obrigada! - ri, levantando a cabeça e olhando-o.

— Não me pede mais para falar aquela palavra!

— Ah Vitor... Você tem que entrar na onda! - deita ao lado dele.

— Eu entrei!

— Eu vi! - ri.

— Mas não me sinto confortável depois em lembrar que falei para você! - riem.

— Pois se sinta! Você já falou coisas assim para outra pessoa?

— Você já se vestiu assim para outra pessoa?

— Vitor! - riem.

— Pois é! Não tem porque lembrarmos do passado.

— Você está certo!

— Quer um vinho? - se levanta.

— Onde você vai buscar?

— Na adega! - veste a samba canção.

— E se as crianças acordarem?

— Não vão! Já volto! - fecha a porta.

 

 

Ao passar pela sala tenta fazer o mínimo de barulho possível, mas quando chega na cozinha encontra Marisa com Antônia.

 

 

 

— Papai! - vai até ele.

— Oi! O que houve? - a pega no colo.

— Teve pesadelo! - vai saindo.

— Onde você vai?

— Vou me deitar antes que Vitor acorde!

— E ela?

— Estava até agora pouco na porta do quarto de vocês... - ele fica vermelho. Tá tudo bem! - ri. Só que já tentei fazer ela dormir comigo e ela não quer!

— Tá bom... - acaricia a filha. Vou levar ela para dormir.

 

 

Sem vinho, retorna ao quarto onde Paula o aguarda sobre a cama.

 

 

— A gente podia repetir...- vê ele com a filha. O que houve? - corre e pega um robe sobre a poltrona, vestindo-o.

— Pesadelo!

— Que dózinha...- pega a filha do colo dele. Te falei né? - riem.

— É! - sai rindo para o banheiro. Vou tomar um banho!

 

 

Ela coloca a filha sobre o sofá e começa arrumar o quarto para deitarem. Quando termina vê que Antônia dormiu. A coloca na cama e vai até o banheiro onde Vitor ainda se ganha, aproveitando o momento com ele.

 

 

 


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