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Capítulo 138
Capítulo 138




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Informam aos mais próximos sobre a separação e exigem sigilo absoluto sobre o assunto perto dos filhos, principalmente de Vitória. O tempo vai passando e o cotidiano de ambos vai se adaptando a nova condição. 

 

— Que horas ele vem? - abre a porta.

— Não sei! - fecha a mala. 

— Vitória está perguntando por ele! 

— Eu já disse a ela que ele virá!

— Hum... Já disse a uma criança de dois anos que o pai virá... 

— O que? - a encara. Eu não posso decidir sobre a vida dele. Onde ele está, o que está fazendo já não é mais da minha conta. Ele sabe do dever com os filhos! 

— Não precisa falar assim, Paula! 

— Já estou cansada dessa conversa toda vez! Vocês todos aqui me cobram coisas a respeito do Vitor. Nós não estamos mais juntos! O que ele faz, não me importa. 

— Tudo bem...- sai. 

 

Termina de arrumar as malas e pede a ajuda de Lucy para carregar todas para a sala. Informa as funcionárias sobre o que se trata e se retira para tomar um banho. Ao sair do banheiro escuta mexerem no closet... 

 

— Quem está aí? - olha. 

— Oi!? - se vira. Perdão! - vira-se de costas.

— O que está fazendo? - fecha o roupão. 

— Havia esquecido alguns documentos aqui na gaveta, só estava pegando... 

— Podia ter pedido para mim! 

— Como eu disse, eu esqueci! - sai do closet. 

— Vítor... - o segue. 

— O que? - olha-a. 

— Tente vir mais rápido quando eu disser que Vitória sente sua falta! Já não tenho mais desculpas para dar a ela. 

— Sempre venho o mais rápido que posso! A partir da semana que vem eu a levarei para cidade com os gêmeos... 

— Já te disse que não há necessidade deu permanecer aqui na fazenda! É sua, não tem...

— São dos nossos filhos! É a casa que estão sendo criados e de forma alguma quero que saiam daqui. - se retira. 

— Ok! - diz pra si mesma. 

 

Já era começo de noite e enquanto ele fica na sala brincando com os filhos, ela permanece no quarto. 

 

— Não vem jantar? - abrem a porta. 

— Estou pensando... 

— No que? 

— Edu me convidou para jantar fora! Está aqui em Uberlândia a negócios. 

— Então vai! Faz tanto tempo que não se veem... 

— É, vou sim! 

— Eu fico com as crianças! 

— Nada disso... Vítor está aí, que fique até eles dormirem. - pula da cama.

— Aviso que você sair? 

— Para quem? 

— Para ele...

— Não Cíntia! Por que vou falar da minha vida para ele? 

— Você viu o que ele publicou hoje!?

— Não... O que ele publicou? 

— A foto de uma mulher na gravação do clipe dele. 

— Como assim? 

— É... Olha! - pega o celular e mostra a ela. 

— Hum...- senta-se observando. Será que está saindo com ela? 

— Eu não sei... 

— Deve estar! - entrega o celular para a prima. Vou me arrumar! 

 

Entra no closet e se certifica que Cíntia não a está vendo. Respira fundo para suportar a ideia de ver ele com outra pessoa. Arruma-se em instantes e segue para sala onde o vê com os filhos no chão. 

 

— Vou sair... Fique até eles dormirem.

— Sem problemas! - não a olha. 

— Mamãe está bonita! - Vitória sorri. 

— Obrigada! - ri. 

— Onde você vai? - vai até a mãe. 

— Mamãe vai jantar com um amigo! - se abaixa para falar com ela. 

— Papai também vai? - mexe no cabelo de Paula. 

— Não amor... Só a mamaãe! - sorri sem graça. Obedeça o papai, a vovó e a madrinha! 

— Tá! - volta pro colo do pai.

 

Paula o observa por algum tempo enquanto tenta se recompor. Vítor percebe e a encara, questionando. 

 

— Nada! - pega as chaves em um móvel e se despede dos gêmeos. 

 

Ao seguir para a entrada percebe que ele a seguiu. 

 

— Paula... 

Oi? - vira-se. 

— Divirta-se! - pensa. Se por acaso não quiser retornar hoje, estou...

— Como é? - o interrompe. Quem pensa que sou e quem pensa que é? 

— O que? Estou dizendo que se não quiser voltar para a casa...

— Vai insistir em terminar sua infeliz frase? - fica nervosa. 

— Infeliz? - se aproxima dela. Estou te dando o espaço e a liberdade para fazer o que quiser. Durmo aqui com as crianças! 

— Entendi já! - coloca o celular na clutche. Mas, vamos lá...- ri de deboche. Não sou você! NUNCA SE ESQUEÇA DISSO. 

 

Vítor não a compreende e a vê sair furiosa até o carro. Retorna para dentro e Dulce o vê. 

 

— Vitória estava na porta ouvindo vocês dois brigarem... Me perguntou se vocês estão de mal igual gato e cachorro e foi pro quarto dela.

— Eu não a vi! - se serve com um copo de uísque. 

— Vou colocar as crianças para dormir comigo. 

— Vítor tem remédio daqui a pouco...

— Darei! - pega o neto no colo enquanto Cíntia segue com Antônia. 

 

Tia e sobrinha entram no quarto dos gêmeos. 

 

— Por que não diz que é com Edu? 

— Paula disse que não deve satisfações a ele! 

— Ele vai ficar lá bebendo até encher o saco! 

— Deixa que se resolvam tia. 

— Deixa que se resolvam!? Isso já virou palhaçada. 

— Vou buscar a Vitória para dormirmos todas aqui. 

— Ok! 

 

Na sala senta-se em uma poltrona pensando em Paula com outro homem, fazendo coisas que ele nunca se dispôs a fazer, como sair para jantar. Algum tempo depois já na cidade, Paula se encontra com Edu em um restaurante japonês. 

 

Oi!? - a vê sentar nervosa, colocando a clutche com força na mesa. Veio dirigindo? 

Sim! - pega a taça de água e bebe todo o líquido. 

O que houve? 

O que houve!? - olha para ele. O que houve é que...- respira fundo. Vitor! - fecha os olhos e tenta se acalmar. Você acredita que ele insinuou que eu poderia dormir fora de casa? Edu... 

Mas eu jamais comeria você! 

Credo! 

Credo mesmo! 

Ele não sabe que vim jantar com você! 

E porque não contou? 

Não devo satisfações a ele! 

Então porque está nervosa com o que ele pensou!? 

Ele não tinha que pensar isso! 

Amiga, vocês estão separados! 

Mas eu não queria! - enche os olhos de lágrimas. Eu pensei que no fundo ele quisesse voltar, mas parece que já está em outra. - pega a taça dele e bebe. Postou foto de uma mulher hoje.

Paula...

Eu sei, eu sei! Sei que sou idiota.

Não, não é! - segura a mão dela. Você é um mulherão... E se quiser seu marido de novo, fale com ele! 

Não! - pensa. Se ele está com alguém é porque está bem sem mim. Estávamos brigando muito, Vitória já entende... Não está certo. 

E vocês já contaram a ela sobre a separação?

Ainda não...

Talvez seja a hora... Daqui uns dias ele pode querer apresentar a nova namorada. 

Eduardo...- o olha com o coração apertado. 

Estou brincando! - ri. Entrei aqui para ver! - olha o celular. Ah amiga... Você acha que ele está com essa do clipe?

É! - olha também. Amigo, tenta descobrir quem é, por favor! Tá cortando a cara aí! Afff... 

Foi gravado perto de BH! Vou tirar print e mandar para um amigo meu perguntando... - tira. 

Por favor!! Quando ele responder já me diz. 

Tá, mas fica calma... Pode ser só ele divulgando. 

Divulgando o corpto dela? - o olha. 

Divulgando o mar que ele está navegando...

Ah Edu! - se enfurece com ele. 

Chega disso, vamos comer... E outra, se ele estiver em outra você...

Eu sei Edu! Sei que vou ter que aceitar... Brinco assim, mas... É que em um primeiro momento é complicado lidar com a ideia. 

Sim! Mas não quero você mal. 

Está tudo bem! Vamos pedir...

 

Eduardo tenta animar Paula que consegue perceber a intenção do amigo e procura não pensar na situação. Ao fim da noite o convida para dormir na Fazenda e ele aceita para não deixar que ela vá sozinha. Ao entrarem dando altas risadas são surpreendidos por Vitor que vem da cozinha pisando alto. 

 

Como você pode trazer homem para...- vê o Eduardo. Ah... Oi! Desculpa! - envergonha-se. Me perdoa Eduardo! - vai até ele o cumprimentar. 

Sem problemas! Tudo bem? - se cumprimentam. 

O que está fazendo aqui? - joga os sapatos no chão. 

Licença! - Edu vai para o quarto de hóspedes que já conhece. 

Vítor não estava dormindo bem e eu fiquei...- mente. 

Você foi ridículo ao dizer aquilo! Como pensa que vou sair por aí para pegar qualquer um e ainda colocar dentro da casa dos meus filhos? Você é louco! 

Não sou! Não posso acreditar em você, todo mundo para você já é amor! 

Está tarde e eu não tenho cabeça para aturar discussão idiota agora. - vai em direção à cozinha e esbarra nele. E você estava bebendo? - sente o cheiro. Que coisa ridícula! - o encara. 

Não estou bêbado! 

Ainda bem, né!? - retira o copo da mão dele. 

Paula! - segura na mão dela. Você jantou com Eduardo? 

Por que quer saber? 

Eu só...

Você saiu com sua funcionária? - retruca. 

O que? 

É...- tira a mão. Porque quem trabalha para você é funcionária. Se fez um clipe para você, é sua...

Do que está falando? 

Estou falando da foto que postou! - o encara. Está saindo com aquela mulher? 

Claro que não! É uma modelo, postei para divulgar o clipe. Que maluquice é essa? 

Maluquice é você ainda estar aqui! Vai para sua casa, tome um banho e durma. 

E as crianças...? 

As crianças estão bem e estão dormindo. Vai! - o guia até a porta. Deu remédio ao Vítor? 

Sim! - recolhe as chaves. 

Ótimo! - abre a porta. Tenha uma boa noite. 

Me deixa ficar! 

Ficar para que Vítor? Não é bom que...

Que a gente durma sobre o mesmo teto? 

Também!! Mas também porque Vitória já está toda confusa. Arrumei as malas que pediu, estão ali...- mostra. 

Vou levar! - pega-as. Boa noite! - passa pela porta e Paula a fecha de coração partido. 

 

Fica o olhando guardar as coisas no carro até ouvir a vibração de um celular. 

 

Ué...- pega o celular de Vítor sobre a bancada da entrada com uma foto dos dois na tela de bloqueio. Vítor! - abre a porta. Seu celular! - mostra descendo até ele. Estava vibrando! - entrega para ele que desce do carro. 

Minha mãe! - atende. Oi!

Onde está filho? 

Ainda na fazenda, estou saindo pra ir embora! 

Fiquei preocupada! 

Eu já chego! 

Tudo bem, beijos!  

Tchau! - desliga. Vou indo! - abre a porta. 

Certo! 

Desculpe por mais cedo, não foi a intenção. 

Nunca é, né!? - encara-o.

Estou tentando me redimir pela minha ignorância. Podia relevar! 

Até quando isso? - pensa. Sabe... - o encara. Até quando vamos ficar dessa forma? Estamos separados, não temos que nos importar um com a vida do outro! Uma hora você vai encontrar alguém, assim como eu também vou e precisamos crescer! Então não irei relevar absolutamente nada...- volta para dentro de casa. 

Eu também penso nisso! Mas eu não consigo estar com outra mulher ainda. Até tentei, não nego. Mas não consigo! 

Uma hora vai conseguir! - o responde sem olhar para trás. 

Espero!  – entra no carro e segue. 

 

Paula entra em casa atônita. Por mais que tentasse não transparecer qualquer sentimento, parecia cada vez mais impossível lidar com a separação. Vai para seu quarto, toma um banho e deita-se encarando o lado dele na cama, ainda com o travesseiro da forma que ele sempre colocava e ela não tivera coragem para mexer, posicionando-o da mesma forma todos os dias, como se ele fosse se deitar a qualquer momento. Adormece com o coração na garganta e um choro sem ruído que só a maltratava por dentro. 

Às 05h00min acorda assustada com o telefone do quarto tocando. Se levanta às pressas e atende. 

 

Quem fala!? 

Paula! - diz com a voz embargada.

Marisa! - se assusta. O que está havendo? Por que está chorando? 

Vitor demorou chegar e então liguei para ele novamente e...

Marisa eu... - respira fundo. Vítor pode fazer o que quiser fazer, eu não posso e não vou controlá-lo, se ele tiver ido dormir com alguém eu não...

Ele sofreu um acidente! - a interrompe. Vítor capotou o carro enquanto voltava para casa! - chora. 

 

Nesse instante coloca o telefone sobre o móvel e senta-se na poltrona ao lado tentando se acalmar. 

 

Paula...!? - abre a porta do quarto. Filha, - a olha sentada - ouvi o telefone tocar... O que...- a vê assustada. Paula! Paula! - segura seu rosto. O que houve? 

Vitor... - começa a chorar. 

Meu Deus minha filha, me explica o que está havendo! - olha o telefone e o pega. Alô? Quem é? 

Sou eu, Marisa! Dulce, cadê a Paula? Preciso que ela venha o mais rápido pro hospital! Ele não está bem! - chora. Pediram que viéssemos o quanto antes! Cadê ela? 

O que houve? - coloca a mão sobre o peito. Paula está em choque! 

Vitor sofreu um acidente! Havia gado na estrada e ele foi desviar e acabou capotando...

Meu Deus! Já iremos para o hospital! - desliga o telefone. Filha... Olha... - se vira para a poltrona mas não a encontra. Paula? - sai procurando. PAULA!? - sai do quarto a procurando. Paulinha...- a pega na porta do quarto de Vitória. 

Eu o mandei embora! - chora. Ele queria ficar e eu o mandei embora! Mae! Mae, eu matei o pai dos meus filhos... Eu deixei ele sofrer um acidente!

Não! - a abraça. Não diga isso! Ele não morreu e nós precisamos ir até lá saber dele. Por favor, minha filha você precisa ser forte agora pelos seus filhos e por ele. 

 

Dulce busca acalma-lá com a ajuda de Eduardo e Cíntia que escutam a movimentação. Auxiliam ela a se arrumar e chamam Elias para leva-las ao hospital. 

 

 

Paula Fernandes Chaves Zapalá Pimentel! - mostra a identidade. Eu preciso saber do meu marido! Vítor Chaves... Onde ele está? Por favor! 

Só um minuto! - confere no computador. Ele está em cirurgia neste momento! 

Cirurgia? - se assusta.

Sim... Ele chegou ao hospital com graves ferimentos e desacordado. Teve uma parada cardíaca e conseguiram reanima-lo, levando-o para o centro cirúrgico. A família está aguardando no.... 

 

Antes que termine de falar Paula vê Marisa e sai correndo em direção a ela. 

 

 

POR QUÊ NÃO ME DISSE QUE ELE ESTAVA MORRENDO? - chora. 

Paula! Se acalme! 

NÃO! NÃO VOU ME ACALMAR! Quero ver ele, preciso ver ele! 

 

A sogra e a mãe tentam a levar até o sofá da sala de espera reservada no andar em que ele ficará. Aguardam por horas algumas informações, até que o cirurgião responsável pela cirurgia surge. 

 

Acalmem-se! - pede ao vê-las se levantarem em direção a ele. O estado dele é grave... Houveram muitos ferimentos e ele teve mais uma parada cardíaca durante a cirurgia. Mas conseguimos controlar e ele está no CTI. Ficará lá por algumas horas em observação... Tempo suficiente para que todos vocês e quem mais puder façam exames de compatibilidade. 

Como assim? 

Vítor precisa fazer um transplante de rim o quanto antes... Já ligamos para a unidade de transplante e o nome dele já está incluso, mas se alguém na família for compatível facilita o trabalho e ele terá mais chances de se recuperar mais rápido. 

Meu Deus! - chora. Como isso foi acontecer? - coloca o rosto sobre as mãos, inconformada. 

Eu sei que você está nervosa e assustada... - senta-se ao lado dela. Mas agora precisamos fazer tudo que nos resta fazer por ele... Vou fazer o exame e já ligue para Leo e Paula virem também. Ronald também já foi avisado e as primas deles assim como os tios serão para poderem vir o quanto antes! 

Eu também farei! Ligarei para Cíntia, Diva, todos de casa virem fazer... 

Obrigada Dulce! - enxuga as lágrimas. 

 

 

Começam a bateria de exames enquanto todos vão chegando aos poucos. Preparam Paula para poder o visitar através de uma parede de vidro. Ela chega sozinha a CTI e o vê ligado a um tumulto de aparelhos que respiram e batem por ele. 

 

Me perdoa! - chora. Você estava aqui ontem e hoje...- encosta a cabeça sobre o vidro. 

 

Inconformada faz suas preces sussurrando a Deus que o liberte de tudo aquilo. Alguns minutos depois é tirada por Ricardo que aparece ao saber da notícia e dá apoio aos amigos. 

 

Ele estava comigo ontem! Estava com os filhos em casa... Não pode ser! Não é justo!

Essas coisas nunca são Paula! Tudo muda em questão de segundos... 

Ele vai ficar bem!? 

Conversei com os médicos, estão fazendo de tudo e ele está estável, mesmo que o estado ainda seja grave. 

Ricardo, salva meu marido! - o abraça chorando. Por favor! Faça alguma coisa para ele voltar para mim logo! 

Ele vai voltar minha querida... Ele vai voltar! - a consola. 

 

Retornam a sala de espera e Paula aguarda junto de Tatianna, Marisa e outros familiares. 

 

 

Eu quero fazer os exames! - diz para o médico que se aproxima. 

Certo... 

Paula, é uma cirurgia que leva um tempo para se recuperar! Você tem seus filhos, tem sua carreira! Um de nós será compatível... 

Eu irei fazer! - responde a sogra. 

Tudo bem!  – a acaricia. 

 

O médico a leva para o laboratório e colhe todas as amostras necessárias. Ao retornarem, informa a família que o resultado sairá em algumas horas. Cíntia chega junto de 

Monteiro e Beatriz que vieram no primeiro voo assim que souberam. 

 

Paula! - a abraçam. 

Ele estava em casa ontem! - chora. Ele me pediu para dormir lá e eu o mandei embora! A culpa a minha, eu estou matando o meu Vitor...- se desespera. 

Não, não, não! - enxuga suas lágrimas. Você está fazendo tudo que pode! Você não sabia o que ia haver, você não deixaria ele sair se soubesse. 

Eu não deixaria! Eu juro que não deixaria! - chora e abraça Bia novamente. 

 

A tarde vai chegando e ela se nega a comer. Todos vão recebendo aos poucos o resultado dos exames. Marisa, Leonardo, Tatianna e Paula Chaves não eram compatíveis. Dulce, Cíntia recebem algumas horas depois resultado também negativo. O desespero vai tomando conta da família e desabam quando descobrem que Ronald também não era compatível. Ainda faltava os exames de Paula, Monteiro, Beatriz que se ofereceram assim como alguns tios de Vitor que vieram colaborar. 

 

Paula Fernandes Chaves Zapalá...

Eu! - se levanta. 

Vamos prepara-la para a cirurgia em instantes! - atualiza o prontuário. 

Então eu...

Sim, você é compatível! - sorri. 

Graças a Deus! - Marisa agradece e todos começam a se libertar da tensão. 

Paula, você tem certeza!? - vai até a filha. 

Sim! - enxuga as lágrimas. Cíntia...- olha pra prima. E Leo...- segura a mão do cunhado e de Tatianna. Chamem o Filipe! Antes da separação eu e Vitor atualizamos nosso testamento...

Paula! 

Por favor! - os interrompe. Me deixem terminar! - chora. Toda cirurgia tem riscos, mas eu enfrentaria qualquer um para salvar a vida dele! Vocês, Leo e Tati, estão responsáveis pela Antônia - chora. Cíntia e mamãe...- olha para eles - vocês são responsáveis por Vitória. Marisa... - vai até a sogra que começa a chorar. Vitor e eu escolhemos você como responsável pelo nosso Vitor... Há algumas condições no testamento, mas vocês verão! Filipe vai explicar tudo sobre as crianças não ficarem separadas e enfim...

Paula, pare com isso...

Eu preciso falar! Vocês precisam se preparar; meus filhos são responsabilidades de vocês enquanto eu e Vitor não estamos respondendo por eles. Vocês precisam ver o testamento e ler nossas vontades! Junto do testamento tem uma hipótese...- chora ao lembrar - fala sobre o caso de nós dois sofrermos algum acidente juntos... Ele insistiu...- chora. Ele não quer ser ressuscitado caso eu precise de algum órgão e quer que seja doado para mim! Mas eu, Paula, na frente de todos vocês peço que isso não seja realizado. 

Pare de falar isso! 

ME OUÇAM! - chora. Permitam a ressuscitação! Eu imploro e se caso eu tiver alguma complicação na cirurgia, não deixem de tirar meu rim para ele! Não deixem que os médicos desistam. 

 

Termina de passar as instruções para a família. Os médicos e os enfermeiros a busca. Se despede e implora para que cuidem dos filhos. Na sala de internação a preparam e passam os papéis para que assine autorizações cirúrgicas enquanto explicam os procedimentos. Ela faz algumas perguntas e logo depois já segue para sala de cirurgia. 

 

 

Paula, vou pedir que você conte de 0 a 10 e feche os olhos. Não doerá nada. Você irá dormir... Fique tranquila que estamos cuidando de vocês! - sorri. 

 

O cirurgião recebe autorização do anestesista e autoriza que ela comece a contar. Em poucos segundos colocam a máscara sobre ela que logo adormece.

A cirurgia dura entorno de duas horas. Enquanto uma equipe cuida de Paula outra se prepara já para realizar o transplante em Vitor. 

 

O dia passa e os familiares vão se revezando na espera de notícias. Às 23h00min o cirurgião avisa que correu tudo bem e que logo poderiam visitar Paula, mas que Vitor ainda seguiria em observação. 

Dulce e Marisa são as primeiras a visitá-la às 1h40min.

 

Oi! - sorri. Deu tudo certo! 

Como ele está? 

Ainda não sabemos... Está em observação. 

E meus filhos? 

Estão bem! Cíntia voltou para a fazenda com Tatianna e estão cuidando deles. 

Entendi...

Você está com alguma dor? 

Física, não! Ainda estou me perguntando como tudo isso pode ter acontecido... 

Não se pergunte mais! - segura a mão dela. 

Estou com muito sono...- fecha os olhos. Queria muito poder ver ele acordar. 

Descanse! Ele estará te esperando quando você acordar...

 

Ficam algum tempo com Paula até serem avisadas que Vitor acordou da cirurgia. 

 

 

Vai lá! Irei depois ver como ele está...

Ok! - Marisa se retira até o quarto em que o filho está.

 

Ao entrar o vê observando as mãos. 

 

Oi! - sorri. Continuam lindas! 

Oi mãe... O que aconteceu?

Você não se lembra? - se preocupa. 

Eu...- pensa. Não! Sei lá. Só lembro de um baque e nada mais... 

Você estava voltando para casa e haviam gados na estrada, você foi desviar mas acabou pegando um em cheio e capotou o carro. 

Estou assim há quanto tempo? 

Há quase 24 horas...

Meu Deus! Meu filhos, a Paula, estavam comigo? 

Não...

Mas onde eu estava então? Para voltar tarde para casa... 

Vitor, você estava na fazenda...

Não entendo! A fazenda é minha casa. 

Filho, você não se lembra que está separado de Paula? 

Estou o que? - se assusta. Paula se separou de mim!? 

Vocês se separaram! - pega a campainha e bipa um médico. 

Mas e as crianças!? Por que faríamos isso!? - fica nervoso. 

Calma Vitor! Você bateu forte com a cabeça, as coisas vão clarear, espera... 

Cadê a Paula? O que eu fiz de tão errado que nem mesmo me visitar ela vem!?

Vitor...- segura a mão dele. Se acalme! Paula está muito preocupada com você e quer te ver. 

Me biparam? - aparece na porta. 

Doutor...- vai até o médico. Ele não se lembra de nada antes do acidente! Não se lembra nem que está separado da esposa. O que está havendo? 

É normal...- vai até Vítor e o examina. Logo sentirá fortes dores na cabeça e conforme a anestesia for passando, ele voltará a se sentir melhor. 

E vai se lembrar? 

Esperamos que sim! 

 

Marisa conta a Dulce sobre o esquecimento repentino de Vitor. Ele volta a dormir e só acorda mais tarde, quando Paula já está em seu quarto. 

 

 

Oi! - sorri.

Oi...- a observa. O que estou fazendo aqui? - se olha. 

Então...- senta-se ao lado dele. Você saiu da fazenda um pouco tarde e no caminho até o apartamento da sua mãe, você acabou capotando e chocando o carro contra o gado. Te trouxeram para cá e fizeram uma cirurgia de emergência porque você teve alguns ferimentos graves... E depois descobriram que você precisava de um rim o quanto antes. Fizemos exames na família inteira em pouco tempo, precisava pressa! E descobriram que eu era compatível e por isso você está com um rim meu agora... Provavelmente me deve alguns milhões! - sorriem. 

É sério tudo isso? 

Parece mentira, né!? Mas é...- respira fundo. 

E você pode estar andando assim? 

Dói menos que ganhar um filho! 

Claro! Não sei porque pergunto se algo dói a uma pessoa que passa por parto natural! 

Exato! - riem. Você não se lembra de nada? 

Vagamente... Lembro da batida, do barulho, mas nada mais! 

Entendo! 

É sério mesmo que passei por duas cirurgias e to aqui? 

E queria estar onde? - segura a mão dele. Você tem quatro filhos para criar! - sorri. Parece mentira, como eu disse. Ás vezes nem eu acredito no que aconteceu nas últimas 24 horas... Porque parece ser mentira! Mas não é. E, felizmente, tudo está bem agora... 

Quando vamos sair daqui? 

Eu saio em uma semana! Mas você vai ficar por um tempinho ainda... Precisa ser observado e cuidado por médicos. Mas ao menos sabemos que quanto ao rim não houve rejeição! - sorri. Está vendo como é bom ter uma boa alimentação, fazer exercícios, etc? - ri. Serve pra doarmos rins e dar tudo certo! 

Obrigado! - beija a mão dela. 

Já falei que me deve alguns milhões! 

Saindo daqui lhe pagarei! - riem. Aí...- coloca a mão na cabeça. Dói um pouco! 

Sim! O médico falou que doeria...

Olá! - entra. 

Oi! 

Meu nome é Anderson e eu sou neuro! Vim fazer uma avaliação com você, tudo bem!? - olha pra Vitor. 

Ok! 

Se preferirem posso voltar mais tarde!

Não! Por favor... Pode fazer o que tiver que ser feito. 

Ótimo! - se aproxima de Vitor. 

 

No momento em que começa a avaliação, Marisa chega ao quarto com a irmã de Vitor e em silêncio acompanham. 

 

Pode me dizer seu nome, idade, estado civil e profissão? 

Vitor, 43...

Nome completo! - o interrompe. 

Ah sim... Vitor Chaves Zapalá Fernandes Pimentel, 43 anos, cantor e...- olha pro médico. Estou separado, mas minha ex esposa me doou um rim - olha pra Paula - como eu devo entender meu estado civil? 

Bom...-  ri. O que você respondeu já me basta pra saber que você está se recordando de tudo e confirma os exames de que não houve nenhum dano neurológico. - sorri. Vou te monitorar pelos próximos dias e aconselho que se organize quanto a vida profissional. Precisamos que você fique afastado no mínimo dois meses! 

Certo! 

Legal! - registra no prontuário. Fiquem à vontade e até mais...- se retira. 

Que alívio ver você assim, meu filho! - beija-o a testa. 

Vou pro meu quarto, ver como estão as crianças! - se retira. 

Você se lembrou da separação... 

Antes não tivesse lembrado! 

Tenha paciência, teimoso! - se aproxima dele. 

 

 

Ficam com Vitor durante um bom tempo, se retirando para que outros familiares o visitem. Uma semana se passa e Paula recebe a alta pela tarde. 

 

 

Você vai passar no quarto do Vitor? 

Claro! - responde a sogra. 

Paula, não quero te pressionar e nem fazer você agir de forma contrária à sua vontade... Mas, ele está agoniado, ele fica tentando entender o que houve a todo momento, procurando uma forma de entender tudo o que aconteceu com vocês nos últimos dois dias! Uma psicóloga esteve ontem com ele e ao sair pediu pra que pudesse conversar com você a respeito da situação de vocês dois que também o angústia... Mas pedi que ela lhe procurasse outro dia porque você estava cansada. Talvez você realmente queira deixar as coisas como estão... Continuar separados. Ou as coisas mudaram depois do que houve! Vocês precisam conversar e pode parecer loucura, mas precisam conversar o quanto antes para ele poder também ir aceitando tudo de forma mais lógica. 

Sei...- senta-se na cama. É claro que tudo que houve não vai deixar que nada mais seja como antes! Seria impossível. - pensa. 

Paula? - Nilmar chega. 

Hei! - sorri. 

Você está louca? - a abraça. Meu Deus! Soube de tudo só ontem à tarde e como Vitor está? 

Por que eu estaria louca? - ri. 

Não avisa nada a ninguém! 

Não deu tempo! E Vitor está se recuperando muito bem. - sorri. 

Oi Marisa! - a vê. Perdão, nem a vi quando entrei! - a cumprimentei. 

Sem problemas!  – sorri. Vou deixar vocês conversarem! - beija Paula e se retira. 

Quase dei uma bola a fora...

Por que? 

Ia falar que você não avisou ninguém e que saiu doando rim pro seu ex sem entrar em contato com a gente, com a empresa, sem medir as consequências de nada!  

Como? - se espanta. Eu ia deixar o pai dos meus filhos agonizando por conta da minha carreira? Jamais dormiria por isso! - volta arrumar sua mala.

Não quis dizer isso...

Quis sim! Foi o que todo mundo me disse ao telefone e que me deixa absurdamente em dúvida sobre o que vocês pensam de mim! 

Paula, não exagera! 

Não exagera? Você pensa mesmo que eu deixaria de doar um rim ao Vitor porque preciso fazer show amanhã? Que tipo de pessoa vai subir em um palco sabendo que o pai dos filhos, o marido, o companheiro de anos e que você ama estaria morto!? 

Ele não ia morrer e nem é mais seu marido! 

Você não sabe o que é amar alguém? Por favor... Acho que não ama nem seus sobrinhos. 

Não começa! 

Ah, claro! - ironiza. Vou olhar pros quatro filhos dele e dizer que o pai deles morreu porque eu não pude doar um rim, mesmo sendo perfeitamente compatível! Quando você amar alguém como eu amo aquele homem - aponta pro quarto dele - vai fazer tudo que puder para ajudá-lo viver independente de estar ou não com ele! Foi o que fiz por ele durante anos, mesmo estando longe, mesmo não dormindo na mesma cama que a dele ou dividindo uma casa, uma vida...

Já entendi! Me desculpa pela insensibilidade, só estava preocupado com tudo que você batalhou tanto...

Nilmar, sai daqui! - abre a porta pra ele. 

Deixa disso Paulinha! Sou seu irmão...

Não está sendo meu irmão! Está sendo um empresário ambicioso e mesquinho. Saia daqui, não posso me irritar! 

Desculpa! - se retira. 

 

Volta arrumar sua mala furiosa até receber Cíntia que a ajuda e a acalma. 

 

 

Olha isso...- mostra um vídeo de Vitória falando pra ela e Vitor ficarem bem. 

Aí...- coloca a mão no coração. Que saudade da minha pitoquinha! Tão linda...- sorri. 

E...- coloca uma foto. Olha seus gêmeos! - riem. 

Comilões! - vê os filhos comendo jabuticaba. 

Quando Vitor sai? 

Talvez em alguns dias ou só na semana que vem! Depende de como ele vai responder aos medicamentos. Mas graças a Deus todos os exames tem dado resultados positivos...- sorri.

Ele vai pra fazenda? 

Pois é... Lá não tem escada, não tem tantos degraus dentro da casa. Penso que seja melhor ele estar lá para se recuperar...

E é! - pega uma bolsa dela. Vou colocar no carro! 

Cíntia, me mande o vídeo e as fotos dos bebês, vou mostrar ao Vitor antes de ir embora. 

Tá bem! - envia pra ela. 

 

 

Enquanto Cíntia leva as coisas de Paula para o carro, ela vai até o quarto de Vitor onde estão Marisa, Tatianna e um amigo de Vitor. 

 

Oi...- entra. 

Oi! - sorri. Estávamos falando o quanto Deus está sendo maravilhoso e nada de pior aconteceu! - Marisa a responde feliz.

Sim! Foi mesmo... Está sendo! - sorri. 

Você já vai? - pergunta Vitor. 

Já! Me liberaram há uma hora... Vocês poderiam me dar licença só por uns minutos?

Claro! O tempo que precisarem...

 

Se despedem de Vitor e Paula. Ela coloca uma cadeira próxima a cama dele e pega o celular para mostrar o vídeo da filha. 

 

Veja isso! - mostra. 

Aí meu Deus! - se emociona. 

E...- mostra a foto dos filhos comendo.

Comilões! 

Exato! - riem. 

Preciso te contar uma coisa... 

Pode dizer! - o olha. 

Durante esses últimos três meses que estivemos separados, Leo e eu tivemos uma conversa a respeito da dupla. Chegamos à conclusão de que era hora de dar uma pausa... 

Chegamos?  – o questiona. Porque... Você estava tão focado no disco que lançaram, nas novas canções... Não entendo! 

Leo pediu...

Leo! Leo que disse que por ele não ocorreria pausa...

Mas foi melhor assim e aí tudo isso aconteceu! Vou ter que ficar fora dos palcos,  então acabou que tudo deu certo.

Dá para pensar assim. 

Dá e é o que quero que pensem! 

Certo! Sua recuperação será na fazenda... Lá não tem escada, poucos degraus, o quarto é equipado... Poderemos contratar uma enfermeira para acompanhar e sua mãe pode ficar lá também. 

Tudo bem...- fica olhando a foto dos filhos. 

Vitor... - segura a mão dele. Sobre nós dois...

Não precisa fazer nada que não queira! Tudo bem!? Vamos combinar isso. 

Quando sua mãe me ligou e disse o que te aconteceu eu perdi meu chão... Pensei na burrada que fiz em ter te deixado ir embora naquela noite. Pensei nas crianças, pensei na minha vida sem você e parecia tudo tão sem sentido. Você sabe que sempre te amei, desde quando nos conhecemos. Amo até o que não gosto em você! Não quero desistir da gente. 

Me perdoa, de novo, por tudo que fiz e te feriu. Também sou incapaz de desistir da gente. - beija a mão dela. E agora tenho um rim seu! - riem. 

Verdade... Você me deve um rim! - sorri. 

 

Conversam por mais um tempo e ela se despede,  precisava ir para casa ver os filhos e tranquilizar os funcionários e amigos. Ao chegar na fazenda é recepcionada por Vitória. 

 

 

 

Ô MAMÃE! - grita. 

Vitória! - ri e abraça a filha. Como você está meu bebê? 

Onde você tava? - passa a mão no cabelo da mãe. Cadê o papai?

Cadê seus irmãos? Vamos lá ver eles. - pega na mão dela e caminham até a casa. 

Cadê o papai? 

Ele logo vem filha! - olha pra ela. 

Você não vai mais brigar com ele? 

A mamãe não briga com ele... E está tudo bem, papai logo vem filha. 

Di estava chorando, mamãe...

Vamos conversar com ela! - entram em casa. Diva? - coloca umas bolsas sobre o sofá. 

Oi! - se aproxima. Que bom que chegou! - se abraçam. Como está?

Estou bem Diva! E você? Vitória disse que você estava chorando...

Como ele está? Só estava preocupada.

Ele está melhor! Está se recuperando bem e logo vem para casa. 

Isso é ótimo! - sorri. 

Sim, Diva! E cadê meus gêmeos? - olha ao redor. 

Estão no banho! 

Maravilha! Vou vê-los... Vamos Vivi...

 

 

No quarto das crianças ela termina de banhar os filhos que ficam eufóricos com a presença dela. Vão para a brinquedoteca e ficam por lá o restante do dia. 

 

 

Oi filhote... - olha Vitória que está a chamando. 

Mamãe, “quelo” falar com o papai.

Ele está dormindo, filha... Não tem como falarmos com ele agora. 

Por favor, mamãe! 

Vivi...- a pega no colo. Papai está dodói, precisa ficar bem e por isso não podemos ligar para ele agora. 

Ele vai virar estrelinha? 

Não filha! - olha-a nos olhos. Ele não vai virar uma estrelinha, eu te prometo. Ele logo virá ficar conosco. Brinque com seus irmãos... Vou ver se o jantar já está pronto e hoje você vai poder tomar sorvete de sobremesa. - se levanta sorrindo. 

 

Paula deixa Lucy olhando as crianças e vai para fora de casa tentar se recompor após a pergunta da filha. Telefona para o hospital e pede para falar com Marisa que a tranquiliza dizendo que Vitor está reagindo bem ao tratamento e melhora cada vez mais. Retorna para dentro de casa, toma os medicamentos pós operatório e senta-se à mesa para o jantar junto dos filhos. Após a refeição Diva serve um chá para ela e a mãe enquanto Lucy coloca as crianças para dormirem. 

 

Você está bem? 

Sim! 

Não sentiu nenhuma dor hoje? 

Não... Nada preocupante. Liguei para Marisa para saber do Vitor, ele está reagindo bem. Amanhã vou visitá-lo.

Não acho que seja uma boa ideia, você passou por uma cirurgia, pode pegar alguma infecção. 

Preciso ver ele! Estou com um aperto no peito... Uma angústia que não consigo explicar. 

Entendo você! Isso é preocupação. Você precisa acreditar em Marisa...

Por isso preciso ir até lá! - se levanta. Vou me deitar, sua benção...- beija a mãe. Até amanhã! - se retira. 

 

Ao chegar no quarto vai até o closet do esposo, observando suas roupas por um bom tempo, as acaricia, cheira e chora sentindo sua falta junto a uma preocupação imensa. Pega o telefone e liga novamente para a sogra. 

 

 

Oi... Ele está acordado? 

Quer falar com ele? Vou entregar o celular...

Ele já está segurando tudo? - fica feliz. Meu Deus, isso é tão maravilhoso! 

Oi Pulinha! 

Oi! - desaba. Aí meu Deus... Não queria chorar! Mas...

Eu sei... Fique tranquila Paula! Confie em mim, estou bem. Você precisa acreditar. 

Quero você aqui! - chora. Só quando estiver aqui, brigando com minhas manias e maluquices é que vou crer que tudo estará bem! 

Sente-se, por favor... Coloque a mão sobre seu coração, feche os olhos...

Tudo bem...- respira fundo e senta-se. 

Ouça... De olhos fechados! 

 

“Quando vi você, não tive reação

Sem palavras, fiquei só te olhando

Vi que te amar não era opção

Minha vida estava te chamando

Pouco pra dizer, muito pra sentir

Fui embora sonhando... “ - canta. 

 

Vítor! - chora. 

Shiu... 

 

“Quando te liguei, não acreditei

Era a voz do meu anjo falando

Bem mais que um dia imaginei

Era um sonho se realizando

Muito mais que só pensar em mim

Eu estava te amando

 

Amo você

Entendo seu jeito de ser

Amo você

Me rendo ao vento

Que me leva onde estiver você”

 

Você fez pra mim!? - chora. 

Sim! - ri. Para quem mais seria? Não tem outra mulher que me tire tanto do eixo... 

Jura? 

Minha Pulinha... Eu sei que estamos com muito medo. Mas, não há necessidade disso. Está tudo bem! 

Quase te perdi, de novo... Não suporto a ideia de te perder! - chora. Estou tão cansada disso...

Logo estarei em casa! Me conte das crianças... Vamos mudar de assunto. 

Estão bem! - tenta se acalmar. Vitória pergunta de você todo dia. Antônia está muito carinhosa, abraça os irmãos, quer ficar pegando os cachorros... Vitor ainda está tinhoso para dormir, como o pai...

Sei! - ri. Mal de Vitor! 

Como a Diva está? 

Muito assustada e preocupada! A dispensei amanhã, para descansar. Mas aposto que ela virá! 

Também acredito que irá! 

Amo você, me desculpa ter deixado você ir embora aquele dia. Tudo que aconteceu e...

Paula! - a interrompe. Chega, por favor! Quem anda para trás é caranguejo. Não quero mais falar disso e nem quero você falando...

Tudo bem... Vamos esquecer! 

Isso mesmo! - sorri. Você está deitada? 

Não! Preciso tomar um banho ainda...

Então vá tomar banho, se deite e me ligue novamente... Por favor! Vou cantar para você descansar tranquila.

Certo! - sorri. Daqui a pouco te telefono... 

 

Paula toma seu banho e deita-se em seguida, fazendo como ele pediu. Alguns dias se passam e repetem toda noite as conversas e as músicas para dormirem. 

 

Vitor recebe alta após 18 dias de internação. Na mídia tudo passa a ser veiculado, especulando a separação, o acidente, o transplante. Nenhum dos dois se pronunciam e nem autorizam qualquer pronunciamento pelas assessorias. A informação do fim da dupla também começa a circular, mas nada afirmam. Paula acompanha a saída do marido do hospital e no retorno para fazenda, fazem uma pausa no caminho, admirando uma plantação de girassóis. 

Ao chegarem na fazenda, Vitor se emociona ao ver os filhos. 

 

Calma, Vivi... Papai está dodói ainda! - Paula a segura. Abraça com cuidado! - sorri. 

Eu te amo, pai! - abraça-o. 

Eu também! Eu também te amo muito! - a acaricia chorando. 

Não pode correr, papai!  Faz muito dodói. 

Sim! - riem. Antônia! - vê a filha vindo até ele. Oi, minha princesa! - abraça. Meu Deus, você cresce tão rápido. 

Vem aqui filho...- chama Vitor que fica olhando. 

Meu menininho!! - sorri. Meu homenzinho do sorriso lindo...- o abraça. Te amo, meu filho! Muito!  – se emociona.

 

Ele cumprimenta a todos, principalmente a Diva. Marisa os acompanhou e acompanhará pelos próximos dias. 

 

Quer se deitar? 

Não! Estou bem... Vou ficar sentado lá fora, vou ver as crianças. 

Tudo bem! Eu vou dormir um pouco...

Vai lá! - sorri. 

 

Paula entra no quarto e deita-se um pouco. Resolve publicar no Instagram para informar a respeito dos ocorridos. 

 

 

 

Há quase 20 dias atrás nossa família passou por grandes transformações. Mas, aqui estamos, firmes e unidos!! Obrigada a todos pelas orações e pelo respeito nesse momento delicado. Em breve trago mais notícias!! ♥️

 

#fotoantiga #ensaiodocasamento #depoispostomais #estamosbemefelizes 

 

 

 

 


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