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Capítulo 126
Capitulo 126




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DOIS MESES DEPOIS

Vitória está na sala com o violão de Vitor enquanto Paula organiza suas revistas no armário.

— Vitória! - segura. Tem que ter cuidado filha! - pega o violão. O que está fazendo?
— Arrumando as revistas! Vitor...- se vira para ele. Dê a ela! - vê a filha chorar.
— Ela está derrubando! Coloque aqui no chão Vitória e brinque no chão.
— Não! - responde ele pegando o violão.
— Vitória!
— Filha...- vai até ela. Não pode responder o papai!

A bebê deixa o violão de lado e sai da sala sem obedecer os pais.

— Entramos na parte mais difícil de ter filhos! - senta-se. Educar!
— É...- se levanta. Maria está bem?
— Está! Estudando...
— Nem entrou de férias?
— Não! Ela precisa recuperar o tempo perdido.
— Hum...- pega o violão do chão.
— Que horas é a consulta?
— Ás 14h00min. Você vai poder ir?
— Sim! - sorri. Sua barriga já está aparecendo...
— Está! E daqui uns dias não vou conseguir esconder nem com roupa larga.
— E quem mandou você esconder?
— Você! Não quer que ninguém saiba que estou grávida.
— Paula você distorce tudo que falo!
— O artista não é só você, Vitor! - senta-se com ele. Eu preciso falar para as pessoas que estou grávida, elas merecem saber também.
— Por que?
— Ué... Porque acompanham meu trabalho, torcem por mim, pela gente, pela nossa família!
— Por mais que eu queira, você não vai aprender! - a acaricia.
— Começou! - tira a mão dele. Aprender o que!? A não nos expor? Não faço isso. Não como já fiz um dia! Mas estou grávida e isso é o tipo de informação que não tem como ser ocultada. - se levanta.
— Tudo bem! Só acho desnecessário ter que dar uma notícia, transformar isso em um...
— Não vou dar notícia! Mas assim que souber dos sexos vou informar que estou grávida.
— Como quiser...- se levanta e vai para a cozinha.
— Afff! - respira fundo.
— O que foi? - chega na sala.
— Vitor, Vitor! Sempre!
— O que foi dessa vez?
— Uma frescura de não querer que eu fale que estou grávida!
— Ele só se preocupe com...
— Pare! Por favor. Chega de justificar as loucuras dele. - vai para a cozinha.
— Ok! - a segue. Posso te acompanhar na consulta?
— Pode... Vai ser duas horas da tarde.
— Tá bem! Ele vai?
— Vai sim Cíntia.
— Cadê Vitória?
— Não sei! Vitória está respondona... Hoje respondeu o Vitor e depois saiu como se não estivéssemos falando com ela.
— Ela respondeu tia Dulce ontem também!
— Sério!? Mamãe não me falou nada...
— Ficou com medo de você bater nela!
— Não bato em Vitória! Mas ela está passando dos limites... Por que ela respondeu?
— Queria escolher o que vestir!
— Ela está com isso agora, deu um baile comigo também.
— O que?
— Vitória respondeu minha mãe ontem... Queria escolher o que vestir.
— Está ficando complicado!
— Muito! - olha para ele. Não vai trabalhar?
— Não...- senta-se na mesa. Queria falar com você sobre uma coisa...
— O que? - mexe no celular.
— Preste atenção! - pega o celular dela.Fui chamado para fazer sociedade em uma empresa que vão abrir.
— Hum... Empresa de que?
— Charutos! É uma marca que estão inaugurando.
— Charutos? Nossa... Não tinha outra coisa?
— Paula, charutos é um mercado próspero!
— Sei! E porque está me falando? Sempre faz suas coisas...
— Ué... Estou compartilhando com você para ver se é uma boa ideia, é o nosso dinheiro e agora com as crianças precisamos pensar bem no que fazemos.
— Bom... Se você quer investir... Aí Vitor, você entende mais das suas coisas do que eu. Se você achar uma boa, tem meu aval para investir!
— Ok!
— VITÓRIA! - vai até a neta.
— O que é isso? - se levanta correndo. O que foi mãe? O que ela fez? - observa a filha chorar.
— O que houve? - Vitor vem atrás.
— Ia subindo na cadeira e caiu! - levanta Vitória do chão. Ia mexer no aquário de novo!
— Vitória...- se aproxima. Você não pode fazer isso! Está vendo o que acontece?

Ela grita para Dulce soltá-la e eles não conseguem falar com ela.

— Você está de castigo! - a pega. Não quero ver você sair daqui. - senta ela no sofá. E vai ficar aí de castigo até eu deixar você sair!

Paula estranha ele fazer isso, já que sempre foi contra quando ela fazia. Resolve não falar nada e deixa ele se resolver com a filha.

— Vitória, fique quieta! - senta-se ao lado dela. Pare de chorar! Já chega. Não pode subir na cadeira. Não pode gritar com as pessoas! Isso é terrível minha filha, é inadmissível! Não vou permitir que você faça isso, não importa a idade que você tenha. Fique quieta! - ela resmunga para descer. Não vai descer! - sobe ela novamente.

Vitor persisti com a filha por longos vinte minutos até ela se acalmar e pedir desculpas para o pai.

— Se você voltar lá, vai ficar de castigo novamente! - desce ela do sofá.
— Tudo bem!? - Paula se aproxima deles.
— Mamãe...- pede colo.
— Oi! Vamos comer...- limpa o rosto dela. Você não vem? - olha para ele.
— Depois eu vou! - se levanta e sai rumo ao escritório.

Paula leva Vitória para a cozinha. Alimenta a filha e senta-se para comer em seguida.

— Cadê Vitor!?
— Não quis vir... Disse que vinha depois.
— Ele não está bem, né? - senta-se.
— Não! Ele jamais faria isso com Vitória. Está muito nervoso e não consigo entender porque.
— Pois é... Mas minha neta não tem nada ver!
— Mãe, por favor...- a encara. Vitor é o pai dela e já conversamos sobre a senhora...
— Não falo mais nada! - começa comer.
— Diva, faça um prato para ele...- limpa a boca. Vou levar no escritório! - levanta-se. Olhem Vitória aqui...

Diva prepara uma bandeja com suco e a refeição dele. Paula pega e leva até o escritório.

— Ajuda aqui...- tenta passar na porta.
— Não precisava se incomodar! - abre para ela, pegando em seguida.
— Mas eu me preocupo! Você é meu marido e amo você.
— Vitória está na sala?
— Não... Esta terminando de comer na cozinha. Você não está bem!
— Não pense que foi simples fazer aquilo! Quando me dei por mim já estava mandando o meu bebê ficar quieta! Perdi a cabeça e não podia mais voltar atrás. Estou me sentindo...
— Calma... É o que sempre te falei, não é simples para mim também ter que brigar com ela. Corta meu coração! Mas, Vitória está sem limites meu amor... Quando os gêmeos chegarem precisamos ter as coisas sob controle, ela será um exemplo para eles e assim não dá... - senta.
— O problema é que estamos depositando responsabilidade sobre uma criança de dois anos só porque ela terá irmãos! Isso não pode acontecer.
— Eu sei! E não vai acontecer. Ela faz tudo isso para chamar atenção e vai continuar se deixarmos.
— Ela nunca quis irmãozinhos, Paula! - senta-se.
— Mais um motivo para termos! Para ela aprender que tudo pode ser dividido e não crescer achando que todo o mundo pode se curvar a ela. - se levanta até ele.
— Ás vezes não sei o que pensar...- olha para ela se aproximando.
— Não pense nada e tenta não se estressar tanto! - massageia os ombros dele. Você está nervoso demais, todo mundo está percebendo!
— Estou com muita coisa para resolver...- fecha os olhos.
— É, eu sei...- desliza as mãos para a camiseta dele, desabotoando. Mas precisa resolver uma coisa de cada vez.
— Pulinha! - segura a mão dela.
— A gente tem um jeito para você se acalmar...
— É, mas...- respira fundo.
— Relaxa! - desliza as mãos sobre ele.
— Paula! - a adverte. Pare...
— Por que? - o beija. Você não gosta de fazer isso comigo? - aperta-o.
— É diferente...- se contorce. Mas pode continuar! - suspira.

Ela continua até ouvirem alguém batendo na porta. Vitor se arruma fechando a roupa e ela vai para o banheiro.


— Entra! - pega o suco que ela trouxe.
— Oi...
— Oi Cintia! Senta...
— Você está bem?
— Sim...
— Está todo vermelho... Será que não é febre?
— Não...- Paula sai do banheiro. Eu já conferi!
— É só calor mesmo! Muito calor...- bebe o suco de uma vez.
— Então... Queria te pedir uma coisa.
— Peça...
— Você poderia liberar o Elias hoje...?
— Hoje? Por que?
— Hoje à noite na verdade... Porque queria convidar ele para sairmos.
— Ah sim... Por mim tudo bem, pode dizer a ele que ele está liberado!
— Não! Você precisa dizer... E nem comentar que eu pedi, por favor.
— Hum... Está bem! Mais tarde vou até ele e digo.
— Onde vocês vão?
— Não é da sua conta Paula! - se levanta advertindo a esposa.
— Você é chato! - olha para ele. É da minha conta sim porque quero o bem dela e queria saber onde vão para saber se é seguro!
— Ah, sério!? Cíntia é maior de idade...- aponta para onde ela estava até perceber que ela já saiu. Está vendo!? Nem suporta suas manias.
— Não suporta as suas! - vai saindo.
— Vai me deixar sozinho aqui?
— Minhas manias são insuportáveis, vou te poupar da minha presença!
— Nem toda mania é insuportável...- se aproxima dela.
— Vitor...
— Deixe Vitória com sua mãe hoje e vamos sair...- envolve as mãos sobre a cintura dela.
— Sair para?
— Jantar! Podemos ir em algum restaurante bacana...
— Pode ser aqui em casa?
— Pensei que você gostasse de sair...
— É, mas não quero...
— Então tudo bem! Pode ser aqui em casa...
— Ok! - sorri. E meu jatinho?
— Chega amanhã!
— Posso colocar meu nome nele?
— Pode...- ri. É seu... Quero que use o jato para qualquer viagem! Independentemente de ser apenas para shows.
— É um pouco de exagero...
— Não! Estou falando sério... Acredito que seja mais seguro.
— Não vou discutir! - se afasta. Coma que daqui a pouco temos que sair!
— Vou comer... Traga Vitória aqui!
— Certo...- sai.

Ela chega na sala e Vitória está brincando com os livros.


— Vivi, vamos ver o papai...- a chama.
— Não...- nem olha para a mãe e continua a mexer.
— Filha...- se abaixa para falar com ela. O papai quer ver você!
— Vitória, vai...- Dulce fala para a neta. Vai ver o papai!
— Aqui ó...- entrega um livro para Paula.

Ela segue para o escritório em que o pai está. Entra e vai direto na mesa dele.


— Oi! - sorri a pegando no colo. Quer comer?
— Sim! - pega uma batata no prato do Vítor.
— Aqui seu livro! - Paula coloca na mesa. Vou arrumar as coisas para irmos!
— Certo! - olha para ela. Sua mãe também irá?
— Sim!
— Ok!

Paula vai arrumar sua bolsa para irem ao médico enquanto ele termina de comer com Vitória no escritório. Ao saírem Lucy pega a bebê e a leva para brincar do lado de fora da fazenda.

— Paula? - a chama.
— Oi!
— Já se arrumou?
— Estou quase... Você não vai tomar banho?
— Preciso?
— Com certeza! Vai logo...- bate na bunda dele. Hoje vamos ver nossos bebezinhos! - sorri.
— Pois é! Depois de tanto tempo... Voltamos tudo de novo...- entra no banheiro.

Se arrumam e aguardam Cíntia e Dulce se aprontarem também.

— ANDEM! - chama.
— Nossa! - mexe na bolsa. Estou aqui!
— Vamos...
— Cadê Vitória?
— Brincando com Lucy!
— Então vamos antes que ela nos veja!

Entram no carro e saem rumo ao consultório de Ricardo. No caminho fazem apostas sobre o sexo dos bebês.

— Acho que serão dois meninos!
— Sério, Vitor? Acho que são duas meninas.
— E se for um casal?
— Já pensou? Seria demais! - riem. Teríamos um menininho reinando.
— É melhor esperarmos, daqui a pouco nem conseguiremos ver hoje!
— Eita! Está amarga porque mãe? Vamos conseguir ver hoje sim. Estou ansiosa para ver...- passa a mão na barriga.

Quarenta minutos depois chegam ao consultório e Paula segue para uma sala reservada onde já é atendida por Carolina.

— Fiquem a vontade! E minha paciente linda pequenucha como está?
— Vitória está espoleta! Não consigo achar outra palavra - riem. Toda esperta...
— Que ótimo! A garganta está ok?
— Sim! Não tivemos mais problemas.
— Maravilha! - mexe no computador. Vamos tentar ver o sexo hoje...- sorri. Torçam para esses bebês sapecas estarem em ótima posição! - riem. Vamos lá Paula...- se levanta.

Entram todos na sala de ultra. Dulce e Cíntia sentam-se enquanto Vitor fica ao lado de Paula segurando sua mão. Carolina vai informando sobre a saúde dos bebês, o tamanho, o atual peso e até a possível data de nascimento.

— Já vi um! Fizeram apostas?
— Sim! - riem.
— No que apostaram?
— Eu apostei em duas meninas, Vitor em dois meninos e Cíntia em um casal.
— E o que vai ganhar quem acertar?
— Vai ter direito de escolher o presente!
— Ótimo! Porque acabei de enxergar o outro sexo...- riem. Bom... Cíntia pode escolher seu presente! É um casalzinho.
— Não acredito! - riem.
— Vamos ter um menino! - olha para Vitor.
— Vamos! - sorri a beijando. Nossos bebês! - se emociona.

Terminam a consulta felizes e animados com a notícia. Vitor liga para a mãe, Tati e Leo no caminho e avisa sobre o sexo dos bebês. Ao chegarem em casa contam para as funcionárias que ficam muito felizes pela notícia.

— Onde vai?
— Vou falar com Elias, já volto! - sai.

Vitor entra no estábulo e encontra Elias cuidando do cavalo de Paula.

— Boa tarde!
— Boa tarde, Vitor!
— Como vai?
— Bem!
— Tudo certo por aqui?
— Tudo sim... Estou escovando o Sereno para aplicarem as vacinas depois.
— Ótimo! - sorri. Elias, pode tirar a noite de folga hoje... Não precisa ficar a nossa disposição para dirigir! Você tem trabalhado muito em toda parte, pode descansar hoje.
— Não tem problema! Posso trabalhar...
— Não! Quero que descanse... Será melhor para você. Você já recebeu seu pagamento?
— Já sim! - sorri. E muito obrigada pelo aumento...

Vitor o cumprimenta e retorna para a casa.

— Papai...- corre.
— Oi! - se vira. Onde você estava? - se abaixa.
— Escorre...- aponta.
— Escorregando!
— Aham! - mexe na camiseta dele. Vamu lá!
— Já nós vamos! - pega ela no colo e levanta. Primeiro vamos ver sua mamãe... Como ela está! - entra em casa.
— O que estava fazendo Vitória?
— Escorre!
— Escorregando filha! - olha para ela.
— Melhor coisa aquele parquinho lá!
— Sim! Cadê Paula?
— Está no quarto!

Entram no quarto deles e Paula está trocando de roupa.

— Vai para piscina?
— Vou! Vamos Vivi?
— Sim! - bate palmas.
— Troca ela, papai... Vamos também?
— Não amor! Vou trabalhar. - leva Vitória para se trocar.

A tarde passa rápido. Vitória adormece, Cíntia sai com Elias, e eles acabam abortando o plano de jantarem a sós. Dulce arruma a mesa para comerem.

— Vitor está no estúdio ainda?
— Sim!
— Então vai chamá-lo para jantarmos!
— Ok...

Paula chega ao estúdio e Vitor está fumando charuto.

— Wou! Já está pronto o jantar... Não vai vir?
— Uhum! - apaga o charuto.
— Escova os dentes para minha mãe não encher o saco.
— Hum! - acende outro charuto. Vamos!
— Deixe de ser afrontoso! - o encare.

Ele não responde e segue para a cozinha com ela atras. Dulce o vê com o charuto e encara Paula que nada diz. Ele termina de fuma-lo sentado à mesa, junto com elas. Dulce começa a falar do relacionamento que tinha com o pai de Paula.

— Começou ficar insuportável! - limpa a boca. Por isso não quero morar com mais ninguém!
— Mas mãe... Quando é a pessoa certa as coisas são diferentes! Vitor já casou com outra pessoa e ficou só seis meses, e olha comigo...- pisca para ele.
— Ah Paula! Vocês são jovens, não brigam igual eu brigava com seu pai.
— O quanto era insuportável? - pergunta a sogra.
— Nem dormíamos mais juntos, Vítor!
— Por isso então... Se você transa, não briga tanto! - bebe seu vinho. Só é suportável ter um relação até o ponto em que se dão em todos os sentidos, inclusive na cama.
— Estou percebendo... Paula não parou de engravidar ainda!
— Mãe...- a encara. Que conversinha, hein? - olha para os dois. Não acho nada disso! - observa Vitor a encarar. Acredito que as pessoas quando se amam de verdade são mais tolerantes porque não querem perder a pessoa.
— Não pode confundir tolerância com carência!
— Então sou carente?
— Não estou dizendo que você seja, Paula! Estou falando que não se pode confundir uma coisa com a outra. Sei que é tolerante sim com meu temperamento...
— Até demais! - Dulce o interrompe.
— Continuando...- encara a sogra. Mas tem pessoas que são carentes e ficam em relacionamentos que não as satisfazem por carência, por insegurança e enxergam como se isso fosse maduro. Mas não é! Maturidade é você saber que tudo que é sagrado ninguém precisa ficar sabendo. É não ter que provar nada a ninguém e crescer... Crescer com aquela pessoa que você olha e sabe que ama, que enfrenta tudo por ela e estará ao lado dela sempre, apoiando, mas também alertando, ensinando. Não faço tudo que você quer Pulinha! Nunca fiz e nunca farei. Você tem o melhor de mim e o pior também, mas nunca ficarei te bajulando, te enchendo a bola... Você sabe o que penso a seu respeito, no quanto acredito em você e que nunca irei ficar dizendo ou expondo isso porque no final de tudo o que vale é o que você sabe que o outro acredita... É você não precisar dizer nada porque sabe que a outra pessoa já sabe o que deve saber. Aí sim você atinge a maturidade em um relacionamento!
— Hum... Bela filosofia Vitor!
— Não é filosofia Dulce, é a realidade. Se eu precisar dizer toda hora a Paula o que penso dela ou o quanto gosto dela é porque nem eu mesmo tenho certeza se sinto isso. O grande erro das pessoas é tentar fazer os outros acreditarem no que nem mesmo elas acreditam! Alguns relacionamentos são baseados nisso. Os seus eram, os meus eram... Agora somos livres porque não temos que expor ou provar nada a ninguém, pois já sabemos do que sentimentos e isso para gente é o que basta.
— Sim, basta mesmo! - sorri. Entendeu mãe?
— Entendi! Ainda não achei meu relacionamento maduro. - se levanta. Mas queria um para viver altas aventuras, igual vocês!
— Que aventuras vivemos? - ri.
— Quer que eu fale!? Só entre a cozinha e aqui posso apontar algumas!
— Pelo amor de Deus, mãe!
— Só se as aventuras forem seus netos!

Ela sai levando os pratos para a cozinha.

— O que deu na sua mãe?
— Nada... Ela está irônica.
— Amargamente!
— Vitor, por favor... Ela só não gostou do que você fez com Vitória!
— Ah sério!? Que coisa né... Engraçado é que eu sou o pai dela. Pode mandar ela parar desde já.
— Já falei com ela!
— Não parece! Vem com pedras na mão para cima de mim... Sua mãe...
— Vitor! - se irrita. Chega! E pode ir parando também... Ela vem morar com a gente! - teme a reação dele.
— O que? - a encara. Paula...
— Até os gêmeos atingirem certa idade!
— Quando isso foi conversado? Porque eu não estava!
— Eu ia falar com você...
— Sua mãe não irá criar os meus filhos! - levanta-se.
— Vitor....- o observa sair furioso.
— A sobremesa...- se aproxima com doce de leite. Cadê Vitor?
— Já foi... Precisa trabalhar! - se arruma na cadeira. Mãe... Por que fica atentando ele?
— Não atentei ninguém! - senta-se.
— Vocês ficam se afrontando! Não suporto isso. - se levanta.

Paula vai para o quarto de Vitória e encontra Vitor lá sentado na poltrona enquanto observa a filha dormir.

— Não queria ter sido grosso...
— Vitor, realmente estou cansada! Acredito que os sintomas da gravidez estão me pegando agora... Estou cansada dessas picuinhas entre você e minha mãe. Não é a primeira vez!
— E estou errado Paula?
— Não está errado em querer educar Vitória, mas está errado em ficar afrontando também.
— Estou na minha casa! Tudo isso aqui é nosso, meu e seu. Isso não inclui mais ninguém dar ordens ou dizer se devo ou não fumar, se devo ou não educar minha filha.
— Ok Vitor! Não quero e não vou discutir com você aqui. Depois conversamos isso...
— Não tem o que conversar!
— Chega! - ele tenta falar. Por favor!


Ele retorna para o estúdio e passa o resto da noite trabalhando nas produções dela. Vitória não acorda e Paula aproveita para tomar um banho e relaxar longe de picuinhas.

— Ah não! - se olha no espelho. Meus filhos vocês já estão grandes demais! Não está me servindo mais...- tira a camisola. Caramba - pega outra. Essa é a mais larguinha, precisa caber! - coloca.

Se troca e vai para o estúdio.

— Vitor! - abre a porta. Já são 4h30min... Não vai se deitar?
— Daqui a pouco!
— Deixe de besteiras, Vitor...- vai até ele.
— Essa camisola não está te apertando? Não fique colocando roupas apert...
— Aff! Não! - senta-se. Não está apertando! É a mais larga que tenho. Já perdi todas! Minha barriga está crescendo, meus seios já incharam, meus braços estão enormes!
— Que dia você tem show?
— Amanhã!
— Provavelmente perceberão!
— Com toda certeza! Olha para mim...- se levanta. Já engordei quatro quilos.
— Que bom! - se levanta. Isso quer dizer que meus filhos estão sendo alimentados! - desliga os aparelhos.
— Claro! Fiquei despreocupado...- levanta. Estou cuidando bem de seus filhos! - se vira e sai.
— Espera... Não falei nesse sentido!
— Que sentido? Não estou dizendo nada...
— O dia foi estressante! - se aproxima dela. Queria pensar de outra forma a respeito do que houve, mas preciso te dizer... Quando chegamos nessa fazenda para construir nossa vida eu prometi para mim que não deixaria nada interferir. Que você seria a dona do seu nariz, que faria as coisas como bem entendesse, pela primeira vez na nossa vida, sem ninguém mandar, nem ninguém estar exigindo nada. Não tem problema sua mãe ajudar a cuidar das crianças, mas viver aqui com a gente, começar a tomar conta de uma coisa que eu construí para você, para nós dois, eu não posso deixar! Me desculpe... Mas viver aqui eu não aceito. Adoro sua mãe, esses desentendimentos que temos são normais, coisas de pessoas que não pensam igual. Ela fica aqui o tempo que for necessário, mas morar não... Ela tem a casa dela, construímos tudo para ela. Deixar que ela viva aqui é tirar nossa privacidade, autoridade e a privacidade dela mesmo.
— Entendo... Só me assustei com a ideia de não dar conta.
— Você vai dar! Vou te ajudar.
— Eu sei! - sorri. Vamos dormir...

Seguem para o quarto e deitam-se após Vitor tomar um banho para descansar. Amanhecem com Vitória na cama deles, pulando nos pés. Levam a filha para tomar café e começam e a trabalhar de casa mesmo até Paula ter que viajar.

— Acabei de falar com o piloto! - coloca o celular na mesa. Seu jato já está no hangar!
— Dá até um frio na barriga! - sorri. Muito obrigada por ter organizado tudo! - o beija.
— Paula... Só essa bolsa?
— Sim! Voltamos amanhã já.
— Foi uma ironia! Olha o tamanho disso... Para que tudo isso!?
— Preciso de roupa! Principalmente pelo fato de não saber qual me serve ainda.
— Vai ser difícil disfarçar sua barriga...- olha para ela.
— Não é para disfarçar!
— Não é simples assim... Se alguém me pergunta se estou grávida, respondo o que?
— Que está e sorri! Mas fique tranquila, não vão perguntar, vão apenas especular! Ninguém vai ter coragem de chegar em você e fazer essa pergunta, vão insinuar que você está gorda e não farão isso.
— Hum... Cadê Vitória?
— Dormiu!
— Vou me despedir dela...- vai para o quarto da filha. Tchau meu amor...- a beija. Mamãe volta logo! Se comporte e aproveite seu papai...- a beija novamente e sai.
— Vamos!? - a vê chegar.
— Sim! - veste uma blusa de frio. Tchau Vitor...- se aproxima dele. Cuide de Vitória e tenha paciência! - beijam-se. Eu te amo! - sorri.
— Amo você também! - pisca para ela.

Acompanha Paula até a porta e à espera desaparecer pelas porreiras da fazenda para retornar para dentro de casa.

— Vitor, coloco o café da tarde?
— Não! Como na cozinha mesmo... Coma comigo, não quero ficar sozinho! - a abraça seguindo em direção a cozinha.
— Dulce vem morar aqui?
— Não...
— Hum...
— Por que Diva? - senta-se.
— Nada! Ela é uma boa pessoa e ajudará muito Paula com as crianças, mas estranhei mesmo quando ouvi isso dela vir morar aqui... Não seria uma coisa aprovada por você.
— Não diga assim também! A questão não é essa, mas é que cada pessoa tem um jeito e ela tem a privacidade, a vida dela e temos a nossa aqui... São coisas que não dá para conciliar.
— Eu entendo! - serve o café para ele. Posso ver a ultra dos bebês?
— Pode! - ri pegando o celular. Aqui...- vira para ela.
— Meu Deusu! Como cabe essas duas coisinhas nela? - ri.
— Pois é, mas cabem! - vê a foto. E pensar que daqui no máximo 3 meses já estarão aqui...- guarda o celular.
— E os nomes?
— Eu e Paula não conversamos ainda sobre... Mas queria que a menina se chamasse Antônia, por conta do meu avô... E não queria que ela colocasse Joaquim...
— É... Acho difícil ela não querer colocar Joaquim! Mas quem sabe...
— Sim! - bebe o café.

Vitor termina seu café da tarde e volta para o estúdio concluir o serviço para se dedicar mais a filha. Vitória acorda algum tempo depois e vai ao estúdio chamar o pai para brincar.

— Senta aqui...- a chama. Papai vai ler para você... Ou você não quer?
— Sim! - senta com ele no chão da brinquedoteca.

Ele começa ler algumas histórias de bichos para ela, fazendo o barulho e deixando ela reconhecer a natureza nas figuras ilustradas. Vitória observa o pai atenta e o responde aos seus chamados.


— Vou ligar para sua mãe...- liga.
— Oi! - atende.
— Oi Pulinha, chegou bem?
— Desci do avião tem quinze minutos! Cheguei sim. Nossa... É outra vida jatinho! - riem. Monteiro ficou abismado!
— Que bom! - sorri. Vitória quer falar com você!
— Está bem!
— Aqui... Fala com a mamãe! - entrega o telefone.
— Vivi?
— Mamãe...
— Oi minha vida! Você está bem?
— Sim.
— O que está fazendo?
— O porquinho, o auau na flor.
— O que? - riem.
— Eu estava lendo! - Vitor responde.
— Entendi! - ri.
— Mamãe, você já vem?
— Não amor...- sente o coração apertar. Mas mamãe vai amanhã, tá bom?
— Hum... Tá! - devolve o celular para Vitor.
— Vi?
— Oi!
— Ela nunca perguntou isso...
— Sim... Mas ela está crescendo amor, é normal!
— Mas me dói!
— Eu sei! Dói em mim também... Mas amanhã você já vem!
— Sim! Enquanto isso tente ficar o máximo de tempo com ela.
— Estou fazendo isso!
— Vou desligar porque vamos entrar na van!
— Tudo bem... Me ligue mais tarde e se cuide!
— Pode deixar! Beijos!! - desliga.
— Vivi, vamos na casa da vovó Marisa?

A bebê concorda e corre para o quarto para se trocar.

— DIVA!? - grita.
— Oi! - vem até ele.
— Estou indo para a casa da minha mãe, provavelmente eu jante lá!
— Tudo bem... Vai arrumar Vitória? Chamo Lucy...
— Não, pode deixar que arrumo!
— Ok!

Ele vai para o quarto da filha, a banha e escolhe uma roupa com a ajuda dela.

— Essa? - mostra.
— Sim papai...
— Então está bem... Veja ali seu sapato!

Vitória pega uma sandália e leva para ele.

— Preciso secar seu cabelo! - busca o secador no closet da bebê. Vem aqui Vitória! - a chama ligando o secador na tomada. Senta aqui filha...- a coloca na poltrona. Fique quietinha!
— Papai logo!
— Ainda tenho que colocar um negócio no seu cabelo! O que você quer colocar?

Vitor seca o cabelo de Vitória e termina de arrumá-la. Faz uma bolsa com o necessário.

— Vitória? - abre a porta dos quartos. Cadê você filha?
— Atí! - aparece na porta da brinquedoteca.
— Vou tirar uma foto sua para ver se sua mãe aprova o look! Fique quietinha aí! Olha aqui...- tira. Aê! - sorri. Vou mandar para ela! - manda. Vamos filha! Vem... Solta esse colar, não cabe em você.

Segue para a cidade e ao chegar é recepcionado pela mãe. Decidem passear por um parque de Uberlândia, para que Vitória possa se distrair enquanto a mãe não está. Passam o resto da tarde com Marisa até o jantar. Vitor retorna para a fazenda com Vitória dormindo na cadeirinha.


— Hei...- a pega para entrar em casa. Vamos dormir na caminha bebê!

Vitor entra na casa e a coloca no berço dela, seguindo em seguida para seu quarto. Toma um banho, liga em uma série e começa assistir.

WHATS ON

— Vitor? Está por aí?
— Oi! - responde.
— Está tudo bem com vocês?
— Sim! Sai do banho agora e Vitória já está dormindo.
— No quarto dela?
— Sim! A deixei dormindo lá.
— Entendi! Aconteceu um coisa chata...
— O que?
— Um jornalista havia me recepcionado mais cedo ainda no aero. Ele me abraçou e tal e me cumprimentou, desejou bom show e etc. Quando foi agora de noite, tem 1 hora mais ou menos, ele soltou uma matéria que recebeu informações que eu estaria grávida e que os fãs estavam especulando, que aquela minha publicação dizia alguma coisa... Enfim! Quando comecei o atendimento ao público várias pessoas me parabenizando pela gravidez, outras dizendo que eu não precisava esconder... Uma coisa bem chata mesmo!
— Entendo... Mas fique tranquila!
— Estou...
— O que respondeu às pessoas?
— Apenas sorri!
— Conte as pessoas que está grávida... Depois faça uma publicação e anuncie!
— Mas você disse que não queria transformar isso em notícia.
— Mas está te chateando... Não tenho esse direito.
— Estou bem! Não farei nada... Enfim...
— Hum... O que esta fazendo?
— Me preparando para subir no palco!
— Então faça um bom show e vá se preparar direitinho...
— Estou indo... Beijos! Vitor olhe Vitória... Não a deixe sozinha!
— Não estou deixando! Beijos

WHATS OFF

Deixa o celular de lado e assiste sua série até de madrugada. Escuta a filha chorar no quarto dela e vai até lá.

— O que foi filha!? - se aproxima do berço.
— Toti! - olha para ele.
— Vem! - a pega. Vamos fazer!

Vitor faz a mamadeira de Vitória e a leva para seu quarto. Deixa a filha dormir com ele e enquanto ela dorme começa a pensar no futuro, na casa com mais filhos, na correria, no distanciamento que mesmo inconscientemente Paula terá dele. Pega o celular, busca a foto da ultrassom dos gêmeos e abre.

Há dias especiais. Há pessoas especiais. Há momentos especiais. E há uma eternidade inteira especial quando se trata de ser feliz. Aqui a felicidade tem reinado, em dobro, assim como o agradecimento, as benções e a vida! Nosso amor é além e agora entendo porque... @paulafernandes. Agradecemos pelas felicitações, e contamos com o respeito de todos nesse momento tão íntimo. Por aqui tudo corre bem! ♥️♥️

Pública no Instagram informando sobre a gravidez. Desliga o celular, cobre a filha e pega no sono. Quando Paula sai do show é notificado por Cíntia de que ele fez o anúncio.

— Está falando sério? - pega o celular e vê. Que lindo! - sorri. Nossa família! - olha para prima. Já imaginou isso? Eu ter tudo isso de filhos? - riem.
— Nem no meu mais perfeito sonho para você!
— É inacreditável!

Paula finaliza as coisas no local e segue direto para o aero, embarca em seu jato e retorna para Uberlândia.


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