12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 12
Relacionamento sério




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Entro no apartamento cerrando o pés. Ouço a TV, Nilmar provavelmente está na sala:- Por acaso a TV do seu quarto estragou?

Nilmar:- Não. Mas saio a programação, já notifiquei alguém pra arrumar. Algum problema?

Nego com a cabeça:- Mamãe já se deitou?

Nilmar:- Creio que sim. Mas procure no quarto dela.

Desejo boa noite e saio m direção ao quarto dela:- Dormindo?

Dulce:- Entra. Chegou agora? Como foi?

Suspiro cansada:- O show foi ótimo.

Dulce:- E o Vitor? Não iam passar uns dias juntos?

Sinto uma sensação esquisita, não sei se agi bem ou...:- Nós brigamos!

Dulce:- Novidades?

Me sento e conto tudo o que houve, ela e olha como se não acreditasse no que estivesse dizendo. Desaprovando minha atitude:- Mas se nunca haverá tempo pra nós?

Dulce:- Mas cobrar dessa forma? Ah, Paula! Não é assim também. E ainda falar de Henrique? Não estou defendendo ninguém, apenas abrindo seus olhos. Se vão ficar juntos é melhor que cresçam. Henrique já foi minha filha...

Interrompo:- Falei pra irritá-lo!

Dulce:- Começou bem! Sinceramente Paula... com Vitor você precisa ser mais adulta. Até porque de criança já tem ele na história.

Ela continua falando e meu sentimento de culpa vai crescendo, fazendo com que eu passe a noite me revirando. Sem dormir direito olho no telefone a cada minuto, nada dele. “Se ele se sente o certo não vai tentar corrigir nada...” E NA VERDADE, ele não tem o que corrigir, pelo menos não nisso...

O dia amanhece e tomei uma decisão. Me apronto, falo com a Cintia e desço pro café:- Bom Dia.

Solange:- Paulinha, você pode tentar pegar uns autógrafos com os seus amigos?

Sorrio pra ela:- Sim!

Dulce:- Cintia falou que você vai pra Uberlândia.

Começo a comer:- Sim, vou tentar falar com ele antes que me troque por outra.

Dulce:- Quero muito que dê certo Paula. Muito mesmo! Sei que era tudo o que você sempre esperou. Faz por onde ser melhor... Você sabia que ia ser assim.

Olho pra Solange:- Sol, eu estou namorando o Vitor, como você está vendo... Mas não gostaria que ninguém fora daqui soubesse ainda, tudo bem?

Solange:- Claro, não direi nada. Felicidades!

Sorrio:- Vou tentar!

Me despeço e parto pra Uberlândia.

Passei o dia no estúdio, enquanto fico por lá me distraio de pensar em ontem. Mas, agora indo pra casa pego o celular pra conferir se há algo dela. Como esperava, nada!

Diva:- Olá... Mariléia ligou e sua mãe também. Seu pai mandou uns boletos pra você. Condomínio, prédio e telefone quitados.

Já entro rindo:- Calma! Mas que ótimo, não precisarei ir ao banco. Quais boletos ele mandou?

Diva:- Uns da moto dele.

Faço careta:- É mole!? Vou tomar um banho e depois terminar de passar uns arranjos ainda...

Diva:- Ou seja, dia no quarto!

Saio andando:- Ponto pra você. Me prepara algo pra comer.

Entro no quarto e já organizo arranjos já passados, outros inacabados:- Eu mereço, viu!?

Vou ao outro quarto e pego a guitarra, no momento, me lembro de Paula e sinto um desconforto tão grande.

Diva está atrás de mim:- Acho que você deveria dormir um pouco.

Saio carregando o instrumento:- Tenho que entregar isso hoje! Esse CD está atrasado demais. Hei, você pegou seu pagamento?

Diva:- Não se preocupe, depois você vê isso. Ainda tenho um extra que você me deu no aniversário.

Vou até meu closet, na parte dos documentos:- Eu já ia esquecendo! Fala pro seu filho vir falar comigo amanhã. Falei com o Leo, ele disse que vai empregar ele lá no Estúdio. Não esquece.

Diva:- Ai Vitor... muito obrigado mesmo!

Assino o cheque dela:- Toma aqui. Vou passar o seu pagamento pra minha mãe. Não estou tendo mais tempo pra mexer em metade disso tudo!

Diva:- Já disse pra não se preocupar. Vou lá preparar seu almoço.

Assim que ela sai entro no banho “a ultima vez que estive aqui, foi com Paula”. Evito pensar e me apresso, e em pouco tempo já estou na cama. Tento fazer as partituras deitado, volta e meia cochilando.

Desembarco em Udia e vou pro apartamento do meu chato com o coração na mão. Entro no prédio com facilidade, “ele deixou me nome na portaria...”.

Diva:- Bom Dia!

Sorrio pra ela:- Tudo bem? O Vitor está? Você deve ser a Diva...

Diva:- Sim, minha querida. Entra! Vitor está no quarto, chegou agora de manhã do estúdio. Se não tiver dormindo... Vai lá, você já sabe onde fica.

Sinto meu rosto ruborizar, ela já sabe do que aconteceu aqui. Caminho em direção ao quarto e, quando chego ele está dormindo com a cama lotada de partituras e a guitarra ao lado. Tiro os sapatos e coloco a bolsa no chão.Não me atreveria a acordá-lo, então pego os papéis e começo a analisar. A vontade que tenho é de ficar aqui o resto da vida vendo-o dormir. Passa alguns minutos e ele se mexe, penso que acordou, mas só mudou de posição. Então decido me levantar e deixá-lo ali. Vou ao closet e começo mexer nas roupas dele. Rio com a forma que tudo é separado, nada que o faço perder tempo demais procurando. Tudo prático e simples, em resumo Vitor Chaves Zapalá Pimentel.

Vitor:- O que está fazendo?

Quando vejo ele está na porta me olhando. O cabelo bagunçado da cama, a roupa amarrotada e a cara de quem ainda não dormiu nada me fazem sorrir:- Só olhando.

Ele se aproxima mas não o quanto eu desejava:- O que você veio fazer aqui?

Meu sorriso se desfaz:- Me desculpa.

Vitor:- Não queria desapontar você, mas o que você falou... Você foi muito criança! Se ele te tinha tempo, ótimo! Mas você conhece e reconhece o meu trabalho, ou melhor, mal falamos do que faço agora.

Me aproximo dele:- Eu sei...

Vitor:- Não, você não sabe. Quando algo não sai como você quer...

O interrompo:- Chega Vitor... chega. Eu só queria passar um tempo com você, nem que você fosse por poucos dias só meu. Pra conversamos, nossa... quanta coisa falta conversarmos. Me desculpe se quis demais.

Ele me encara:- Eu também quero tudo isso. Mas temos que reconhecer que devemos administrar junto dos nossos compromissos. Eu não podia atrasar mais trabalho, deixar pela metade. Isso não significa que eu te ame menos, me preocupe, me importe...

Fico em silêncio por um tempo, quando volto olhá-lo, ele ainda me fita:- Quer que eu vá embora?

Ela nega com a cabeça e se aproxima:- Não faz mais isso. Nós teremos muito tempo ainda!

Sorrio e ele abraça:- Prometo não te incomodar, vou ficar quietinha...

Ele ri e me beija:- Você é uma espécie de vicio nada bom.

Rimos enquanto voltávamos ao quarto, nos deitando na cama. Ele afasta todos os papéis, retira a guitarra:- Não quero te atrapalhar Vih.

Ele se entrelaça em mim:- Xiu...

Rio dele:- Não quero causar problemas...

Vitor:- Você é um problema. Lembra?

Rio baixo e quando tento dizer algo, ele me impede com a mão em minha boca. Sabendo do cansaço dele e do meu, o silêncio, nossos olhos, nossos corações batendo tão perto um do outro, acabo que me deleitando daquele momento com o coração, dessa vez, grandioso ao ponto de explodir. Era aqui que sempre quis estar, minha respiração cruzando a dele. Eu estava! E faria tudo agora pra não sair nunca mais.

Quando me levanto Paula ainda dorme, “isso porque eu quem estava cansado”. São 13:00h e um cheirinho de comida chega manso no quarto. Deixo Paula deitada e vou até a cozinha:- Que maravilha!

Diva:- Já está quase pronto. Cadê ela?

Vou até a geladeira:- Dormindo, mas jájá ela levanta...

Diva:- Deixa ela dormir.

Fecho a geladeira sem encontrar o que queria:- Diva a geléia acabou?. Já são 13:00h passou da hora de levantar (rio). Brincadeira, mas ela tem que almoçar, eu tenho que sair. Vou lá chamá-la. Ajeita aí que já venho.

Vou para o quarto ouvindo Diva de longe dizer que a geléia acabou:- Hei!? Paula...

Puxo o cobertor e mexo nela:- Vamos... acorda.

Ela se vira pra mim com cara de quem odiou aquilo:- Eu sei que Henrique deixava dormir até tarde e blábláblá... Mas tem muito trabalho hoje!!!

Paula:- Você não está fazendo isso!

Rio e a puxo, levantando-a:- Vem minha Pulinha, passou da hora.

Ela agarra meu pescoço e resmunga, começo a rir:- Nada...

Nos aprontamos e vamos pra cozinha:- Diva, Paula Fernandes.Paula Fernandes, Diva.

Paula ri:- Já nos conhecemos.

Diva:- Você é muito mais bonita pessoalmente. Uma boneca.

Olho para ela:- Minha boneca.

Ela vem até mim e se senta:- Cheiro está ótimo.

Diva ri:- Espero que a comida também esteja.

Rio dela:- Faça tudo como se fosse sua última chance de ficar nesse emprego.

Elas riem:- Tem certeza que faria isso?

Pego um vinho:- Não me atreveria. Tome Paula.

Paula:- Obrigado, que delicia...

Começamos a conversar, almoçamos e ate ajudamos Diva na bagunça:- Agora tenho que ir pro estúdio. Paula, se quiser, vá pra casa da Tati.

Paula:- Ta tudo bem, posso ir pro estúdio com você.

Sinto que ela ainda se sente desconfortável em estar com a minha família, mesmo que seja com Tatianna:- Ta bem. Pronta?

Ela pega a bolsa e saímos.

Chegamos ao estúdio e fomos para um sala:- Posso me sentar aqui?

Vitor me olha:- Claro.

Começo olhar em volta:- É estranho e ao mesmo tempo uma sensação boa de entrar em um estúdio pra ver alguém trabalhando e não ser vista.

Ele ri e me beija:- Hoje você não será cantora. Será... namorada de um cantor?

Rio dele:- Provarei dessa sensação.

Fico observando ele gravar os arranjos, repassar com o pessoal que estava gravando. Revisar, ás vezes bufar de raiva quando algo dava errado e ele teria que recomeçar. Hora ou outra ele me perguntava o que eu achei. Teve u momento que ele se sentou e ficou quieto, sem fazer nada, como se estivesse pensando:- Tudo bem?

Ele olha na minha direção:- Sim. Vamos?

Vou até ele:- Tudo bem mesmo?

Ele se levanta me beija:- Mesmo. Estava repassando mentalmente o que falta (ri). Mas por hoje acabou!

Sorrio:- Para onde nós vamos agora?

Vitor:- Pessoal está todo na casa do Leo. Nós vamos para lá.

No instante em que ele fala meu coração amarra:- Mas Vitor, eu nem...

Vitor:- Você está linda. E calma... ainda não vou anunciar oficialmente, mas, já saberão. Por falar nisso... nós podíamos ainda fazer o jantar por estes dias. Fazemos um aqui e outro e BH. Tudo bem para você?

Penso na ideia:- Está bem, mas é que isso dá um trabalho...

Ele me interrompe:- Já está tudo pronto! E sua mãe vem vindo com seu irmão, Cintia, Monteiro e Bia. Convidei eles por serem mais próximos, mas...

Interrompo:- Tudo pronto? Minha mãe, Monteiro? Qual parte eu perdi?(rio)

Ele ri:- Havia falado com minha mãe, ela e Tati estão preparando tudo. Nós vamos pro Leo agora, porque será lá e você fica por dentro de tudo e vai poder fazer do seu jeito, claro. Tati já me ligou dizendo que minha mãe está esperando nós. Mas antes... você trouxe alguma roupa que queira usar hoje? Se não, podemos passar em algum lugar pra você comprar... enfim.

Mal consigo processar toda a ideia:- SIM... Imaginei que poderíamos ir a algum lugar.

Vitor:- Ótimo. Vamos? Quero passar em um lugar antes.

Pego minha bolsa e saímos:- Onde você vai passar?

Vitor:- Em uma mestre de chocolate aqui em Udi, encomendei alguns.

Sorrio e partimos:- Na sua encomenda tem um pra mim?

Vitor ri:- Desculpe-me , mas, você não faz parte muito dos meus planos.

Rio dele:- Ah, claro! Perdão...

Vitor:- Tem sim (ri). Sempre que eu comia um de banana lembrava da sua mãe, daquele doce maravilhoso que ela faz, o que é aquilo!? (FAZ CARETA). Então peguei uns pra ela.

Passo a mão no cabelo dele:- Isso faz parte de algum plano?

Vitor:- Não, claro que não... (ri). Não faz parte do plano de conquistar a sogra, faz mais parte do plano de... “será que tem como me mandarem aquele doce sempre?”

Me acabo de rir:- Você não existe...

Vitor:- Mas, agora falando sério...

Me viro pra ele novamente:- Diga...

Vitor:- Ela ainda faz aquele doce? Porque realmente era muito bom, eu ia na sua casa só pra comer.

Rio:- Ah... então você ia pra comer?

Vitor:- E raras vezes ia pra ver você.

Ele para o carro, chegamos:- Já compreendi o ponto alto da nossa relação.

Ele ri:- Comida. Quer descer? Ela é maravilhosa nos doces, vem ver.

Acompanho ele, em menos de 15 minutos lá dentro já tinha motivos para não querer sair. Converso com a dona do local, que fez questão de nos atender. Muito gentil prepara uma mesa de experimentação com os melhores chocolates que eu já pude ver. Saímos eu e Vitor com as mãos lotadas. Ele coloca as dele no carro e vem pegar as minhas:- Só não vá comer.

Vitor:- Não garanto nada. Vem..

Partimos agora rumo a casa de Leo, que particularmente eu ainda não havia conhecido:- Gostei muito do de doce de leite. Foi lá que você encomendou os do seu casamento?

Vitor está em luta com um papel, tentando comer o chocolate:- Foi. O de doce de leite é meu favorito também.

Estico a cabeça pro lado dele tentando ver de que sabor era o que ele estava tentando comer:- Esse aí é do que?

Ele estica o braço pra colocar na minha boca:- Nem sei...

Começo a rir e acabo me sujando:- Acho que é de frutas...

Ele vê e me beija pra limpar:- É, deve ser...

Seguimos rindo até chegarmos ao condomínio:- É lindo.

Vitor:- Mais ainda lá dentro. Ah... podemos conhecer o meu amanhã bem cedo, tem um lugar maravilhoso que sempre adoro ir. E assim, você pode decidir onde quer morar.

Concordo com a cabeça processando a ideia “onde você quer morar..”, e entramos com algumas sacolas de chocolate que ele trouxe para família.

Chegamos e Leo está na piscina, realmente o calor está de...

Leo:- Não estou acreditando!

Eu e Paula estamos de mãos dadas:- Até parece que não sabia.

Leo ri:- Assim você estraga minha surpresa. Cunha?

Paula se solta de mim e vai cumprimentá-lo:- Acho que sim.

Ele vem me da os parabéns e entramos para casa. Pisando o pé dentro foi como se uma bomba tivesse explodido na porta, todos olhos. Mas também, com Leo falando alto daquele jeito não poderia ser diferente:- Boa tarde.

Minha mãe se aproxima:- Paula, seja bem vinda, mais uma vez né? (ri)

Paula:- Muito obrigado.

Marisa:- O jantar hoje é seu, pra sua família que agora também vai ser nossa.

Elas começam conversar junto ao resto do pessoal que estava junto, incluindo tia Léia, minha irmã que veio para o jantar, Tatianna e mais um pessoal. As apresentações são feitas, os detalhes do jantar também:- Pulinha, o voo já deve estar pra chegar. Vamos?

Paula:- Vamos.

Saímos rumo ao aeroporto, combinamos de pegá-los metros depois, e assim é feito. Aguardamos ainda aproximadamente 15 minutos até que Dulce liga pra Paula dizendo que está à caminho:- Ali eles.

Descemos do carro e o aguardamos do lado de fora:- Boa tarde, quase boa noite...

A primeira que cumprimento é Beatriz, esposa do Monteiro:- Tudo bem? Seja bem vinda.

Beatriz:- Muito obrigado pelo convite.

Monteiro se aproxima:- Obrigado mesmo.

O cumprimento:- Sem agradecimentos, por favor.

Vou até Dulce, desde que tudo aconteceu não falo com ela:- Como vai?

Dulce:- Quanto tempo, não?

Olho pra ela:- Mas que o necessário?

Dulce:- Isso conversaremos depois.

Rimos:- Obrigado por ter vindo.

Dulce:- Espero que você possa ir a BH também.

Paula vem até nós:- Em breve.

Seguimos para o carro:- Agora vocês mudarão de rota. Não será mais GO, será ainda MG.

Eles riem:- Não estou brincando...

Paula:- Estamos vendo.

Paula se sentou na frente comigo:- Principalmente você, temos muito o que acertar.

Dulce:- Nisso eu concordo.

Vamos o caminho todo conversando. Ficaram hospedados na casa do Leo, pelo meu apartamento não caber todos:- Vamos para o Leo, como foi combinado com vocês.

Paula:- Lá é maravilhoso.

Paula começa a falar do condomínio, eles conversam sobre a segurança e afins. Ao chegarmos minha mãe os recepciona e já se apronta a conversar com Dulce. Quando as observo, ela me chama:- Sim?

Marisa:- Só para avisar que amanhã conversaremos, um almoço em casa.

Concordo com a cabeça e sorrio:- Como quiserem.

Paula se aproxima:- Podemos ir? Quero me arrumar.

Organizo algumas coisas e partimos ao meu apartamento.

Chegamos ao apartamento dele procuro por Diva:- Queria convidá-la.

Vitor:- Faremos outro. Ela já foi...

Percebo que desde que cheguei o único momento que ficamos a sós foi no carro, que ainda não tínhamos ficado mais... confortáveis.

Vitor:- Você vai tomar banho?

Seguimos para o quarto:- Posso ir primeiro? Demoro mais pra me arrumar.

Vitor ri:- Não duvido disso. Vai lá, vou organizar umas coisas aqui.

Vou para o banho e Vitor me acompanha, crio uma esperança de que ele venha comigo, mas ela para na cama e pega a Guitarra.

Vitor:- Vou repassar um arranjos.

Sorrio e vou pro banheiro. Enquanto ligo a ducha consigo ouvi-lo na guitarra e me sinto tão bem. É como se eu não tivesse a responsabilidade de ser A PAULA FERNANDES mais. Ele agora estava para mim também. Começo meu banho com o cheiro que ele tem se alastrando no banheiro, “isso é maravilhoso”. Minutos depois alguém bate na porta, é quando percebo que a guitarra parou:- Oi?

Vitor:- Posso entrar?

Rio sozinha:- O banheiro é seu.

Ele entra deixando a porta aberta:- Já saio.

Ruborizo um pouco com o fato dele estar ali me vendo. Ele tem uma maneira de olhar que desarma e faz com que a gente recue:- Algum problema?

Ele encosta na parede:- Nenhum. Só vim me barbear...Mas você

Diminuo a ducha para ouvi-lo:- Está bom assim...

Ele ri:- Você quer que eu saia?

Rio com ele:- Não, não mesmo...

Ele começa a tirar a roupa, e meu coração parece queimar devagarzinho, consumindo mais minha pele.

Vitor:- Isso não me lembra nada...

Rio enquanto ele me abraça:- Nem a mim...

Ele escorrega as mãos nas minhas costas, o que me faz me contorcer nos braços dele. Fico sem reação, não é algo em que eu possa dominar meus movimentos, pelo contrário, sinto meus ossos se amolecerem, meus músculos decidem tirar folga e apenas... deixo que ele conduza cada toque, onde respondo só me contraindo mais para ele. A gente se entende tão bem, nosso dialogo tão íntimo, quase sussurrado é travado a todo segundo seguido de um beijo. E aqueles momentos de água, eu e ele, só será nosso segredo até nosso último suspiro:- A água parece ser um elemento que nos persegue.

Ele acaricia meu rosto:- Toda vez que chove eu ainda me recordo.

Eu não resisto ele tão pertinho de mim, sorrindo. Quando vou falar algo ele balança a cabeça fazendo careta, rio mais uma vez.

Vitor:- Você rindo é a melhor canção que eu já ouvi na vida. Se você pensa em ser uma excelente compositora, peça conselhos ao seus pais...

Sorrio:- Você pensa em compor nesse sentido?

Vitor:- Assim que você quiser...

Passo a mão no cabelo dele:- Não pensava em filhos em com Henrique, quero dizer... não de uma forma sólida. Era um tipo de ilusão, coisa de qualquer casal.

Vitor:- Nem e o Henrique, nem a Cláudia, nem ninguém mais... agora são Paula e Vitor. Eu, você, a água...

Nos beijamos como se fosse “dependêssemos daquilo para viver”, o respirar dele cruza o meu interior,me faz queimar de mansinho:- Como você pode fazer isso comigo?

Ele parece lutar com a respiração:- Sinto seu corpo cair em mim. Me sinto responsável por ele. E é a responsabilidade mais prazerosa da minha vida... sem medos, sem cobranças... e eu consigo ser só para você.

Mais alguns segundos e já posso dizer que morreria feliz se o tempo parasse aqui. Ele me tira do banheiro e faz da cama mais uma confidente do nosso segredo íntimo. É como uma música boa, aquela em que repetimos várias vezes por nos fazer tão bem. Aquele momento era bem mais que a repetição da música.

Me levanto assustado com o barulho do celular. 7 chamadas não atendidas do Leo, Tatianna, mamãe... Esfrego os olhos e me dou conta da bagunça que fizemos do banheiro ao quarto. Me viro automaticamente e não encontro Paula:- Paula?

Paula:- No banheiro.

E levanto e vou até ela:- Preciso me apressar?

Paula ri:- O mais rápido possível. Extrapolamos o tempo...

Vou pra ducha enquanto ela já está praticamente pronta:- 10 minutos...

Paula:- Em 5 seria melhor. Eu só falta o vestido e o batom...

Rio:- Quanto tempo você está acordada?

Paula ri:- Faz uns 90 minutos.

Demoro um tempo pra responder, termino e banho e vou pro quarto me secando:- Percebo.

Procuro uma roupa e em minutos estou pronto.

Paula está pondo o vestido:- Você fica lindo com o cabelo molhado e sem pentear.

Começo a rir pegando o fixador:- Mas é melhor não arriscar sair assim.

Paula:- Concordo. Fecha aqui pra mim?

Vou até ela e puxo o zíper do vestido:- Prontinho.

Paula:- Penteie para trás, fica lindo.

Sorrio e faço como ela pede:- Assim?

Ela se aproxima:- Exatamente.

Termino de me aprontar e saímos:- Me esqueci de uma coisa. Espera aqui.

Volto ao quarto, ao cofre e pego o que esqueci, assim, retorno a sala:- Vamos..

Paula:- Espera! Deixa eu ajeitar isso na sua camiseta.

Ela arruma um botão que coloquei errado e saímos:- Por sinal, você está linda.

Ela me beija e pegamos a estrada rumo ao condomínio do Leo.

Quando chegamos, de início, somos atropeladas por broncas sutis de atraso:- Desculpe o atraso, tivemos um imprevisto.

Ouço Vitor ri enquanto cumprimenta uns amigos:- Olá...

Vitor:- Rosa, Mônica, Hugo, que você já conhece...

O rapaz do último jantar:- Como vão?

Rosa:- Você tem um talento indescritível. Conheci sua mãe, muito jovem!

Sorrio pra ela:- Muito obrigado.

Começamos a conversar enquanto outras pessoas vão se aproximando, inclusive minha mãe:- Oi...

Ela sorri:- Está tudo lindo.

Seguro a mão dela;- Ainda não consegui ver tudo.

Vitor:- Foram buscar a Cintia e o Nilmar?

Dulce:- Cintia ligou no seu celular Paula um milhão de vezes, e ninguém atendia. Daí quando ela ligou pra mim, falei o local e ela veio de táxi, mas o Nilmar não pode vir.

Vitor se vira pra mim:- Eles marcaram um voo separado.

Faço que entendi. Os minutos se prolongam entre em um assunto e outro; recebendo o pessoal eu e Vitor nem conseguimos nos falar sobre como tudo ficou. Sigo para onde estão servindo as bebidas e ele se aproxima:- Gostou?

Vitor pega uma bebida pra ele:- Muito. Mas estou tão cansado que acelerava tudo.

Rimos:- Dois. Estava pensando... toda essa gente já começa a fazer parte de nós dois. Como se agora eles também tivessem um papel no que seremos um para o outro pelo decorrer do tempo.

Ele encosta na bancada:- Você acha isso ruim?

Bebo um pouco,coloco o copo na bancada e me aproximo dele:- Acho que não.

Ele sorri e nos beijamos. Naquele instante nem percebemos que alguém se aproximava.

Marisa:- Desculpa...

Vitor bebe mais um pouco:- Não vou te desculpar mãe.

Marisa ri:- Engraçado que nunca havia visto vocês se beijarem.

Vitor ri:- É... vai demorar muito pra servir?

Marisa olha pra mim:- Vim perguntar isso a vocês, quando quiserem mandamos servir.

Paula:- Então (olho pro Vitor) agora?

Ele aprova com a cabeça e caminhamos junto rumo a sala de jantar:- Pessoal, nós vamos servir.

Todos se acomodam enquanto o jantar é servido. Seria meio obvio dizer que Vitor e eu nos sentamos lado a lado. Me estico em direção a ele e falo no ouvido:- Teremos que falar alguma coisa?

Ele ri baixo e me responde:- Você não, mas eu...

Me ajeito na cadeira e vejo Marisa mandar um sinal pra que Vitor comece. Observo ele se levantar e se aprontar pra falar, enquanto espera os outros olharem em sua direção.

Vitor:- Primeiro quero agradecer todos que aceitaram o convite de estar aqui hoje, de poder fazer parte desse momento que pra mim é muito importa. Creio que poucos aqui sabem da minha relação com a Paula há anos. Foi uma coisa muito natural – enquanto ele fala foi concordando com a cabeça e sorrindo – nós não prevíamos nada do que nos aconteceu. Foram anos de conflitos, decepções, enganos, acertos em que acabávamos sempre estando juntos. E acredito que nesse momento não poderia ser diferente. Muito do que passamos é um segredo oculto dentro de nós que carregamos arduamente por longa estradas até nos encontrarmos preparados para estar aqui hoje. Sei dos meus erros, do tamanho dos meus defeitos e da forma que ela me mostrou que amava e estava pronta pra lidar com eles, assim como eu sinto que esteja pronto pra lidar com os dela. É uma relação de companheirismo, de ajuda... porque nos ajudamos muito. Ela me faz crescer e quero ter o mesmo efeito nela. Já passei por vários relacionamentos e aprendi muito com eles, e toda essa bagagem só somou para que eu estivesse nessa noite aqui, ao lado de alguém... que não só me faz melhor, como sempre me fez ver o melhor que eu tinha em mim. Então vocês que estão compartilhando desse exato momento, tenham a certeza que aqui abro uma das mais importantes fases, se não a mais importante... fase de uma vida eu estou redescobrindo ao lado dessa pessoa, minha Pulinha. E não pensem que estamos namorando agora... – ele estende a mão para que eu me levante – porque somos casados há mais de 10 anos...

O abraço enquanto nos parabenizam pelo novo tempo:- Vou ter que dizer algo?

Riem me dizendo que seria bom..:- Enfrentamos muito, não? – ele ri – mas estamos aqui. Só quero mesmo estender meus agradecimentos e dizer que a partir desse momento eu... já começo a aprender muito mais do que poderia imaginar. Obrigado!

Me emociono e Vitor volta a me abraçar emocionado também:- Obrigado...

Ele limpa meu rosto:- Eu que agradeço...

Voltamos a nos sentar e o jantar é servido. Não posso dizer que foi algo tão íntimo, mas foi mais do que esperava, tanto dele quanto de todas as pessoas. Foi o momento que eu percebi que realmente era verdade o que estava acontecendo...


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