Juntos Por Ela escrita por Little Flower


Capítulo 9
Crise


Notas iniciais do capítulo

Ah! Não perdão gente, eu sei que prometi que postaria daqui a 3 semanas, mas não deu!
Notebook nuevo o/ agora terei meio para postar sem cessar galera!
Obrigada pelos comentários, muito obrigada mesmo! E aos leitores novos, sejam bem vindos!
Capítulo dedicado primeiramente a: America Prior que recomendou a fic e a Aninha que me ajudou em algumas coisinhas!
CAPÍTULO EDITADO :)



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[Tris]

Minha primeira reação é estancar. Penso comigo mesma: A segunda é correr em direção a ele e apertar seu pescoço com toda a força que existe em meu ser. A terceira é lhe dar um soco bem certeiro naquele rosto perfeito.

Porém só o que eu faço é ficar parada. Vontade não era o problema, entretanto eu não tenho certeza que fosse capaz de realizar uma dessas coisas.

A questão é que eu estou me sentido traída de todas as maneiras possíveis... Primeiro eu o encontro em meu quarto e depois com meu diário em suas mãos. A raiva retorna.

Eu tenho certeza que ele leu. Cada linha, cada página. Tudo! Posso ver os vestígios de lágrimas em sua face, quão triste estão seus olhos, que irritantemente não param de me fitar. Porque mais ele estaria naquele estado? Seria culpa? Eu espero que sim. Já estava na hora!

Ao pensar isso me sinto estranha. De uma forma ruim. Ignoro.

Semicerro os meus olhos e deixo meus lábios numa linha reta por um instante antes de explodir, como um dispositivo esperando o carregamento... Observo sua estrutura caída, esvaindo qualquer sombra de dúvida de que ele sabia agora, ele lembrava o que havia me feito. Eu estava decidida a colocar uma pedra nisso, porém agora ponderando eu não sei se realmente o perdoei. Parecia ser a coisa certa quando Aninha chegou em nossas vidas...

E eu me lembro do meu sangue pulsando em minhas veias...

98%... 99%... 100%

— Eu disse para largar meu diário! — falo entre dentes, é a primeira coisa que me vem à mente. Estou muito irada com a sua ousadia, mesmo que sabe-se lá o que ele está sentindo. Não é como se ele se importasse não é? Eu provei de sua irrelevância durante tanto tempo que nem acredito que as palavras contidas no diário tenham lhe abalado. Não. Isso nunca. Mesmo que ele esteja mudado. Isso não estava ao alcance de Quatro.

Com este pensamento, eu avanço para ele com a finalidade de arrancar meu confidente de sua mão. Porém ao chegar mais perto ele ergue a mão para me entregar, com a expressão perturbada. O que me faz vacilar um pouco.

— Desculpe-me, Tris. Não era minha intenção... — ele começa, mas antes que eu perceba o interrompo.

— Não era intenção o que? Se aproveitar enquanto não estou para vasculhar minhas coisas? Ler meu diário?! — eu altero a voz.

— Por machucar você. — ele murmura.

Tudo cessa ao redor por um minuto. Perco o ar. Eu não esperava aquilo, não agora, depois de tanto tempo... Não quero reviver de novo.

Eu volto cinco passos para longe.

— Do que está falando? — eu digo. Tentando desconversar.

— Não faça isso, Tris. Você sabe muito bem onde quero chegar... — ele diz com uma expressão de indagação.

— Olha, Tobias, eu sinceramente não quero falar sobre isso... — e é verdade.

— Por favor, isso é importante! — ele súplica tanto com o tom como com os olhos.

— Importante porque?

— Pois se trata de você... Do que sentiu, a ferida que causei... droga, eu fui um idiota! – ele diz perturbado.

Dou de ombros.

Olhando para um quadro ao invés de seu rosto.

— Porque você quer ignorar isto? Você devia estar me batendo ou gritando impropérios. O melhor que sabe fazer para agredir alguém! — diz ele ainda mais aturdido.

— Você espera o que? Que eu diga que o perdoo? Por ter se portado como um babaca? Eu não acho que seja preciso. Você pode ver sozinho! — eu digo sem hesitar.

Cruzo os braços depois de jogar o diário em cima da minha cama. Não sinto pesar nem remorso por estar sendo cruel. Apenas sinto um aperto no peito conhecido.

— Eu estraguei tudo. — ele sussurra. Pisca os olhos freneticamente, mirando em mim. — foi por isso não foi? Que nossa amizade terminou...

Balanço a cabeça.

— Não, não foi. Desde muito tempo estava definhando, mas com seus empurrões eu passei a te odiar. Ah! E seus amigos também ajudaram bastante! — eu dou uma piscadela.

Ele abaixa a cabeça.

— Você nunca vai me perdoar não é? — indaga infeliz voltando a mim.

Abro a boca para dar a resposta, entretanto não sai som algum. O que eu digo? Que sim? Que sou tão fria e maléfica que não sou capaz de lhe livrar desta culpa? Que o efeito de ter conhecido Aninha não tenha me mudado nadinha?

Ainda pensando eu dou de ombros.

— Eu preciso que fale, Beatrice. Estamos num diálogo, não num monólogo. — diz ele aborrecido pelo meu comportamento.

Então eu me irrito também.

— Você quer que eu diga mais o que? Você não sabe o que passei além do que leu no meu diário! Não consta exatamente todos os acontecimentos. Alguns eu preferi não lembrar...

— Tris, não sabe o quanto eu sinto... eu... eu estava tão cego. Você tem que entender.

Eu mostro a mão, o fazendo parar de falar. Estou me cansando disso. Não quero que continue, pois certamente um de nós sairia machucado dali, tanto fisicamente como sentimentalmente. E eu aposto que eu seria a atingida.

— Eu acho melhor acabarmos aqui. — digo terminantemente. Olhando para ele, nunca o vi assim. Nem quando terminou com Lynn, ou quando perdeu um jogo. Ou quando seu pai foi embora. Talvez seja verdade. Por um momento eu me deixo sentir tudo o que ele sente e me arrependo.

Estou sendo tão horrível. Mas quando eu penso em tudo o que ele me causou eu me sinto mais aliviada, porque não é injustiça tratar ele assim. Meus pais discordariam da minha atitude, para eles o ato de perdoar era prioridade dos Prior. Eu agradeço por eles não estarem por perto.

Viro de costas.

Não quero mais vê-lo. Eu quero que o remorso não tenha lugar em meu coração. Porque meus olhos já estão queimando, eu não quero ser fraca, não nisso… Ele foi cruel comigo, mesmo sabendo que a maior parte desta culpa foi Eric e Peter, que havia o transformado num idiota como eles.

— Tris, por favor!

Apesar de discordar do que estou prestes a dizer, eu falo num tom agudo:

— Não quero seu arrependimento! Isso é pedir demais? Me deixe!

— O que? O que eu fiz não é algo banal, Tris.

A parte sensata da minha mente grita: Ele está pedindo perdão! Perdoe! Deixe de ser idiota, Tris! A parte insensata retruca: Deixe-o sofrer um pouco! Você está se saindo muito bem, garota! Ele merece!

É como se fosse o anjo de um lado e o diabinho do outro em meus respectivos ombros… Algo um tanto estranho e assustador. Eu entro em pânico por alguns segundos. Vendo o que estou fazendo. Vou enlouquecer!

Com a garganta travada e a voz esganiçada eu digo mais uma vez:

— Esqueça isso Tobias, que droga!

— Tris! Olhe para mim! — ele grita.

E eu dou um sobressalto. Eu não esperava aquilo.

Mas ao mesmo tempo em que ele grita ouvimos um 'baque' alto vindo do quarto de Ana. Sem ao menos pensar duas vezes, eu coro agoniada em direção ao meu bebê, com Tobias em meus calcanhares. Mas é ele quem abre a porta e entra primeiro, ao pousar meus olhos no cômodo, eles dilatam em terror. Seu pequeno corpo está ondulando freneticamente. Uma crise de convulsão.

Como pude esquecer Ana? Sozinha naquele quarto enquanto discutia minhas mágoas com Tobias? Sinto-me a pior das criaturas. Como pude abandoná-la? As lágrimas caem, quentes e embaçando minha visão...

Ajoelho ao seu lado, com Tobias mexendo as mãos incerto se deveria pegá-la ou não. Eu tenho a mesma dúvida. Mesmo que eu saiba o que fazer numa situação dessas.

— Temos de leva-la! — ele diz tão nervoso quanto eu. Seu braço roça no meu e eu me esforço para não reclamar.

Balaço a cabeça.

— Não. Ela pode correr risco se a removermos! Pegue um travesseiro! — minha voz treme.

Eu analiso sua fragilidade, seus olhos estão fechados, isto não é normal... Sua respiração ofegante. Não aguento! Sinto uma dor tremenda por lhe ver assim, tão pequena. Não podemos mais ficar parados ali, sem fazer nada.

— Esqueça o que eu disse! Vamos! — eu digo por fim indicando o carro.

...

Durante todo o trajeto o clima instalado entre nós não é dos melhores. Estou apreensiva enquanto o doutor não nos informa de nada. Eu sentada num sofá a 10 metros distante de Tobias, evito olhar em sua direção. O cheiro do hospital me faz estremecer, não que eu tivesse algum problema com agulhas, porém não é agradável.

Balanço a perna rapidamente, um ato de impaciência. Fico olhando as paredes de cor verde claro, o balcão da recepcionista, a porta onde o médico sairá certamente.

Ao avistar o doutor eu me ponho de pé prontamente. Tobias faz o mesmo.

— Pais de Ana Clara Eaton? — ele diz olhando na prancheta e depois para nós. O sobrenome me trás calafrios, obra de Tobias, ele quem preencheu a ficha enquanto eu permanecia ao lado dela antes de me chutarem de volta para ali.

— Não somos... — pigarreio parando de falar. Não gostaria de discutir isso aqui. Até porque não convém.

Tobias toma a palavra sem esperar que eu continue. Olho fixamente para o rosto do homem loiro e maduro, encontrando uma expressão sutil. Me alivio um pouco. Não é grave!

— Como ela está? — sua voz é carregada de preocupação.

— Bem, o seu quadro é estável. Controlamos tudo. Ao atende-la eu cheguei a pensar que seu problema estivesse vinculado à epilepsia, contando com seu estado, entretanto ao checar o resultado dos exames nada constou…Para sorte da criança. — ele sorri para nós.

— Obrigado, doutor.

— Apenas faço meu trabalho, jovem.

Trocamos um aperto de mãos.

— Podemos vê-la? — eu pergunto.

— Sim, é claro, é a filha de vocês. Sigam-me.

Ele nos leva até o quarto onde Aninha se encontra. Eu me sinto aquecida ao olhar seu rostinho sereno, o médico sugeriu que o melhor seria ela permanecer em observação naquele dia. E a velamos a noite inteira. Tobias de um lado e eu do outro.

O que provavelmente acarretaria consequências, como não ir à escola no outro dia. E bolas arroxeadas abaixo dos olhos, mas eu estaria feliz.

No que teria resultado aquela discussão caso Aninha não tivesse se acidentado?

Balanço a cabeça espantando o pensamento.

...

Ao voltar para casa, volto também a realidade. Quando coloco os pés dentro do quarto de Ana e me deparo com Tobias vejo o quanto ele está abalado, tanto com o acontecido com a bebê como por eu não ter o absolvido... Agora eu fico um pouco incerta se fiz bem em ignorar.

É como se tivesse sido construído um campo de força entre nós, no qual eu fui a projetora. Acaricio os cabelos loiros de Ana, pensativa.

Tudo dependia de mim e eu sabia disso... Uma palavra seria a chave do problema. Eu teria meu amigo de infância de volta. Não, não teria. Não é mais aquele menino com sorriso gentil quando eu tinha 6 anos.

Sinto o olhar de Tobias em minhas costas e isso me incomoda. Eu imagino seus braços me envolverem sutis ao redor de minha cintura e depois me virar num abraço quente. Prendo a respiração e arregalo os olhos. Mas não é fruto da minha cabeça, é real. Eu espero a cólera chegar a tona e acabar com aquele momento estranho para mim, entretanto não acontece. Eu até gosto do que aquela aproximação me faz sentir. Enterro meu rosto no vão de seu pescoço e inspiro seu perfume, apreciando o aconchego de seus braços dando-me conta a burra que estava sendo, fora de mim eu sussurro: "Perdoo você".

Trim! Trim! Trim!

O barulho me desperta e eu acordo do sonho maluco e tremendamente impossível. Estou suada. Eu rio depois de me recuperar.

Ridículo.

O sol está brilhante ainda, quase nenhuma diferença quando deitei para ligar para Chris e dizer o motivo de não ir ao colégio hoje.

Levanto no mesmo instante. Andando apressadamente em direção a minha menina e ao ouvir uns ruídos, como se estivessem chorando. A porta está entre aberta e eu espio.

— Eu estraguei tudo, meu amor... — dizia Tobias num murmúrio ninando Aninha em seus braços, pude o ver com uma expressão tão abalada que doeu profundamente em mim, mesmo eu me bloqueando.

Ele está chorando por mim? Eu estou cética.

Escuto mais.

— O que fiz não há perdão, eu sei. — ele esfrega o nariz com uma mão. — Não sei como será agora...

Eu decido que aquilo não me faz bem e corro de volta para o meu quarto, Aninha está em boas mãos. Fecho a porta e deslizo para o chão encostada nela.

O que eu fiz? Indago puxando meus cabelos e com o olhar vazio. Com meu estômago revirando e uma ardência na garganta.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
Beijocas e comentem muitooooo!