Juntos Por Ela escrita por Little Flower


Capítulo 19
Conflitos


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos! Quanta saudade de todos :) Primeiramente muito obrigada por continuarem a acompanhar a fanfic e minhas sinceras desculpas pela ausência. Como eu mencionei eu pretendo terminar se possível por esses tempos a história e espero que aproveitemos o tempo que resta até lá!
Espero que gostem do capítulo. Eu perdi a conta de quantas vezes foi reescrito haha



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[Tobias]

Eu fico intermináveis minutos processando a cena na minha frente. Marcus Eaton, a pessoa que eu mais detesto no mundo está ali, a poucos metros de distância.

— Saia daqui, imediatamente! — eu vocifero com toda a raiva que aquele ser humano é capaz de despertar dentro de mim, ainda que o sangue dele corresse — infelizmente — por minhas veias.

— Ora, meu filho, não seja tão rude, devo lembrar a você que essa casa pertence mais a mim que a qualquer outro... — o homem se levanta tranquilamente do sofá onde minutos antes estava estirado relaxado com uma bebida escura na mão. Como costumava fazer antigamente.

Fecho minhas mãos em punho soltando um grunhido abafado enquanto ele esboça um sorriso irônico nos lábios.

Não me deixo abalar tão pouco. Não mais, nunca mais.

Só depois percebo Rosa, com o semblante atordoado e olhos suplicantes, como se pedisse perdão por deixá-lo sujar a casa com sua presença. Não é culpa dela! Quero que ela saiba disso através de um gesto discreto com minha cabeça... Volto minha atenção a Marcus.

— Você esperava o que? Uma celebração com confete e abraços? Depois de todo esse tempo sem dar as caras ou qualquer notícia? Não que eu me importe. — Digo e entorto a boca fazendo pouco caso. O ar que respirei todo esse tempo em sua ausência fora tranquilizador.

Sua postura antes inabalável vacila embora o sorriso ainda permaneça ali.

— O que foi agora? O dinheiro acabou? — é a minha vez de sorrir ironicamente.

Ele bufa rindo cinicamente. Está claro que não é isso. Marcus jamais iria embora sem um centavo no bolso.

Sinto o toque da mão de Tris no meu cotovelo, fazendo com que eu abaixasse um pouco a bola. Não por estar sendo rude com aquele homem, mas para me tranquilizar. Fito seu rosto, a preocupação evidente estampada na face. Clara brinca com seu ursinho favorito alheia a tensão no cômodo, fico aliviado por ela não compreender ainda e espero que nunca seja preciso passar por esse tipo de coisa, se depender de mim ela terá todo o amor que precisa. Em meio aquilo tudo consigo sorrir minimamente acalmando assim meus nervos. Marcus encara a cena com ar de curiosidade e em silencio, mas como o conheço sei que a qualquer momento ele irá destilar seu veneno.

Não foi necessário esperar muito. Ele soltou uma risada alta com as sobrancelhas levantadas.

— Ora, ora, ora, se não é a caçula dos Prior, Beatrice, como vai querida? Devo chamar você de nora?

Tris bufa incrédula com tamanha ousadia do homem, nem mesmo se dando ao trabalho de responde-lo.

Ele estala a língua, sacudindo a cabeça e avançando dois passos em nossa direção.

— Onde está a garotinha educada de que eu me lembro?

— Ela cresceu e apenas a usa com quem merece. — ela rebate secamente se pondo ao meu lado agora.

Ele ri piscando lentamente esfregando as mãos, provavelmente se deliciando com a irritação de Tris, tão Marcus.

— E essa criança? Eu presumo que seja minha neta? — alterna a atenção entre nós três, o interesse aumentando.

— Isso não é dá sua conta, pai! — cuspo friamente, semicerrando os olhos e falando com desprezo a última palavra. Mas ele não se abala. O que aumenta a minha ira.

— Logo você aplicando o golpe da barriga? Inacreditável! — ele aponta para Tris com uma expressão ridiculamente fingida de espanto.

Aquilo é o estopim para que o meu nível de paciência se esgote. Como ele ousa surgir do nada e ainda por cima ter a coragem de vir até aqui e fazer um inferno na minha vida de novo? E pior, porque eu ainda estou aguentando esse teatro? Indago a mim mesmo.

— Chega, Marcus! Vá embora daqui ou eu mesmo te coloco para fora da minha casa!

Ouço o choro agudo de Clara ao meu lado o que toma minha atenção imediatamente, talvez tenha a assustado com a minha explosão repentina. Tris caminha para longe a ninando em seus braços tentando acalenta-la, ao mesmo tempo em que a expressão de Marcus se torna inteiramente tão sombria quanto sua alma podre, quando volto a encará-lo.

Aí está, esse é seu ‘eu’ verdadeiro. A fachada de marido e pai exemplar era usada para mascarar sua personalidade cruel e controladora, então para os que não conheciam a verdade sobre ele, seus amigos e famílias da alta sociedade, era considerado a pessoa mais amorosa e gentil.

Eu costumava aproveitar um pouco de sua afetuosidade em frente as pessoas, certamente que naquela época eu não tinha noção de que estava apenas me contentando com as migalhas de amor que ele proporcionava a minha mãe e a mim. Nunca os vi trocarem olhares apaixonados, não de sua parte, apenas de minha mãe. Ou gestos que demonstrassem carinho, apenas de Evelyn. Exatamente tudo partia dela, ela tentava sustentar algo que a destruía pouco a pouco. Pobrezinha, ela acreditava cegamente que ele poderia ser uma pessoa melhor e mudar seu caráter. Não a culpava por ter se enganado durante tanto tempo. O seu coração era enorme.

Pisco os olhos para focar no presente, embora tenha passado meros segundos, antes de Marcus berrar.

— Quem você pensa que é para me expulsar daqui garoto?

— Tobias Eaton, o garoto que segurou as rédeas quando você se mandou, e apenas o proprietário legal, não se lembra que minha mãe deixou um testamento? A casa é minha.

— Tobias... — começou em tom ameaçador, mas acaba sendo interrompido por Tris que perde a paciência e se introduz na conversa de novo, deixando Clara no cercadinho um pouco distante de nós sob a supervisão de Rosa, posso ver sua cabeleira loira.

— Você pode escolher, do jeito fácil ou jeito difícil?

— Que tal você ficar quieta? — ele sugere com um rosnado.

Tris solta um muxoxo, me encarando com um sorriso maldoso e apontando sugestivamente com o dedo indicador.

— Jeito difícil!

.

Suspiro em meio ao recordo da manhã catastrófica desse dia.

Eu quase consigo sorrir, sentindo de leve uma diversão um tanto infantil me lembrando de como enxotamos Marcus até a saída e batemos a porta em sua cara carregada de cólera. Ele jurou alguma coisa que não ouvi direito, ou não fiz questão de prestar atenção. De qualquer forma não acrescentaria em nada em minha vida.

Mas eu sei que ele de volta seria um problema. E dos grandes. Na verdade, eu esperava tudo vindo dele.

O carinho de Tris em meus cabelos é suave e maravilhoso, e ao mesmo em que me deixo ser acalentado por ela, eu me sinto desconfortável com a ideia de que ele estará nos rondando. Não é a mesma sensação de medo quando eu era mais novo ou antes de ele desaparecer, era mais como temor de que ele conseguisse desmoronar toda a felicidade que eu sinto transbordar em mim.

Um aperto incomodo no peito me tira o folego e fecho os olhos com força. Tento ser positivo e ignorar seu retorno repentino. Eu não sou mais o cara que se deixa ser rebaixado por ele, tratado como um ninguém ou taxado como ‘um sem futuro’. Eu sei exatamente o que eu quero, estar com Tris e com Clara, construindo um futuro que eu tenho certeza que será o melhor.

— Você se sente melhor? — pergunta Tris baixinho, se mantendo calada até aquele momento. Seus dedos tocam de leve as pálpebras fechadas dos meus olhos contornando-as, após ela acabar com o ato eu os abro novamente encontrando os seus a me analisar.

Vejo um pequeno sorriso tímido em seus lábios.   

Estamos sentados no chão do quarto de Clarinha, sobre o tapete felpudo salmão, velando seu soninho da tarde. Embora não consigamos vê-la perfeitamente de fato devido ao ângulo em que estamos. Minha cabeça está pousada em suas pernas sob a almofada cor de rosa.

— Preciso estar. — eu sussurro um tanto melancólico. Pois uma parte minha — a que eu prefiro ignorar — se sente péssima pelo o que eu fiz com o homem que apesar de carrasco, é e foi o único pai que eu tive, enquanto a outra não se importa nenhum pouco. Quando se trata de Marcus minha sanidade é ameaçada, assim como os diversos sentimentos que se embolam dentro de mim me deixando — por irônico que seja — confuso demais.

— Eu sei que você está perturbado com Marcus de volta, eu também estou, mas sempre estarei aqui caso precise apenas... — ela levanta os ombros esboçando a expressão mais confortante do mundo e me encarando docemente, ainda com o sorrisinho mínimo de canto.

Ergo a mão e acaricio seu rosto com as pontas dos dedos sutilmente. É nesses momentos em que me sinto sortudo por tê-la. Tento não pensar nas vezes em que quase a perdi sendo um idiota e fico tão grato por Tris me oferecer uma nova chance. Eu sempre precisei dela. Agora mais do que nunca. Uma lágrima quente e solitária escorrega pela minha bochecha, não sinto vergonha tão pouco em deixa-la fazer o trajeto até cair em qualquer lugar. Tris jamais me julgaria por isso.

— Obrigado, amor. Eu preciso de você mais do que nunca.

— E eu estarei aqui, sempre.

Ela me espreme contra seu próprio corpo num abraço apertado. Naquele momento é como se me sentisse uma criancinha em seu colo e eu não me sinto menos homem por me portar desse jeito. Não é como se eu a visse como uma mãe, mas é aquele sentimento de ser protegido por alguém que te ama.

Sorrio com meu peito apertado de gratidão.

— Preciso de um beijo também. — Peço em um tom manhoso para minha surpresa e estico o sorriso.

— Ah é? Que pena! — dá de ombros sacudindo a cabeça fazendo pouco caso.

Fecho o rosto sem realmente estar chateado. Então ela rir jogando a cabeça para trás. O clima mais ameno para minha felicidade. Prendo o riso também, comprimindo os lábios. É incrível como ela consegue me fazer tão bem.

— Estou brincando... — ela diz ainda risonha, esticando o pescoço até encostar seus doces lábios nos meus delicadamente num ritmo calmo e deixando claro nossos sentimentos um pelo outro. Aquele carinho trocado entre nós fazendo com que eu perdesse a noção do tempo e que todos os problemas ao redor se esvaíssem completamente. Era sempre assim.

Marcus não tinha mais espaço ali. Ele não arruinaria mais a vida de ninguém, em especial a minha.

.               

 

Dois dias depois

[Tris]

Respiro fundo de olhos fechados.

Tento encontrar uma fuga do sentimento de raiva instalado por todo o meu corpo naquele momento.  Abro os olhos e Tobias e eu nos encaramos, posso perceber a inquietação dentro de mim refletida em seus olhos. Minha mente está uma confusão total. 

Por que essa notícia totalmente inesperada é capaz de me abalar tanto?

Infelizmente não sou capaz de controlar minhas emoções. Ainda mais enquanto tremo as estribeiras.

A pergunta soa silenciosa no ar: E agora?  


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Notas finais do capítulo

O que será que vai acontecer, hein hein? kk
Espero que tenham gostado. Não irei exigir nada de vocês, mas estejam a vontade para opinar, comentar, sugerir... As criticas construtivas são bem vindas também.
Beijos e até a próxima ♥



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