Juntos Por Ela escrita por Little Flower


Capítulo 16
Mais um dia feliz


Notas iniciais do capítulo

Para comemorar meus 21 anos o/ resolvi postar esse capítulo.
Espero que gostem e desculpe pela demora!
Obrigadissima quem continua aqui acompanhando e especialmente comentando. Isso me motiva.
Enjoy.



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[Tris]
    Alguns dias depois...
— Meninas deem as boas vindas à Rosa, nossa nova secretária. — diz Tobias gentil, estou no último degrau da escada com Ana um pouco agitada nos braços. Encaro a senhora mais velha com feições delicadas para a idade que possui, por mais que seu sorriso seja amável posso ver como está hesitante, talvez com a minha ‘examinação’, ela usa um vestido bege, sapatos fechados e pretos, o cabelo num coque comum, porém elegante. E definitivamente ‘nova’ não poderia ser enquadrado à ela. 
— Rosa! — corro meio desajeitadamente para abraçá-la e no caminho ofereço Ana para Tobias antes que possa me encaixar em seus braços já abertos. Ela me acolhe neles, que são tão afáveis como em minha lembrança. 
— Olá, menina Tris. — diz ela segurando meu rosto em suas mãos macias.
— É tão bom vê-la de novo. — digo sinceramente com os olhos marejados. 
Rosa foi desde que me recordo por gente a secretária dos Eaton e a nossa também. Quando minha mãe não podia cozinhar ou fazer a faxina por conta do trabalho ela recorria à Rosa e ela nos dava uma forcinha. Apesar dos meus pais serem bastante presentes na minha vida, Rosa também me ajudou muito, algo como uma segunda mãe. Porém nunca fui capaz de contar à ela o que aconteceu com Tobias e comigo na festa. Algo já esquecido. E que não quero mais relembrar ou mexer.
Ela teve que dizer adeus quando Evelyn veio à falecer e Marcus a dispensou. Não sei o porque de Tobias não ter lutado para que ela permanecesse. Talvez seu pai não quisesse mais os serviços dela, pois antes de ir embora ele havia contratado uma bem mais jovem. Isso ocorreu muito antes de eu vim parar aqui. 
— Você está tão magrinha, Tris. Precisa se alimentar menina. — ela relata depois de me analisar por completo puxando um pouco minhas bochechas e eu rio. 
— É o que eu digo sempre para ela, Rosa. — diz Tobias e dá de ombros quando eu o encaro mortalmente, mas não estou realmente chateada. 
— Papa! — ao escutar a palavra ela não esboça nenhuma reação.
Se inclina um pouco para frente. 
— Então essa é a criança que você me falou... Tão encantadora. — ela acaricia o braço da menina que esta coberto pelo casaco. — ela tem os seus olhos Tobias. — ela olha brevemente para ele. 
Ele sorrir.
— Estão com fome? Eu tomei a liberdade de preparar o café de vocês, crianças. Venham. — eu não desgrudo um segundo presa em seu braço enquanto caminhamos em direção à cozinha. 
Ela tenta conquistar Ana com brinquedos até que finalmente ela aceita ir para o seu colo. A menina estranha um pouco no inicio, mas depois é como se ela estivesse acostumada à sua presença desde sempre. Quem é capaz de não gostar de Rosa? Conversamos muito durante o desjejum. A informamos sobre tudo, como Ana chegou às nossas vidas, as confusões na primeira noite, a reação dos meus pais, sobre o casamento de Caleb, a carta que ainda não chegara. Nosso namoro. Sem esquecer os detalhes.
Sua comida esta magnifica. Muito mais deliciosa que a minha. Mil vezes mais. Sentia tanta saudade daquele saborzinho de carinho misturado com amor e tudo que há de bom nessa vida. 
— Eu sempre soube que isso ia acabar acontecendo um dia. — ela diz totalmente emocionada. 
— Acho que todo mundo, menos nós mesmos. — eu digo e Tobias beija o dorso de minha mão. Ela sorrir e brinca um pouquinho com Aninha. 
— Vocês assumiram uma responsabilidade enorme, muito maduro da parte dos dois. 
— É. Temos a convicção que queremos cuidar de Ana para sempre. 
— Sim. De certa forma só foi possível ficarmos juntos por causa dela. — eu digo e aperto sua mão que está perto da minha. Seu olhar e seus sorriso me deixam desconcertada. 
— Além de bonequinha ela é um anjinho cupido? — diz Rosa descontraidamente. E continua como um arrulho ao bebê — vê só Aninha?
Ela rir com o jeito que Rosa lhe fala e aceita o chocalho que ela lhe oferece. 
— Foi um ato bastante bonito que fizeram ao acolher esta mocinha tão fofinha. E contem comigo nessa tarefa para ajudá-los à educá-la e também para que ela se torne uma pessoa de bem. Vocês sabem exatamente o que estão fazendo. Me opor seria em vão e com certeza não é o que eu faria de qualquer forma... 
— Agradecemos Rosa, mesmo. Não podíamos esperar outra coisa vinda de você! — eu falo.
Rosa assente com um sorriso meigo.
— Eu já estou encantada! — ela admite brincando com Aninha.
Rimos. 
— E o que aconteceu com Marcus Eaton? — o assunto começa a tomar outro rumo. Beberico meu suco.
Tobias solta um longo suspiro.
— Eu não sei absolutamente nada sobre ele. Sumiu há quase dois anos. A última vez que eu o vi fora depois de um briga. Eu sei que é meu pai, mas ele é um traste. Deixou os sócios na mão. Pelo menos eles não precisavam necessariamente dele na empresa já que ele só era um dos sócios. 
— Eu sempre o achei bom pai, bom esposo, ainda que tivesse uma pulga atrás da orelha, mas depois de tudo que Tobias me disse, mudei totalmente de ideia. — digo sinceramente. 
— É, filha. Aquele homem era um carrasco. Não entendia o motivo de Evelyn ainda aguentá-lo por tanto tempo...
— Minha mãe poderia ser considerada uma santa por suportar tudo. Ele é um tipo de exemplo à não seguir... — ele desune nossas mãos e fica nervoso de repente. Os punhos cerrados sobre a mesa. 
— Bebe um pouco desse suco, não fique assim... — eu ofereço seu próprio copo e afago suas costas enquanto ele ‘aceita’ minha sugestão. 
Fico um pouco preocupada com sua reação. Da última vez em que tocamos no nome do seu pai ele teve a mesma atitude, ficando de uma forma diferente, ao mesmo tempo em que parecia um gatinho assustado, se transformara num animal feroz. Uma oscilação perigosa, mas em nenhum momento perdeu a cabeça comigo. Ao contrário, eu o abracei para lhe acalmar e aos poucos vi sua face suavizar, o que fora um tremendo alivio. Todos esses anos padecendo sob os ‘cuidados’ do pai e eu nada sabia, pelo menos não tinha consciência de que era tão extrema sua maldade.
— Obrigado. — ele diz grato e eu sorrio com um breve aceno de cabeça.
Estico-me um pouco e dou um beijinho em seu ombro. 
Rosa vendo que o clima ficava frágil à menção do nome do ‘senhor’ Eaton evita retornar ao assunto e rapidamente me indaga sobre minhas ambições profissionais. Havia mudado completamente de ideia quanto ao antigo curso e agora pretendo me formar em Assistência Social. Meus pais certamente irão ficar contentes com a noticia... Era realmente bom ter Rosa por perto novamente. Se ela tivesse chegado a mais tempo não teríamos passado tantos vexames com Aninha. Eu rio com esse pensamento.

[...]

— Pronto? — pergunto encostada no carro à Tobias quando o mesmo caminha na minha direção com Aninha no colo mordendo seu pequeno cachorro marrom, ela está vestida com um macacão de meia listrado em lilás e rosa, sapatilhas violeta e uma tiara de pano. Ele impecavelmente charmoso em calça jeans, blusa verde escura e tênis esportivo. 
— Sim, doce Tris. — ele me responde com um sorriso, me dando um beijinho no rosto. 
— A Rosa não quer mesmo vir conosco? — pergunto. 
— Não. Quase a trouxe à força, mas quando estavámos perto do hall ela me deu um beliscão... Ainda sinto dor. — ele diz e faz uma expressão de coitadinho.
— Ai, tadinho... — acaricio por sobre sua mão o fantasma do beliscão’, comprimindo os lábios. Aproximo meu rosto vagamente e o faço achar que o beijarei, e antes que nossos lábios se encontrem eu fujo com uma risadinha.
— Vamos indo então... — lindão completo em pensamento e esboço um sorrisinho. Não é algo que eu diria em voz alta. Sinto minhas bochechas esquentarem e seus olhos indignados em mim. Pego Aninha em meus braços e deposito vários beijinhos e cheiros antes de lhe acomodar na cadeirinha, ganhando suas gargalhadas.
Entro no carro, afivelamos nossos cintos de segurança e Tobias dá a partida para seguirmos para o nosso destino. 
A música calma que toca na rádio preenche meus ouvidos e me faz viajar. De vez em quando meu namorado — repetir isso é maravilhoso — aperta minha mão quando paramos nos sinais de transito. Ou beija o dorso. Ou apenas faz um carinho. É bom. Tento retribuir.
Meu irmão se casaria na última semana de agosto, e em plena quarta feira. Ele e Susan se formariam no próximo mês, pois havia dado problemas na universidade ou algo assim. Natalie é minha informante. Causando o adiamento. 
Não falava com Caleb há bastante tempo. Com toda a agitação com a chegada de Ana não tinha encontrado brecha para matar a saudade com uma simples ligação para ele. Ele não sabe que tenho uma filha e que namoro com Tobias agora. Posso até imaginar sua expressão de espanto. Rio. Quando estava no segundo ano do ensino médio ele já tinha se mudado para a Califórnia.
Lembro de seu ciúme com relação à Tobias de tempos em tempos. O quanto o irritava o fato de eu ser muito mais próxima do meu melhor amigo que à ele. Não que não fossemos confidentes. Ambos eram igualmente importantes para mim. E Tobias estava no mesmo patamar que eu. Nos “criamos” juntos afinal. Caleb era mais sério, mais ‘cabeça’, muito mais velho que nós. Era nosso responsável quando nossos pais saiam. 
— Chegamos! — Tobias diz, me tirando dos meus devaneios e desligando o motor. Não notara que a viagem fora tão veloz. 
Olho através da janela do carro e vejo o grande shopping. Não muito convidativo para mim. As cores neutras e diversos letreiros chamativos de propagandas. Viemos algumas vezes para comprar novas peças de roupa para Ana Clara assim como calçados. E novamente estávamos ali. Numa nova missão. Encontrar as roupas perfeitas para o casamento do meu irmão. Eu sou uma das madrinhas dele, apenas um pequeno detalhe. Era o que estava escrito no convite em letras elegantes e prateadas. Preciso me lembrar disso para me motivar e me empolgar com as ‘comprinhas’. 
Começamos a caminhar em direção à entrada, eu empurrando o carrinho rosa de Aninha, Tobias anda na mesma direção que nós, acompanhando o nosso ritmo. Alguns passos a frente encontramos uma loja com peças bonitas, e resolvemos entrar. 
— Foi por isso não é? — indago enquanto ele inspensiona cada pedaço do material do terno preto.
— O que? — desvia os olhos para mim.
— Que você veio com a ideia de termos uma ‘secretária’. Como a encontrou? 
— Ela ligou lá para casa, achei uma boa. Ela faz parte da nossa infância e adolescencia e mais é da família também. Queria fazer uma surpresa para você.
— Meu aniversário já passou há muito tempo...
— Mas isso não impede que eu...
— Eu não tinha terminado de falar ainda! — semicerro os olhos e ele se cala prontamente — ... mas eu aceito com muita satisfação o que fez. E agradeço muito. Sabe o quanto ela é importante para mim... — ele pigarreia e eu corrijo — para nós. 
— Por nada. E acho que para Rosa, também é um enorme presente estar de volta. — ele diz e me abraça com ternura inspirando meus perfume assim como eu faço com ele. — ah, minha Tris. Não sabe o quanto eu gosto de vê-la feliz. 
— Não seria possível sem você ao meu lado. Não fomos bobos em perder tanto tempo longe? Brigando e tudo mais? — eu pergunto encarando suas orbes azuis. Sou o mais sincera possível. 
— Talvez não... Agora parece ‘irracional’, mas na época era o certo a se fazer. O ódio e o amor andam juntos. É a coisa mais clara. 
— Tudo bem, tudo bem. Vamos esquecer o passado... ou em partes. 
Aninha começa a chamar o ‘papa’, o que nos desperta e nos faz voltar a focar na missão novamente. 
O resto da tarde é agradável, fizemos uma pausa para comprar algumas besteiras — apesar de ‘pais’ ainda somos adolescentes — e continuamos o trajeto. Inspenciono alguns vestidos, mas nenhum me agrada. O de Aninha que eu pensava que seria mais fácil também demoramos para encontrar um bonito o bastante. Eu tento não prestar atenção nas atendentes oferecidas ou as garotas que olham Tobias de maneira diferente. 
— Estou incrivel ou não estou? — pergunta Tobias enquanto rodopia à frente do provedor, para que eu veja de todos os angulos me tirando do olhar mortal que direcionava à uma menina morena que o encarava. E depois congela numa pose engraçada. A cabeça inclinada para o lado, e as mãos na cintura, com os braços arqueados. 
Começo a rir. 
— Amei o detalhe de babados e a cor então, fantástica! Não é mesmo Aninha? — balanço minha perna para agitá-la um pouco. Ela está mais concentrada no cachorro marrom. O terno laranja é chamativo. 
— Você sairia comigo vestido assim? Se nunca tivesse me visto antes. — arqueia as sobrancelhas. 
— Hummm, isso é meio difícil de dizer. Crescemos juntos Tobias. 
— Use sua criatividade, amor. — gesticula com as mãos. 
— Bom, no mínimo, primeiramente eu pensaria que você adora os holofotes sobre si. E provavelmente eu não sairia... — rio descaradamente enquanto ele fecha a cara — mas considerando os olhos bonitos, o cabelo...
— O cabelo? — indaga perplexo.
— Sim, o cabelo, é um bagunçado arrumado me entende? — ele chacoalha a cabeça negativamente e eu reviro os olhos — ele é charmoso, e com esse sorriso encantador, eu iria com certeza. 
Então, algo realmente espantoso acontece. Vejo suas bochechas ganharem um tom rosinha. Eu nunca tinha visto isso na minha vida. E jamais achei que viveria para presenciar. Levanto as sobrancelhas em surpresa.
— Você nunca tinha dito isso antes... não de maneira clara. — ele declara meio constrangido esfregando uma mão na outra. Fico meio abobalhada por vê-lo tão... diferente. De maneira tímida. É absolutamente uma gracinha. 
— Muito me surpreende sua reação, Tobias. Você deve ouvir isso o tempo inteiro.
— Mas não de você... 
— Oh! Isso é verdade. Esse terno com essa cor só o realça mais. 
— Acho que nossos papeis estão invertidos hoje. — segura o queixo com a mão pensativo. 
Rio com gosto. Dou de ombros de leve.
— Vou experimentar os outros... — recebo uma piscadela.
E assim começa um desfile de Tobias Eaton na loja mais badalada de todas. Com suas costumeiras gracinhas. Saio de lá com minha barriga doendo de tantas gargalhadas. Mas finalmente com um belo terno, escolhido por ambos. E Aninha certamente.
Parecia a porta de entrada, pois depois de algumas pernadas entramos numa loja onde havia conteúdos que chamaram minha atenção. Um modelo em especial, cujo havia uma réplica idêntica ao lado. Os dois vestidos eram da mesma cor, com os mesmos detalhes, mesmos enfeites, embora os tamanhos fossem completamente diferentes. Depois que Tobias retira o macacão de Aninha, eu a envolvo com o vestido menor, magicamente ficando perfeito em seu corpinho. Deixo-a com ele enquanto vou experimentar o meu em tempo recorde comprado às outras vezes. 
A atendente sempre ao nosso lado. E eu saio para que Tobias dê sua opinião, ainda que eu não quisesse mostra-lo agora. Mas necessito que ele dê sua crítica. Talvez parte disso seja porque ele pediu minha sugestão quando estava fazendo sua escolha. Ele me fez crer que minha opinião é bastante crucial. Somos namorados agora, devemos andar juntos na mesma direção. E estranhamente nossos gostos são praticamente iguais ou parecem se completar. 
— E então? — dou uma rodadinha.
— Você está incrível... — seus olhos brilham e ele me direciona aquele sorriso maravilhoso. E eu sei que ele ‘aprovou’. 
Pego Aninha do seu colo para ficarmos juntas e para que ele nos observe. 
— Minhas duas garotas. — ele pisca e eu encaro confusa quando ele balança a cabeça para os lados agoniado, como se estivesse ‘vigiando’ — estou verificando se não tem ninguém por perto para roubar você de mim...
Reviro os olhos.
— Ou vocês de mim. — ele faz uma cara de bravo e cruza dos braços. 
Rio.
— Então senhorita? Você irá leva-los? Esses modelos são únicos. — a atendente pergunta profissionalmente.
— Sim, por favor. — dou um sorrisinho e ela assente. 
Tiro o vestido de Ana e o meu e logo estamos com nossas roupas de antes. Fico um pouco incomodada quando Tobias não permite que eu pague, mas ele não dá brecha nenhuma para que eu reclame disso. Apenas pede gentilmente que eu não questione, beija minha mão e rumamos para o cinema. Uma ideia sua para prolongar o ‘passeio’.

[...]
— Você está preparada? — sua voz se sobressai da canção lenta. 
— Como assim? — limpo num lenço as pontas dos meus dedos sujos de alcaçuz e o olho de soslaio.
— Para chegar em casa e se deliciar com a comida mais maravilhosa de todo o mundo? — pergunta empolgado.
É instantâneo meu sorriso.
— Sim! — respondo no mesmo tom animado. 
— Não desmerecendo seus dotes culinários, meu amor... — se apressa em se desculpar, tocando minha mão.
— Tudo bem, Tobby. Não estou chateada. — eu rio. 
— Sua comida também é boa. — insiste. 
— Eu já entendi, Tobias. Obrigada. — ele sorrir e eu faço uma careta engraçada. 
Viramos a esquina, olho no espelho retrovisor e vejo uma Aninha dorminhoca e depois vejo as cores diversas do pôr do sol encantada. Pensando em como me sinto tão feliz. Um sentimento maravilhoso aquece meu coração me fazendo suspirar. Fito o perfil direito de Tobias enquanto ele entra em nossa rua. Eu não acho que o amo. Eu o amo e ponto final. Agora é fácil discernir, sem magoas, sem rancor ou ódio. Ele me pega o contemplando e apenas pisca para mim e sorrir de lado, algo que antes eu detestava muito, agora me faz derreter.
De repente sinto uma pontada no coração. Como um pressentimento ruim e enrugo a testa. Massageio discretamente meu peito e respiro fundo. Não querendo chamar a atenção. Pigarreio. E logo passa para meu alivio. 
Estacionamos e ao pôr um pé fora do carro nossa querida vizinha surge com roupa de corrida — short preto e uma camisa branca com dizeres motivacionais — e um ipod na mão, ela tira os fones para nos cumprimentar. A face rubra e brilhante. 
— Oi gente! — ela acena e caminha até nós, desço do carro completamente e sigo para a porta de trás para apanhar Aninha.
— Hey, Bea! — Tobias faz a gentileza de recebe-la.
— Beatriz. — digo o mais animada possível com o bebê já em meus braços e me colocando ao lado de Tobby. 
— Os meus pais acabaram de chegar de viagem... — ela começa animadamente.
— Eles não estavam aí com você esse tempo todo? — indago confusa e interrompendo-a.
— Não... — ela continua sem se afetar — eles me mandaram primeiro, por causa da faculdade.
— Ah, é verdade, você tinha me falado antes. — responde Tobias.
Sinto um frio na boca do meu estomago, mas não é de emoção. Faço uma careta. 
— E eu comentei com eles que tinha feito novos amigos. 
— E somos nós por acaso? — pergunta Tobias rindo.
— É obvio. — ela diz tocando o seu ombro e se limita a revirar os olhos. 
Amigos? Ela sorrir encantadoramente. E eu semicerro os olhos. Conecto minha mão com a de Tobias e a aperto com força, ele retribui. Não gosto da sensação que o ciúmes me causa, eu enxergo tudo em vermelho, meu sangue ferve, meu coração fica descompassado e eu tenho vontade de pegar o pescoço ‘gentilmente’ dessa garota e chacoalhar delicadamente. 
Pisco meus olhos freneticamente quando manifesto na mente a possível cena. Estou ouvindo o diálogo de ambos ao longe, como se estivesse usando um abafador. Não é como se ela estivesse flertando com ele. Penso. Eu saberia na mesma hora. Ela só é gentil demais, algo que não estou tão acostumada. Acho que é o fato de não conhecê-la realmente que me faz enxergar de outra forma. Desde quando me tornei tão ciumenta? Nem sabia que existia isso em meu vocabulário. 
— Geralmente eu não costumo fazer amizades tão rápido, e por essa razão eles gostariam de conhece-los. Afinal você Tobias me ajudou bastante com a mudança. — ela relata bastante grata.
— Oh, seria um prazer. — espero não ter soado tão irônica assim. — onde eles estão?
— Ah, estão desfazendo as malas. E um pequeno detalhe, eles são muito formais. Então gostariam de fazer um jantar casual sabe.
Tobias e eu nos entreolhamos. 
— Nossa, Bea. Que gentil da parte de vocês, mas acho que um simples lanche estaria ótimo. — ele quem responde. 
— Não são vocês, gente. São eles. Acham que tudo merece uma comemoração sabe, são empresários então costumam fazer esse tipo de coisa.
— Entendi.
— E quando seria esse jantar?
— Hoje mesmo, daqui há algumas horas.
Olho aturdida para o loiro ao meu lado, na verdade inclino minha cabeça para trás para poder encará-lo. 
— Tão rápido assim? Não poderia ser amanhã?
— Ah, vocês já têm compromisso? — pergunta decepcionada.
— Não é que, Rosa, talvez tenha preparado a comida para o jantar. 
— Rosa? A senhora que você disse que iria “contratar’? — dá um risinho e eu a fito boquiaberta, ela sabia, e antes de mim? Está certo que era uma surpresa, mas... Meu coração começa de novo. Está martelando tão forte que penso que talvez eles possam escutar as batidas bruscas. 
Suspiro.
Desde quando ele arrumou tempo o bastante para baterem tanto papo ao ponto de ela saber sobre Rosa? Não quero me comportar como uma maníaca, mas as vezes é mais forte que eu. Faço careta. 
— Eu preciso entrar, Beatriz, tenho que colocar essa mocinha no berço. Vocês combinam e resolvam, e você me conta depois a decisão, okay? — digo a Tobias. — qualquer coisa está bom. 
Na verdade não está bem qualquer coisa. Não quero chatear Rosa. Mas só queria alguma escapatória para sumir dali o mais rápido possível. Diria qualquer asneira. Assinto levemente por estar com as mãos ocupadas e dou as costas marchando para dentro. 
Sendo corroída pelo ciúme.


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Notas finais do capítulo

Não sei o que houve com a caxinha de texto.
Se encontrarem algo de diferente ou acharem dificuldade para compreender alguma parte do capítulo, não hesitem em me avisar.
Espero que tenham gostado.
Beijos. ♥
OBS: Desculpem não responder os comentários anteriores, mas os responderei assim que possível. :)