Juntos Por Ela escrita por Little Flower


Capítulo 15
Noite de Diversão?


Notas iniciais do capítulo

Olá minhas queridas! :)
Eu sei que eu disse que não tinha previsão de post novo, porém hoje acordei bastante inspirada, então resolvi dar essa colher de chá para vocês.
Muito obrigada pelas leitoras que continuam por aqui acompanhando e comentando sempre. Um 'seja bem vindas' àquelas que estão chegando agora. E minhas sinceras desculpas pela demora, mas eu já expliquei ;)
Vocês lembram daquele desafio que fiz 'que a leitora com o melhor comentário se tornaria um personagem da fic?' Então, aqui está. Espero que goste Ana Beatriz. ♥
Boa Leitura.



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[Tris]

— O que é? É a carta da UC? — pergunta Tobias a minha frente ansioso. Esperando o momento certo para compartilhar da mesma felicidade que provavelmente sinto.

Subitamente eu murcho.

— Não. É o convite do casamento de Caleb e Susan. — respondo um pouco desapontada, mas feliz. — eu comentei com você que ele tinha encontrado sua garota dos sonhos.

Tobias rir.

— É, a moça deve ser muito especial para ter fisgado aquele coração.

— Eu concordo. Bem, vamos colocar essa mocinha para dormir um pouco. — eu digo e me esforço para abraça-lo de lado e assim o conduzir. Deixo para ler depois as instruções no convite.

É assustadoramente incrível como as coisas acontecem naturalmente conosco, tudo no geral. Ainda que eu não tenha experiência na questão. Porém Tobias faz tudo parecer tão fácil e nesse meio tempo eu já aprendi muito. Apesar de tudo eu o tenho como melhor amigo, o que torna mais especial. Eu nunca pensei que o teria de volta. E agora ele é amigo e namorado. Que continue assim, por favor. Peço à Deus. Ponderando por um tempo eu refaço meu pedido: Que seja melhor a cada dia.

Nós subimos para o quarto de Ana e enquanto a velamos fechar os olhinhos, cantarolamos a canção que nossas mães nos ninava para adormecer. Ambos abraçados. E mais uma vez convictos de que fizemos a coisa certa em tê-la ‘adotado’.

[...]

Decidimos ir à um parque de diversões esta noite para espairecer e afinal nos divertir. Havia bastante tempo que não ia a um. Desde minha infância eu acho. Prefiro arrumar Ana primeiro, demorando muito no processo. Embora o fato de ela entoar a palavra “papa” seja algo um tanto desapontador para mim, é maravilhoso escutar sua voz suave de criança.

Brincamos no banho, ela ama a espuma e os brinquedos, que é algo difícil dar fim à sua alegria, faço cocegas em sua barriga arrancando gargalhadas gostosas e eu acabo por rir também, a visto com um macacão jeans e uma blusinha rosa de algodão por baixo, ao invés das presilhas que separei eu opto por uma tiara de malha para adornar seu cabelo verde-claro com um laço, e por fim sapatilhas salmão de florezinhas.

Deixo-a rodeada com seus brinquedos em seu cercadinho e vou me banhar. Não demoro muito no chuveiro e rapidamente saio de lá enrolada na toalha vermelha. Escolho um vestido de pano leve com mangas franzidas da cor vinho e, paço uma leve maquiagem e batom claro, puxando meu cabelo loiro num rabo de cavalo soltinho.

Calço minha sapatilha e marcho para fora com Aninha e sua bolsa lilás de ursinho para o andar de baixo, no caminho me encontro com Tobias que sai do seu quarto na hora exata que eu, ele nos saúda com um beijinho na ponta do meu nariz e um cheirinho nos cabelos de Aninha. Automaticamente eu fico envergonhada e sinto meu rosto esquentar.

— Você está muito bonita, Tris. — ele diz me olhando com um sorriso.

— Obrigada. Você não está tão mal... — eu digo com escarnio. Mas na verdade ele está magnifico. Com aquela blusa cinza, calça jeans e tênis social.  

Ele rir.

— Obrigado, ainda que eu saiba que não era isso que queria dizer. — ele pega o bebê e descemos as escadas, trancamos a casa e caminhamos para o carro. Dou uma breve olhada para a casa vizinha, soltando um suspiro de alivio quando vejo-a num breu. Tenho que aguentar Tobias deferindo a mim milhares de cantadas baratas no caminho.

O que torna a atmosfera mais agradável. Ainda é uma surpresa vê-lo tão brincalhão ao modo Tobias de antes. Antes de Lynn. Antes do segundo grau. Quando ainda era meu melhor amigo. Sinto uma alegria imensa por tê-lo ao meu lado de novo. 

Quando chegamos a nosso destino, vislumbro a roda gigante branca e luminosa e meu coração começa a pulsar mais rápido, ansiosa pela adrenalina. Sei que meus olhos estão brilhando, eles vidrados no brinquedo enquanto saio do carro com a bolsa de Aninha. A nostalgia tomando conta de cada veia do meu corpo. Eu amava desafiar Tobias quando frequentávamos o parque com nossos pais. Era realmente divertido as horas ali, ainda mais ao seu lado.

Vejo que essa sensação não mudou. Estico os lábios sorrateiramente.

— E esse sorriso? — ele pergunta quando se coloca ao meu lado depois de tirar o bebê da cadeirinha, suponho.

— Estou lembrando de quando víamos aqui, e eu te desafiava a ir na roda gigante. — desvio o olhar dela e os encaro ao meu lado, Ana entretida com seu mordedor circular, desde que seus dentinhos começaram a nascer simultaneamente, ele se tornou seu brinquedo favorito, segundo o pediatra isso é normal.

Suas orbes azuis se esticam junto com a curva do sorriso.

— Você era bem má comigo. — resmunga mudando a expressão.

Reviro os olhos.

— Aí, Tobias. Isso aconteceu só umas três vezes.

— Só? Acha pouco? Para alguém que tem pavor de altura é um verdadeiro tormento e você sempre soube disto.

— Tadinho do Quatrinho, não é mesmo Aninha? — não preciso me esticar muito para depositar um beijo em sua bochecha direita, sua face se ilumina um pouco.

— Ainda estou chateado... — murmura.

— Ah é mesmo? Nem mesmo com isso melhora seu humor? — o encho de beijos, nas bochechas e demorando em seus lábios. — melhor? — levanto a sobrancelha.

— Hummm — finge pensar — melhor. Sem dúvida alguma. Você acabou de curar um coração maltratado.

— Não é para tanto! — eu me limito a rir.

Não preciso dizer que somos o centro da atenção por onde passamos. Conforme caminhamos em direção à uma mesa na lanchonete, somos o alvo de milhares de olhares curiosos e até mesmo fofoqueiros. Como sempre é quando saímos os três. Com tantos casos assim as pessoas já deviam estar familiarizadas com isso. Reconheço alguns rostos do colégio.

Por algum tempo ficamos sentados decidindo qual ir primeiro. Um que não seja perigoso para Ana. Chegando à conclusão que infelizmente não podíamos ir os três juntos, por ela ser muito novinha. E só a hipótese de vê-la ferida me causava calafrios e um terror me assombrava por completo.

Então ficamos a passear apenas entre os brinquedos.

— Você tem certeza que não quer ir na roda gigante? Eu posso ficar com ela. — Tobias pergunta mais uma vez. Estamos parados em frente à mesma. Ana comigo agora.

— Não, tudo bem. Podemos ir de novo daqui a uns anos. — mudo a resposta pela quinta vez.

— Você sabe que eu não me importo não é? — ele afaga minha bochecha.

— Sei, eu sei, Tobias. Mas...

— Oh, olha quem está aqui! A família feliz! — a voz mais horripilante de todo o mundo diz.

— Eric. — Tobias fala num tom sério, olhando por sobre meu ombro. Eu viro os calcanhares para fita-lo e sem delongas me ponho ao lado de Tobias.

— Se me contassem que o Quatro, aquele que eu conheci sabe? Estaria numa situação dessas eu não acreditaria. O que essa Careta fez com você cara? — Eric e sua maneira irritante de pensar que suas palavras nos atinge de alguma forma. Ou não era para nos atingir tanto.

— Cale essa sua maldita boca. Que só saí merda! Você lembra do toque sutil da minha mão na sua cara? Se não eu posso te mostrar com maior prazer.... — Tobias diz visivelmente irado, suas mãos tremem.

— Hey, calma aí, Quatro. Estamos aqui numa boa. Peter e eu. — na mesma hora que ele diz o nome do comparsa, o mesmo aparece com a boca suja de chocolate. E com um sorriso de deboche.

— E para que vieram até nós? Poderiam fingir que não nos conhece e ponto. Seria muito melhor.

— E esquecer os velhos tempos? Negativo. Você querendo ou não é um de nós. — a expressão séria de Tobias vacila um pouco, eu sei perfeitamente que ele não se sente alegre com seu comportamento na escola quando andava com eles. Até mesmo porque eu fui o alvo muitas vezes.

— Você é surdo ou o que? — é minha vez de dizer ou “bradar” — vai embora daqui. Não mando nem ir atazanar alguém porque ninguém merece você por perto, seu idiota!

— Olha aqui sua... — ele faz menção em vir para cima de mim, mas é impedido pelas mãos de Tobias que apertam seu pescoço sem piedade. Comprimo Aninha mais a mim numa forma de proteção, um pouco nervosa. Recuo dois passos para trás inconscientemente.

— Se você tocar nelas eu mato você, escutou bem? Eu mato você! — ele grita exasperado, sem se importar com a plateia atenta à briga. E o joga o mais longe possível de nós. Depois que Peter oferece a mão para seu amigo levantar, ambos gargalham como se nada tivesse acontecido e caminham tranquilamente chacoalhando a cabeça.

Preciso respirar fundo para me acalmar, e espantar todos os sentimentos ruins que eles me fazem sentir.

— Você está bem? — indaga Tobias preocupado abraçando forte Aninha e a mim.

— Não, eu queria ter socado a cara daquele idiota! — murmuro num arfar.

Tobias se limita a rir contra meu cabelo.

Nos separamos e ele beija o topo da minha cabeça e a de Aninha.

— Jovem, vocês estão bem? — um senhor de idade acompanhado de uma mulher e duas crianças se aproxima parecendo preocupado.

— Sim, obrigado senhor. — eles trocam apertos de mão, enquanto eu retribuo o sorriso da mulher morena.

— Graças à Deus. Cuidado meu jovem, esses malucos estão em todo lugar! — ele assente.

— Olha mamãe que bebê bonito! — uma das crianças diz, é um menininho loirinho de feições graciosas.

— Sim, ela é muito bonita. — a mulher diz sorrindo encarando meu bebê. O menino toca na mão dela chamando sua atenção e ela sorri para ele.

— Obrigada.

— Bem, nós vamos indo. Se cuidem. — eles se cumprimentam de novo e nos despedimos.

Quando voltamos a caminhar com certa cautela agora, à espreita caso eles apareçam de novo, me deparo coincidentemente com minha melhor amiga, que faz uma festa. Will também está com ela. Obviamente. Quando aqueles dois se desgrudam?

— Oi Will. — retribuo seu braço desajeitadamente.

— Que caras são essas? Mal começaram a namorar — ela diz a palavra com um entusiasmo perceptível — e já brigaram? 

— Eric e Peter. — explico.

— Ah! Nós os vimos tem alguns minutos parecendo muito suspeitos. O que fizeram?

— O que fazem de melhor, encher a paciência dos outros. Só falta encontrarmos a Lynn por aqui. — Tobias enlaça minha cintura com seu braço. Rindo.

Chris gargalha.

— Se ela ousar aparecer por aqui, tenha certeza de que eu ajudo você a se livrar dela, Tris. — ela diz e batemos a palma da mão uma da outra, dou um meio sorriso. — e você meu amorzinho? Sentiu falta da tia Chris? Sentiu? Hã? — Christina pega Aninha do meu colo e começa a brincar com ela e instigando desesperadamente para que ela diga seu nome.

— Christina, nos vimos ontem. — eu lembro-a.

— Que seja, Tris. Mas Aninha sente minha falta sempre. — dá de ombros.

Rio meneando a cabeça.

— Não chamamos vocês para virem porque pensamos estar ocupados... — Will se desculpa.

— Pensamos o mesmo. Todos bobalhões não é? — Tobias fala rindo em seguida e todos fazemos o mesmo.

— Daqui a pouco encontramos com Urih e Marlene ou o Al. — Will brinca.

Tobias pigarreia.  

Passeamos novamente pelo parque querendo esquecer a interrupção daqueles babacas, muito melhor agora que Chris e Will estão conosco. Rimos a cada cinco minutos com um comentário de Christina sobre qualquer coisa. Ou suas crises de ciúmes quando alguém mexe com seu namorado. Também tenho que me frear quando olham para Tobias, um homem com um bebê no colo? Mil vezes mais atraente.

Olhamos Chris e Will irem no Shake, rindo descontroladamente dos gritos dela pelas manobras do brinquedo. Nem se Ana não estivesse aqui eu iria naquilo, nem sob tortura. Aquilo é horrível.

Chris saí meio zonza de lá, sendo aparada por Will.

— Obrigada pelo mico! — ela resmunga novamente, colocando a mão no rosto.

— Ninguém está olhando para você, Chris. É normal esse tipo de coisa.

Prendo a risada que eu quero soltar.

Quando retornamos vejo um pula-pula inflável para crianças pequenas e tenho uma ideia. Pagamos o responsável pelo brinquedo e entro no castelo para segurar Aninha para pular enquanto Tobias registra esse momento com a câmera do seu Iphone, Will e Christina a incentivam a pular, é a coisa mais fofa do mundo, sua risada contagia a todos nós. Ela está corada de tanto gargalhar.  Solto-a para ver o que ela irá fazer. Engatinha alguns metros e captura algumas bolinhas coloridas as jogando, voltando a gargalhar, extremamente divertida com aquilo. Estou feliz por vê-la tão alegre. E estou fascinada. Posiciono-me para o próximo click da câmera sorrindo e segurando os bracinhos dela.

Quando temos que sair ela abre o berreiro que só é canalizado pelos braços do papai Tobias. Ele oferece um ursinho pequenino que ganhamos na pescaria. Há uma fila enorme de crianças que também querem se divertir no pula-pula.

— Você foi maravilhosa princesa! — Chris diz orgulhosa tocando seu pequeno nariz.

Visitamos as diversas barracas ali para jogar. Para nos entreter um pouco. Já estava ficando entediante só andar. Conseguimos alguns prêmios como o tigre de Chris, o martelo inflável de Will, um ursinho carinhoso gigante amarelo que Tobias ganhou nas argolas. Will e Tobias levam para os respectivos carros. Esperamos eles voltarem.

— Então? Como está sendo o namoro? — ela pergunta ávida me encarando.

— Nos primeiros dias foi esquisito, mas agora é completamente natural. — Ana está com ela agora babando o ursinho marrom. Não o largou.

— Você o ama? — meu coração perde uma batida.

— Não, sei. Acho que sim, Chris. — as palavras saem tremulas.

— Você está mentindo. É louca pelo bonitão. — ela sorrir insinuante vendo minha face mudar de cor. — estou feliz por ambos. Você sabe que eu sempre soube que isso ia acontecer. — ela repete as mesmas palavras que disse no dia que lhe contei através de uma ligação. Ao chegar em casa depois do jantar magnifico.

Dou um sorriso amarelo.    

Aninha e todos nós estamos morrendo de fome, ela resmunga. Então quando eles retornam voltamos para a lanchonete depois do tour pelo parque. Ana chora dengosamente para que Tobias a pegue. Dou de encontro com alguém quando eu simplesmente fixo meu olhar na tabela de preços pendurada próximo à janela. E não presto atenção no caminho.

— Mil perdões. — uma voz docinha soa com um sorriso de desculpa.

Paraliso. É ela. E imediatamente espremo os olhos.

Acordo ainda sonolenta, espreguiçando-me como um gatinho, acordando os músculos. Cochilo bom. Enquanto afasto as cobertas eu bocejo e pulo num salto. Extremamente feliz. Separo uma roupa leve e deixo em cima da minha cama. Vou para o banheiro e me deleito com a agua fria e agradável. Deixando ir pelo ralo todos os vestígios de preguiça.

Seco-me e me visto com um short jeans nada curto, a blusa branca sem mangas, as sapatilhas e prendo o cabelo num rabo de cavalo. Lembrando das minhas obrigações.

Primeiro vou no quarto de Tobias, ele não está lá.

Depois no quarto de Ana, também não estão.

Chamo no topo da escada por seus nomes, porém não há nenhum retorno.

Caminho com um suspiro até a janela do andar de cima e aprecio a paisagem bonita. É de tarde. Coincidentemente meus olhos vagam para a faixada da minha antiga casa, e observo curiosa um caminhão de mudança parado e algumas caixas espalhadas pelo jardim. Finalmente ela havia sido comprada. Mas sinto uma sensação estranha quanto à isso. Foi ali onde passei minha vida toda. A cada parede, a cada cômodo dali existia recordações. Porém é a vez deles agora. Dos novos vizinhos.

Nunca fui a favor de vender a casa, mas os donos eram meus pais, portanto eles que mandavam.

Uma garota surge saindo da casa, descendo as escadas e caminhando tranquilamente para o jardim com um bebê nos braços. Um bebê loiro, com um vestidinho vermelho de mangas e babados. É o meu bebê! Conheço de longe. Rapidamente como um estralo e com um terror me consumindo eu corro escada abaixo sem me importar com que deixo cair no caminho. Estou tremendo.

Atravesso o jardim dos Eaton e contorno o cercado até a porta que dá acesso ao jardim da minha antiga casa.

— Ana! — chamo-a para realmente ter certeza de que é o meu bebê. Ela vira o rosto para mim e se agita ao me ver estendendo as mãozinhas. A garota ruiva também vira seu corpo para me fitar. Sorrindo. Fecho minhas mãos em punho. Reprimo a vontade de lhe esbofetear. Quem ela pensa que é para estar com minha filha? Maior descarada. E onde Tobias está? Estou furiosa. Caminho a passos largos até onde se encontram.

Não espero que ela me ofereça minha própria criança e arranco Aninha de seus braços, pegando-a nos meus, balançando-a, seu rosto colado ao meu. Totalmente aliviada por tê-la a salvo. Ela se assusta com minha reação. As duas na verdade. Ana e a garota ruiva.

— Meu bebê. Minha Aninha! — eu entoo quando a escuto iniciar o choro. — Shiiiu! Está tudo bem minha menina. — balanço-a mais uma vez e beijo seus cabelos. É quando ela se acalma. E eu tento me tranquilizar também.

— Desculpe, mas quem é você? — a garota ruiva pergunta timidamente.

— Desculpas aceitas. Mas eu quem devia fazer essa pergunta. Eu encontrei você com meu bebê nos braços. — eu digo sem um pingo de gentileza. Ainda estou enraivecida. Embora ela não tenha culpa.

Ela pede licença um momento para dar instruções à um rapaz com uniforme, que a examina dos pés à cabeça. Reviro os olhos. Também com aquele vestidinho minúsculo qualquer um olharia. Depois que ele se vai, ela se volta para mim.

— Chamo-me Ana Beatriz, ou Bea. Como preferir. Prazer. — ela estende sua mão. Mas não aceito, então ela puxa para si e cola ao corpo. Seu sorriso vacila. — olhe me desculpe, mas eu apenas me ofereci para ficar com ela enquanto ele me ajudava a carregar minhas coisas... — explica um pouco nervosa, mexendo as mãos.

— Ele quem? — indago deixando minha voz transmitir minha irritação.            

— Bea, tudo pronto! — não preciso olhar para saber quem diz isso. Mas eu o faço para ter o prazer de encará-lo com toda ira que estou sentindo. Na hora que eu faço isso ele passa a mão entre as mechas loiras e sorri para a garota ruiva. Meu sangue ferve. Está de blusa preta e bermuda jeans. — Tris! Oi. — ele me nota e desvia os olhos dela para mim. Ele está ofegante.

E como assim Bea? Intimo tão rápido?

Quero esmurra-lo.

— Ah, obrigada Tobias. — ela diz alegrinha demais para meu gosto.

Meus olhos estão espremidos em fendas. E o sorriso de recepção que ele esboçava se dissipa aos poucos. Como se pensasse “Oh-oh”. Eu encaro mais uma vez a garota ruiva e ele, dando as costas e marchando com Aninha de volta para casa. Sem me dar o trabalho de me desculpar com a garota, e sem responder o ‘Oi’ de Tobias. Mordida.  

Mas como ele pôde? Deixá-la com aquela garota! Ela era uma completa estranha, ainda que nossa nova vizinha. E se fosse uma maníaca? Uma sequestradora? Qualquer coisa ruim e fizesse mal à Ana? As lágrimas embaçam minha visão enquanto caminho. Todos os pensamentos fazendo-me sentir péssima. E aterrorizada com as ideias absurdas. Eu não suportaria. Não aguentaria se a tirassem de mim. Eu a aperto mais contra mim quando chegamos à sala, mas tendo cuidado para não sufoca-la. Estou sentada, beijando seu rostinho, sua cabeça, sentindo seu perfume. Ela está atenta, me encarando. Imersa ao que acabou de acontecer.  

— Você está bem não é? — pergunto como se esperasse responder, em resposta ela sorrir e brinca com meu rosto, apertando meu nariz, cutucando minhas pálpebras, puxando meus lábios. Achando aquilo realmente divertido. O que é engraçado. E de certa forma amolece meu coração e me faz esquecer a cólera um pouco.

Ouço a porta bater, mas permaneço como estou. Escuto seus passos pesados.

— Pode me explicar o que acabou de acontecer lá fora, Tris? — ele pede. Não me movo ou me mexo — Tris? — não digo nada. — Beatrice?!

— Papa! — entoa Ana alegre. Eu seguro suas mãozinhas para que ela não peça colo para ele.

— Oi minha princesa.   

Sei que àquela altura ele já se encontra irritado também. Se fosse em outros tempos eu teria adorado responde-lo. Bater de frente. Mas é que eu estava tão sei lá, que achei melhor me calar e deixar que os sentimentos me oprimissem. Não era só raiva.

Sinto o acento se afundar ao meu lado.

— Tris? Olhe para mim por favor. Me explique! — amansa a voz.

— Não quero falar nada! A tal garota não precisa de ajuda? Vai lá. Eu já acordei. Posso cuidar de Ana agora. — eu falo apenas sem encará-lo e sem poder decifrar suas expressões. Apenas fico a fitar Aninha de frente para mim. Eu sabia que não deveria ter aceitado seu conselho de descansar um pouco.

— Só quis ser gentil. Havia pouca gente para ajudar a garota, eu estava passeando com Clara e a vi.

— Eu não estou pedindo explicação nenhuma! — eu ralho. — volte para lá.

— Sério? Então tá bom. Já que não tem problema então vou indo... — ele faz menção em se levantar.

Eu arregalo os olhos.

— Tobias! — eu digo seriamente e irritada de novo. Por reflexo puxo sua mão e largando-a em seguida.

Ele começa a rir.

— Eu não ia a lugar nenhum, Tris. Você sabe disso. — volta ao lugar de antes se jogando e passando seu braço pelos meus ombros. 

— Não, eu não sei! — digo com uma carranca.

Ele toma Ana do meu colo, que estava quieta brincando com a renda da minha blusa.  

— Me diz então, porque ficou tão irritada? Além de ter ficado com ciúmes. — ele beija minha bochecha rapidamente.

Estou séria.

— Fora o fato de você deixar o bebê com aquela estranha? — respondo com uma interrogação. — e não tem nada a ver com você ir ajudar a garota, coitadinha né? Com um monte de carregador ela continuava precisando de ajuda.

Ele rir novamente.

— Isso não é engraçado Tobias! — minha voz está embargada e ele para no mesmo instante — o que sabemos sobre aquela garota? Porque você deixou a Ana com ela? Eu morreria se acontecesse alguma coisa com ela. Se a tomassem de mim! — eu me encolho.

— Hey, eu jamais deixarei isso acontecer. Nunca. — ele me faz olhá-lo, segurando meu queixo com o indicador. Completamente angustiado com meu estado. Posso ver através dos seus olhos. — desculpe se te chateei. Não era minha intenção, meu amor. — meu coração dá um salto. É a primeira vez que ele diz essa palavra.

Droga! Estou brava, não quero amolecer agora.

— Desculpe, desculpe, desculpe. — encosta sua testa com a minha.

— Não faça isso de novo, por favor.

— Tudo bem, eu prometo.

— Certo. Agora pode voltar lá.

— Eu não vou sair daqui. Estou com as minhas princesas. — se afasta e me encara — Ah, vamos lá Tris, sorrir para mim, vai!

Estreito os olhos. Ele faz caretas diversas para me fazer rir como se eu fosse um bebê. Reviro os olhos. Quando não surte efeito nenhum ele decide me cutucar.

— Ataque de cocegas! Vamos Clarinha me ajude!

Minha face está numa tonalidade rubra e não aguento por muito tempo. Aninha também se divertindo com aquilo. Ele me cutucando desengonçadamente por estar com o bebê.

— Tudo bem, tudo bem! Parem os dois! — abraço a mim mesma, impedindo com que ele continue. — vamos esquecer isso?

— Vamos esquecer!

Juramos.

 

— Sem problemas! — eu respondo a garota ruiva.

Ela parece me reconhecer e fica tensa. Certamente lembrando do acontecido na tarde de hoje. Está com uma roupa muito mais decente agora. Calça jeans e pulôver rosa. Tem um saco de pipoca nas mãos.

— Beatriz não é?

— Sim. Você deve ser a Tris. Temos nomes parecidos. — diz parecendo realmente animada com isso.

Forço um sorriso. Ótimo.

— Bea! — Tobias diz gentil e prontamente oferecendo sua mão para apertá-la. — olá!

— Oi Tobias. Que coincidência nos encontrarmos por aqui.

— É. — seu sorriso é tímido.

— Oi, Clarinha! — ela mostra seus dentes impecavelmente brancos e alinhados. Pegando a mãozinha de Ana e apertando sua bochecha rosada carinhosamente. Se nosso encontro de hoje não tivesse sido tão catastrófico eu até poderia ter simpatizado com ela rapidamente. Parecia ser uma boa pessoa. O instinto materno recém descoberto em mim me fez agir inconsequentemente. Mas uma sensação já conhecida aperta a boca do meu estomago.

— Estes são Will e Christina. — eu os apresento.

— Muito prazer. — aperta as mãos de ambos em um cumprimento com aquela mania insistente de ser gentil demais.

Eles apenas sorriem com um aceno.

— Bem, eu vou indo sentar com meus amigos, com licença, Beatriz. Te espero lá Tobias. — pego o bebê dos seus braços e continuo o trajeto com Chris e Will me encarando de uma forma esquisita.

Suspiro.

Evito manter contato visual com ambos.

É apenas uma conversa. Apenas isso. Nada demais. Tranquilizo-me. Ter ciúmes as vezes é irritante. Por que me sinto irracional. Paranoica. Ela é linda e tudo mais, mas eu me garanto. Ele não demora muito e logo volta para nós. Fazemos nossos pedidos e não me interesso em entrar na conversa que engatam.

Até porque me entretenho alimentando Ana com seu leite. Aproveitando para fitar seus olhos maravilhosos. Olhos que me conquistaram desde a primeira vez em que a vi e a tomei em meus braços.

— Eu amo você, sabia disso? — digo repleta de amor por aquele ser.

Ela rir e agarra minha mão com a sua. Como se dissesse “eu também”. Meu peito arde. Se é que haviam duvidas elas desapareceram completamente quando penso ela falando exatamente isso para mim. Ela brinca com minha mão com seus dedinhos, apertando e “beliscando”.

Quando nos despedimos de Chris e Will, e voltamos para casa, eu prefiro me esquecer das minhas paranoias. E assim evito um desentendimento futuro. Conversamos durante o caminho todo para não deixar que o silencio paire no ar. Nos recordamos dos inconvenientes no parque também. Juro que se eles aparecerem novamente eu irei socar a cara dos dois sem dó. Mesmo que eu seja menor que ambos.

Eu juro.

[...]

Tudo bem, eu irei lhe dar uma resposta o mais rápido possível. Eu preciso de tempo para refletir um pouco. Por favor. — escuto isso enquanto me aproximo do sofá em que Tobias está, o mesmo não percebe minha presença ainda e ao notar-me se sobressalta se despedindo rapidamente e desligando o celular.

Franzo as sobrancelhas um pouco.

Tobias me dá um sorriso amarelo.

— Quem era no celular? — indago sentando ao seu lado com a vasilha laranja em minhas mãos.

— Ninguém de especial. — enche a mão de pipoca enfiando na boca de uma vez só. Fico encarando-o, nenhum pouco satisfeita com sua resposta vaga. — acredite em mim, Tris.

— Tudo bem. — eu digo meio desconfiada.

— O filme já vai começar... — passa o braço sobre meus ombros para me aproximar mais dele.

Tobias me dá um beijinho demorado nos cabelos carinhosamente. Eu descanso minha cabeça na sua e nos concentramos nos créditos iniciais do filme. Tento esquecer suas palavras ditas para quem quer que seja no celular. Ele não seria capaz de me trair. É quase um pecado pensar nessa hipótese. Sinto-me culpada por o acusar injustamente.

Mas se fosse algo tão importante ele já teria compartilhado comigo não teria?

Ele me diria sim.

— Sabe de uma coisa? Precisamos de uma secretária! — ele diz do nada.

Suas palavras me pegam desprevenida e eu me sobressalto deixando cair algumas pipocas fora da vasilha.

— Precisamos? — indago confusa.

— Yeah!

 


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Deixem seus comentários que me motivam muitíssimo!
Beijokas ♥



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