A Arma Escarlate - O Muiraquitã. escrita por NahHinanaru


Capítulo 13
Capítulo 13 - Sub-Saara, sorvete e ciúme.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me a demoraaaa, e os erros tbm, sono demais! Obrigada por lerem!



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–--Narrativa Nádia---

Mesmo depois de ter curado o ferimento com ajuda de um feitiço e uma pasta que aprendi a preparar em livros de poções e alquimia, eu sentia que meu braço não estava completamente bem, mesmo com ele meio dormente, eu comecei a trabalhar no portal.

Na verdade eu não sei bem como ou que horas eu dormi, pois eu nem me lembro de ter dormido, só me recordo de ter acordado jogada em cima da minha bancada, e provavelmente estava muito atrasada.

Arrumei-me correndo para ir a Lapa como eu havia prometido ao garoto esquisito que veio parar aqui na Korkovado.

Eu ainda estava completamente aborrecida pelo modo que ele havia me chamado de certinha, bom na verdade eu não deveria ter me ofendido, mas têm horas que você não pensa direito, e no fim das contas eu estava certa.

Com o braço doendo, eu descia as escadas resmungando para mim mesma, afirmando que eu nunca fui de fato chata, ohhh não mesmo!

Quando cheguei aos dormitórios Virgilio estava lá me esperando com os braços cruzados, não parecia nada amigável.

–Qual é dessa cara de poucos amigos? – comentei indo até em direção a ele.

–Cara de quem não tem nenhum amigo. – Ele então respondeu seco. – Você está atrasada.

–É to sabendo. – entrei sem dar muito papo.

A verdade é que meus amigos sabiam muito bem que eu não era nada boa com horários, e por isso que só ele estava lá fora me esperando.

–Demorou a chegar hoje. – comentou Stephanie já pronta para me acompanhar a Lapa junto com o resto do grupo.

–Dormi muito tarde, perdi a hora. – expliquei sorrindo.

–Novidade. – ironizou ela rindo simpática. – Vou esperar você lá fora.

–Ahh sim tudo bem.

Ela então saiu do quarto, me troquei rapidamente, peguei o dinheiro, e segui meu rumo para ir ao Sub-Saara.

Iríamos só eu, o Erik, Virgílio e Stephanie, como plano inicial. Eu iria por que eu que estou ajudando o garoto Virgilio, o mesmo iria, por ser o ajudado, enquanto minha amiga Stephanie iria, para me ajudar administrar melhor meus gastos, já Erik iria para Me administrar melhor, ele não confiava em mim com um garoto, ainda mais quando o mesmo dissera que era meu namorado em outro universo, até que apareceu a Sabrina, que iria de enxerida, e também por que ela tava doida pra experimentar algum doce novo comigo.

Quando me dei por mim, estávamos em oito pessoas, afinal as pessoas apareciam para nos acompanhar pelos corredores da escola.

Eu andava pelas ruas da Lapa na frente dos meus amigos, eu queria chegar logo ao Sub-Saara, por dois motivos, eu necessitava olhar os preços de igredientes alquimicos não só para Virgílio, como pra mim também, e outra, eu queria tomar sorvete.

–Olá Lucas! - cumprimentou Viny á um dos meus amigos ali presentes.

–Olha só! O pirado, metido a pixie às avessas. - comentou Yui debochada, referindo-se ao garoto da tribo, que fechou o semblante no mesmo instante.

–Olha se não é a anjo, que se mete a pixie! - retruquei no mesmo tom dela.

–Ai, a Nádia não gostou da brincadeira. - comentou Yui.

–Oi Nádia. - sorriu Capí bondoso vindo me cumprimentar.

–Oi Capí.

–Nossa, Caimana! Posso ver sua vassoura??? - exclamou Guilherme admirado.

–Claro!

–E essas eleições hein! - disse Erik, com cara de nojo, segurando um panfleto de politico que fora arremessado em sua direção.

–O A.A. vai ganhar! Sem duvidas! - exclamou Viny que parara de chamegar Lucas ao ouvir a palavra "eleições". Tinha a empolgação admirável em falar das propostas do tal político humanista.

Eu já não aguentava todo aquele puxa saquismo, não que meu voto não seria dele, as propostas por mais viajadas que eram, pelo menos pareciam bem mais convidativas que as do Lazai, no entanto eu não tenho paciencia pra escutar as pessoas, principalmente se estão tão empolgadas a ponto de parecerem cegas.

–Ta tudo bem Virgilio? - Perguntou Stephanie reparando a cara de "Aff" do garoto.

–Sério que vocês vão votar no Antunes? - perguntou ele com cara de desprezo.

–Sério que você vai votar no Lazai? - retrucou Vinicius Y-piranga.

–Talvez ele tenha outro voto. - comentou Capí.

–Sim, vou votar no Lazai, algum problema nisso? - respondeu o Índio.

–Claro que tem! Você por acaso ja leu as propostas babacas dele? O cara é um mané! - respondi, me arrependendo na hora, afinal quem era eu pra questionar o voto dele.

Ele foi abrir a boca pra falar, mas eu me antecipei:

–Desculpa, não é da minha conta. Vamos embora?

–Ahh Nádia nós vamos ficar mais um pouco. - disse Jackson sorrindo pro Capí. - estou contando pro Capí sobre um bichinho estranho que apareceu na minha casa durante as férias, ele ta tentando adivinhar qual que é.

–Tudo bem. - resmunguei, vendo que metade do meu grupo ficara lá babando pelo Capí, este que nem notara. - Vamos Erik? Erik? Erik!

Virei pra trás e ele estava lá babando na fodasticidade da surfista Caimana.

–Aff, inacreditável. - resmunguei. Olhei procurando Lucas, mas quando o avistei, percebi que ele já estava lá completamente dominado pelas palavras de Viny, Sabrina estava conversando com Mark e parecia nem me notar também.

Aproximei-me de Virgilio que ainda estava de cara fechada pelo Bullying eleitoral que praticamos com ele.

–Vamos lá?

Ele assentiu com a cabeça, sem falar nada, notando minha irritação pelo abandono coletivo que eu acabara de receber.

Fomos então, eu e Virgilio, ambos com postura rigida, lado a lado, tão próximos que por vezes nossos braços ficavam alguns segundos encostados. Era evidente que estávamos irritados, o que era cômico, ver que duas pessoas tão diferentes ficavam bravas de forma idêntica.

Andando pelas ruelas do Sub-Saara, entramos primeiro no botica, que era o que eu mais estava ansiosa para ir.

–Você e a alquimia. - sorriu ele pegando um vidrinho de asfódelo europeu.

Retribuí o sorriso.

Continuei vasculhando as prateleiras desorganizadas da loja. Essa era parte ruim do Sub-Saara nem sempre tem qualidade e achar os ingredientes é uma séria dificuldade, mas não tão dificil pra mim, que já estou acostumada com a bagunça que normalmente estão minhas coisas.

Encontrei um vidrinho com um caldo protéico, outro de mercúrio, peguei o de asfódelo com um aspecto mais confiável que o da mão do garoto, pedi o que ele estava segurando e mostrei pra ele comparando-os.

–Veja só, o mais espesso parece ser o mais confiável, porém o asfódelo é ao contrario, pelo menos a infusão dele é. Quanto mais translúcida, melhor. Bom isso pelo menos pra poções do quinto ano. - expliquei entregando o vidrinho mais claro em sua mão.

Os olhos dele tomaram um brilho estranho comparado a alguém que a pouco estava irritado. Estranhando tal atitude perguntei:

–Que cara é essa?

Ele então fechou sua expressão, será que não se podia falar nada pra ele que ele já ficava de calundu?, foi quando ele respondeu:

–Nada não, só que eu adoro quando você fala assim tão convicta.

Aí então entendi que não era irritação, e sim constrangimento.

Eu não sei por que e nem como havia chegado naquilo, mas agora eu e ele andávamos pelo botica de mãos dadas.

Erik? Quem é que lembrava dele? Eu naquele momento havia me esquecido completamente da existência dele. Era como se eu não precisasse de ninguém mais na minha vida, eu então não estava mais aborrecida por ter sido trocada pelos pixies, o que importava naquele momento era aquele garoto, aquele mau humor dele, aquelas trocas enigmáticas de emoções que ele fazia de tudo para esconder, e muitas vezes conseguia, principalmente quando fingia irritação.

Saímos de lá com um material de primeira pra alquimia com um preço super baixo, primeiro por que eu sabia escolher a dedo o material ideal pra essa matéria como ninguém, e segundo que eu passo a minha vida pechinchando ingredientes nessas boticas do Sub-Saara.

Estávamos andando em silencio pelas ruas cheias de alunos que estavam curtindo o fim de semana, a procura de alguma loja decente pra comprar roupas não muito caras pro garoto, ele não podia ficar usando minhas roupas pra sempre, muito menos usando o uniforme dele sempre, essas vestes ele se prontificou a pagar com seu próprio dinheiro, eu é que não iria contradizê-lo.

Foi então que uma cor me chamou atenção em uma vitrine, uma delicada pulseira dourada com uma pedra azul nela, de um azul lindo e vivo que pela primeira vez uma cor me chamara tanta atenção, como essa.

Me aproximei da vitrine, encostei minhas mãos nela, me aproximei tanto que pude sentir meu nariz se amassando de leve contra o vidro.

Virgilio riu atrás de mim e disse:

–Foi o azul?

–Como você sabe? - perguntei sem dar muita importância.

–Cê têm uma história com essa cor. - ele me explicou.

–Tenho? - olhei pra ele, então entendi, ele estava falando de outra Nádia. A que ele conheceu, não a que eu sou agora. -Ahh sim, tudo bem, nem precisa explicar.

Inacreditavelmente, eu estava sentindo ciúme de mim mesma! Como pode isso?

Ele nem notou meu ciúme, pois saiu andando na frente, estava prestes a entrar em uma loja de roupas, avaliou bem pela porta o recinto, com receio de entrar, mas entrou, eu achei aquela atitude até meio engraçada.

Saímos de lá com algumas roupas não muito caras, e até que eram bonitas.

–Nádia! - Sabrina e Jackson gritaram pra mim á distancia, eu agora sorrindo, fui até eles.

–Iai! Lembraram que eu existo? - comentei, pegando os óculos de Sabrina e colocando em meu rosto.

–Me devolve tampinha. - gargalhou ela pegando os óculos de volta.

–Ok, giganta. - respondi me virando pro Indígena. - Hey, vem cá.

–Você é assim mesmo? Silencioso, todo esquisito assim mesmo? - perguntou Sabrina levantando os braços dele avaliando o terno que ele estava usando, o que por sinal havia acabado de comprar. - Parece roupa de cadáver, credo.

Eu e Jackson seguramos o riso.

–Aff... - resmungou Virgilio.

–Isso d'ele ficar quietinho na dele me lembra uma musica que minha irmã adora ouvir. - comentou Jackson batendo o dedo indicador no queixo pensativo.

Olhei curiosa e sacudi a cabeça como quem pergunta: que musica?

Ele então rindo começou a cantar:

–Eu não tenho culpa

De comer quietinho

No meu cantinho

Boto prá quebrar

Levo a minha vida

Bem do meu jeitinho

Sou de fazer

Não sou de falar...

Eu comecei a rir junto com a Sabrina e Virgilio estava começando a ficar incomodado.

–Enfim, iai vamos tomar sorvete? - perguntou Sabrina.

–VAMOS! - exclamei sem pestanejar.

–Vão indo na frente. Vou dar uma volta. - respondeu Virgilio com cara amarrada por causa das brincadeiras.

– Que isso indiozinho, não fica nervoso não, é só brincadeira. - disse Sabrina sorrindo.

–Só quero ficar um pouco sozinho depois nos vemos.

–Ok. - respondi normalmente. - Até mais.

Vi o garoto se distanciando, quando Jackson disse:

–Uau, quem diria logo você, babando por um garoto.

–Eu não to babando por ninguém, deixa de asneira. - ri e saí andando a frente.

–Mas iai, qual é a dele? - voltou a perguntar meu amigo.

–Ele quer voltar pra vida antiga dele, longa historia, qualquer dia te explico.

–Tudo bem.

–Nádia, qual sorveteria vamos dessa vez? - questionou Sabrina olhando para os lados avaliando as possíveis opções.

–Abriu uma doceria nova, lá na quinta travessa sabe? - comentei - Só que eu acho que ela está cheia. Vamos na 'Ora bolas' mesmo. Se chorarmos bastante, o dono cria um sorvete novo pra nós.

–Legal! - ela disse empolgada.

–É pra lá né? - perguntou Jackson, apontando pra esquerda. - aquela do lado daquela livraria que você adora.

–Sim, vamos lá.

Andávamos desviando dos folhetos, aviõezinho-de-papel-propaganda, e dos políticos malucos que gritavam toda vez que pisávamos na cara deles que estavam caídos no chão.

Sabrina e Jackson escolheram cada um o partido que mais tinha folhetos no chão e iam pisando pra ver quem causava mais gritos em insultos, enquanto eu desviava deles. Tipo um jogo. Se eu pisasse em um, eu perdia, e se eles não pisassem em um dos políticos do partidos que eles escolheram, eles perdiam.

No fim das contas Sabrina havia ganhado de nós dois. E ela cantava uma musiquinha ridícula de vitória.

–Eu ganhei de lavada!!! - ela disse.

–Idai? - comentei rindo.

–Idaí, que vocês agora vão ter que pagar o meu sorvete! Muahahaha!!! - ela disse rindo.

–Sabrina, vê se não vai nos levar a falência. - brincou Jackson. - Pelo menos eu tô feliz que não tenha sido a Nádia a ganhar, se não aí sim eu estaria lascado.

Rimos juntos, quando eu vi a livraria que ficava ao lado da sorveteria eu logo comecei a pular e apontar pra ela:

–Vamos? Por favor? Eu quero ler aquele livro da bruxa européia que contou a história do Potter lá!

–Nádia você não me disse que estava com pouco dinheiro? - perguntou Sabrina.

–Bom, Virgilio comprou aquelas roupas com o dinheiro dele, então acho que sobrou um pouco pra poder fazer isso. - Respondi já avaliando o tamanho da divida, to devendo pras duas pessoas que mais têm aptidão para serem agiotas, minha gemea Cris, e minha grande amiga e companheira de quarto Stephanie, mas que seja, depois eu dou meu jeito, roubo material de alquimia do Rudji, acho que se eu pedir com jeitinho ele até me fornece alguma coisa, e pago elas com meu dinheiro, sei lá.

–Tudo bem então. - respondeu Sabri.

Andamos até lá eu estava folheando o livro com a capa toda colorida com um menino montado na vassoura.

Pedra filosofal cara! Deve falar sobre alquimia nesse livro!

Eu toda empolgada peguei logo o livro e saí correndo pra pagar, eu não podia ficar muito tempo ali dentro, se não eu ia acabar comprando mais livros do que eu queria.

–Oi Nádia!

Me virei e estavam lá, Mikaelle e Laiany ambas batendo papo no balcão.

–Oie! - sorri de volta. - Tudo bem?

–To sim, vim hoje ajudar minha tia aqui na livraria, chego um lote de livros que tem vontade própria, e eles saem do estoque sozinhos, por isso que to aqui. - respondeu Mika chutando algo por detrás do balcão.

Eu me inclinei pra ver o que ela tinha chutado, e tinha uma infestação de livros rastejantes, chegava ser assustador.

–Errr. Você precisa de ajuda? - perguntei.

–To esperando o Capí vir aqui, se ele oferecer ajuda aí eu aceito. - ela disse piscando pra mim.

–Ahhh entendi hahahha, se caso eu rever ele eu falo que preciso que ele pegue um negocio que esqueci aqui ok? - comentei tirando um frasquinho de dentro do meu bolso e entregando pra Mika.

–AAAHHH Obrigada! - disse Mikaelle rindo.

–Bem que você podia pensar nesses esquemas pra eu poder me aproximar do Atlas... - sussurrou Laiany.

–Ele é professor menina! - exclamou Mikaelle.

–O Capí também! - retrucou a mesma.

–Ele foi substituto, não conta... - comentou ela tentando tirar um livro que se enroscou em seu tornozelo.

–E isso o torna menos professor? - perguntei rindo.

–Não vem ao caso... - começou ela, mas eu a interrompi e disse:

–Eu não vou juntar você com o Atlas, Lai, sei lá. Você já é bem estranha sozinha...

–Pooooxa Náaaaadiaaa...

–Tah depois eu vejo isso, eu tenho que ir...

–Tudo bem... - resmungou Laiany, me virei então para ir embora quando então percebi que tinha alguém atrás de mim, mas era tarde demais eu havia caído por cima da moça.

–Caramba! Olha por onde anda! - exclamou a menina que mais parecia uma índia.

–Credo, traficaram uma tribo inteira pro Rio? - resmunguei irritada.

–Ridicula! - a menina disse pegando todos os livros que ela derrbou do chão.

Peguei dos braços dela um que dizia em sua capa "Magos", virei a capa de trás e falava "O Bruxo sem varinha, conheça suas vantagens".

–Mas que ridiculo. - debochei.

–Não é da sua conta! - ela disse rispida.

–E quem liga? - ri debochada só por que percebi que quanto mais eu ria mais irritada ela ficava.

–Hey, hey Nádia. Essa Alicia, Alicia essa é a Nádia. - disse Erik vindo e abraçando minha cintura.

–Está bem entendido das garotas da cidade, hein. - respondi arisca, me soltando dele.

–Ela não é da cidade. - respondeu ele estranhando meu incomodo com o toque dele.

–Pior ainda! Eu vou embora, até mais, tem um sorvete enorme me esperando! - agredi verbalmente o garoto, arrastando Sabrina comigo e Jackson nos acompanhando logo atrás.

–Por isso que está gorda. - sussurrou Alicia.

–--Narrativa Virgílio ---

Saí dali, pois aquilo estava ficando estranho demais.

Independentemente do lugar, época e circunstâncias, os amigos da Nádia sempre eram os mais esquisitos possíveis. Esse pensamento me fez lembrar da corrida de rodas que ela participou ano passado. Se me lembro bem o desafio era ver quem de rodas pilotava mais rápido, Guilherme empurrava a Sabrina que estava dentro de um carrinho de mercado azêmola que de acordo com a Nádia ela o "achou" na rua.

Enquanto ela empurrava o amigo cadeirante dela, Lucas.

Se me lembro bem, não chegaram a ter um vencedor já que no meio da corrida eu e os outros pixies chegamos, o Viny queria que eles continuassem, mas assim que ela me viu, largou a cadeira do Lucas em alta velocidade e veio correndo se jogar em cima de mim. Se não fosse pelo Capí e pelo Viny o Lucas teria quebrado a maioria de seus ossos. Nádia era uma completa irresponsável. Mas era uma irresponsável adorável, tenho que admitir.

Andando sem um destino certo, acabei passando de novo por aquela loja que Nádia olhava boba pra pulseira que nela parecia que tinha um pedra muito semelhante à aquela do muiraquitã.

Entrei nela, avaliei bem o preço da pulseira, e por sorte eu tinha dinheiro certinho para comprá-la, não sobrou quase nada do que eu tinha.

Peguei a pulseira, a vendedora que tinha um olhar aéreo, tomou a pulseira da minha mão sorrindo disse:

–Ótima escolha meu jovem, sua namorada vai adorar.

–Mass... o que? - perguntei abismada.

–A garota loira, eu vi, aquiiiii... - disse ela com cara de doida apontando pro meu peito.

–É o que??? Não seja ridícula, é um presente de agradecimento pra minha amiga, aquela morena que tava grudada na vitrine! - respondi, sabendo muito bem de quem ela estava falando.

–Me desculpe! Minha vó costuma se meter na áurea alheia quando não é chamada. - respondeu uma jovem sorridente, de cabelos tão pretos que chegavam pender pro azul. - Aqui está. - complementou a moça me entregando o embrulho com a pulseira dentro.

–Nós somos de uma ordem de magos, onde nenhum de nós possui varinha, então nos resta aprendermos todo tipo de magia possível, um exemplo disso é minha vó que se dedicou para leitura de almas.

–Obrigado. - respondi seco, tentando cortar toda aquela conversa que eu não estava nem interessado a ouvir quando minha passagem é interrompida por uma garota furiosa que entrava na loja falando:

–E ainda me perguntam que eu prefiro frequentar os centros comerciais do norte. Bando de mal educado.

–Alicia? - perguntei.

Ela então ficou em silencio, me olhou pensativa e disse:

–Você não me é estranho.

–Ocê se lembra de mim? - perguntei.

–Não sei. Você já foi conhecer a região norte?

–Não. - respondi.

–Então não te conheço.

–Ahh sim. - respondi e ela sorriu para mim.

–Eu sou Virgilio. - comentei estendendo a mão para ela.

Ela retribuiu o aperto de mão e disse:

–Donde você me conhece?

–Longa história, iai como que estão as coisas?

Ela também não se lembrava de mim, ela a primeira garota que eu tive algo. Ela não se lembrava de mim também. Ótimo. Eu estava oficialmente esquecido.

Ela agora me contava sobre uma garota que havia derrubado todas as coisas dela. De acordo com ela uma selvagem. Bom e eu não tirava a razão dela, pelo que ela me disse a garota além de derrubá-la, ainda a insultou? É por causa de pessoas assim que tudo está como está. Vendo o estado dela de estresse, a convidei:

–Que tal tomar um sorvete?

Que foi? Não me julguem, esse é exatamente o tipo de coisa que a Nádia falaria, ou que acalmaria ela. Mas minha mente não anda a das melhores nos tempos atuais.

–Sim, está um calor infernal aqui nesse lugar, vamos.

Andamos até a sorveteria, conversando pouca coisa, eu não sou muito de conversas, e digamos que os maiores diálogos causais que eu tive foram com a Nádia. E esses não eram lá muito grandes. Não sou nada bom em ficar de papo pro ar.

Quando estávamos quase chegando a sorveteria um cara passou voando numa vassoura desgovernada me derrubando.

–Mas que merda! - exclamei irritado.

Me levantei, e vi o pacotinho que eu havia comprado caído próximo aos pés de Alicia, abaixamos para pegar ao mesmo tempo, quando nossas mãos tocaram-se.

Devo admitir que não sentia mais aquela sensação antiga ao encostar na mão dela, mas ela ainda era linda. Infelizmente, do mesmo jeito que essa garota era uma brisa boa, a Nádia era uma tempestade, e eu não conseguia mais ter nada com a Alicia como eu tinha a dois anos atrás quando namoramos por dois meses.

Nádia havia se instalado de jeito em mim, coisa que eu duvido que seja fácil de remover. E a cada um desses pensamentos minha raiva e frustração aumentavam.

Eu não podia me apaixonar pela Nádia. Alicia estava ali na minha frente e eu aqui igual a um idiota pensando na loira espontânea.

–INACREDITÁVEL!

Foi então que acordei dos meus pensamentos e me vi segurando o pacotinho com a pulseira junto com Alicia.

–E eu imbecil achando que aquilo foi diferente! - continuou a voz de Nádia logo atrás de mim.

–Aquilo o que? - perguntou Erik atrás dela.

–Não é da sua conta! - gritou Nádia, e agora virando-se pra Alicia.

–Pois é, a menina vêm de outro estado pra ficar se oferecendo pros garotos do sudeste todo! Que ótimo!

–Nádia ela não estava se oferecendo pra mim, eu já disse! Ela é uma prima de terceiro grau, caaalmaaa... - disse Erik.

–EU-JÁ-DISSE-QUE-NÃO-É-DA-SUA-CONTA!!! - ela rugiu entre os dentes.

–Se não é da minha conta, te vira aí, que pelo que notei tu ta em outra! Tchau! - respondeu Erik furioso saindo dali puto de ódio.

Mas ela parecia ignorá-lo, o ódio dela era todo voltado para Alicia, que por algum motivo, estava adorando aquilo.

–Nossa se não é a selvagem com ciuminho.

–Ciúmes o caramba, sua inútil patética! - ela gritou de volta.

Selvagem? Ela quem derrubou Alicia na livraria?

–Eu inútil? Há perdão garota, mas quem aqui não garante manter-se com o namorado é você. O Virgilio aqui que me chamou pra tomar um sorvete.

–E você aceitou né? Vadia! - Nádia agora era segurada pelos amigos dela pra não voar no pescoço de Alicia.

–Precisa ser segurada? Mas é uma selvagem mesmo, usa sua varinha, ou é uma aberração que tem uma varinha e não sabe utilizar? É tão tapada assim?

–CHEGA! - gritei.

Elas então pararam estáticas.

–Alicia, vai embora daqui, depois nos vemos. - Alicia, fechou a cara, mas saiu dali batendo o pé. Nádia agora que fazia pose, com o ego inflado, a cortei quando disse:

–Preciso falar sério com você!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado



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