A Arma Escarlate - O Muiraquitã. escrita por NahHinanaru


Capítulo 11
Capitulo 11 - Ciumes, Encontrando-se, me lembrar?


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, tava de ajudante do Coelhão! Semana toda só fazendo ovos de páscoa incansavelmente junto com a minha mãe!

Como não posso dar chocolate para cada um de vocês... Aqui mais um Capitulo, Feliz Páscoa amores



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–--Narrativa Nádia.---

–Quem diabos é você? – perguntei alarmada.

Digamos que não é todo dia que você encontra um completo desconhecido que te conhece melhor do que todos seus amigos e conhecendo mais sobre você do que você mesma!!!

–Você veio do futuro? – questionei, afinal, aquelas anotações, eu simplesmente conhecia parte daquela teoria, mas eram só suposições, eu nunca tinha cogitado testar tais coisas, muito menos anotar de forma tão convicta.

–Não. – me respondeu ele.

–Então me explique melhor o que ta acontecendo aqui. – exigi autoritária.

Ele então respirou fundo, tomou lentamente o caderno de minhas mãos e disse:

–Isso é da minha namorada.

–Sua namorada? Essa letra é minha! – gritei.

–É uma longa história.

–Temos uma porcaria de madrugada inteira garoto da tribo. – disse azeda, me jogando no sofá, começando acreditar que ele não me contaria o que estava acontecendo.

–Eu sou Virgílio OuroPreto.

–Idaí? – perguntei.

–Ocê nunca ouviu falar de nenhum OuroPreto? – perguntou ele assustado.

–Não. – respondi entediada. – Agora vai explicar, ou vai aí ficar parado só nisso?

Ele estava um pouco estupefato, e eu irredutível, ele não sairia daquela sala sem uma história completa sobre donde ele viera.

–Antes, me diga uma coisa, sua família tem alguma lenda? – perguntou ele.

–Olha aqui senhor Cacique OuroAmarelo... – comecei sendo interrompida por ele.

–OuroPreto. - me corrigiu ele.

–OuroPreto, OuroAmarelo, OuroArco-Íris, to pouco me lixando pro que você quer saber! Seria uma boa você falar logo o que EU quero saber, está tarde já, e quando está tarde eu realmente não sou agradável! – esbravejei.

–Olha aqui, quem ocê pensa que é? Pra falar assim comigo? – ele se aproximou de mim me olhando agora irritado, eu me levantei olhando com meu mais puro olhar de raiva.

–Quem “ocê” pensa que é? Seu caipira enrustido! – cuspi uma palavra atrás da outra com raiva.

–Eu sou Virgilio OuroPreto! Índio! Integrante dos pixies! Seu namorado! Seu protegido! – ele então soltou furioso, eu hein. Esse garoto abusou do pó de piripimpim.

Eu pensei em rir, ou retrucar ou sei lá, socá-lo. Mas algo nele me fez parar, então vi de relance um olhar de garotinho perdido no rosto dele, mas foi por um breve segundo, o suficiente para eu recuar.

–Explica melhor. – sugeri mais calma.

–Estávamos em Minas Gerais, na casa da sua avó, e seu tio Salvador tentou me matar... – ele então começou a explicar a história mais maluca que eu já ouvira em toda minha vida. Eu nunca seria um muiraquitã, sendo que isso é só uma lenda que meu velho avô me conta sempre que vou vê-lo.

Ele me contou sobre a lenda do muiraquitã, sobre a volta ás aulas, que foi hoje por sinal, o motivo de o meu projeto estar um tanto atrasado. E que até o momento que ele acordou no meu laboratório.

–Então encontrei os pixies, e eles nem ao menos se lembravam de mim. – ele então ficou quieto, respirou fundo e disse por fim – Nem ao menos VOCÊ se lembra de mim.

–O que você está falando é inteiramente verdadeiro. – perguntei olhando fundo nos olhos dele.

Ele confirmou com a cabeça.

–Só acho impossível acreditar em algumas coisas. – comentei descontraída.

–Que coisas? – ele me perguntou.

–É bem possível eu ter sido sua namorada, mesmo que duvide que esqueceria um rapaz como você, no entanto, eu NUNCA namoraria um pixie. – comentei.

–Não? – ele me olhou espantado.

–Eu posso até falar com eles, mas eles, com exceção do Capí, são detestáveis. – comentei.

–Por que cê acha isso?

–Simplesmente por que eles acham que estão ajudando, mas em grande maioria não tem um pingo de responsabilidades com algumas consequências, são só baderneiros algumas vezes! Falta muuuita responsabilidade entre eles! – respondi.

–Como assim falta responsabilidade? – ele me perguntou.

–Faltando ué! – dei de ombros então.

–E outra, se eu me namorasse um rapaz como você, eu certamente não me esqueceria de uma hora pra outra, mesmo com uma poção. – continuei.

Ele então se aproximou do meu rosto, e com sua mão direita ele virou meu rosto.

–Eu também acho que não esqueceria. Ocê tinha uma cicatriz bem aqui.

–Sabe o que eu acho? – eu então disse, raciocinando tudo que ele havia me dito, e tudo que vivi até hoje.

–O que? – ele perguntou.

–Que você nunca existiu. – falei por fim. Se o que ele disse sobre viagem do tempo for verdade, e se meu tio Salvador fosse cruel como ele me diz, talvez ele tenha voltado ao tempo de uma forma que Virgilio nunca tivesse existido, se a lenda do Muiraquitã fosse verdade, alguém do meu passado deixara morrer o ultimo e único herdeiro da família, talvez até mesmo a própria versão bruxo das trevas do meu tio a tenha matado.

–Eu realmente cogitei essa possibilidade, ele ter voltado e matado meu avô durante a Guerra, mas seria impossível mudar, minha mãe já havia nascido.

–A guerra bruxa? – perguntei.

–Sim a que seu avô foi protegendo o meu. – me explicou ele.

–Meu avô foi à guerra sozinho. – disse eu séria. – E se seu avô tivesse morrido bem antes?

–Ocê quer dizer...

–Não sei o que quero dizer. – respondi de prontidão com sinceridade.

–Entendo.

Ficamos em silencio por um bom tempo.

–Espero que entenda que eu não possa ser sua namorada. – disse então.

–Ah sim. – suspirou ele resignado.

–É que eu não te conheço, e eu gosto de outra pessoa. – me justifiquei lembrando do Erik.

–Tudo bem, não questionei. – cortou ele o assunto.

Era estranho tudo isso, queria largar tudo e sumir no mundo com o garoto novo, mas então eu lembrava do Erik e me sentia presa a algo. Havia algo estranho, eu poderia negar tudo que ele disse, mesmo vendo o caderno, e ele sabendo muita coisa sobre mim, claro que poderia negar, dizer que ele era um doido perturbado que me seguiu a vida pra aparecer nesse momento. Mas eu confiava nele. Por algum motivo, confiava.

–Então. Se você apareceu aqui do nada. Você não tem o material suficiente para as aulas, nem dinheiro suficiente, nem para onde ir quando acabar as aulas... – olhei para ele e exclamei. – Oh my god, nem roupas o suficiente!

Ele me olhou então assustado, eu queria rir, ele parecia um pouco assustado demais.

–Bom posso ajudar. – comentei.

–Como? – me perguntou.

–Hoje eu posso te arrumar umas roupas para dormir, e durante o fim de semana podemos ir ao sub-saara compra algumas roupas para você. – sugeri.

–E os livros? - ele então perguntou.

–Você pode usar os meus, revezamos, só que você tem que assistir às aulas na outra turma.

–Entendi. – ele então abaixou a cabeça e disse – Obrigado.

–Por nada. – respondi sorrindo.

–Odeio estar nessa situação. – desabafou ele.

–Eu já estaria chorando, se fosse eu no seu lugar. – declarei rindo.

Ele então sorriu para mim, e eu retribui.

–Bom, como está tarde, vou tentar achar alguma roupa para você dormir, já conseguiu dormitório? Por que se não conseguir, pode ficar por aqui mesmo, eu passo a madrugada aqui mesmo. – comentei indo até a porta.

–Arrumei, no entanto prefiro aceitar seu convite. – me disse ele.

–Ótimo, não mexa em nada! Logo retorno!

Dei uma olhada de novo o rapaz moreno, de cabelos pretos e lisos ali sentando no sofá com ar de que não iria mexer em nada mesmo.

–Se fosse eu já estaria vasculhando a sala inteira. – disse rindo para mim mesma enquanto descia correndo as escadas para ir aos dormitórios.

Adentrei meu quarto ofegante, fui direto a minha cômoda, sai jogando algumas roupas no chão quando Stephanie me olhou e disse:

–O que você está procurando?

–Você viu aquela minha camiseta do The Cure? – disse para ela.

–Aquela camiseta que você usa de camisola, e sempre diz “Venha para mim Natasha, eu estou sexy”? – comentou Stephanie lendo um livro de história.

–A própria. – respondi sorrindo.

–Terceira gaveta. – respondeu ela. – mas se me permite, prefiro a camiseta do The Smiths, pelo menos ela não fica grande em você.

–Não tenho culpa que não tinha modelo feminino no dia que fui comprar. – respondi na defensiva.

–Mas precisava comprar a masculina um numero maior que o seu? – perguntou ela.

–E eu ia imaginar que o M masculino é grande? – comentei pegando a camiseta e indo até minha mala e pegando uma calça de moletom larga que eu tinha.

–Todo mundo sabe que M masculino é grande. – comentou ela sem emoção na voz.

–Você lembra de mais alguma roupa minha que seja, tipo gigante em mim? – perguntei me sentando na cama.

–Aquela sua blusa de moletom preta.

–Ahh não, eu adoro ela. – resmunguei. – Só que é só pra ele ir no sub-saara mesmo, então... – Corri até o montinho de roupas no chão e peguei a jaqueta.

–Pra que tudo isso?

–O garoto novo, ele não é daqui, ele apareceu do nada, enfim, longa história, to tentando ajudar. – parei então, fui até minha mochila abri meu saquinho de dinheiro e não ia dar para quase nada.

–Em falar em ajudar, você poderia me emprestar um dinheiro? – perguntei.

–Quanto? – perguntou ela com olhar desconfiado me olhando por cima do livro.

–O suficiente para inteirar o dinheiro para comprar vestes de segunda mão pro garoto novo, vamos esse fim de semana na lapa. – respondi.

–Mas você vai devolver? – perguntou ela desconfiada.

–Quantas vezes eu não devolvi? – perguntei inconformada.

–Várias. – ela então disse sorrindo para mim em tom de deboche.

–Não vem ao caso, daquela vez... – comecei quando ela falou.

–É sério, Nádia, minha mãe me manda dinheiro certinho, não posso ficar gastando com qualquer coisa.

–Tudo beem, qualquer coisa minha irmã te paga. – respondi.

–Okay. – ela então se levantou foi ate a gaveta dela e pegou a carteira e me entregou algumas notas.

–Obrigada! – disse sorrindo, agora só vou precisar de dinheiro pra material e posso pegar um dos meus caldeirões antigos. Peguei as roupas, pronta para sair do quarto, quando a porta se fechou na minha cara, olhei para trás e Stephanie apontava a varinha para a porta.

–O que foi?

–Você não sai daqui sem arrumar essa bagunça! – ela então censurou.

–Mas eu preciso... – comecei, eu tinha intenção de conseguir mais dinheiro.

–Você precisa arrumar tudo isso, to cansada de arrumar esse quarto sozinha, você só bagunça! – exclamou ela.

–Okaaaaayyyyy, eu arrumo. – peguei a varinha quando ela pigarreou – Que foi?

–Você vai explodir o quarto de novo. Pega com a mão.

–Afff... – abaixei então para pegar as roupas.

–Ficou sabendo? Placebo vai lançar álbum novo. – comentou ela sem tirar os olhos do livro.

–Mas você nem gosta tanto deles.

–Eu sei, mas você gosta. – eu então sorri para ela.

–Natasha...

–Nádia você sabe muito bem que esse não é meu nome. – reclamou ela.

–Estamos sozinhas, posso te chamar assim. – comentei enquanto terminava de dobrar as roupas do chão.

–Mas você agora deu de falar em publico.

–Ahhh tah vou parar com isso. – comentei rindo. Obvio que eu não ia parar, e ela sabia disso, quando terminei de dobrar as roupas sai dali correndo, eu precisava achar minha irmã.

Fui até o quarto da Cristiane.

Sabe as pessoas acham que só por que você tem uma irmã gêmea, você tem que andar grudada nela. Mas não é bem assim, eu e minha gêmea temos vidas diferentes, ela tem o namorado dela, a organização dela, ela é simplesmente bem mais talentosa que eu em várias coisas, desde culinária azêmola, até feitiços, e eu superava ela em algumas coisas também, como em desenho, alquimia, e com certeza desorganização.

Além do mais eu e minha irmã temos uma aparência bem diferente uma da outra também, apesar de ser mais velha que ela uns dois minutos, ela era mais alta que eu, na verdade muitas pessoas são mais altas que eu, e outra eu tenho olhos verdes, e ela castanhos, os cabelos dela nasceram loiro claro e os meus loiro escuro.

Nós meio que nos damos muito bem, bem até demais, no entanto, a distancia que mantemos, conserva o resto de sanidade mental que resta nela, eu sou Nádia demais pra mente dela! Haha.

Enfim como estava dizendo, fui até o quarto de Cristiane, bati na porta de seu quarto, ela estava sozinha lá, sorri para ela entrando.

–Como cê ta? – me perguntou ela sorrindo de volta.

–Acabei de ser obrigada arrumar meu quarto. – comentei me jogando na cama dela.

–Preciso contratar a Stephanie para ficar conosco nas férias. – comentou Cristiane rindo.

–Eu iria adorar em partes. – comentei sorrindo.

–Sei bem.

–Enfim, eu queria te pedir um favor...

–Se for tomar alguma poção maluca, a resposta é não, se for passar cola em algum teste, a resposta também é não, se for destruir algo para irritar o conselho, também não, se for aprontar algo com alguém também não... – foi dizendo ela seguidamente sem respirar.

Eu já rolava de rir, esse povo exagera. Eu não faço tudo isso, bom pensando bem, talvez eu faça, mas não vem ao caso...

–Eu preciso de dinheiro. – disse interrompendo os nãos dela.

–Ahhh já ia chegar nesse ponto também. E a resposta é... não! – me disse ela.

–Cris é sério, eu preciso de dinheiro pra material escolar! – implorei.

–Eu sei que isso é drama, papai deu todo dinheiro pra comprarmos! Pior ainda! Ele deu dinheiro pra gastarmos tudo no arco center e sobrar! – ela gesticulou. – e eu sei muito bem que fez suas comprar no sub-saara!

–Sim eu fiz, mas eu preciso dinheiro para inteirar. – comentei.

–Mas vai comprar o que? – ela insistiu.

–MATERIAL! Já disse! – resmunguei.

–Mas você já comprou! – insistiu ela.

–Só me empresta o dinheiro! Depois te devolvo! – disse tentando finalizar o assunto.

–Você nunca devolve! – exclamou ela incrédula com a minha petulância.

Eu então suspirei conformada.

–Eu preciso de ajuda, o rapaz novo, você conheceu ele? – perguntei então.

–Não ainda não.

–Vem comigo vou te apresentar a ele. – resmunguei me levantando. – Ele está com um problema de se encontrar, está sem nenhum dinheiro e nem roupa a mais, ele está perdido, e eu só quero ajudar.

–Tudo bem. – ela então me seguiu até o oitavo andar.

*Toc, toc, toc.*

Entrei e ele estava ali olhando para a porta, com o caderno aberto em mãos.

–Você só sabe olhar esse caderno?

Ele espremeu os lábios, como quem está dizendo “idaí?”.

–Enfim, eu vim lhe apresentar minha irmã gêmea... – comecei então.

–Cê tem uma irmã gêmea??? – ele exclamou.

–Sim, ué! A “eu” que você conhecia não tinha? – disse dando passagem para Cris entrar.

–Não, cê não tinha, não que eu saiba. – ele me disse.

–Que papo doido é esse? – Cristiane me perguntou.

–Ele disse que é meu namorado de outra época, vida ou seja lá o que for. – resmunguei.

–Nossa, nem em mundo imaginário tu num arruma um cara descente. – reprovou Cristiane chegando perto de Virgilio.

–O que você quer dizer com isso? – perguntei abismada.

–Bom, primeiro aquele garoto magrelo estranho, vive dizendo que não te ama, mas não larga do teu pé. – ela disse com ar de sabichona. – e agora um cara maluco.

–Eu não sou maluco. – bufou o aborígine irritado.

–Calma aí tupiniquim. – disse rindo.

–Enfim, tudo bem ser feio, mas tu só arruma cara ruim. – ela então criticou.

–Pelo menos nenhum dos dois é metade do meu tamanho. – a cutuquei sabendo que ela odiava ser maior que o namorado dela.

–Como se atreve? – exclamou.

–Você que começou! – me defendi.

–Tampinha! – ela cutucou.

–Girafa! – retruquei.

–Irresponsável!

–Chata!

Olhamos então uma para outra, sérias, depois de uns cinco ou dez segundos começamos a rir e ela disse:

–Quanto você quer de dinheiro?

–O suficiente para material do mês. No mês que vem eu gasto do meu dinheiro pra ele. – expliquei.

–Tudo bem, aqui está. – ela me entregou algumas notas em minhas mãos e disse: - Cuidado.

Então me virei e vi Virgilio me olhando atordoado.

–O que cê tem? – indaguei.

–O que foi isso que acabou de acontecer?

–Você conheceu minha irmã gêmea. – respondi tranquila. – Já deveria saber sobre ela.

–Não. Você possui outros irmãos, uma moça moreninha, outra loira de cabelos cacheados, um rapazinho de mais ou menos cinco ou quatro anos e uma irmãzinha bem novinha de uns dois anos. – me respondeu ele.

–Caramba! Eu nunca tive tudo isso de irmão, sempre fui só eu e a Cris. – comentei então pegando as roupas que coletei e depositando ao lado dele. – aqui as roupas que você pode usar.

–Isso é seu? – perguntou ele.

–Sim. – respondi naturalmente. – Vou me retirar da sala para poder se trocar.

Depois de um tempinho esperando ele do lado de fora, entrei e pude ver que as calças batiam curtas em seus tornozelos, no entanto a camiseta serviu direitinho.

Ele ainda estava com uma cara péssima de cansaço, e o fato de ele usando minhas roupas só piorava sua aparência.

–Usar suas roupas é degradante. – resmungou ele. Eu então segurei o riso e disse mentirosa:

–Você está incrível com essas calças.

–Há há! – ironizou ele. – muito engraçado. Aff... Não tem nenhuma calça melhor?

–Eu poderia pedir pro Erik, mas é magrelo demais, o que aconteceria, serviria no comprimento, só que ficaria apertada em você. – expliquei. – Mas a camiseta serviu direitinho em você.

Ele então esticou a camiseta e perguntou:

–O que é “The Cure”?

–The Cure, quer dizer: “A cura” – respondi.

–Eu sou um bruxo, e não um analfabeto em inglês. To perguntando o que seria “The Cure”, não a tradução do nome. – respondeu ele azedo.

–Credo, não precisava responder assim, the cure é uma banda, senhor analfabeto musical. – critiquei.

–Aff...

Eram umas 5 da manhã logo cedo e eu estava entretida em uma poção, preparava ela desde a noite anterior quando o garoto indígena deixara o caderno em minhas mãos, eu fiquei realmente intrigada, e se eu me lembrasse de ter pensado em tudo isso que estava escrito ali? Virgilio dormia estirado no sofá de costas para mim, e ambos levamos um susto quando a porta do meu laboratório abriu de supetão.

Para uma sala que costumava ser freqüentada só por mim em segredo, até que ela estava bem movimentada esses últimos dias.

Erik adentrou o laboratório com olhar claramente irritado.

–O que ele está fazendo aqui.

–Erik, não, calma.

–Se levanta cara! – gritou Erik irritadíssimo.

Virgilio, agora vendo que era só o Erik virou pro outro lado e voltou a dormir.

–Vai me ignorar? – brigou o rapaz ainda mais irritado.

–Se entenda com sua namorada. – retrucou o rapaz deitado.

–Como você pôde? – Erik então se virou para mim com olhar de puro ciúme. – Primeiro a Vivi, depois aquele boato com o Vinícius Y-Piranga, agora isso!

–Você tá doido, ressuscitando esse boato, e eu to aqui de boa só trabalhando, se tu não ta vendo o cara ta dormindo e eu trabalhando! – retruquei gritando.

Cristiane entrou logo atrás dele, com olhar de arrependimento.

–Ocês podem brigar em outro lugar? Estou com dor de cabeça. – reclamou o mineiro.

Erik se virou apontou a varinha pro sofá que por vida própria derrubou Índio dele.

–O que? – olhou Virgilio irritado.

–Não pode ser. – exclamou Erik com olhar magoado.

–O que? – perguntei.

–Você está com a camiseta dela!!! – enfuriou-se Erik. – Saque sua varinha, e lute como homem.

–Eu jurava que se contasse pra ele, ele admitiria te amar, mas só que não deu muito certo. – explicou Cristiane.

–Quantas vezes eu já disse pra não se meter na minha vida amorosa??? – exclamei inconformada.

–ERIK! – gritei.

Ele então me olhou furioso.

–O que é?

–Vem comigo precisamos conversar!

–Não temos o que conversar! – exclamou ele.

–Então abaixa a droga da varinha. – briguei, vindo ate ele e o puxando pela orelha.

–Ai, ai, ai... – ele resmungava enquanto eu o puxava pela orelha.

Pude ouvir Virgilio resmungando de fundo.

–Igualzinha a mãe.

...

–Bom toma isso. – eu entreguei um frasco em suas mãos.

Ele entornou o liquido sem pensar duas vezes, senti então a respiração de Erik se acalmando aos poucos.

–Diminui sua explosão hormonal. Toma um pouco de açúcar. – entreguei uma barrinha de chocolate para ele.

–Obrigado.

–Então, eu preciso falar com vocês, os três precisam saber se caso acontecer alguma coisa, enfim, não tenho tempo para explicar Erik, logo depois disso te conto tudo... – comecei quando Virgilio me disse:

–Posso ao menos trocar de roupas?

–Não. Fiquem quietos. – repreendi.

–Como estava dizendo. Eu queria que estivessem mais três pessoas aqui, mas melhor manter isso entre nós no momento. – recomecei a explicar.

–Isso não explica o que você estava fazendo sozinha com esse cara nessa sala deserta. – retrucou Erik.

–Come o chocolate que depois te explico exatamente tudo! – respondi.

–Como eu estava dizendo...

–Nádia, se for mais uma experiência maluca. – começou Cristiane.

Bufei e entornei um vidro com um liquido bizarro goela abaixo.

–Mas o que? – exclamou Cristiane.

–Isso que tomei é uma poção pra memória extremamente concentrada, eu vou me lembrar de coisas que aconteceram a partir do momento que meu cérebro foi gerado. Então se eu esqueci algo eu vou lembrar. – expliquei rapidamente, já sentindo todas as memórias da minha vida passando rápidas de formas regredidas em minha mente.

...

Erik me olhava espantado após o beijo escondido atrás da arvore. Ele parecia feliz por eu ter contado algo tão intimo e nobre para ele, como a causa do resgate da arvore. Nós confidenciaríamos aquele beijo para sempre em nós mesmos, eu e ele.

...

–Minha deusa! Essa arvore! – exclamei ao ver a arvore brilhando azul, enquanto estava caída no chão, ferida, após ter me perdido dentro da floresta.

...

Eu me via prestes a morrer por causa de uma gracinha começada pelos pixies, eu estava pendurada na vassoura, presa pelos pés em desespero, alguns riam e outros preocupavam-se mas ninguém fazia nada.

Stephanie, a Yui, ria, afinal ela começara tudo com aquele desafio imbecil. Eu então cai, meus pés cada vez mais não davam conta do meu peso quando senti eles se soltando e eu caindo em baixo de algumas pessoas,

Cai então eEm cima do garoto especifico, um rapaz magro que agora tinha os óculos quebrados.

–Oi meu nome é Erik, primeiro ano. – disse ele sorrindo perfeitamente, rindo, ajeitando um modo de me tirar de cima dele delicadamente.

–Me desculpa te machuquei? – perguntei.

–Não, que nada. – continuou ele sorrindo. Então me apresentei:

–Nádia, segundo ano. – estendi minha mão, para retribuir o cumprimento, eu via a multidão rindo de mim, eu queria sair correndo e chorando dali, mas me mantive.

...

Os dois garotos e duas garotas da minha turma estranhos a mim agora espalhavam cartazes pela escola aprovando um feriado em homenagens aos azêmolas, a idéia era encantadora ao meu ver. Minha melhor amiga e companheira de quarto ia amar a iniciativa!

...

–Eu tenho medo de ir para escola. – resmunguei chorosa.

–Não precisa querida. – ele disse secando minhas lagrimas. – Cair é necessário.

–Foi caindo que se machucou? – perguntei apontando para algumas marcas em sua pele, escondidas pelas roupas, eu sabia que elas existiam por ter visto na noite anterior ao chamá-lo para jantar.

–Não exatamente. – ele me respondeu.

–Na escola eles não ensinam a tirar marcas? – perguntei.

–Ensinam, mas há marcas que são boas para relembrar coisas que não devem ser esquecidas. – ele então me disse.

...

–Mãe! Pai! A Cris fez sua primeira magia! – exclamei eufórica indo chamar meus pais que chegaram rapidamente.

–Incrivel! – exclamou minha mãe eufórica.

–Você podia ser como sua irmã, Nádia. – comentou meu papai, sorrindo para minha gêmea.

...

–Qual é seu nome? – perguntei a menina que estava no portão de minha casa pedindo alimentos e roupas usadas.

–Lucy. – ela me disse sorrindo triste.

Enfiei a mão no bolso e tirei minha mesada, e entreguei para ela.

–Quando minha mãe voltar, não te conta que te dei esse dinheiro. – confidenciei rindo.

Ela sorriu de volta e murmurou:

–Obrigada.

–Você poderia ser minha amiga!

...

–Vó! A Cris roubou meus doces! – gritei chorona.

–Cris, devolve os doces da sua irmã. – repreendeu minha avó.

–Mas vó, eu sou chefe de cozinha.

–E a Nádia sua critica gourmet, você tem que deixá-la comer.

...

Meu avó me olhou terno e disse:

–Oi bebe, essa história é inútil para você, mas tenho o dever de lhe contar... Há muito tempo existiam varias famílias indígenas, entre elas, algumas governavam sobre as outras. – ele então secou a baba que a “eu-bebe” sujou e continuou:

–Nossa família foi responsável pela proteção de outro bruxo. Você teria de encarar essa responsabilidade, bebê, no entanto, não é necessário, desde sua bisavó, a geração desses bruxos está extinta.

–ahhh, bô – bô. – tentei falar “vovô”, mas não saiu nada.

–Fique tranquila meu amor. Você nunca vai precisar se preocupar com isso...

...

Minha cabeça agora latejava de dor. Eu queria me jogar ao chão e desmaiar. Mas não podia, os três ali, me olhavam assustados.

Depois de alguns minutos me vendo em um liquido bizarro. Senti tudo escurecendo e cai.

–Nádia! – gritaram os três.

–To bem. – respondi.

–Boa noticia, eu sempre fui inútil! – maneei a cabeça sorrindo, e depois séria continuei. – Má noticia, não lembrei de você Virgilio.

–Você não é inútil – protestou Cristiane.

–Que historia é essa de lembrar dele? – perguntou Erik.

Olhei então para Virgilio

–Teremos que pedir ajuda. – olhei-os pensativa e disse por fim: -Nosso plano agora é... A Maquina do Tempo.

–O que? – exclamaram Erik e Cris.

–Mas antes, Erik, preciso te contar uma história.


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Notas finais do capítulo

Desculpa a demora meus amores!



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