A Arma Escarlate - O Muiraquitã. escrita por NahHinanaru


Capítulo 10
Capitulo 10 - Quem são vocês? Dança da chuva - parte 1


Notas iniciais do capítulo

Por causa do atraso no outro capitulo tentei entregar esse o quanto antes.
E antes que achem que a qualidade caiu por causa da ansiedade, a verdade é que o capitulo era pra ser exatamente assim mesmo! :3 hauahuahauhauh Espero que gostem!



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–--Narrativa Virgílio.---

Eu senti meu corpo estranho ao ser arremessado pelo portal de Nádia, aquele líquido que Salvador entornou em minha boca, era amargo, e exageradamente quente, me fazia querer ingerir algo doce e frio, como... sorvete.

Estava tudo confuso, era como se eu estivesse de olhos fechados, mas com os olhos abertos, impossível explicar só com palavras, era frio, quente, estranho, era tudo e era nada. Eu estava enjoado, tentei segurar em qualquer lugar, um lugar inexistente, batia meus braços que agora estavam soltos por causa daquela força estranha que me puxava para algum lugar, procurava qualquer coisa para me agarrar.

Eu estava apavorado, eu tinha que voltar para Nádia, ela iria morrer, estavam todos presos, e ela desmaiada, Salvador irá matá-la! Hugo não a salvaria! Ele ia estar mais preocupado com qualquer um dos outros, menos com ela! Eu precisava voltar, ela se sacrificou por mim, eu precisava protegê-la! Eu precisava dela!

Eu precisava!

Foi quando eu acordei gritando.

Assustado, me vi estirado dentro do laboratório clandestino de Nádia, mas o lugar estava vazio, apenas com de tubos de ensaio, um arco de metal com canos enrolados a seu redor. Em um canto havia um sofá marrom, e ao lado um instrumento azêmola cheio de tambores, acho que era bateria ou algo assim o nome dele, também tinham caixotes e mais caixotes de coisas que eu não conseguia identificar o que eram escondidos atrás do sofá, um jaleco pendurado junto a óculos protetores em um cabide velho e disforme próximo a parede.

Vi algumas folhas de papel coladas na parede, mas estava sem tempo de olhar qualquer coisa, fui correndo procurar Nádia e meus amigos, eles precisavam da minha ajuda.

Saí da sala e fui correndo com minha mochila ainda nas costas, a procura deles pela escola, todos estavam em aula já. Não encontrava ninguém pela escola, sem nem sinal de Salvador, nem ninguém, vi Fausto varrendo as escadas reclamando da sujeira, resolvi ignorar, não tinha escapatória, eu teria que procurar ajuda da Zô, do conselho, dos professores! Foi quando todos os alunos começaram a sair das aulas para seu tempo livre, olhei meu relógio e já estava de tarde! Eu estive tanto tempo dormindo?

Foi quando reparei meus amigos descendo as escadas rindo.

Rindo? Como assim? O que aconteceu?

–Ocês tão bem? – perguntei apavorado para eles três.

–Sim, estamos. – respondeu Caimana divertida estranhando a pergunta.

–Por que não estaríamos? – perguntou Capí preocupado.

–Oi meu nome é Viny Y-Piranga, a seu dispor, qual é o seu? – ele então sorriu malicioso e piscou para mim.

–Ocês tão brincando com a minha cara. – resmunguei emburrado. – Como assim? Por que não estariam? Salvador atacou ocês! E cê me conhece Viny! Sou eu Índio!

–Índio? – riu Viny. – Apelido cabível a você!

–Claro! Foi ocê que me deu ele! – impliquei.

–O que você quer? – perguntou Hugo petulante.

–Olha aqui Aden... – comecei quando uma garota de cabelo quase raspado, com um sorriso travesso no rosto disse:

–Você é novato?

–Não Stephanie! Cê me conhece, o pixie que cê menos gosta! Lembra?

–Pixie? – perguntaram os cinco ao mesmo tempo.

–Olha aqui novato! Pixie somos só nós! – brigou Hugo.

Aquilo me fez ficar nervoso:

–Sou obrigado aceitar ocê no grupo, mas não sou obrigado a aguentar desaforo d’ocê não pirralho!

Ele sacou a varinha quando Capí intercedeu e disse:

–Eu resolvo isso.

Ele então se aproximou de mim e disse:

–Você é aluno novo?

–Não, eu sou Virgilio. Ocê não se lembra de mim? – perguntei apavorado, Capí não era de piadas desse tipo comigo.

–Não, mas ficaria contente se pudéssemos ser amigos. – ele me disse.

–Eu não sei o que está acontecendo. – eu então contei tudo para ele, esperando que ele se lembrasse de mim, mas ele só me olhou com um misto de pena e preocupação e disse:

–Eu posso preparar algo para você se sentir melhor, acho melhor levá-lo a Kampai.

Eu suspirei conformado e disse:

– Não obrigado, me desculpe pelo incomodo.

Fui então descendo as escadas à frente dos pixies e pude ouvir Yui perguntando para Capí:

– Qual é o problema dele?

– Não sei. – respondeu ele gentilmente.

Aquilo me deixou furioso. Como eles não podiam lembrar de mim? Como?

Não podia ser!

Eu preocupado com eles e eles nem ao menos se lembravam da minha existência! Como assim agora aquela garota esquisita era pixie e eu não? O que aconteceu? Como?

–Rápido vem mais rápido! – gritou o garoto descendo as escadas correndo pulando o ultimo degrau, o mesmo no qual eu estava, para poder ir mais rápido. – Temos que procurar um meio de conseguir as assinaturas!!!

–Já voooou!!!! – respondeu uma voz feminina, que não teve a mesma habilidade do amigo, essa que caiu por cima de mim e saímos rolando mais de um metro dali, o guarda-chuva que ela segurava voou longe.

Seus cabelos negros com mechas coloridas bloqueavam minha visão. Ela então me empurrou para cair do outro lado, agarrou rapidamente de volta o guarda chuva e me olhou irritada:

–Mas que saco garoto! Por que você estava beeeeem na minha frente? – ela gritou comigo furiosa, fechando o punho pronta para me socar, quando bati meus olhos no rosto dela eu entrei em pânico.

–Nádia! – gritei.

–Sim, eu mesma. – ela disse agora assustada comigo.

–O que aconteceu com seu cabelo? – perguntei.

–O que? Ai meu deus, ele caiu? Sujou? Aconteceu algo? Demorei muito tempo para conseguir deixá-lo com essas mechas coloridas, sabe como é difícil descolorir cabelo castanho? – ela ficou apavorada olhando o cabelo.

–Não! É que cê é loira! – eu disse.

–Ahhh nossa que susto, faz três anos que não sou mais loira. Você me conhece da onde? Do Sul? – ela me perguntou sorrindo, e levantando-se. – Não está muito cedo para intercambio?

–Nádia, não sei se você sabe, mas temos horários! – exclamou o garoto com um olhar de reprovação, um rapaz magro moreno que usava óculos, vinha sacudindo umas folhas de papel nas mãos.

–Calma Erik, eu já vou. - ela respondeu fazendo careta, e depois estendeu a mão para me ajudar levantar, aceitei a ajuda.

–Deixe me adivinhar, cê num faz idéia de quem eu seja. – sugeri já conformado de que ela também não me reconheceria.

–Conheço! Você é um garoto estranhamente sexy, que com certeza vai me ajudar a recolher assinaturas pro meu abaixo assinado. – ela então agarrou minha mão e saiu me puxando.

–Quem é ele? – perguntou o tal do Erik para a Nádia do cabelo estranho.

–Não sei, mas será bem útil. Deve ser novato. – quando ela disso aquilo eu me senti estranhamente desconfortável.

Ela saiu me arrastando até um grupinho que eu conhecia alguns rostos, me soltou em cima de um banquinho e disse:

–Trouxe mais um pra ajudar, enfim, eu e o Erik acabamos de voltar da sala do conselho, e mesmo com o apoio do Abelardo, Dalila foi contra nosso projeto.

–Não é pra menos né? Você quer fazer chover na Korkovado! Idéia inútil! – exclamou o anjo Leonardo.

–Cala a boca, por que eu sei que você gostou, ta doido pra mudar esse clima de sol eterno daqui – ela implicou de cara amarrada.

–Ocê quer fazer chover? – perguntei.

–Quero sim, algum problema? – ela brigou comigo.

Então fiquei quieto, junto com o resto do pessoal.

–A idéia agora é fazermos um abaixo assinado. A Stephanie... – começou Erik sendo interrompido por Nádia:

–Você quer dizer. A Natasha...

–Nádia, quer calar a boca? – retrucou Erik.

–Aff garoto chato. – ela resmungou.

Ele bufou e continuou:

–Como eu estava dizendo, Stephanie, Khouri e Jânio já foram resgatar algumas assinaturas.

–E Gustavo foi procurar o Quixote. – Nádia disse como se fosse algo fundamental para o plano.

–Menina, e o que tem haver o rato do Atlas? – resmungou Leonardo.

–Não é um rato, é um sagui, e todos amam saguis! – ela argumentou.

Todos reviraram os olhos pra ela.

–Enfim, vamos logo não temos muito tempo. – disse Erik segurando a mão de Nádia e puxando ela com ele.

–Espera. – ela se soltou chegou perto de mim e disse:

–Qual é seu nome mesmo?

–Virgílio. – respondi um pouco atordoado com a intimidade dela com o rapaz.

–Bom, aqui vai. – ela me entregou uma folha de papel e disse. – Você vai até a praia, com esse papel, pedindo assinaturas...

–Por que chuva? – perguntei então.

–Por que eu cansei de calor. – ela me respondeu como se fosse algo obvio.

–Cê num acha que deveria lutar por algo que realmente valha a pena? – disse para ela inconformado. – algo para as outras pessoas, algo menos egoísta.

Ela então me olhou com curiosidade, aproximou a mão do meu rosto e encostou com delicadeza e disse:

–Você tem razão, nos conhecemos. De algum lugar você me conhece.

Quando ela disse meu coração deu um salto de animação. Será que ela estava se lembrando de mim?

–Erik, você e a Vivi, vão fazer o perímetro do ¼ da arvore. Eu vou acompanhar o novato. – ela disse de repente se levantando.

–Você vai me trocar por ele? – Erik resmungou nervoso.

–E depois diz que não me ama, vai lá. Só preciso explicar o porquê do plano. – ela então disse, depositando um beijo carinhoso no rosto dele.

Aquilo me incomodou muito, mas não tanto quanto o que ela fez em seguida.

–Vivi! – ela disse rindo, se virando e indo até uma menina ruiva trajando uma camiseta com o desenho de uma espaçonave. – Você vai com o Erik, ok?

–Tudo bem amor. – ela então abraçou a Nádia, e se beijaram.

Admito que aquilo me irritou, irritou muito. “Muito” era pouco pra expressar o que sentia, mas tratei de engolir a raiva.

–Odeio quando vocês fazem isso! – exclamou Erik furioso.

–Ahhh para, você sabe que eu também te amo. Vamos, vão logo! Amo os dois! – ela riu abraçando Erik que estava de rosto virado para ela, ele afastou ela com a mão e disse:

–Vai logo fazer o que tem que fazer.

–Erik não fica assim, você sabe que entre eu e a Nádia é assunto profissional. – disse Vivi.

–Patético. – resmunguei.

–Quanto profissionalismo. – disse Erik irritado.

–Espera. – Nádia então disse – Me desculpa.

–Que seja Nádia.

Eles então foram embora, e logo cada um se dispersou com uma folha em mãos.

Andamos em silêncio até o pé de cachimbo.

–Precisamos falar com o Capí, eu não disse sobre o plano para os outros, por que dificilmente os anjos apoiariam se descobrirem que a idéia minha foi por uma causa Capílesca.

–Capílesca? – perguntei.

–Já vamos lá ver, espera só. – ela então foi até a arvore do Ítalo e bateu a porta.

Eles conversaram algo, Capí então olhou por cima do ombro dela para mim e sorriu do mesmo jeito que ele sorria quando gostava de saber que alguém iria fazer algo de bom.

Ela então fez sinal para me aproximar.

–Já ficou amigo da Nádia? – ele perguntou.

Dei de ombros.

–Então? Vamos? – ela perguntou.

–Sim, vamos. – Capí respondeu.

Eles adentraram a floresta e eu seguia-os.

–Só o Erik sabe o porquê da chuva. – ela me disse.

–E por que vai me contar?

–Não sei, eu sinto algo estranho. Algo que me diz que eu tenho que ser franca com você.

Eu não entendia nada, ela parecia a Nádia, se sentia como a Nádia se sentia comigo, mas ela não era a Nádia. Não ver a ela de verdade, me fazia entrar em desespero.

–Esta tudo bem com você? – ela me perguntou.

–Está.

–Você não parece bem mineirinho. – riu a garota.

Capí olhou para trás e disse:

–Se quiser podemos ir outro dia lá.

–É, não precisa se agora.

–Eu estou bem. – eu não estava bem, por fora eu me controlava, no entanto por dentro eu estava completamente perdido.

Andamos até uma arvore não muito longe da orla da floresta, ela estava secando, a arvore parecia estar a beira da morte.

–Ano passado eu encontrei essa arvore morrendo. – Nádia me contou. – Eu estava perdida na floresta, e fiquei deitada perto dessa arvore, prometi a ela que não a deixaria morrer sozinha. Eu jurava que iria morrer ao lado daquela arvore e ela ao meu lado.

–E eu estava andando com Ehwaz pela floresta, quando vi essa arvore também e encontrei Nádia perdida deitada ao lado da arvore. – complementou Capí.

–E eu quero salvar a arvore agora. – explicou ela.

Eu então me aproximei da arvore, encostei meus dedos na casca seca dela, rapidamente afastei a mão ao sentir um choque no momento que a toquei.

–O que f-foi isso? – exclamei.

–O que foi o que? – Nádia então disse.

–Nada. – disse então.

Capí e Nádia se entreolharam.

–Enfim, vamos embora. – disse Nádia. - Precisamos fazer chover!

Eu sorri e concordei.

Estávamos indo à frente quando Capí disse:

–Ainda bem que você está bem agora.

–Eu não estou louco. – respondi um pouco mais áspero do que deveria.

–Não disse que está, só que talvez você tenha tido um sonho...

–Sonho? – perguntou Nádia.

–Não foi sonho. – eu tinha que descobrir um jeito de trazer a memória deles dois de volta. De alguma forma.

Capí sorriu conformado enquanto Nádia me olhava interessada.

Estávamos eu e ela andando pela praia, pedindo assinaturas.

–Você é de Minas, mora lá mesmo? Por que então você deveria estudar aqui.

–Eu moro em Brasília. – respondi.

–Ahhh então você estuda na escola do centro-oeste?

–Não, eu estudo aqui. – respondi sério enquanto alguns alunos vinham até nós assinar os papeis.

–Aqui? – ela me perguntou. – Tem certeza? Eu nunca deixaria passar alguém como você da minha vista.

Eu sorri e disse:

–E qual é a daqueles dois? Erik e Vivi. – perguntei desinteressado.

–Erik é um garoto que eu gosto. – ela me respondeu, e aquilo me fazia sentir estranho.

–E a Vivi. Ela é uma amiga minha, nós ficamos ás vezes, mas na verdade é que andamos juntas, por que ambas nos interessamos por ciência azêmola.

–Acho que ocê num deveria ser tão... promíscua. – comentei.

–Eu também acho que não. – ela concordou, para minha surpresa.

–E por que cê é assim? – perguntei.

–Falta algo. – ela então me disse.

–Algo?

–É algo.

–Algo como sorvete de limão e livros sobre alquimia?

Ela me olhou curiosa, e disse:

–De onde você me conhece?

–Se eu te contar cê num vai acreditar mesmo. Do que adianta falar?

–Acredite, eu acredito em muita coisa... – ela então ela começou a falar quando uma garota se aproximou chamando ela.

–Nádia, finalmente te encontrei!

–Hey Natasha! – quando me virei para ver quem era reconheci a mesma garota que dançara com Capí outro dia, a mesma que me olhou feio no que eu acreditava ser ontem, mas que parecia ter nunca acontecido nesse lugar estranho.

–Conseguimos Annie! – ela exclamou.

–As assinaturas? – ela me perguntou.

–Sim! – exclamou a moça.

–Íncrivel! Vamos Virgilio! – Nádia então saiu correndo na frente.

Não demorou muito ela largou quase todo mundo e foi junto com Stephanie e Erik até o conselho.

–Oi garoto esquisito. – vi então a Yui, a minha “substituta dos pixies”.

–Tá falando comigo? – resmunguei.

–Com o anjo que não é. – ela disse apontando a cabeça para Leonardo.

–Pode falar o quanto quiser, eu sei que você me deseja, todo baiano é irresistível. – comentou o anjo.

–Sonha! Sonha! – exclamou ela.

–Vocês assinaram o abaixo assinado? – perguntou Gustavo enquanto brincava com Quixote.

–Sim. – respondeu Yui.

–Até a Caiamana? – disse Guilherme eufórico.

–Sim. – confirmou novamente.

–Por que? Chuva não atrapalha o surf? – perguntou Lucas.

–Como se uma aguinha amais fosse atrapalhar minha loira. – orgulhou-se Guilherme de peito estufado, com um olhar sonhador e zombeteiro.

–Sua o que? – exclamou Leonardo tossindo debochado para o rapaz.

–Aff Cala a boca anjo. – brigou Guilherme.

–É anjo! Calado! – apoiou Yui.

–Eu acho que vocês deveriam para com isso, estão deixando Quixote agitado. – comentou Gustavo.

–Eu odeio a Dalila! – gritou Nádia se aproximando de nós junto com os dois que haviam ido com ela e Abelardo junto.

–Por que não pede ajuda para Zô? – perguntou Yui.

–Por que por algum motivo a própria Zô disse que ela não pode mudar a natureza! – reclamou Nádia muito estressada.

–Calma Nádia. – comentou Leonardo.

–Acho que não temos mais o que fazer, vamos embora Leonardo. – disse Abelardo indo embora, sendo seguido pelo Alves.

–Aff nojentos. – resmungou Yui.

–Ela me paga! Aquela loira aguada! Ela me paga! – resmungou Nádia saindo dali batendo o pé.

–--

Era noite já, eu estava cansado, mas não estava com sono. Eu queria sair andando pela Korkovado e encontrar uma loira maluca completamente apaixonada, pulando nas minhas costas, enquanto eu estaria me esforçando ao máximo para afastá-la, mas o máximo que eu encontraria, seria uma morena, mal humorada, agressiva, que não era apegada a nada.

Eu não entendia muito bem o que Salvador queria, me fazendo ser esquecido da humanidade.

Mas se era um castigo para mim, estava funcionando, eu não tinha mais meus amigos, nem minha namorada, nem nada.

Bom, essa distancia de Nádia me fez entender o porquê de tantas pessoas acharem que éramos namorados, eu sentia muitas saudades dela. E eu nunca mais a teria, a menos que... ela se lembrasse de mim.

Fui até meu dormitório, e quando cheguei à porta, Viny não estava lá ainda, mas Beni estava sentado na minha cama.

–Oi. – respondeu o rapaz sorrindo para mim.

–Oi, ahh, esse quarto é seu? – perguntei suspeitando que eu não só teria sido esquecido, como se eu nunca estivesse nem mesmo existido.

–Sim é. – respondeu. – Mas já divido ele com alguém, você é novo aqui?

–Sou. Sabe me dizer algum lugar onde posso dormir? – perguntei.

–Na verdade, sei sim.

...

–Oi.

Hugo me olhou.

–Posso ficar por aqui? – perguntei.

–To te amarrando? – respondeu ele.

–Aff. – eu então joguei minha mochila na cama sobrando. - Eimi que ficava aqui? – perguntei.

–Sim. Mas agora vai começar a faze interrogatório? – disse Hugo ríspido.

–Quer saber? Vou sair um pouco. – brufei, eu então abri minha mochila a procura de algo para ler. Quando me deparei com o caderno de Nádia.

Peguei-o junto com minha pena tinteiro, e saí dali antes que eu e Hugo começássemos um duelo.

Estava ali sentado perto da escadaria da arvore, abri então o caderno, fiquei lendo todas aquelas coisas que eu já havia lido durante todas minhas férias, me senti um pouco mais aliviado, me ver desenhado algumas vezes naquele caderno, me fez pensar um pouco melhor.

Comecei então a anotar os acontecimentos do dia anterior.

Bom se Nádia não se lembrava de mim, nem ninguém, eu realmente existo?

Tenho algumas teorias, uma delas era poção do esquecimento, todos esqueceram de mim. O que não havia lógica, pois nem provas de que já existira um dia eu possuía. Outra era de que, aquela poção que estava deixando Nádia imperceptível, me deixou completamente inexistente.

Foi então que eu me lembrei.

–Os projetos dela! Envolviam viagem no tempo!

Subi correndo as escadas até o oitavo andar, me aproximei da porta velha do laboratório e entrei.

–O que você está fazendo aqui? – exclamou Nádia.

–O que ocê tá fazendo aqui!? – exclamei junto.

–Aqui é meu laboratório! – gritou Nádia irritada.

Olhei então que ela trabalhava com umas fruteiras de bronze e dentro delas um liquido verde musgo.

–O que é isso? – perguntei então.

–Condutor de magia. – resmungou ela.

–Condutor de magia? – perguntei sorrindo.

–É existe vários tipos de energias, elétricas...

–... eólica, nuclear, solar... é to sabendo. – respondi.

–Você também gosta de matérias azêmolas? – perguntou ela empolgada.

–Um pouco. – sorri.

Olhei então para o projeto dela e lembrei de um dos desenhos que vi no caderno de Nádia.

–Eu sei o que falta aqui. – comentei.

–E o que falta? – ela perguntou orgulhosa.

–Você precisa continuar mexendo a poção, por que não faz como se essas duas vasilhas fossem engrenagens, que a rotação de uma influencia na outra, e essa rotação fosse capaz de fazer sucção para esse cano aqui. – respondi apontando para o cano envolto do arco de metal.

–Como você sabe disso tudo? – exclamou ela mais eufórica ainda.

Eu então me virei com o caderno aberto na pagina com o desenho exato do que ela estava fazendo.

Ela mais rápido do que eu pudesse pensar em algo, pegou o caderno de minhas mãos e ao vê-lo, virou varias folhas freneticamente e exclamou:

–Essa letra é minha! Mas não me lembro de ter escrito. Quem diabos é você?


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Notas finais do capítulo

Iai? o que acharam? espero que tenham gostado!



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