Yin Yang escrita por Beatrice Ricci


Capítulo 6
Emocões


Notas iniciais do capítulo

Hello, sou eu! Mais um capitulo fresquinho para vocês, não deixem de comentar, é isso que me incentiva :)
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Andando com passos lentos pelo Vale da Paz, a guerreira de olhos cor de âmbar segue ao restaurante do Sr.Ping para encontrar com seus amigos.

Pelo caminho é iluminada pelos raios do sol que se faz alpino, alguns dos aldeões cravam suas miradas a ela, entre eles os cochichos de que algo na felina mudou; sua audição aguçada percebe os murmúrios, mas nada faz, prefere seguir em frente, consigo carrega uma pequena bolsa vermelha com videiras pretas posta em suas costas, enquanto sua pata direita segura à alça e a esquerda um saco de biscoitos de banana.

Antes de ir até o restaurante encontrou-se com Macaco, esse quando a viu teve a expressão de espanto fazendo-a a ter um leve rubor nas bochechas, principalmente ao dizer que estava diferente, ela sorriu com o comentário, aproveitando a oportunidade o primata pediu que a amiga comprasse biscoitos de banana, de primeira negou, mas por causa da insistência resolveu fazer esse favor, Macaco agradeceu, antes de Tigresa pedir o dinheiro deu no pé, ela teve que pagar pelos biscoitos, compensaria usando-o como saco de pancadas com o termino da missão.

Prossegue andando quando se detém próxima ao um hospital, resolve ir até ele para encontra-se com sua médica, diferente dos outros hospitais do vale da Paz esse é particular, possui uma fachada simples como uma casa, é cor bege, não é chiquê, porém se sente melhor estando nele, não que seja diferente com outros, mas esse tem uma medica que lhe entende, uma que posso chamar de amiga, além de Víbora.

Entra pela porta que está aberta, adentro nenhum paciente, só cadeiras de madeiras, sorri por não ter que esperar, dá de ombros. Anda pela grande casa mirando cada quarto para encontrar sua amiga, a fim lhe encontra dentro de uma das habitações de costas para si, a chama, imediatamente a fêmea vira-se reconhecendo a voz da felina.

— Tigresa quanto tempo. – Se aproxima com um largo sorriso, Tigresa retribui discretamente. – Venho se consultar? Por caso está no cio de novo? – A guerreira nega balançando a cabeça sentindo-se avergonhada, sua calda balança apressadamente indicado o incomodo da pergunta, a médica sorri novamente, mas desta a vez a abraça, ela não retribuí de imediato, pois não se acostumou com abraços. – Então o que venho fazer aqui... ESPERA, MAS QUE TÚNICA LINDA É ESSA?!

Tigresa desvia o olhar da leoparda que a queima com os olhos, para assim procurar qualquer imperfeição em sua roupa, como não encontra franze a testa estranhando, volta para a felina de qipao azul, arqueia uma das sobrancelhas quando ela esboça um enorme sorriso, os olhos de íris violetas a penetram num combate de mirada, causando um avermelhamento nas bochechas.

— O que é? Tenho algo no rosto?

— Não, só que você está muito bonita, fico pensando se isso tudo é para o dragão guerreiro?

— Não, claro que não, eu, para que eu trocaria de modelo de roupa por ele? Que ideia... – Sua calda balança rapidamente demostrando seu nervosismo, suas pupilas se dilatam, as íris cor âmbar se torna um vermelho claro, não tão intenso. – Por favor, não me olhe assim Fai. – pede avergonhada. – Foi o mestre que meu deu essa roupa, disse que é por eu ter melhorando, ou algo parecido, não me lembro direito, resumindo Po não tem nada ver com isso. – Suspira.

— Apesar que foi o seu mestre que lhe deu, não significa que Po não vai admira-la, você está diferente, parece mais adulta.

— Adulta? Quer dizer que antes eu não era?

— Melhor dizendo, mais mulher, madura, entretanto essa túnica poderia não ter essas mangas, ficaria mais sexy se não cobrisse seu corpo inteiro.

— E isso faz diferença? Não tenho nada para mostrar, às vezes me confundem com um homem. – Sua expressão torna-se de tristeza, suas orelhas se abaixam, a leoparda percebe, resolve mudar de assunto a questionando pela vinda. – Só vim buscar alguns medicamentos, gases e vendas, vou sair do vale por um tempo.

°°°

Depois que a felina providenciou o que é preciso para viajem, segue a procura dos seus amigos, anda por algum tempo até encontra-los na frente do restaurante do Sr. Ping, aproxima-se, eles estão distraídos discutindo sobre algo que tem haver com arroz colorido, Tigresa bufa, notam sua presença quando ela raspa a garganta num som que chama atenção de todos, os segundos seguintes são de um silêncio incomodo; a encaram com as orbitas dos olhos expandidos e a boca aberta, exceto Macaco.

O mais surpreendido é Po, esse está com os olhos vidrados na bela figura feminina a sua frente, suas bochechas adquirem um vermelho intenso, para sua vista Tigresa está radiante e magnifica, poderia admira-la por toda a eternidade se seu amigo Macaco não o despertasse dando lhe um tapa no rosto, ele reclama, para depois voltar a mirar Tigresa, desta vez aproximando-se dela.

— Você está linda Tigresa.

—O-obrigada Po.

A felina desvia o olhar, o amigo a vê como se a devorasse com os olhos causando-a desconforto, resolve dar um fim nessa situação saindo de sua presença ordenando a todos que é hora de irem, Po observa como ela e seus amigos, exceto Víbora se distanciam, seu semblante torna-se triste por breves segundos até a serpente ao seu lado motiva-lo, ele sorri, não por causa do comentário de motivação por parte da amiga, e sim por ter em sua mente a figura da bela mestra Tigresa.

— Vamos Víbora. – a chama ajeitando a enorme mochila nas costas e seguindo até seus amigos.

No palácio de jade, um panda vermelho está em seu quarto sentando sobre sua cama, ao seu lado uma caixa de madeira, de dentro ele retira duas pinturas.

Seus lábios se abrem minimamente num curto sorriso, suas orbitas oculares fitam as duas pinturas que estão sobre seus dedos, é nítido o brilho em seus olhos a vê-las; na sua pata esquerda o desenho de uma felina de mais o menos cinco anos de idade, pelo alaranjado e com listras negras, dorme sobre chão, com a cabeça e as patas apoiadas no boneco de treinamento, seu aspecto é de tranquilidade, seus lábios possuí um sorriso, na outra pintura, essa em sua pata direita, a mesma felina, porém mais velha, sua roupa é um túnica de cor bege do mesmo modelo de seu mestre, ela está sob a arvore do saber celestial em posição de lótus, não é possível ver o seu rosto devido estar de costas.

Ele sorri, faz tanto tempo que ordenou a Zeng que contrata-se um pintor para desenhar os momentos de Tigresa sem que ela soube-se, que esquecera que guardou as pinturas num baú, cada uma faz voltar ao tempo, a primeira  vez que a ensinou o chute lateral, quando usou a sala de treinamento... Tantas lembranças, algumas ruins outras boas, como queria voltar ao passado, concertar os erros, todavia é só um desejo impossível, o arrependimento não muda o passado, Tigresa não é mais a criança que adotou no orfanato Bau Gu, cheia de sonhos e esperanças, é uma guerreira com foco e razão agora, vê isso em suas expressões, em seus gestos e na sua personalidade.

Guarda as pinturas de volta ao baú para em seguida deixa-lo em baixo da cama, dá um largo suspiro, Zeng o chama, dá dois passos para ver sua figura à frente, espera pacientemente à razão de seu alvoroço, antes que a ave diga uma silhueta aparece por de trás, Shifu desvia o olhar para o indivíduo, quando percebe quem é corre em sua direção dando lhe um abraço, Zeng sorri com a cena, sem esperar permissão de seu mestre saí de sua presença, logo em seguida o panda vermelho deixa os braços da pessoa e olha atentamente nos olhos castanhos.

— Mãe quanto tempo. – fala passando os dedos sobre a bochecha da mulher, em seguida lhe dá outro abraço, ela retribuiu o apertando mais contra o seu peito. – Pensei que algo tivesse acontecido com você, pensei que... É bom te ver novamente.

— Te amo filho. – diz.

Ambos ficam abraçados por alguns instantes até deixarem o gesto de carinho, Shifu a analisa, sua veste é um qipao azul marinho com detalhe violeta que contorna angola, a fita em seu abdômen da mesma cor finaliza a roupa.

— Mãe o que faz aqui?

— Tem que ter motivo para visitar o filho amado?

—Não, claro que não, você me pegou de surpresa, não esperava a sua visita, nem estou apresentável.

Ela entrelaça sua pata a dele, sua expressão é de tranquilidade, o silêncio invade o quarto, não é desconfortante é a colhedor, ambos senta-se na cama lado a lado, a senhora começa a descrever a viajem, as pessoas e lugares que conheceu, até chegar ao assunto do pai de Shifu, e apesar do clima tenso que se fez presente os dois sorriram ao lembra-se dele, ele não está morto só mantém sua vida de enganador e ladrão.

— Como está a menina? – questiona quebrando o assunto anterior, Shifu franze a testa incomodado, não gosta de falar de Tigresa, ele é seu mestre não pai, como sempre diz. - A onde ela está preciso vê-la.

— Ela não está aqui, foi para uma missão no Sul da China. – fala sem demostrar emoção, como se quisesse construir um muro para bloquear qualquer demonstração de sentimento a mulher que o finta, desvia o olhar para seus pés.

— Você a mandou para as terras do Sul? Não é lá que está o vale da Sombra?

— Sim, eu sei, mas não pude impedi-la. – Sua vista permanece em seus pés. – Ela vai ficar bem, primeiro irá ao vale da Luz, tenho certeza que conseguirá com os outros impedir qualquer ataque a esse vale, se tudo ocorrer assim, Tigresa não precisará ir ao outro vale da Sombra. – Aspira certa quantidade de ar para depois solta-lo pela boca num pesado suspiro.

— Não contou a ela não é? – Ele afirma balançado a cabeça. – Filho ela irá descobrir cedo ou tarde, você não pode protegê-la pelo resto da vida. – Deposita a pata sobre seu ombro, o panda vermelho volta a mira-la, a vê sorrindo retribuí minimamente. – Agora me diga como ela é?

— Ela... Crescida, está crescida, não é mais aquela filhote que você viu, é a líder dos cinco furiosos e a mais forte, claro depois de mim e do Dragão Guerreiro, possuí um temperamento forte, igual à personalidade...

— Tem namorado? – o interrompe causando um engasgo devido à pergunta, a senhora espera que seu filho se recomponha para respondê-la, mas ele não faz. – Filho responda, nós dois sabemos que Tigresa não é mais criança, que de acordo com a lenda ela deve encontrar seu yang, por causa você tem ideia de quem seja?

— Mãe... – dá pausa na voz, sua mente vaga no vazio por alguns segundos. – Eu, quer dizer, não sei.

— Não minta.

— Não estou mentido. –Desvia a mirada por qualquer outro ponto que não fosse o rosto de sua mãe o encarando. – Tigresa é uma guerreira com rotina e disciplina não tempo para namorar.

— E se tivesse acha que contaria a você?

Seu semblante torna-se de tristeza, todos esses anos a fez como uma redoma impenetrável, a privando-a de momentos comuns da vida, resultando em uma guerreira séria, se tivesse qualquer segredo não o contaria, ela não o vê como pai e sim com mestre, talvez se fosse menos rígido ou desse o amor que ela necessitava o veria como um, mas a dor de perder Tai Lung o fez cego causando na sua aluna rancor.

— Não. – Por fim a responde com um simples “não”, abafado por seu tom de voz fadigado. – Eu a fiz assim, uma muralha incapaz de ser derrubada, a única confiança que Tigresa tem comigo é de mestre.  – Cada palavra é como uma facada dada em seu peito.

— Entendo... – Suspira.

°°°

O sol está alpino causando certo desconforto nos guerreiros do palácio de jade que caminham por uma floresta com poucas arvores, possibilitando a entrada dos raios solares que atingem suas cabeças por frestas, Macaco e Louva-a-deus, esse em seu ombro, reclamam a cada minuto do cansaço e fome, Víbora e Garça que os acompanham reviram os olhos e bufam a cada fala dos dois machos, aleijado do grupo estão Tigresa e Po, ambos seguem em silêncio desde o começo da viajem, a companhia de um ao outro não é incomodada, só não sabem como agir depois do quase beijo.

— Então Ti – A felina revira os olhos por causa do apelido que ele a chamou, apressa o passo um pouco, Po faz o mesmo para ficar ao seu ritmo. – De que tipo é o tecido de sua roupa? – Sorri nervoso, essa pergunta foi a única que venho a cabeça para puxar a assunto com a felina, espera a sua resposta a mirando, enquanto ela mantém a frente.

— Não sei. – responde sem demonstrar nenhuma emoção.

Po mantém os olhos nela como se Tigresa fosse uma obra de arte, não cassaria de vê-la nunca, como adoraria estar mais cerca dela, poder experimentar o gosto de seus lábios e sentir o seu cheiro, todavia não poderia, seus pensamentos impuros com a amiga são apenas desilusões da sua mente, como qualquer homem a necessidade de estar com o sexo oposto é inevitável, confirma consigo mesmo que é fruto da necessidade, apesar disso a continua a detalhar.

Sua roupa a cobre totalmente, se fosse com menos tecido seria perfeito, sua calda balança levemente pelo ar o hipnotizando, seus quadris se movem quando anda, pensa se esse ritmo seguiria em um momento mais intimo, ele a queima com olhos, Tigresa percebe o olhar do amigo sobre ela, mas não intervém, diria que está louca, mas gosta quando ele faz isso, sente-se admirada e desejada, resolve fazer um "joguinho" com ele, eleva à calda um pouco mais alto a balançando-a até o rosto do urso, Po estremece com esse roçar, a guerreira dá dois passos ficando a sua frente, move os quadris de forma calma e lenta enquanto anda, está provocando-o, Po suspira, pensa que ela não faz isso proposital, mas não deixa de segui-la,  está ficando louco, ou melhor, apaixonado.

— Tigresa. – a chama apressando o passo com dificuldade por causa da grande mochila que carrega nas costas, quando fica ao seu lado pronuncia seu nome novamente.

— O quê? – responde sem vê-lo.

— Posso lhe fazer uma pergunta?

—Depende da pergunta.

— Promete que não vai se zangar?

— Não prometo nada.

Seus lábios se entreabrem demostrando a fileira de cima dos dentes num curto sorriso, a sinceridade sempre foi uma das tantas qualidades que ele atribuiu a ela, em outras circunstâncias como na vez que a felina chamou o colar de certa amiga de "miolo de maça velha" diria que sua sinceridade é um defeito, pois não são todos que gostam de ouvir a verdade, preferem a mentira que não machuca e nem fere.

Está prestes a perguntar quando o grito de seu amigo Macaco o interrompe, olha em direção a ele e aos seus amigos, assim como Tigresa, ambos fintam um grupo de oito crocodilos, cada um tem em suas patas armas, como espadas, arcos e adagas. Eles avançam para cima de seus amigos, nos quais retrocedem devido estar em desvantagem, de relance Tigresa vê uma senhora caída no chão, corre para ajudar seus companheiros, Po a segue deixando-a a enorme mochila cair de suas costas.

Ambos se posicionam em modo de luta ficando a frente de seus amigos, esperam qualquer movimento dos crocodilos para iniciar o confronto, ficam assim por alguns segundos até um dos gatunos dá um passo adiante, Tigresa faz o mesmo, Po que está ao seu lado aproxima-se, Macaco, Garça, Víbora e Louva-a-deus se posicionam.

— Vejamos o que tempos aqui, uma Tigresa. – O crocodilo que está frente dos outros fala com o tom de chacota, Tigresa distingue que ele seja o líder do bando.

— Vai ficar parado aí ou vai lutar? – pergunta a felina com desprezo, o bandido gargalha, ela grunhiu com raiva, Po nota as rugas que se formam abaixo de seus olhos quando faz o som, isso é um alerta que a qualquer momento Tigresa irá atacar, acerca-se mais a amiga.

— Prefiro lutar com seus amigos, você é um tigre.

— Está com medo por acaso?

—Não, claro que não, só não quero ter confusão com mais um tigre, já basta à "rainha". – Pega de trás das costas uma espada, passa o dedo indicador sobre a lamina com deboche. – Tigres são demônios sabe...

Tigresa está prestes a ataca-lo, mas uma pata sobre a sua impede de se mover, gira o rosto para ver quem a mantém imóvel, vê os olhos verdes de seu amigo, franze a testa com confusão, ele sorri, o entende apenas com esse simples gesto, não era para atacar ainda, concorda com relutância, às vezes se esquecia de que Po é o dragão guerreiro e apesar dela ser a líder dos cincos furiosos o panda tem certa autoridade com eles devido seu título.

Po suspira para depois ficar a frente da amiga para protegê-la, sabe que ela se defende sozinha, entretanto prometeu a Shifu antes de sair do vale que a protegeria.

— Não queremos lutar, só deixe à senhora ir. – fala.

— Desculpe, mas não será possível responder as suas expectativas. – debocha.

— Será se obedecer.

— Veja bem panda, nós estamos em maioria, vocês não possuem armas e ainda quer nos enfrentar? – Po afirma sorrindo. – Um macaco de circo, uma ave com um Chapéu de palha, uma cobra verde e um grilo, esse é seu exercito? Faça-me rir panda gordo.

— Ninguém ofende meus amigos. – Seu tom de voz saí com irá em seguida normal. – Para constar é Louva-a-deus e não grilo.

— E não vamos se esquecer da gatinha ali.

— Do que você me chamou filha da... – dá dois passos a frente, mas é impedida pelo braço de Po.

— Olha o palavreado Tigresa.

— Isso mesmo gatinha escuta seu namorado.

—Namorado?! – Gritam em uníssono, incluindo seus amigos.

Para Tigresa essa é a gota da água, sem autorização nenhuma avança até o líder, seus companheiros a seguem, a luta começa cada um com um oponente, exceto Po que está combatendo três.

Esses bandidos não se compararam com Fung e os crocodilos, são espertos e lutam bem kung fu, porém não tem chances contra o dragão guerreiro e os cinco furiosos.

Tigresa esquiva-se dos golpes de espada do crocodilo líder com facilidade, seu estilo de luta não é comparado ao dela, ele se move com menos rapidez facilitando as esquivadas da felina, contudo possuí um dom de poder tirar a concentração com as palavras de chacota e zombaria.

— Você é boa gatinha, me pergunto se também é boa na cama.

A felina desfere um soco em seu queixo com toda sua força fazendo-o cair, ninguém a denigre dessa maneira se insinuando, ainda mais um bandido qualquer; aproxima-se dele com os punhos cerrados, o pega pelo pescoço com uma das patas para que esse fica a sua altura, crava suas unhas na garganta coberta por uma leve camada de pele, diferente do resto de seu corpo que é revestida por escamas grossas, aumenta a pressão das garras na garganta do bandido causando feridas, seus amigos estão ocupados lutando  para notar o que está acontecendo, seu corpo adquire uma aura preta não visível a que está longe, mas suficiente ao sujeito sustentado por suas garras, ele sorri com sarcasmo, Tigresa aferra mais, seu semblante é ódio e raiva, nunca havia agido assim, mesmo contra bandidos mais poderosos.

— Vai em frente gatinha, mostre que você é um demônio, assim como todos os tigres.

— EU NÃO SOU UM DEMÔNIO!- grita, isso chama a atenção de Po.

— Talvez não... E sim um monstro.

"Monstro", a palavra que a define desde pequena, as lembranças e recordações atingem como um canhão, todos a enxergam assim: alguém sem sentimentos, fria, com garras, presas, que dilaceram sua vítima, resumindo um monstro.

Afrouxa sem consciência o agarre do gatuno, esse vê a oportunidade e pega a adaga em seu cinto que está na cintura, ele eleva rapidamente o objeto ao rosto da felina que parece estar em transe, antes que posso feri-la Po a alerta, quando vê o bandido pronto para golpeá-la não raciocina é tempo suficiente para ele deferir o golpe, porém não faz, pois um corpo o impede o empurrando, é Po, a adaga passa pelo seu braço num corte causando um ferimento profundo, o crocodilo levanta-se do chão, assovia para seus companheiros retrocederem, eles obedecem.

— Vencemos? – questiona Macaco ainda em sua posição de luta.

— Acho que sim. – responde Garça.

Tigresa que está caída no chão levanta-se rapidamente ao ouvir a voz de seu amigo num grunhido de dor, corre até ele, coloca os joelhos sobre o chão para estar a sua altura, finta uma das patas do amigo sobre o braço machucado, sente-se culpada pela a enorme quantidade de sangue que saí.

— Po fica calmo! – fala com desespero.

— Eu estou calmo Ti, só é um corte de nada. – Tenta transmitir calma a ela, mas não consegue devido o grunhido de dor que dá.

—Não é um corte de nada. – o adverte com autoridade, o panda sorri por causa de seu tom de voz.

Com a adaga que estava caída sobre o chão, corta metade do tecido de sua roupa, Shifu a mataria se soubesse o que está fazendo, ela não se importa é por um bom motivo, Po a vê rasgar o pano abaixo da cintura a reprova, Tigresa não dá atenção, pede que tire a pata ombro, ele obedece, em seguida enfaixa o local cuidadosamente, assim estacará o sangue, enquanto faz os olhos de Po detalha seu rosto, nota sua preocupação, se amaldiçoa por não ter tido cuidado ao tentar salva-la, sempre pensou que fosse cuidar dela, mas estava enganado, nem sequer pode se esquivar de um golpe, agora ela está cuidando-o.

— Ti eu estou bem.

— Não está e nós dois sabemos disso. – Continua a enfaixar seu braço. - O que você estava pensando em se atirar na minha frente? Eu podia com aquele bandido seu tonto, não faça mais essa idiotice, e se ele te acertasse?

— Eu faria de novo.

— Estou falando sério.

— Também estou. – Tigresa levanta o rosto a fim de mira-lo, permanece com as duas patas em seu ombro já enfaixado. - Você é especial para mim, não me perdoaria se algo acontecesse com você.

Ela sorri, seus olhos penetram os deles, aproxima o rosto, Po fica paralisado com aproximação repentina, seus amigos observam de longe não crendo o que veem, a guerreira leva as patas para as bochechas do amigo, seu rosto vai ao dele, para e pensa o que está fazendo, quando por fim continua depositando um beijo sobre sua bochecha esquerda, Po não sabe como reagir a esse gesto, sente os lábios dela contra sua pele, os amigos estão chocados com o ato de Tigresa, o bico do Garça se abre totalmente, demoram alguns minutos desse modo, os lábios deixa a bochecha do amigo depois, entretanto ela permanece com o rosto a centímetros do dele, em seguida sussurra em seu ouvido.

— Não se preocupe.

Sua respiração quente chega a sua orelha como cócega, mantendo as patas em suas bochechas, usa uma delas para tampar o ato impulsivo que fará em seguida, se preocupa que seus amigos vejam, sem timidez lambe sua bochecha numa caricia vagarosamente, o corpo do urso estremece, sua respiração se torna descompassada, o desejo de beija-la de estar mais perto causa rubor em suas bochechas, nenhum dos quatro furiosos veem o ato.

— Ela o beijou? – questiona Louva-a-deus.

— Não, acho que está falando alguma coisa em seu ouvido. – afirma Macaco

Quando se distancia vê Po com rosto vermelho, sorri, levanta-se o deixando para ir até a senhora que está caída no chão, seus amigos fazem o mesmo, ele fica parado mirando-o o vazio, coloca a pata no lugar que recebeu o beijo e a lambida, sente a saliva de Tigresa na região, sorri largamente prometendo a si mesmo que nunca mais lavaria essa bochecha.


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Notas finais do capítulo

Nesse capitulo editado Song não apareceu, mas não se preocupem ela irá surgir, em vez disso resolvi adiantar a chegada da mãe de Shifu e colocar uma nova personagem, a Fai, médica particular de Tigresa.
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Mãe de Shifu - A descrição dela me baseei em uma fan art, seu nome será Lady Kuan-Yin. http://kaptain-kitty19.deviantart.com/art/Baby-s-First-Steps-Colour-258334286