Yin Yang escrita por Beatrice Ricci


Capítulo 29
Encontros & desencontros


Notas iniciais do capítulo

Como comecei a escrever essa fanfic em 2014, os acontecimentos de kung fu panda 3 , são um pouco diferentes do que eu poderia imaginar, por isso eu altero algumas pequenas coisas, como o nome do pai de Po, não é mais Hiroito, e sim Li Shan. Apenas isso nesse capitulo, nada de tão extra-ordinário, e antes que você leitor comece a ler, devo avisar que poderá ocorrer a morte de um personagem principal... Boa leitura.



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Aquelas palavras ditas com tamanha alusão, no profundo intimo de seu espírito, lhe causaram arrepios, que viam do começo da espinha e iam até a pontinha do dedo. 

Dominado pelo perfume que exala da felídea, tentando estabelecer algum equilíbrio interno, a curiosidade volta a surgir, acompanhado de duvidas, a qual gostaria de respostas; em poucos segundos ela havia rompido praticamente todas as suas possíveis falas, algo na maneira de pronunciar o seu titulo, o deixou desconfortável, e na ocasião que a soberana suavemente acaricia sua bochecha, o corpo inteiro enrijece, mas mantém os olhos franzidos aos dela, como se isso lhe permitisse encontrar a explicação do gesto da mesma; decide recuar, desvencilhando-se do toque, a rainha riu um riso de incredulidade, pintando em seus lábios o sarcasmo, pergunta-lhe sobre Tigresa, recebe como resposta o silêncio.

Observa por instantes sua figura, se assemelha a uma criatura fria e reservada, cujos sentimentos jamais de se deixam mostrar na fisionomia ou em palavras. Suas patas seguem girando o centro dourado, uma bola de vidro contendo energia negra, chama a atenção, se vê preso naquele objeto, mirando-o profundamente, desvia a mirada a face da felina, o sorriso da mesma não lhe deixa a face em nenhum momento, quis questioná-la, no entanto sua mente fez a própria teoria, o chi de Tigresa está nessa esfera de vidro. Transborda de repente a grande tempestade interior, o semblante transformasse em ódio vestido em agonia; aproxima-se dois passos, ela faz o mesmo, mas entes que de sua boca brote quaisquer palavras, ela o prende com a invasão de tocá-lo com as patas e dedos, analisando de cima a baixo e tudo que esteja ao seu alcance.

— És tanto avantajado — começa ela, tocando-lhe o peito e ombros. — Ainda assim és mais forte do que os pandas comuns. Tens alguns músculos nos braços.

— Ei, ei, não toque aí... — diz em meio a gargalhadas. — Eu vou fazer xixi nas calças... Pare com isso. — pega-lha aos pulsos, fazendo-a cessar.

Ela deu-lhe as costas, a fim de que o panda a seguisse, e ainda que o jogar de quadril lascivo o tímida, o guerreiro preto e branco a acompanha estremecido, diante da mudança de humor da felina.  Estando o seu lado, a examinando-a pelo canto dos olhos, enquanto percorrem o trajeto do jardim, quis fazer mil perguntas, algumas terríveis, tem a certeza que está sendo levado a uma emboscada, se ela conhece seu conflito interno, não demonstra nada pela expressão indiferente e calma; que tipo de rainha ela é? Vilões não convidam heróis para passear a noite, apenas com a luz da lua, tenta encontrar algum sentido no que acontece, não está costumado a desvendar sentimentos ou segredos profundos de alguém, talvez de Tigresa, pois essa é sua amiga e amada, é como estar na ponta de um abismo sem fundo; levanta os olhos apenas para ver onde estão, ambos na frente de dois enormes portões, ainda no jardim.

Diante disso, ela abre cada porta e retoma a andar, vira-se para o guerreiro uma vez ou outra com os olhos âmbar rubi, com a intenção de provocá-lo, imediatamente entende o modo que tal ação o faz desconcertar, para ganhar algum controle o mestre de kung fu, volta os olhos para o chão. Passa-se um minuto inteiro antes que ele tenha coragem para perguntar sem levantar a cabeça:

— Por que você fez isso?

— Do que falas? — pergunta com ironia, continuado a caminhada pelos corredores do palácio.

— Isso tudo, há algum motivo que a faz querer dominar a China, de ter feridos animais inocentes, raptado Tigresa...

Ela para brevemente e depois volta a andar, estando agora alguns metros de distância.

— Dize, no ponto que estamos ainda não compreendes? — ela riu um riso que chega aos tímpanos do mestre, de maneira presunçoso. — Hei de entender em breve. — acrescenta.

— Eu entendo sua sede de poder, por isso quer o colar do yin yang e o chi da Tigresa, mas não entendo o motivo ou a razão, é por ter tido um passado triste? Sem amor, sem carinho...

— Sempre tive amor e carinho.

Não era uma repreensão, e sim uma confissão.

— Bem, então qual é o verdadeiro motivo? — pergunta-lhe, fazendo uma pequena corrida para acompanhá-la.

— Às vezes fazemos coisas, apenas por fazer, não existe verdadeiro motivo ou razão, talvez haja um sentimento que nutre o que se faz, mas nem sempre é acompanhada por algo a mais.

A rainha espera um momento, permitindo que suas palavras façam sentindo para o guerreiro, estranhamente o silêncio feito não é desconfortável.

— Certo... Isso ainda não explica o porquê de não estamos batalhando, você é a vilã eu sou herói, é uma regra básica.

— Regras são feitas para ser seguidas, mas também para serem quebradas.

Po esforça-se o máximo para entender o fio de pensamento da majestade, embora haja uma dor nítida se formando a sua face, percebe que precisaria de tempo para compreender a mente de um vilão, principalmente o dela, por mais difícil que fosse.

Ambos pararam de andar, no instante que ela defronte a dois portões os abriu um ranger irritante acompanha a ação; o guerreiro pensa um momento e decide entrar, teve olhar rapidamente em volta, olha em direção a ela, cuja atravessa o enorme salão, depois aos guardas rígidos, até o trono da soberana, e assim a viu sentar-se nele. Procura algum sinal de insanidade naqueles olhos que o espreitam de volta, na forma de torná-lo tímido e pequeno, se no coração da formosura diante de seus olhos realmente tem o mal, tudo o que viu nela, apenas é uma ilusão de amor e bondade, as aparências enganam, dizia sempre seu mestre, comprova que é verdade a cada gesto sínico mascarado pela beleza.

Pôs-se a caminhar a direção de Mirume, questiona-lhe novamente, estala de impaciência por cair nesse jogo feito por ela, alguns se atraíram com o seu ar antipático, com a sua indiferença e com o seu orgulho gracioso e sedutor, mas ele apenas vê uma rainha com sérios problemas de personalidade.

— O quer? — pergunta o panda.

— O que eu quero dragão guerreiro? — pergunta-lhe com a voz arrastada e frouxa, como se zombasse. — Seria um privilégio pedi-lhe algo impossível? Talvez... — Erguer-se do assento real, levando consigo a sensualidade, a cada passo dado, conjunto a voz macia e insinuante. — É um panda, o que tu poderias me dar? Uma noite... Sim uma noite... — sussurra-lhe a ouvido, uma voz íntima e provocativa, com intenções que o mestre não entendera, contudo ao ter uma das delicadas patas dela no seu rosto, compreendera.

— Nunca terá essa noite. — diz e retira as patas do alcance de sua face.

— Ninguém jamais me negou. — responde ofendida

— Até agora. — Vira-se, dando-lhe as costas.

Tão fala do urso, deixa Mirume irritada e com raiva, ainda se não bastasse à humilhação de ser rejeitada; os guardas antes em silêncio, soltaram risos abafados, liberado o espírito adormecido, cuja se alimentava de luxuria, o da rejeição, nada e ninguém a negava, e se este fosse o caso o punia.

Sua magoa absolve-lhe, e muito tenta reprimir a cólera, cuja pulsa dentro de sua alma inconstante; apressa-se a estar defronte dele novamente, o qual fez um gesto de contrariedade tornando sério, ela o agarra pelo pulso e articula com o tom de voz elevado:

— Vossemecê irá obedecer!

— Está sendo ridículo com esse teatro, eu amo Tigresa, eu já a feri muito, não cometerei esse erro mais uma vez.

— É um tolo, o amor genuíno não existe!

— O amor verdadeiro é um só, eterno e insolúvel. — pausa a voz, encarando-a firme. — Você é linda e tudo mais... Entretanto o que tem aí dentro do seu coração? É ódio por não ter aquele que mais amou ou por ter tudo e ao mesmo tempo nada?

De repente sente a bochecha se tornar quente, no instante que recebe um tabefe vindo da rainha, lembra-se do ocorrido com Tigresa, preferia mil vezes receber arranhões na face, do que uma agressão, cuja doeu em dobro.

— Algumas fêmeas dedicam-se a um macho só na vida, outras não. — começa com ironia e sarcasmo, como se não tivesse o agredido. — O caso de minha querida irmã te amar, é por um único motivo... Pretende contentar com um panda por próprio gosto, pois você é o dragão guerreiro, achas mesmo que ti seria a primeira opção dela, achas que se o titulo não fosse teu, ela não estaria nos braços de outro? Se achares panda, é um idiota.

— Ainda assim eu a amo. — responde voltando a vê-la, e em seguida a sair de sua presença.

Aperta com força o cetro, batendo-o no chão daquele lugar, energia negra expande em fios na direção dos guardas, atingindo-os e apoderando-se do espírito de cada um deles, suas faces agonizantes se tornaram sombrias, monstros feitos de energia negra, o chi de Tigresa. Ali está à surda aflição que lhe punha na alma a falta do amor, uma espécie de enfermidade nervosa, capaz de fazer o mal a qualquer um; ela ordena que ataquem o guerreiro, obedecendo à ordem da soberana, as criaturas controladas avançam.

Olha-a para os seres, luzindo nos seus grandes olhos, verdes e arregalados, uma expressão de terror, volve a fixar a mirada na felídea, essa com a face rígida e sem emoção.

“Mandou bem Po, agora irá morrer...” — pensa, preparando-se para lutar.

No momento em que algumas criaturas vão de encontro ao panda, esse desvia dos golpes e salta,  os seres repetem a ação do mestre, o qual ataca com o “fúria dos pés”, que consiste em chutes repetidos sequencialmente;  quando seus pés tocam ao chão novamente, seu semblante é de contentamento.

Gira no próprio eixo segurando o pulso de uma das criaturas, dando-lhe um soco no estômago, em seguida mandando-lhe para longe com um movimento no quadril, virar-se rapidamente e com chutes giratórios acerta outros; com um mortal para frente, por seguinte um espaçaste atingindo dois na jugular, rola numa cambalhota derrubando diversos, por seguinte derruba cincos com uma rasteira, ergue-se fitando cada um deles, os quais estão desacordados; um sorriso lhe desenha aos lábios, pôs-se a comemorar, todavia sente um formigamento nas duas patas, vislumbrando-as não nota nada de diferente até apertar os olhos: suas patas estão completas de energia escura, aproximando-se cada vez mais de seus antebraços; desesperado corre de um lado para o outro, nesse curto tempo, os seres levantam-se um por um, como se os golpes sofridos, fossem apenas ações de carinhos.

A felídea observa os gestos estúpidos do guerreiro, sem lhe articular quaisquer palavras, pois quer ver sua queda no profundo abismo que o cerca, fazendo-a luzir, parecer poderosa e dominante. Jamais ninguém a negou e não seria um panda que faria, tal perseguição a esse pensamento a fez esquecer-se de tudo e de todos; os seus desgostos, as suas profundas mágoas, acordavam todas, um por um, escondidas no fundo de sua alma, naquela negação incompreensível.

Pretendeu deixá-lo morrer com o próprio chi real da amada, fazê-lo pagar por abrir brutalmente a ferida do seu orgulho.

 Trata-se de ir, mas lembra-se do colar. Vaga com olhos de desdém no guerreiro preto e branco, vulgo corre ainda sem direção. Em um gesto com o cetro punha sua autoridade, parando os guardas, por conseguinte o levanta a certa altura, mira-o e um raio negro cruza o salão enrolando no fim ao mestre de kung fu, levando-o ao ar. Dá alguns passos, enquanto o mestre levita no fio negro, estando próximo a ele, o faz ficar de ponta cabeça e por fim o agita, a procura do colar.

— Tudo isso é mesmo necessário?... — começa o urso, com o semblante coberto de incredulidade. — Primeiro o herói e o vilão se enfrentam numa batalha épica. Do seu modo se perde totalmente o show de bolice.

Esta declaração só por si a fez ignorá-lo, levada ao supremo grau, afastando do panda qualquer chance de conversação.

Uma vez encontrado o colar, solta o urso, que caí no solo de cara, aponta o centro para o objeto trazendo-o a seu encontro em um fio negro; sua face alegre-se formando aquele caráter híbrido, cuja mistura de emoções e sentimentos antes reprimidos expandam-se momentaneamente, teve, porém, de interromper a súbita mudança na circunstância que um bumerangue atingiu sua pata, causando a queda do cetro. Tão depressa foi a procura do individuo, como a surpresa a visualizar o responsável.

— O que achas que faz? — pergunta-lhe com autoridade na voz.

O leopardo das neves recua alguns passos, devido o olhar de sanha da felídea.

— Não fui eu, foi ele.

Temendo a uma dos setes vidas que possui, aponta para o sujeito a seu lado, esse ergue o braço pegando o bumerangue que foi arremessado; um capuz cobre o rosto do sujeito impossibilitando qualquer chance de vê-lo, a soberana após ter o cetro de volta aponta-lhe para o individuo, todavia na ocasião o capuz é deixado de lado, revelando olhos tão azuis como o mar, a surpresa, cuja lhe atingiu antes, não se compara ao espanto, quão lhe faz sentir num redemoinho de emoções.

Defronte dela novamente, revendo o mesmo olhar, quando a conheceu, vive a relembrança de um passado de fantasia e romance, devolvendo-o a bela tigresa de feições graciosas, ainda com os traços enérgicos de sua fisionomia, fascinando-o com seu sorriso, prende-o com tanto desejo, qual acordava nele adormecidas sensações, que se funde com a primeira alegria, é o primeiro beijo, é a primeira lágrima, como sentia saúde de tê-la a seus braços, bastasse um carinho sem intenções, só para aproveitar cada segundo restante de suas vidas; tudo nele se embelezara de um modo admirável, toda nela se fez mais luminosa, insuportavelmente bonita.

Os seus grandes olhos apaixonados, ora atrevidos, ora ternos, tão prontos se admiram de amor a vê-lo, o seu perfil sereno e firme, as suas patas formosas que lhe tocaram inúmeras vezes; o seu porte gracioso, acompanhado pela elegância de seus gestos; a sua voz suave e ligeiramente sensual, tudo isso, a fez se apaixonar por ele, e mais os pequenos de detalhes do seu todo, e suas imperfeições o trouxeram recordações passadas, as quais com muito sacrifício as mantiveram guardadas no coração, oscilando entre amarguras e contrariedades; seu tipo destacava-se naturalmente, sem exageros, e sempre correto.

Apesar, porém, de ambos recordarem o passado adormecido, mantiveram-se em silêncio, como se qualquer palavra dita, atingisse-os como uma adaga, e ali se mantiveram quietos nas súplicas de seus olhares, guardando o momento; quiseram permanecer petrificados, mas nada é para sempre, a fala estarrecedora de Po, os trazem de volta a realidade, e como não bastasse, Yoichi solta um comentário nada discreto sobre a relação da rainha com o guepardo, o qual intrigado indaga:

— Escusa, mas de onde conheces Mirume?

— Todos a conhecem... Ela é famosa. — reponde desviando atenção a qualquer ponto, que não sejam os olhos penetrantes do felino.

— Isso é meio estranho... — intromete-se o urso, esse sem energia negra nas patas. Referindo-se a fato de Mirume estar na frente dos dois felinos o qual teve relações e ele, por quase ser o próximo.

O guepardo fez um gesto incerto e diz diretamente a rainha, tornando-se sério:

— Creio que desistes de continuar com essa loucura.

— Engana-se querido, hei de continuar com meus planos.

— Ora, diga-me uma coisa, qual é o propósito de tudo isso?

— Além de ter aquilo que foi roubado de mim é provar-te que nada e ninguém irão negar o que é meu! — Aproxima-se do felídeo com passos lentos. — Prometes-te o amor, coisas que estavam acima de teu alcance, ainda assim eu ti amei, não me importava o que meu pai dizia a teu respeito, ou o que falavam em ver a princesa com um empregado, mesmo assim tu me renegas-te o mais importante, a lealdade.

— Pois bem; todas tais promessas que fiz sempre foram verdadeiras. — Caminha a sua direção, no mesmo andar que a mesma. — Disseste que não teve lealdade, mas sempre houve, exceto no momento em que quis livra-se de Harume, jamais seria cúmplice de algo tão perverso.

Sorrindo amargamente e no intimo desgosto de relembrar o momento que o amado lhe deixou, continua:

— Vossemecê é tão ridículo, como atreves a dizer tais mentiras? Relembro foi o responsável pelo destino dela. Quem a trouxe até mim?... Meus pais, eles confiaram em você, e tu o enganastes.

— Este foi meu erro: amá-la de tal forma, qual me tornara cego. — pausa a voz, e antes que seja interrompido: — O nosso amor apenas deu o primeiro impulso; depois o interesse e ambição se encarregarão do resto.

Não obstante, quem lhe surpreenda o olhar em certa época passada, nessa ocasião descobrira um inesperado brilho incompreensível, onde a tristeza e o sofrimento transluzem como a luz por entre a escuridão, e ainda que sua incorruptível alma jamais mudasse, abre-se em torno dele aversão, resignada na afeição que sente por ela.

Diante disso, defronte dele, todas as suas paixões de outrora, transformam-se em um sentimento único, reacendido como uma chama que queima quando o fogo é atiçado; largaria todos os caprichos para tê-lo a seu lado novamente, todavia o orgulho, o desejo de sempre querer mais, desvirtuava de todos os caminhos para a felicidade.

Ela refez o caminho percorrido, dando lhe as costas, embora doa suportar o olhar de decepção do guepardo, não curvaria para a fraqueza novamente, considera o amor um desvio para suas reais intenções, do alcance de poder.

Gira bruscamente, acompanhada de um raio negro na direção do felídeo, esse desvia para o lado, correndo em direções contrarias da energia escura, os seus amigos vão de encontro a rainha, atacando-a, perante disso, a tigresa fêmea aponta-lhe o centro quase os acertando; recorda do colar o visualizando no chão, busca-o rapidamente, assim como Po, na circunstância que ela o têm nas patas, o panda não consegue conter a corrida, escorregando e chocando-se contra a felídea, essa derrubando a metade do colar, yang, e o cetro, cujo lança um raio em uma direção qualquer. Os dois mestres de kung fu encaram-se por breves segundos, antes de agarrarem a metade do colar, ao mesmo tempo, e assim disputar o objeto, mantém-se assim por alguns minutos até a soberana chuta-lhe nas partes baixas, nessa situação o panda caí de joelhos, com duas patas na região agredida, seu semblante desenha-se em dor, junto com uma solitária lágrima que contorna sua bochecha.

— Minhas jóias... — comenta reprimindo os lábios. — Por que fez isso? — questiona, olhando-a.

Com um gesto não se importa com o questionamento do urso, levando o colar a altura do queixo, deslumbrada com o objeto o analisa por breves segundos; logo que o guepardo a viu fazer tão gesto, joga-lhe o bumerangue, pode-se, pois, facilmente calcular a ação do mestre, com um mortal para trás esquiva-se facilmente, depós voltando-se com um sorriso, que tanto poderia ser de zombaria ou aversão, ergue o colar yang defronte ao guerreiro, como se o chama-se para um confronto, embora o felino deteste tal ideia, após dar o bumerangue a Yoichi, avança até ela com velocidade.

Com um giro e o punho fechado tenta atingir o rosto do felino, quão desvia e revida com o mesmo gesto; a soberana recua alguns passos para trás, posiciona o colar na ponta da cauda enrolado-se, chuta-lhe no quadril, depois na jugular, quase o fazendo perder o equilíbrio, recuperando-se salta com a perna estendida a fim de derrubá-la, a rainha agarra a perna do guepardo e com toda força que é capaz de fazer o gira, esse rodopia no ar; antes que caia no solo, com a perna atinge o rosto da tigresa fêmea.

— Nossa que incrível! — comenta Po, com animação evidente no tom de voz. — Estamos presenciando uma luta épica!

Uma luta de ódio e amor! — grita Yoichi, do outro lado do salão.

Passa uma das patas na maxilar sentindo a dor do golpe, em seguida corre até ele, o qual faz o mesmo, todavia a felina salta sobre ele, pegado o cetro que estava no chão e ordena para que os guardas ataquem o panda e leopardo, tão envolvidos com a luta, suas faces têm a surpresa e o aborrecimento por não poder assistir a luta. Ainda com o cetro nas patas aponta para o mestre guepardo, conquanto esteja pronta para acertá-lo, Daisuki avança de quatro patas e desvia do possível golpe, saltando e caindo em cima de Mirume, depós a imobiliza, pressionando os pulsos da felina.

Ambos com as respirações ofegantes, defronte das próprias faces, o coração descompassado ao ritmo que segue, analisando não apenas os olhos e sim a alma, nutrem-se do momento presente, das lembranças passadas, cujas trazem uma adrenalina diferente, seja o amor ou ódio, jamais saberiam explicar a sensação; a mágoa absorvida por todos instantes, não deixando tempo nem força para arrependimentos.

— Ainda dizes que foi erro me amar? — pergunta-lhe com um sorriso malicioso, referindo-se a posição comprometedora de ambos.

Daisuki fez-se vermelho, como se aquelas palavras fosse uma bofetada.

— Sempre foste fraco.

— Jamais fui. — responde, ainda com a respiração ofegante. — Dize-me que tipo de desprezo e desdém é este? — acrescenta.

— É um tipo de pena e compaixão por ti querido.  — A encará-lo firme.

— É uma cínica.

— Talvez. — ri um riso de deboche. — Mas tu és um hipócrita, me enganas-te.

— Não, eu amei, deveras tal amor fui capaz de tudo. — pausa a voz e prossegue em seguida. — Custa-me a confessar, mas ainda amo-te. — Tal confissão traz surpresa à rainha. — Juro-te que tudo que fiz foi por ter amar, no entanto quando a vi transforma-te em ambição e maldade, ora meu coração queria estar contigo, ora queria deixá-la, contudo eu não seria o mesmo sem ti, até o ar que respiro, serias diferente.

— Não blasfemes.

— É verdade. Digas se outro amara como eu, te dera toda a dedicação e carinho? — questiona a acarinhá-la na face, trazendo um semblante escondido por todo o mal. — Amo-te.

Defronte daquele transbordamento de confissões, principia aceitá-lo, dizendo a si mesma que o ama, adormece em meio à cogitação e tão profundamente, que só acorda no instante que mira os olhos azuis, o corpo abisma-se, minuciosamente repara nos pequenos detalhes, com doloroso desejo que repisa na própria ferida.

A surda aflição que lhe punha no espírito, converte-se na ocasião que o felino aproxima-se lentamente a face, reproduzindo ali, a paixão; esquecendo-se da pura e simples manifestação de orgulho, e assim espera que ele pouse os finos lábios aos seus, correspondendo à necessidade de provar o beijo mais uma vez, ume beijo em apenas um toque, sem que ultrapasse algo mais, rompendo todas as barreiras de dor.

Pouco a pouco a liberá-la do agarre, sente a pata trêmula dela a bochecha esquerda, possuído esperança injustificável, como no resto, não se encontrando um só traço de maldade, instintivamente do fundo da alma a luta para não amá-la mais é esquecida, veio-lhe ardente paixão, causando certa falta de ar, e abrindo os olhos para vê-la, nota-lhe o brilho diferente, deixando transparecer o indicio de suas intenções, intimamente sente estremecer todo o corpo, posto que seu coração seja ferido, transborda a grande tempestade interior, desvia para o cetro de tudo aquilo, vendo-a com a adaga empunhada a esta região pressionando com força, voltando a vê-la pergunta-lhe com o olhar o por quê.

 — Amo-te tanto, que acabo com o teu sofrimento.

°°°

O panda vermelho, caminha em meio a escuridão, esgueirando nas paredes á caminho da prisão do vale da sombra, de longe escuta o pavor dos cidadãs, e a correria de guardas e soldados de Mirume; preocupa-se em esconder-se, embora queira enfrentar a batalha, teme que Tigresa esteja ferida.

Defronte a dois guardas tigres, ambos guardando a entrada da cadeia, com o cajado em punho o grã mestre avança, os nocauteado, por seguinte abre os portões feitos de madeira, adentra o local e com um pulo longo, caí ao centro do calabouço; apenas duas chamas possibilitam a visão, procura algum sinal de vida em meio ao breu de algumas celas, segue a direção da voz grossa e rouca e acha-se pouco depois em um canto mais escuro, um prisioneiro, preso nos pulsos e calcanhares com algemas, atreladas nas paredes com correntes, não consegue identificar que tipo de animal é.

De repente os olhos daquele individuo o encara de maneira firme, a luminosidade do olhar lhe lembra alguém, um tipo de verde, quais poucos possuem, semelhante à preciosidade da pedra jade. Aproxima-se da cela, com seu passo lento e macio, estando poucos metros das grades, recua rapidamente, na ocasião que outro sujeito surge a sua frente, assustando-o; os minutos seguintes são para recuperar-se do susto, agora sabe por que Po reage da mesma forma, quando ele aparece de repente. Com a respiração e o coração em ritmo compassado, ergue a vista para o causador do susto, sua face antes brava pelo ocorrido, torna-se de surpresa.

— Você é o senhor de Gongmen. — afirma o panda vermelho.

— Sou uma senhora. — responde com a voz quase risonha, se não fosse o semblante sério.

— Oh, me desculpe, é que essa barba... Quer dizer, o que faz presa?

A cabra permanece em silêncio, nesse tempo, o mestre vê perfeitamente os detalhes da fisionomia da vidente, como as linhas de expressões, cuja vidência a idade, as bolsas roxas ao redor das pálpebras, os globos oculares amarelados, com Iris vermelha e os chifres ondulados.

— Ela não está aqui. — diz a cabra.

— Quem? — questiona-a. A sobrancelha levemente arqueada e a testa franzida, enquanto o seu olhar busca na face da cabra a resposta, prevendo de quem ela fala, lança-lhe a seguinte pergunta: — Tigresa está aqui? — A vidente meneou a cabeça, equivalendo a um “não”. A decepção fez-se presente à panda vermelho. — Você sabe...

— A onde ela está? — finaliza a frase do mestre. — Certamente Mirume a trancafiou em algum lugar.

— Isso é óbvio — fala ironizando a frase. — Você é a vidente, deve saber a cela, prisão, ou quer coisa. — acrescenta.

— Sou capaz de ver, mas nem sempre consigo ver tudo.

Na intensidade de sua fala, Shifu havia lançando o olhar lentamente aos próprios pés, como se buscasse uma saída para os próprios questionamentos.

Houve o silêncio, e o rosto de Fala Macia, embora permaneça suave, assume uma intensidade que a fez ter atenção do grão mestre novamente, como se ela pudesse olhar no fundo dele, para além das incertezas e medos, então dando um passo para esquerda, olha para além do grão mestre e indicando a terceiro animal, o mesmo, que há poucos minutos tinha a visão no mestre.

— Pode me soltar?

A pergunta feita pelo o sujeito soou mais como uma ordem, e enquanto tenta estabelecer algum equilíbrio interno decide soltá-lo; com um golpe derruba a cela, por seguinte faz o caminho até ele, com a cautela que sempre tem, analisa a escuridão, qual vai dissipando-se à medida quão seus olhos ajustam-se, até finalmente ter nítida a face e os ombros do mesmo. Toma-lhe a perplexidade, diante de si, um panda. Permanece imóvel com tal expressão grudada no rosto, mal notou quando Fala Macia o chamou.

— Desculpe-me o que a senhora disse? — indaga, mantendo a atenção no panda.

— Ele é Li Shan, o líder panda.

— Líder panda... Pensei que todos os pandas estavam mortos.

— Nem todos, alguns conseguiram fugir.

— Mas como?

— Foi logo após o massacre. — Desta vez o urso o responde, a voz falha e triste. — Conseguimos refugio no Vale da Luz; o rei do Vale da Sombra, um homem bondoso deu tal terra para vivermos, na situação que encontrávamos era impossível, muitos perderam familiares, inclusive eu... — pausa a voz, suspirando pesadamente, abaixando a cabeça.

— Estive no Vale da Luz, recebi uma mensagem que os dois estavam em confronto, mas não tinha nada além de sujeira e lama.

— Afirmo ao senhor que não sei quem enviara. — ergue a cabeça.

— Por que está preso aqui?

— Estava a caminho do Vale da Paz, para encontrar meu filho, quando Mirume capturou-me.

— Espera seu filho? No Vale da Paz? Um panda? — Na medida em que tais perguntas rodeiam sua mente, a certeza que o adulto a sua frente é o pai de Po é confirmada. — Sei onde está filho.

— O quê?

— Seu filho, ele é aluno do palácio de jade, eu sou o professor dele.

O silêncio que segue à fala do grão mestre paira no ar. Li Shan luta para manter a compostura. Lembranças se derramam da mente como a nascente de um rio e no mesmo instante sente-se alegre, inundado por imagens e emoções, calado por muito mais tempo do que o poucos segundos necessário para balbuciar quaisquer palavras e finalmente a fala simplesmente rolou de sua língua.

— O que está esperando? Me solta, para eu encontrar meu filho!

Percebendo a profundidade de sua empolgação, procura qualquer objeto pontiagudo para servir como chave, encontra um prego entre as frestas dos tijolos; num pulo sobe no ombro do urso e abre a primeira algema, depois a segunda, e por fim as dos calcanhares.

O panda esfregou os pulsos estando liberto, e antes que Shifu possa abrir a boca para falar, o urso saí da cela com rapidez, sua capa verde musgo arrasta-se na circunstância quão anda até o centro da prisão; é impedindo de prosseguir até as escadas, volta-se para o panda vermelho, Fala Macia atrás dele.

— O senhor deve saber que estamos longe do Vale da Paz...

— Isso eu sei. — interrompe-o com sarcasmo. — Por isso vou atrás do meu filho.

— Seu filho está...

— No vale da Paz, também sei disso, por que acha que estou a caminho?

— Não, não, você não entende, ele...

— Está vivo, só está me dizendo o que já sei.

Com pouca paciência para ser interrompido novamente, respira profundamente, massageando as têmporas e, num fôlego só, conta-lhe sobre os acontecimentos, incluindo sobre seu filho. Vê o urso recostar numa viga de sustentação e olhar para escuridão, como se estivesse nauseando. Preocupado pergunta-lhe o que há de errado; num riso quase irônico o panda não faz questão de dizer, naquele momento Shifu entende, e aproximando-se lentamente deposita a pequena patinha de dedos longos na perna dele, coberta pela calça bege, como um gesto de amizade. De repente o nó no estômago que havia se formando desaparece. Po fim abaixa o olhar para o mestre, qual encara com sinceridade.

Seguiram depós para fora da prisão, um ao lado do outro, Fala Macia via atrás, sem pronunciar nenhuma palavra, atenta ao diálogo dos dois, de vez em tempo um sorriso surge a seus lábios, percebendo o entusiasmo de Li Shan, quando perguntava sobre o filho.

— Dragão guerreiro meu filho... — comenta, um brilho intenso é notado em seus olhos. — Sempre soube que ele seria um grande homem, mas nunca um guerreiro lendário... E Harume ela ficou com raiva por não ser eleita?

— Sim, ela sempre foi a aluna mais dedicada, de todos os cinco, a melhor.

— Nossa, o senhor fala com orgulho dela.

— Não é apenas orgulho. — confessa, parando a caminhada. — Eu adotei quando era pequenina, ensinei tudo a ela, é uma honra vê-la como uma grande guerreira que é.

— Provavelmente seus pais teriam orgulho dela, eles eram reis bons, cuidavam de Harume, como se ela fosse uma boneca de porcelana, e veja só a líder dos cinco furiosos. — bate-lhe no ombro, causando certo incomodo no mestre. — O senhor deve ser um grande pai.

—Sim eu fui...


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Notas finais do capítulo

Será que o Daisuki morreu? Ou eu sou apenas uma autora má?
De todos os acontecimentos da fanfic, para mim o mais complicado foi fazer o reencontro de Mirume com Daisuki, tentei de várias formas de escrever um encontrou “Uau”, reescrevi várias vezes, até chegar a esse, só para ter uma ideia, uma das primeiras ideias foi fazer a rainha fletar com Po, mais em seu quarto... E Os outros veriam ambos no cômodo, mas aí eu pensei mais que droga é essa? Depois a ideia de Daisuki encontrar Tigresa e Mirume, mas e Po? Resumindo tudo é isso. Me digam o que gostaram, simplesmente comentem se quiser, fico agradecida, beijos.



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