Yin Yang escrita por Beatrice Ricci


Capítulo 18
Depois de amanhã




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O sol levanta-se timidamente para os guerreiros de kung fu, cada um acordando do merecido descanso que tiveram.

A fogueira, cujo mantinha todos aquecidos, apagou-se no meio da noite, mas não foi um problema, não estava frio. Um por um, levantaram-se, alguns davam um longo bocejo e esticava-se, a fim de relaxarem, e assim enfrentar a dura realidade: de continuar a missão. É nesse curto tempo, que notam o desaparecimento de Po e Tigresa; vagam com os olhos ao redor do acampamento, nenhum sinal deles, preocupam-se, e se bandidos lhe atacaram? Talvez fosse a possibilita mais convicta, contudo para a Víbora e Garça não, ambos tem o pensamento, que os amigos se encontraram as escondidas, mas não dizem, é só uma hipótese.

— Vamos procurá-los? — pergunta o primata, a qualquer um, cujo responda.

— Não. — começa Víbora. — Na certa foram buscar algo para comer e mais lenha. Esperamos aqui, se demorarem nós procuramos.

— Que lhe colocou no comando? — questiona Louva-a-deus, esse está ao lado de Rosetta.

— Quando Po ou Tigresa não estiver aqui, me responsabilizo pelos atos idiotas que vocês — acusa diretamente o inseto e o primata, nos quais se sentem ofendidos — fazem, eu serei a líder, que fique bem claro. — termina com um sorriso.

— Isso é injusto. — reclama o mestre verde, fazendo biquinho, como uma criança indignada.

— Não importa quem seja o quê. — afirma Garça, a voz é seria. — Quem vai preparar o café da manhã?

Todos cruzam o olhar até ave, por um momento, ele tem um rubor nas bochechas, ficando sem jeito, recua dois passos, provavelmente será o cozinheiro desta vez.

A claridade radiosa da manhã invade a caverna, iluminando os dois mestres de kung fu. Po está com vista no céu, enquanto ao seu lado, a felina dorme de bruços. Ele não conseguiu pregar os olhos toda noite, não tinha certeza de um monte de coisas, mas, em algum momento seu coração e em sua mente, ele se convenceu da realidade, Tigresa o aceitou, mesmo não escutando da boca dela um “te amo”, cada gesto e ação, o fez feliz, não precisaria fazê-la a dizer, só quer continuar amá-la.

Ele sente a necessidade de sentar-se, contudo ao ouvir um grunhido da felina, desiste, ela ajeita-se mais perto de seu peito, esfregando a testa em seu pêlo macio e suave, é nítido o sorriso em seus lábios, parece uma criança a procura de afago, aproxima-se dela diminuindo a resistência a receber o seu carinho, por breves minutos a contempla dormindo, leva uma das patas atrás das costas a acariciando devagar, um sorriso surge, a calda dela começa a serpentear pelo ar suavemente, “está acordada”, pensa ele, puxa para cima de sua barriga, ela não faz nenhuma resistência, os olhos âmbar rubi abrem, a tempo de ver mais um sorriso afetuosamente um para o outro. Os olhos do urso a contemplam de uma maneira especial. Não há nada de temível ou obscuro, ao contrário: ele a vê como se ela fosse a mais bela criatura da terra.

Algo de dentro de si move-se, uma emoção perdida, o amor.

Nunca pensou que sua vida iria ser extraordinária, apenas é o tipo de pessoas que nem sequer pensam em companheiros. Mas, diferentemente de outras, não esperava conhecer alguém. Sentia que o amor, o romance não eram para ela. Tinha conhecidos machos em sua vida, como o camarão samurai, mas sempre uma ou outra razão fazia com que todo intento nesse sentido fracasse: Não confiava inteiramente neles. A paixão muda tudo, é verdade.

Lambe os lábios do panda repetidamente, ele tem um riso. Coloca as patas na cintura dela e a move-se para mais perto de seu rosto.

— É bom acordar desse modo. — confessa, com um sorriso.

— Não se a costume com isso. — reponde com o tom de sarcasmo.

— Não prometo nada. — Suas palavras adquiriram um tom confidencial.

A beija a primeira vez naquela manhã, suave e delicado, nada indecente, ela sente um ligeiro desconcerto. Fixa novamente à vista, seus lábios curvam-se para formar a palavra “te amo.” Tigresa sente que essas palavras alcançam sua mente. Não pôde e não quis responder. Seu corpo torna-se tenso, o que responderia? Diria que o ama também? Não consegue. Fez-se um silêncio depois do qual, com uma segurança que lhe eriça os pelos da nuca, o responde:

— Obrigada.

Ao escutar isso, ele sente uma leve dor. Tem a impressão que a felídea não entendeu ou simplesmente o ignorou, porém deixa assim, não quer vê-la irritada ou desconfortável.

Vira-se posando as costas dela ao chão, apóia os cotovelos a cada lado de seu pescoço, distribuí beijo a sua face, ela cerra os olhos, aproveitando, sua calda enrola-se em uma de suas pernas, quando o urso morde no lóbulo de sua orelha, deixa escapar um ronronar, ele cessa as caricias para vê-la nos olhos, o panda lhe dá um sorriso que mostra a primeira fileira dos dentes, fazendo-a morder o lábio inferior, envergonhada.

— O que foi isso? — pergunta num tom brincalhão.

— Desculpe, é um ronronar, os tigres fazem isso.

— Gosto disso, pode fazer novamente?

— Isso é involuntário, só faço ao sentir, sei lá, bem.

— Vou fazê-la ficar bem então.

— Como hen? — questiona num tom velado.

Com certa surpresa, como se estranhasse, ela continua a olhar a sua face, de repente seus olhos redondos, tornam-se mais redondos, ao ter o pescoço mordido pelo panda, sua calda aperte-se mais a perna dele, tem um leve suspiro, e fecha os olhos novamente, o ronronar não saí de imediato, mas à medida que aumenta a pressão dos mordiscas, não contém o som, é um aviso para ele continuar. A fisionomia, tão aberta e lisa, repentinamente escurece, a felina reabre as orbitas ocular, e as tem no vácuo, sente as mordidas ficarem mais fortes e um impulso de pará-lo vem à mente, entretanto não o faz, o abraça, aferrando as garras em suas costas, escuta um gemido de dor do urso, de repente uma mordida no ombro a deixa um pouco receosa, pois doeu, o gesto persiste.

— Po está me machucando.

Ele aperta mais os dentes na região, e após escutar o som de dor, para, e volta a vê-la.

— Desculpe.

— Por que fez isso? — Coloca a pata entre a curva do pescoço e massageia, a fim de aliviar a dor, sente um pouco de baba na região.

— Dizem se você marcar aquele cujo ama, na pele, o terá pela vida toda, e afastam os outros. — explica, sorrindo timidamente.

— Quem lhe disse isso?

— Meu pai, na verdade eu o escutei falando com um senhor sobre isso.

— Só não faça mais isso.

— Eu lhe machuquei? Desculpa-me não queria eu só...

Antes que possa completar a frase, seus lábios são pressionados em um beijo suave, logo depois Tigresa separa-se, nota o olhar bobo do panda.

— Agora levanta panda — A voz soa muito próximo... Íntima , como se saísse de um confessionário — , não queremos que os outros descubram. — Lambe sua boca e a beija em seguida.

— A não... Ti teremos que nadar de novo? — pergunta, com o tom de voz manhosa.

— A única passagem.

— Eu sei, mas é pequena, vou ficar molhado e estou com preguiça.

Por alguma razão ele precisa tê-la ali, ao alcance das patas, para dar vazão a todas as suas loucuras e ansiedades. Ou talvez amá-la, à sua maneira.

— Se acha que essa carinha suplicante vai lhe ajudar, esquece. — O empurra, ele caí de costas ao chão. — Levanta e vamos.

Quando chegaram ao acampamento, cada mestre lhe deu um olhar interrogativo, ambos estavam molhados e tinham um sorriso no rosto, pelo menos Po teve, mas nenhum disse nada sobre, ao contrário, Tigresa agiu normalmente, dando ordens a eles, e o panda, esse começou a preparar o café da manhã, pois a ave que tentou não conseguiu.

As duas mestras de kung fu, andam entre as arvores da floreta, a procura de lenha e frutas, para o dragão guerreiro fazer a sua famosa sopa doce, ambas ficam em silêncio a maior parte do trajeto, isso não quer dizer que a serpente não está tentando conversar, prepara-se para as palavras, cuja vai dizer. Sua incerteza de perguntar ou não sobre a noite dos dois amigos martela em sua cabeça, desvia a mirada algumas vezes para vê-la.

A luz parece se irradiar na felina e refletir sua presença numa infinidade de lugares ao mesmo tempo. Sua aparência está radiante, é como se estivesse com mais cor.

Concentra-se no caminho. Enquanto rédea as árvores, vê pela primeira vez uma arbusto repleto de amoras, sem dizer nenhuma palavra, segue a felina até ele, a amiga parece muito concentrada em sua tarefa. Tira de qualquer arvore, uma casca seca, a fim de colocar os frutos nela, ao fazer corta o dedo, a mestra verde preocupa-se, entretanto é vão, pois logo em seguida a felídea começa pegar as amoras, a ajuda.

As duas desfrutam alguns instantes de silêncio.

— Tome cuidado com essas — pede a amiga listrada, apontando com o dedo algumas frutas. —, são venenosas.

— Como sabe? — pergunta a vista agora nela.

— Elas têm um ponto amarelo do lado, mestre Shifu me disse uma vez, que são parecidas com amoras, mas esse amarelo identifica o veneno.

Víbora teve um sorriso de admiração.

— Se não me contasse nunca saberia, afinal ninguém quer algo que o mate. — ri frouxamente, para aliviar o clima entre elas.

— Eu discordo, podem ser mortais, mas contêm propriedades incríveis de curar ou são necessárias para criar remédios, se combinada com outros elementos.

—Certo... — diz com certo sarcasmo e sorri para ela. — Acho que por isso Po se apaixonou por você... — comenta, olhando de lado a espera da reação dela, cuja fica tensa. — Quer dizer só estou dizendo, é inteligente; alguns machos adoram fêmeas inteligentes.

Na intensidade de sua fala, Tigresa lança a mirada ao solo.

— Não sei do que fala. — Há nervosismo no tom de voz.

— Você é uma péssima mentirosa. Mesmo que negue eu sei... E também a Garça me contou.

— Traíra — rosna.

— Como foi? — questiona, trazendo a fisionomia confusa da amiga.

— Como foi o quê?

— A noite de você e o Po. — É evidente o sorriso malicioso nos lábios.

— Normal. — Por um momento, a serpente percebe que amiga não entende indireta ou apenas ignora. — Nós nadamos juntos e ele disse que me amava. Nada de mais.

— Como nada de mais! — grita, fazendo a felina se assustar. — Isso é incrível, vocês dois estão juntos, é a melhor coisa que podia acontecer comigo.

— Com você?

— Sim, agora eu posso ser dama de honra! Sempre quis entrar em um casamento, não como convidada, isso é o máximo.

— Casamento? Víbora você...

— A garça fica encarregada de organizar o casamento, ele adora isso, eu ajudo você e o Po com as roupas, a preparação da lua de mel, os convidados...

— Víbora eu realmente.

— Oh, oh e o Shifu a leva no altar — interrompe novamente. —, isso vai ser magnífico, imagino você com um vestido rosa, dourado, não melhor, vermelho, combina com seus olhos. O que acha dourado ou vermelho?

— Víbora...

— E agora eu vou ser tia. — tem um olhar sonhador. — Apesar de pensar: o que dá um panda e um tigre? Talvez um tigre com a cor de Po e suas listras, ou um panda com seus olhos.

— Filhotes? Está realmente achando...

— Os nomes, quais seriam? Se fosse menino, eu adoraria Li, é simples e nada diferente, e menina, eu não sei...

Pare com isso! — Finalmente a faz calar a boca. Acalma-se antes de continuar a falar, respirando e assoprando várias vezes. — Lamento decepcioná-la, não penso em me casar algum dia.

— Mas você e o Po...

— Um dia, apenas estamos juntos um dia, e lembre-se do fato: se Po se casar perde o titulo de dragão guerreiro.

— Isso não se aplica se ele casar-se com uma guerreira. — diz vitoriosa, causando certa frustração em Tigresa.

— Por favor, pare de planejar tolices. — Senta-se no solo. — Nem sei se o mestre Shifu irá concordar com minha relação.

— Por quê?

— Shifu sempre foi rígido comigo, se quer me deixava sair do palácio, e ainda tinha o filho do carteiro, cujo ele desconfiava que tivesse uma queda por mim.

— Ele tinha?

— Não sei, apesar de achar que o pai dele, estava planejado algo...

— Agora eu sei de onde vem sua desconfiança do carteiro... — ri levemente.

O olhar de Tigresa torna-se triste por breves segundos.

— Tudo bem com você? — pergunta, com preocupação. — Se foi algo, cuja eu disse. Perdão.

— Só estou pensando em suas palavras, um panda e um tigre isso dá certo? Afinal qual seria o nome disso?

“Panger” — A felina lança um olhar sério para ela, fazendo-a perceber a sinceridade em suas palavras. — Quer dizer, Tigresa percebe que a desconfiança do futuro, quase sempre é ditada por algum tipo de medo?

— Eu não estou com medo.

— Está sim, o medo não é um problema se assumi-lo.

— Não tenho medo, e para de dizer isso.

Ficam em silêncio por alguns minutos.

Víbora entende como a amiga se sente, a incerteza e o medo a dominam, fazendo-a ficar refém de si própria, não a culpa, nem poderia, as duas foram criadas de modos diferentes, enquanto ela recebeu o afeto e o carinho de seus pais, Tigresa nunca teve um pai ou se quer uma mãe. Mestre Shifu não foi o tipo de adulto amoroso, cuja ela gostaria de ter. O dilema: como acreditar no amor, se nunca o recebeu?

Lótus.

A fala da amiga apaga de sua mente tais pensamentos.

— O quê? — pergunta a serpente.

— Lótus, esse seria o nome se eu tivesse um filho.

Em nenhum momento, a felina a encara, tem o ponto no solo.

— É um belo nome, mas qual a razão desse? — questiona, têm um pequeno sorriso.

— Minha flor favorita.

— E se fosse menina?

Demora alguns segundos, pensa em um nome, quando o têm a responde.
Jade.

— Motivo?

— Bem... — pondera por breves segundos. — Nenhum, só gosto desse nome, soa bonito. — A pelagem laranja cobre o rubor em suas bochechas.
                                                      ***

Está com a mirada ao fogo, de vez em tempo, joga galhos para manter a chama acesa, esperando pacientemente a chegada de Víbora e Tigresa. Seu semblante é de puro tédio, os outros estão ocupados, Louva-a-deus paquerando Rosetta, Garça e Macaco discutindo sobre qual melhor arroz: colorido ou branco. O único amigo, cujo não sabe a onde está é Song, faz alguns minutos; poderia estar preocupado, porém tem o pensamento, que a leoparda foi caminhar um pouco.

Ajeita-se melhor sob o tronco de árvore morto que serve de assento, salta de repente ao escutar uma voz íntima e suave a seu ouvido, gira-se para mirar à responsável, Song, na qual tem um sorriso nos lábios, recuperar-se do susto, colocando a pata esquerda sobre o peito, respira algumas vezes, para depois ter os olhos dela aos seus.

— Sou tão feia assim?

Esta pergunta foi propositada, dada que Song ostenta uma expressão de ironia e sarcasmo que o mantém petrificado.

— Não! — diz, como se tivesse finalmente encontrado a língua. — Você é linda, não é feia.

— Me acha linda? — continua neste tom, ate que, por fim, Po desvia a face envergonhada, mostrando-se bastante nervoso. — Obrigada pelo elogio Po... — Há algo no modo de pronunciar o seu nome que o torna diferente, não que goste, é um tipo de emotividade exagerada.

Um raio de sol ilumina-lhe o rosto, cerra um pouco os olhos e quando os abre novamente, a felina está a centímetros de sua face, não o deixando refugio, como se temesse que ele evaporasse caso ela desviasse o olhar. Ele, por seu turno, poucas vezes levanta os olhos: apenas uma vez ou outras, e de fugida, mas é cada vez mais visível o nervosismo que sente nessa troca furtivo de olhares.

— Song você poderia se afastar um pouco... — Suas faces empalideceram e ruborizam-se sucessivamente.

— Por quê? — sussurra.

— Nada, é só que, eu não sei, oh, Tigresa! — grita, ao notar a chegada das duas amigas, nas quais estranharam o seu tom de voz. Passando por Song, aproxima-se das duas, dá uma olhadela para trás, certificando, que a felina não está, e suspira voltando às amigas.

— O que conseguiram?

— Maças, amoras e pêssegos. — responde Víbora.

— Aqui está. — fala Tigresa, dando ao panda uma casca de arvore, repleta de amoras. — Te ajudo a preparar.

— Sério? Você nunca quis cozinhar antes comigo. — Têm um de olhar de uma criança, quando algo é realizado.

— Agora é diferente. — Dá uma piscada a ele, cujo se sente tímido.

— Tudo bem... Víbora que ajudar também?

— Não, vou falar com o Garça e o Macaco, vocês dois podem aproveitar o momento... — as ultimas palavras saem com seu típico sorriso. Deixa a presença deles após.

— Ti, por acaso a Víbora...

— Sim ela sabe. — o interrompe. — Não contei, ela simplesmente percebeu.
                                                 ***

Três dias se foram, e os guerreiros do palácio de jade cada vez mais próximos de seu destino: O vale da luz, nesse tempo, a relação de Po e Tigresa manteve-se equilibrada, não se compara a um castelo de cartas, prestes a ser derrubado, contudo, a incerteza de ambos, prejudica, principalmente por parte da felina. As múltiplas expressões que lhe perpassavam a face e suas mudanças de humor começou a preocupar o panda. Momentos antes estava alegre e outro triste, não sabia ao certo que fazer, se ele fosse o problema a perguntaria, o que lhe custava era a coragem.

Louva-a-deus e Rosetta fortificaram sua relação como amigos. Faltava a um deles admitir a paixão um pelo outro.
Song continuou a provocar a mestre do estilo tigre, contudo não surgiu efeito, Tigresa conhece o tipo de jogo, cuja a leoparda está jogando, mesmo nas vezes, que encontrava ela e Po juntos, não importava-se, confia em Po, ele jamais a trairia.

É de noite, todos dormem sob as estrelas, exceto Po e Tigresa, ambos resolveram ficar juntos por um tempo antes. Gostam de estar perto, desfrutando além de beijos e caricias, o aconchego, cujos proporcionam, é relaxante e tranquilizador.

— Eu vejo um coelho.

A voz do panda saí suave e cansada.

Sua costa apoiado no tronco de uma árvore e o dela na sua, enquanto os braços negros e gordinhos a abraçam de maneira gentil pela cintura, com as patas em seu ventre. Ambos admiram o céu repleto de estrelas, como se fosse algo raríssimo, o urso demonstra as constelações a felina.

— Eu não vejo nada.

— Ali. — pega a pata dela, entrelaçado a sua, e aponta com o dedo indicador. — Aqueles três pontinhos formam uma orelha, as outras seis o corpo.

— Só vejo um monte de pontinhos. — Aperta os olhos a fim de ver o tal coelho.

— Ligue os pontinhos e terá um.

Ela fez o que ele pediu, e após breves segundos. Vitoriosa por desenhar o animal com as estrelas. Sorri e diz ao urso, esse admira a felicidade e o enorme sorriso nos lábios da amada.

— Agora é minha vez, eu vejo um... Elefante... Po? — Levanta a cabe para vê-lo, percebe que tem os olhos fechados. — Está dormindo? — Não a responde, conclui consigo mesma que está, resolve adormecer também. — Boa noite.


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