Yin Yang escrita por Beatrice Ricci


Capítulo 14
Akai Ito


Notas iniciais do capítulo

Será que vai rolar TiPo? Pode ser... Confira



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Olhos verdes focados ao rosto da senhora da hospedaria, cada gesto da cabra é preciso e delicado, segura entre os dedos enrugados uma agulha mediana com fio de sutura, o material é derivado de fibras vegetais; costura abertura da pele do ombro do panda com destreza, pacientemente o ferimento é fechado com a linha, à medida que dá o ultimo puxão corta com os dentes o final, Po suspira aliviado e agradece, a anciã sorri, puxa a caixa de primeiros socorros colocando em seguida a agulha e o carretel de fio, e a fecha por fim.

O guerreiro preto e branco pega um espelho sobre o criado mudo, ao lado da cama, aponta para o ombro ferido analisando o trabalho da mulher, passa dois dedos no local, quase sem tocar, relembra o dia anterior, cujo salvou a mestre Tigresa do bandido crocodilo, faria novamente se fosse preciso, a ama excepcionalmente, jamais a deixaria se ferir. Sorri novamente, deixando o espelho no mesmo lugar, para depois ter a vista da cabra, na qual tem os lábios rosa curvado num sorriso de dentes amarelados, franzindo a testa em confusão a indaga, a fêmea faz o silêncio ser a resposta por breves segundos.

— Você deve gostar dela para ferir-se.

— Faria por qualquer amigo, é meu dever como dragão guerreiro. — responde de forma direta, e antes que a cabra faça outro questionamento atropela com as palavras. — Agradeço por isso e tudo, se eu tivesse dinheiro lhe daria, mas os bandidos levaram.

— Não se preocupe jovem, seu sorriso é meu pagamento.

— Você é uma velhinha legal. — Fica olhando o rosto com linhas de expressões. Depois olha para a porta do cômodo, o quarto é iluminada por várias janelas, a mobília é simples, e de aparecia desgastada. Volta a vê-la novamente. — Acho melhor ir agora. — Antes que posso dar um passo, dedos finos toca em seu antebraço.

— O que foi? — inquiri duvidoso.

— Quer escutar uma história jovem Po?

— Adoro histórias — começa animado —, é sobre o que? O imperador de jade? Amo essa, se for eu posso começar, havia...

— Calma, não é sobre ele. — o interrompe. — Sente-se você vai adorar ouvir. — A obedece animado, senta-se em forma de lótus, com o cotovelo sobre uma das pernas e a pata no queixo, os olhos bem abertos. — Tudo bem. Reza a lenda que o destino é traçado por Akai Ito, é uma lenda que diz que quando a pessoa é destinada a outra, ambos têm um laço vermelho que as ligam no dedo mindinho. O laço pode embaraçar e emaranhar, mas ele nunca quebra. O laço não é visível a olho nu, mas está lá desde o momento do nascimento.

— Espere, está me dizendo que todos são ligados numa cordinha vermelha? Que as pessoas são destinadas a ficarem juntas, mesmo sem se conhecerem?

A cabra concorda afirmando com a cabeça, para depois continuar.

— Quanto mais longo estiver o fio, mas longe as pessoas estão e mais tristes estarão. “Sequer a morte o rompe, apenas o alarga para se encontrarem em outra vida”.

— Isso é incrível! Continue.

— Existia uma linda loba branca, seu nome e identidade é um segredo, como o de seu amado, os dois viviam no alto de uma montanha, a onde o frio era tão intenso, cujo podia congelar a alma de uma criança. Certo dia de tempestade de neve, a donzela encontrou um filhote de tigre, o pequeno foi levado a sua casa e cuidado por ela e seu marido.

— Eles criaram como se fosse filho? — pergunta. Tem um olhar sonhador, que faz a fêmea rir baixo.

— Talvez... O Deus Xia Lao Yue, contou à donzela que a criança salva, seria seu verdadeiro amor, eles estariam amarrando no fio do destino, seu esposo temendo perde-la matou o menino.

— Isso é triste... Ela o perdoou? — questiona.

— Não precisou, pois a loba branca ao saber do fato cruel, faleceu de desgosto; amava ambos, mas o amor foi congelado ao perder o filhote e ver a maldade do esposo, dizem: “o fio nunca foi quebrado.”

— Eu não entendi ao certo. — queixa-se, levantando da cama. — E se a mulher amava o filhote como mãe, e se esse Deus estava errado, e se esse fio não é o destino, só obrigação, afinal quem amarra um treco desses no mindinho de alguém?

A velha cabra dá de ombros, o panda murmura irritado, não faz sentido algum a lenda que ouviu. Coloca as duas patas sobre a cabeça como ajuda para pensar, nesse curto tempo, o pensamento de estar amarrado com alguém numa cordinha o desespera, vaga com a vista aos dedos certificando-se.

— O que foi panda, parece nervoso? — indaga com um riso no final.

— Essa lenda é verdade? — pergunta, sentando-se na cama.

— Não se sabe ao certo, é uma história, lenda, pode ser que sim ou talvez não.

Sossega os minutos seguintes, mas logo desata a falar de novo, com aquela fala de incerteza.

—Como saber se eu sou amarrado a quem eu amo? Tipo assim: se eu gostar de alguém é certo afirmar o amor entre eu e ela?

— É difícil responder. — Ela toma-lhe a pata, o gesto é discreto, percebido ao panda, no qual mantém a vê-la, teme pela resposta. — Nem tudo o que o coração sente a boca pode dizer. — acrescenta, com um singelo sorriso, o urso retribuí da mesma forma.

— Obrigado.

Agradece recuando, á medida que anda até a porta, a senhora mantém os olhos na figura redonda do guerreiro dragão, apenas para vê-lo ir. A alegria de seu rosto some para dar lugar à face sombria, cogita a possibilidade de ganhar moedas de ouro a mais, se trabalhar para Song foi lucrativo, a rainha deverá ser em dobro, a “informação” sobre o panda e a mestre Tigresa é valiosa.

As duas felinas estão imóveis, os olhos azuis e os ambarinos encontrassem como duas esferas hipnotizantes, cada uma com o próprio brilho. Song tem a fisionomia fraudulenta afrontando com o sorriso espúrio, tendo as patas na cintura de forma desafiadora; enquanto a outra possuí os braços cruzados e o semblante de antipatia, pode-se dizer que as íris de âmbar tornam-se vermelhas.

— Está diferente — começa Song, a voz é de sarcasmo. —, na ultima vez a vi com aquele colete vermelho, mudou de conceito de moda?

— Talvez... — Com um movimento brando, coloca as patas na cintura, esboça um gesto impreciso em direção a leoparda. — Diferente de você, está igualzinha, como se não roubasse a um bom tempo. — O sorriso se faz no final, quase sínico.

Disfarçado a simpatia, Song atreve-se a violar a linha de conforto da mestra, dá alguns passos a sua direção, a felídea listrada tem um gesto brusco para trás, espera seu ataque, na qual sem importa-se com a mudança fecha o espaço entre elas, ficando assim centímetros de Tigresa.

Song teve um sorriso lento, antes de fazer o gesto seguinte, trazendo a surpresa da guerreira.

Os braços cobertos pela roupa negra da leoparda deram a volta na cintura, seu queixo posiciona na curva do pescoço, sente a respiração de espanto da felina bate-lhe na orelha, após um curto tempo o abraço desfaz. A dançarina com os olhos vidrados na figura laranja dá o ultimo sorriso, para depois com passos lentos e firmes deixá-la só, sabe o que causou, sente-se vitoriosa por vencê-la, o gesto simples e sem afeto algum a quebrou de moda inquestionável; ler indefesas de adversário é seu forte, tratando-se da mestra Tigresa é complicado, mas tendo o panda, no qual lhe conta tudo sobre a amiga felina é fácil.

Como se estivesse petrificada demora a reagir, quando faz, rapidamente passa as patas sobre a túnica, seguindo dos braços e a gola do pescoço, para limpar qualquer vestígio da dama das sombras, termina suspirando, nega acreditar no que ela fez, preferia levar um soco do pior inimigo, ao ter um abraço da ex-ladrona, se fosse outra ocasião a quebraria o braço.

Com a intenção de voltar ao quarto, a onde ela e seus amigos jogavam dama, segue a direção, cujo Song a deixou, entretanto, antes de dá mais um passo esbarra em alguém, irritada que seja a felina novamente empurra o individuo, no qual caí de costas ao chão, surpreende a escutar a voz de dor conhecida, abaixa a vista e vê Garça.

— Pergunto-me o que fiz para você? — pergunta, ainda está no chão.

Como não vem a resposta, levanta a cabeça. Ela abre a boca, tentando cravar os dentes nos próprios, a ave estranha o gesto, lança o olhar a ela, inclina-se para ficar de pé, a guerreira o ajuda.

— Desculpe. — fala constrangida, mas depois retoma a postura séria.

— Sem problemas, acho que devo ter mais cuidado. — responde, dando-lhe meio sorriso. Ela desvia, para não encará-lo, tendo-o visto, arqueia a sobrancelha, poucas vezes vê a amiga dessa forma, como se olhar para alguém a mata-se. Suspeitando de algo errado, aproxima-se, o gesto é mínimo. — Está tudo bem?
A pergunta chega aos tímpanos, espera ao respondê-lo.

— Sim, está. — responde brandamente.

Não concorda com a resposta da mestre laranja, vive com ela desde os quinze anos de idade, conhece quando está mentindo e apesar de não demitir preocupa-se com ela, assim como Víbora, tem o pensamento que ambas sendo fêmeas, são mais sensíveis a determinados assuntos e momentos, sendo ele o amigo do grupo com mais consciência, tirando o fato de Louva-a-deus e Macaco fazerem piada de tudo, Po de ter a mente ingênua, como de uma criança e Mestre Shifu como de professor, ter a capacidade de lidar com o sexo feminino é seu dever, pois é complicado viver em grupo onde a maioria é macho e só as duas são fêmeas.

— Você sabe que pode falar comigo. — afirma, recebendo os olhos âmbar aos seus.

— Por que acha que falaria? — responde, de forma indiferente, a ave ri um riso de incrédulo.

— Prefere falar com os meninos ou coma Víbora? Apesar que o ponto de vista de um homem sempre é valido...

Ela endurece a fisionomia, suspira derrotada para assim sentar-se no chão de madeira, com as costas na parede, sem deixar o sorriso do rosto, a ave faz o mesmo gesto, sustentando o peso com as pernas finas, como qualquer pássaro faz ao estar dentro do ninho.

— Já sentiu incomodado estando perto de alguém? — questiona, nesse momento tem o ponto às patas.

— Depende. Sinto-me incomodo estando em público com minha mãe, ela sempre faz coisas embaraçosas... — Lembra-se das vezes, cuja mãe dizia que ele era frágil, não sabia defender-se e quando tentava dar de comer mastigando os alimentos primeiro. — Por quê? A alguém que faz sentir-se assim? — A felina afirma com a cabeça, debruça as coxas contra o peito, a ação é graciosa para o pássaro. — Quem?

— Po. — responde sem hesitar.

Os segundos seguintes são de silêncio.

Garça analisa as próximas palavras, com tudo é Tigresa que fala novamente.

— Algum tempo sinto algo estando perto dele, não é ruim, só incomodo, como se meu coração queima-se.

— Sabe o que é isso?

— Sei, mas não quero ter. — O mira nos olhos. — A vida inteira sem esse sentimento, e agora é ele quem vai quebrá-lo? Sou uma guerreira...

— Na verdade Tigresa — interrompe —, você abriu o caminho ao abraçá-lo.

— Aquilo foi um gesto de amigo, foi a única maneira de impedi-lo de cometer um suicídio, assim como Po eu sei como é não ter pais, eu o amo como amigo e não poderia deixá-lo morrer. — Coloca a testa entre os joelhos e aperta os olhos. — Não quero deixar ninguém se ferir por minha culpa. — As ultimas palavras, saíram abafadas e com tristeza.

Vinha-lhe certa paz, agora que desabafou com Garça. Mas essa é uma paz do momento, assemelha-se a estar sozinha meditando; de olhos fechados, toda a cena do dia do ataque de Lorde Shen vem a sua mente. O desespero ao testemunhar o amigo quase morrer, os gritos de medo e terror nas faces dos cidadãos, de cada um que jurou proteger com a própria vida.

— Você é incrível Tigresa — começa ele com animo. — Não estou dizendo para confortá-la, desde que se tornou líder, sempre presa por nosso bem estar, a maioria das vezes salva eu e os outros de enrascadas, se não fosse você... — Arrasta-se ao dela, para depois colocar uma das asas no ombro da amiga, na qual levanta o olhar a ele. — Certamente não seriamos uma equipe.

Ambos sorriem, não foram as palavras, mas a forma como a ave fez, que a animou. Nunca foi de relacionar-se com os companheiros de equipe, de forma de contar segredos ou desabafar, talvez tenha mudado na chegada de Po, custa admitir, o panda trouxe o verdadeiro significado de família para o palácio de jade.

— Se contar alguém sobre nossa conversa eu te mato. — ameaça, sua face traz a sinceridade, cuja maioria sabe quando fala sério.

— Não se preocupe, meu bico está selado.

— Ótimo, se não for incomodo, poderia deixar de me tocar? — O tom de voz é de sarcasmo.

Constrangido, retira a asa do ombro da amiga, pede desculpas, se embaraçado nas próprias palavras, distancia-se dela um pouco, quando vê que dispunha a sair, contudo um ruído chama atenção de ambos, como se o individuo limpasse a garganta. Desviam para a figura em pé no corredor, não se sabe o momento de sua chegada, a fisionomia é neutra.

— Interrompi algo? — pergunta Po, o qual está imóvel de braços cruzados.

— Não, claro que não — começa a ave, se não tivesse penas pela face notaria o rubor, que se formou. — Imagina, eu e a Tigresa estávamos apenas conversando. — ri frouxamente, levantando-se, assim como a felina. — Na verdade eu já estava indo embora.

— Hum... — Po procura soar desinteressado.

Os olhos da mestra laranja vagam pelo rosto do panda de uma maneira incrédula. Não há nada obscuro ou temível neles, ao contrário: Ela o olha como se ele fosse uma criança com ciúmes.

Quando o pássaro foi embora, o amigo tem um o semblante sério, as esferas de cor verde jade, tem o brilho desconhecido a ela. Cruza os braços demonstrando o desgosto ao panda, cujo não importa-se.

— Falavam sobre o quê? — pergunta sem rodeios.

— O que isso tem haver com você? — o responde o questionando.

— Não sei, acho estranho só isso. — balbucia um tom irônico.

— Estranho conversar com um amigo? Deveria se envergonhar de suas palavras panda — sustenta o olhar de indiferença — deixa-se de ser ciumento.

— Ciúmes do Garça? — Gargalha, o sarcasmo em sua voz é quase intolerável. — Por que acha isso?

Dito isso, a felídea começa aproximar-se de maneira exagerada, a cintura acompanha de forma provocadora, enquanto a calda move-se pelo ar lentamente, tendo conhecimento do ato dela, volta alguns passos para trás, percebe a parede ao bater as costas, um estranho sorriso, um sorriso que talvez ela mesma não conheça, fez aos lábios rosa claros, o urso engole seco ao ter os olhos tão familiares fixado nele; milímetros de distância o separam.

— Quer mesmo saber a resposta?

Uma estranha sensação ferve debaixo de suas palavras, enquanto passa suavemente o dedo indicador na bochecha esquerda do guerreiro preto e branco
Ainda com o olhar fixo, apenas movendo os lábios, acrescenta:

— Porque você tem uma queda por mim.

Sussurra na orelha, nota a tensão que causa a ter os pelos da nuca eriçados, gosta da maneira que cada ação o desconcerta, o beija suavemente na bochecha, mantendo o dedo indicador em sua bochecha, escuta-o suspirar. Seu rosto mostra sinais de gosto, cerra os olhos a fim de desfrutar a permanecia dos lábios no local, mesmo por alguns segundos, quando felina deixa, choraminga, se gesto é admirando de certa forma por Tigresa, na qual tem um sorriso de vitória nos lábios, sabe que não é correto brincar com os sentimentos de Po, está confuso, como se a conversa com Garça fosse em vão, porém a carne é fraca, aprecia o modo de tê-lo nas mãos, o poderoso dragão guerreiro aos pés da mestre Tigresa, parece bobagem, contudo é divertido pensar dessa forma.

Volta a beijá-lo na outra bochecha, um sorriso curva os lábios dele ao ato, esquece a razão do ciúme que teve e concentra-se nela, necessita fazer do momento o mais duradouro possível, tomando coragem deposita as patas na cintura fina, coberta pela túnica, puxa para perto, é movido por uma força maior, vagarosamente queima a bochecha dela a sua. Simplesmente tem que fazer isso, e fez. A única coisa que o perturba é medo da descoberta de alguém, como se fosse o único detalhe, no qual deve reparar. De resto, só experimenta a obscura satisfação.

— Você é quente. — Sorri-lhe, e suas palavras de repente adquirem um tom confidencial. — dirá inflamável.

Ela sente um ligeiro desconcerto, a voz dele soa muito perto, o hálito roça-lhe, as palavras alcançam seus pensamentos. Não pôde ou não quis responder.

Fez o silêncio depois do qual, com uma segurança que lhe eriçou os pelos da nuca, o panda a lambeu perto do focinho lentamente.

Para qualquer animal é comum ter esse gesto, é da natureza, entretanto é intimo. Demonstrado apenas para aqueles que gostamos.

Seus olhares se cruzaram, um pouco inclinada, sem deixar de olhar para ele, a sensação de timidez o fez, enxerga nela o olhar de insegurança, como de uma criança com receio, por breves segundos amaldiçoa o que fez.

— Desculpe. — Baixa o tom de voz, convertendo-a num sussurro.

Tigresa fica em silêncio, como se não pudesse falar. Algo não ia bem ali. Quis esboçar um sorriso para confortá-lo, mas não consegue. E de repente acaba de descobrir, que tem medo.

— Ti?

Vê como ele espera a resposta, se limita a observá-la com um olhar paciente, tranquilizador, acaricia com o dorso da pata a bochecha dela, olha tentando dizer algo, mas seus olhos estão paralisados, o medo, essa é a razão a qual renega a sentir e estar com ele, teme machucá-lo e feri-lo, além da dor física.

Uma repentina sensação de irrealidade provoca a mente do panda, como se aquela felina a sua frente confusa e com os olhos temerosos, fosse um sonho. Seus braços se aferram a ela com força. Pode senti-la, tensa, tremendo. Não sabe o que faze, soube que qualquer coisa que diga não serviria de nada; de repente sente a pata dela deslizar sobre a sua e apertava cada vez mais forte. Não vê seu rosto. Porém penetrante cheiro natural da sua pelagem invade suas narinas, acalma-se em seguida. É nesse momento que escutam passos. Alguém caminha pelo corredor, antes de deixar os braços confortantes do panda diz suavemente:

— É preciso mais do que isso para ter uma chance comigo panda.

A frase é transmitida com verdade, com um meio sorriso, fez para aliviar a ações, está agindo como uma tola. Concorda para si mesma.

Dos lábios dele, apenas um sorriso.

Interrompendo o momento dois coelhos cruzam o caminho, Po dá licença e quando volta para Tigresa, ela não está mais lá, suspira.
                                               ***

No palácio de jade, o silêncio reina pelos cômodos. Shifu está na cozinha junto com sua mãe, ambos nutrissem com a sopa de macarrão, do restaurante do Sr. Ping, minutos antes o grão mestre havia ordenado a Zeng para trazer a refeição. Nenhum dos dois fala, o panda vermelho tem a expressão no vácuo, sua mente ocupa-se com mestre Tigresa, não iria mentir, está preocupado com a aluna, mais do que o normal, talvez ela encontre o seu caminho nessa missão, contudo ter a aflição de perdê-la o drena. Empurra a vasilha de sopa intocável, tal gesto chama atenção da senhora a sua frente.

— Filho está tudo bem? — pergunta, preocupada.

— Sim está — dá um meio sorriso. —, só estou pensando.

— Gostaria que parecesse de mentir.

— Não minto, estou bem.

— Se está preocupado com a menina diga, afinal é sua filha.

— O quê? Menina? — pausa e gargalha frouxamente. — Mãe Tigresa é adulta, não é mais criança, e não estou preocupado com ela, como guerreira sabe se cuidar.

— Sei... — diz com sarcasmo. O panda vermelho revira os olhos com a atitude. — Tente ser mais pai, quando ela voltar. — acrescenta, e, abaixando a cabeça, dá meia-volta em direção a porta.
Shifu não dissimula a irritação.

— A onde vai? — pergunta.

— Vou falar com Zeng, adoro aquele jovenzinho. — A anciã detém um momento no rosto de seu filho.

Segue o olhar até que desaparecesse pela porta da cozinha. A palavra da mãe ressoa a sua mente, considerar Tigresa sua filha é uma possibilidade, cuidou dela desde pequena, conhece seus defeitos e qualidades, é como viver no passado novamente, a lembrar de cada momento da vida da felina, o primeiro treino e missão. Sorri ao ter a mente invadida com as lembranças, dificilmente admitiria, é sua filha, contudo ser rejeitado o faz repensar, não aguentaria vê-la dizer, que não o considera uma figura paterna, mesmo tendo razão, o velho coração ainda tem esperança de algum dia ouvir de sua própria boca, um te amo.

—_______________________________________

À noite no vale da paz estava calma, apenas os grilos cantavam uma melodia repetida e os aldeões em suas casas reunidos em família ou dormindo, aqueles que não tinham ninguém ou lar, nas ruas adormecerem.

No palácio de jade, um panda vermelho jantava sozinho na cozinha, quando tem sua paz perturbada por uma felina, aparentando seis anos de idade.

A criança não adentrou no lugar, esperou quaisquer palavras do mestre, para começar uma conversa, ele o fez após um breve silêncio, questionando a vinda dela, na qual tímida, caminhou a uma distância razoável e perguntou com o tom de voz suave:

— Eu tenho uma pergunta mestre.

Ele a observou. Tinha os braços atrás das costas e um dos pés faziam círculos invisíveis no chão, achou gracioso o gesto, porém teve o semblante neutro, quase sério.

— Não pode esperar até amanhã? — A criança negou com a cabeça.

— Pergunte.

Vagou o olhar pela cozinha, e depois voltou ao mestre, ele esperava pacientemente o questionamento.

— Como os filhotes chegam à barriga da mãe? — falou num tom muito suave, mas os lábios se apertavam comprimindo as palavras e os olhos tinham aquela expressão que Shifu conhecia: curiosidade.

Ele não o respondeu. O que diria a uma criança, que os bebês são produzidos por ato sexual? Não, é de mais para uma menina como Tigresa.

— Por que o interesse? — contestou ele, os olhos vagando pela face dela.

— Sei que os bebês vêm da barriga da mãe, e que é necessário o pai para chegada do filhote, mas estive pensando... — Colocou o dedo indicador no queixo e apoiou o cotovelo na mão, demonstrando a figura de um pensador. — Como eles chegam lá? Perguntei para mestre Oogway, ele disse para perguntar ao senhor.
Esperou antes de respondê-la, convencia a si mesmo da mentira que viria dizer.

— Eu não sei.

A resposta desapontou a menina, as orelhas abaixaram e os olhos apagaram o brilho que tinha, o grão mestre continuou com a postura séria, esperou vê-la sair de sua presença para soltar todo o ar do pulmão aliviado.

—_______________________________________

— Mestre Shifu!

O panda vermelho acordou assustado com o grito, que ressoou por todo palácio de jade, num salto levantou-se da cama e correu ao quarto da responsável pelo som, estando dentro do lugar, em pose batalha, a espera de qualquer bandido, vagou o olhar, mas não viu nada, quando levantou a vista lá estava a jovem Tigresa, equilibrando sobre a porta do quarto, suspirou ao vê-la bem, contudo queixou-se por ela ter o acordado.

— O que faz aí cima? — perguntou, esfregando os olhos para aliviar o estresse.

— Tem um monstro embaixo da minha cama. — respondeu com energia. Os olhos aflitos sobre a mestre.

Ele andou até a cama e abaixou-se, não havia nada além da escuridão, estando de pé novamente pediu para felina descer, temerosa obedeceu, dando um salto gracioso e ficou de frente ao velho mestre, no qual tem a o semblante de despontamento, vê-lo desse jeito casou-lhe arrependimento, principalmente por ter gritando seu nome.

— Desculpa.

— Deite-se.

Ela abaixou a cabeça na direção do homem e hesitou a obedecer por breves segundos, estando deitada novamente, Shifu sentou-se na beirada da cama a encarou e pediu que dormisse, pois nenhum monstro a pegaria estando ele ali e ela sendo uma mestra de kung fu. Cerrou os olhos e agradeceu, o panda vermelho guardou os sonhos da felina por minutos, de vez em quando sorria.


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Notas finais do capítulo

O que houve hein? Momento "amizade" Song e Tigresa hehehe