Quando Tudo Aconteceu escrita por Mi Freire


Capítulo 57
Capítulo LV


Notas iniciais do capítulo

Eu ainda não escrevi o ultimo capítulo, mas na minha cabeça já tenho mais ou menos uma grande ideia. Ainda não posso dizer quando esse momento vai acontecer, mas sei que não vai demorar muito, talvez ainda tenha três ou quatro capítulos e logo depois o ultimo.



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A Clarissa e toda a sua família chegaram pela manhã e eu fui o primeiro a estar esperando por eles em frente a antiga casa na nossa cidadezinha, mais precisamente esperava pela Clarissa, ela ficou quase duas semanas em BH desde o casamento e eu já estava morrendo de saudade de tê-la comigo, agora que definitivamente voltamos a namorar.

Só que dessa vez será diferente.

Assim que o carro do pai dela parou ela saiu do veículo e veio correndo em minha direção, saltou no meu colo e eu a segurei, girando-a no ar. Os dois sorrindo de satisfação.

Quando eu a coloquei no chão, segurei seus rosto com as duas mãos e puxei seu lindo rosto para um beijo.

O mundo sempre parava de girar quando nos beijávamos.

― Não se esqueçam que eu ainda sou um pai ciumento. – brincou o Vicente, passando por nós com algumas malas. No fundo eu sabia que ele falava sério. Coisa de pai, eu entendia muito bem. ― Venham ajudar.

Quando ficou decidido que eles voltariam a morar na cidade, agora que o Vicente é marido da Aline, ela e o Miguel se mudariam para a antiga casa dos Sampaio, que é bem maior que a casa deles para caber todos, agora que são uma família bem maior.

Dias antes dos Sampaio chegarem a Aline intimou eu e o Miguel para ajudarmos ela a limpar a casa, que foi desocupada pela família que alugou ela durante o tempo em que o Vicente as filhas ficaram em BH.

Tivemos que ajudar também com a mudança, só que dessa vez eu fiz questão de chamar o Gustavo e o Eduardo para carregar as coisas também, os dois não se safaram. E a Marina ficou com limpeza, depois que tudo estava em seu devido lugar e nós paramos para descansar.

A casa é realmente grande, tem um quarto para cada um e é bem mais moderna. A Clarissa ainda vai ficar com seu antigo quarto, que nada mudou. Isabel com o dela e o de hospedes foi adaptado para o Miguel.

Agora eu tinha uma desculpa a mais para aparecer ali com mais frequência, agora que o meu melhor amiga morava com a minha namorada.

Já dava pra imaginar que a casa viveria sempre cheia de gente: eu para visitar a Clarissa, a Marina para visitar o Miguel, o Eduardo para visitar a Isabel, nossos pais para visitar os recém-casados, o Gustavo para visitar os amigos em geral. Bom, basicamente ali era o centro e a base de tudo.

Ajudei os Sampaio com a bagagem e não demorou muito para o resto do pessoal chegar também para ajudar. As notícias ali corriam rápido, até demais. Mas era sempre bom estar entre pessoas queridas.

Naquela tarde a Aline se apoderou da sua nova cozinha, ela fez o almoço para todos nós. As garotas ajudaram. Acho que nunca vi uma mesa tão cheia para a refeição: no total nove pessoas. Claro que não havia lugar suficiente na mesa de seis lugares e alguns de nós almoçamos nos sofás da sala de estar mesmo.

― Estou bem sentindo muito excluído entre casais. – disse o Gustavo um bom tempo depois. O céu já escuro. O dia passou muito rápido. ― Vou dar uma saída, encontrar-me com as minhas gatinhas.

Ele se despediu de todos e saiu.

― Quando eu também era o único solteiro entre nós, eu era assim, digo, eu era tão cínico assim, quanto ele? – perguntou o Miguel bem-humorado e todos riram. Porque ninguém superava o Gustavo.

― O Gustavo ia se dar muito bem com o Yuri. – observou Isabel quando todos ficaram em silêncio. Olhamos todos para ela, curiosos.

― Quem é Yuri? – perguntou o Edu. ― De quem você está falando?

Eu a Clarissa aproveitamos a deixa para sair dali, eu previa uma DR.

Fomos dar uma volta pela cidade, de mãos dadas, andando pelas calçadas vazias lado a lado, colocando a conversa em dia. Ela aproveitou para me contar quem era o tal Yuri de quem a Isabel tinha falado minutos atrás e acabei descobrindo que era o irmão do ex-namorado dela.

Nada de ciúmes, eu queria que ela se sentisse confortável para conversar comigo sobre absolutamente tudo.

Antes das onze da noite eu a levei até a porta de casa, já estava bem tarde para ficarmos na rua e eu não queria problemas com o seu pai.

Eu a beijei, e ela retribuiu, passando o braço em volta de mim.

Eu não queria parar de beija-la, mas era necessário.

Quando ela entrou, voltei para casa sorrindo, olhando para as casas a minha volta, com suas luzes acessas, a movimentação das famílias atrás das cortinas que cobriam as janelas e me peguei imaginando o futuro ao lado de quem eu amo, junto da família que um dia construiríamos.

Na nossa última semana antes das aulas retornarem aconteceram muitas coisas.

No domingo de manhã a Clarissa e toda sua família fizeram companhia a mim e a Liz e meus pais na igreja. Mais tarde saímos todos para almoçar no centro, em um restaurante bastante popular.

Na segunda-feira acordei cedinho para levar a Liz na creche, depois eu corri das oito até as nove e na volta pra casa comprei flores para dar a Clarissa mais tarde, quando nos encontrássemos. Em casa tomei um banho gelado, o sol estava começando a esquentar lá fora. Tomei café da manhã com meus pais e nós conversamos. No meu quarto eu escrevi um bilhetinho que daria a Clarissa, agora que meu lado romântico finalmente voltara a reinar, assim como a minha inspiração. Nada é melhor que estar com a pessoa certa para nos dar motivação.

Dessa vez eu não te prometo muito. Não te prometo ser um namorado perfeito, não te prometo ser a melhor pessoa que você já conheceu e nem te prometo que nunca mais voltarei a errar. Mas te prometo que darei o meu melhor, te prometo a minha parte boa, te prometo lutar por lutar por nós. Te prometo a minha parte que te ama e sempre vai amar.”

Dobrei o bilhetinho e coloquei no bolso do jeans.

Fui até a casa da Clarissa, seu pai pediu que eu subisse, porque ela estaria em seu quarto, me esperando.

Cheguei lá de fininho, fiquei na porta observando-a com um meio sorriso, enquanto ela ajeitava cuidadosamente todos os presentes que já ganhou de mim nas prateleiras.

― Atrapalho? – pigarrei, chamado sua atenção.

― Oh, não. – ela sorriu ao meu ver, vindo em minha direção para me dar um abraço e um beijo caloroso. ― Claro que não.

― Vejo que você não se livrou de nada que eu te dei no passado. Está tudo aqui. – digo, entrando em seu quarto. Olhando em volta. Tudo era tão a cara dela.― Trouxe mais isso aqui para você acrescentar na sua coleção.

Entreguei a ela as flores e o bilhete.

― Bernardo, não precisava. – ela sorriu pra mim, corada. Os olhos negros brilhando com a luz do dia que entrava pela janela do quarto. Clarissa usava um vestidinho floral e estava descalça. O cabelo cacheado solto emoldurado seu rosto. ― Obrigada. Eu amo você!

Ficamos juntos ali, em seu quarto, abraçados. E aquela sensação de estar completo, não se comparava a nada ao que já senti com outras pessoas, com outras garotas. Nada poderia ser tão grandioso.

Mais tarde, com o chegar da noite fomos buscar a Liz na creche. A Clarissa fez questão. Ela estava ainda mais ligada a Liz. Eu as levei no centro pra gente tomar sorvete e passar um tempo os três juntos como uma família que íamos ser no futuro.

Na terça-feira nós e todos os nossos amigos passamos a tarde de sol no Clube e mais tarde fomos ao cinema, um programa entre casais.

Na quarta-feira eu precisei voltar ao trabalho no shopping. A Clarissa me surpreendeu indo até lá quando eu já estava voltando pra casa. E aquela surpresa fez meu cansaço ir embora em um estalar de dedos, exatamente como acontece quando a Liz sorrir pra mim após eu ter tido um longo dia de merda. A Clarissa também tem esse dom.

Na quinta-feira eu não trabalhava, digamos assim que era meu dia de folga no trabalho, já que eu meio que trabalho uma dia sim e outro não. Mas fomos ao shopping mesmo assim, pois a Clarissa precisava comprar um novo material escolar para retornar as aulas.

Na sexta-feira eu trabalhei, mas naquele dia não iria me encontrar com a Clarissa depois de chegar em casa e tomar um banho. Ela teria uma noite entre garotas com Isabel e Marina. Elas mereciam esse tempo livre também e eu precisava descansar, mas não foi bem assim.

Miguel, Eduardo e Gustavo apareceram na minha casa fazendo barulho, quando eu tinha acabado de colocar a Liz para dormir. Já era quase nove da noite. Eles queria sair para se divertir, não achavam justo as garotas terem uma noite só para elas e nós garotos não. Eu ia trabalhar no sábado, mas mesmo assim eu topei. Não tive muitas escolhas. Só esperei que eles me esperassem um pouco para trocar de roupa.

Fomos no barzinho do centro, onde a maior parte dos alunos do colégio se concretavam ali para se divertirem. Ali era um dos poucos lugares que liberavam bebidas para menores de idade. Os donos do lugar não se intimidavam, eram velhos conhecidos da polícia local.

Uma bandinha qualquer estava tocando ao vivo naquela noite, os garotos pediram cerveja e petiscos, eu fiquei só no refrigerante. Havia parado de beber há um bom tempo e não pensava em voltar a beber. Bebidas alcoólicas em geral não me traziam boas lembranças de todas as cagadas que eu fiz não fazia muito tempo.

A Brenda se sentou com a gente, estava bem alegrinha, o que já era de se esperar. Ela já havia terminado o colégio, assim como a Lorena, mas não se interessava pela faculdade. Dizia ela que queria ser livre, leve e solta, como um pássaro selvagem. Houve um momento em que ela começou a chorar, assim do nada, com a cabeça no meu ombro, pedindo desculpa por molhar a minha camiseta.

― A verdade é que eu tô morrendo de saudade da Lorena. – dizia ela, soluçando. A maquiagem borrada pelas lagrimas. Nós quatro olhávamos para ela assustados. Não é nada fácil ver uma garota chorar.― Ela faz muita falta, sabe Bê?

O que ela disse a seguir eu não entendi absolutamente nada, a coitada estava soluçando muito, aos prantos. Dava até dó. O Gustavo, nada bobo, aproveitou a situação para fazer alguma coisa ao seu favor.

― Vem Brêzinha. – ele passou os braços dela por seus ombros e limpou o rosto molhado dela com dorso da mão. ― Eu vou te ajudar. Vamos no banheiro limpar seus rosto. – ela tropeçava nas pernas dele, mas o Gustavo é bem forte. ― Você é linda! Não pode ficar chorando assim.

O Edu e o Miguel ficaram rindo da situação.

De longe eu vi a Letícia em uma mesa. Ela parecia estar por toda parte e sempre com um cara novo, como se fizesse questão de esfrega-lo na minha cara, só pra ver a minha reação. Mas eu não sentia nada, só pena dela. Por sorte naquela noite ela nem ousou a se aproximar da nossa mesa e fazer mais uma de suas ceninhas, até porque o Edu estava presente e ultimamente ele tem sido bem severo com ela.

No sábado eu fui trabalhar, mas quando cheguei em casa tomei o maior susto em ver a Lorena e o Augusto sentados no meu sofá da sala, se divertindo com a Liz. Era a primeira visita deles desde que se foram.

A Clarissa logo chegou, também ficou muito surpresa com o que viu em casa. Mas enquanto eu fui tomar um banho e trocar de roupa, ela tomou conta da situação. Ela e a Lorena ficaram conversando feito duas velhas amigas sobre como estava a nova vida da Lorena em outra cidade com o novo namorado.

E o Augusto fomos no centro com o carro dele comprar pizza.

No domingo o clima começou a ficar frio e uma garoa fina e interminável nos impossibilitou de sairmos para fazer alguma coisa fora, mesmo assim, a Clarissa tirou o dia para ficar comigo, em casa, mostrando suas novas habilidades em videogames.

Algumas vezes tínhamos que dar uma pausa, afinal já não era só nós dois. A Liz estava presente em todos os momentos. Mas não que isso fosse um problema, ao contrário, a Clarissa ama a minha filha e a trata como se fosse sua mãe. Me fazendo ter ainda mais certeza de que a Clarissa é a mulher certa pra mim, não só agora, mas para todo o sempre.

Na segunda-feira de manhã as aulas voltaram. Antes da mamãe ir para o colégio, ela passou na creche para deixar a Liz por lá com as outras crianças. Ela realmente adora a creche, as “tias” que cuidam dela e a interação com as outras crianças, tanto que todas as vezes em que nos aproximamos no prédio da creche ela agita os bracinho, começa a sorrir e fica toda agitada, como se mal visse a hora de estar ali.

A única mudança que houve com a volta da Clarissa foi que ela já não faria mais parte da nossa turma. Foi transferida para outra turma, no mesmo corredor, com os mesmos professores. Na turma do Diego. Ao saber da novidade eu fiquei bastante enciumado, mas também muito chateado por não poder mais admira-la durante as aulas ou ficarmos juntos no tempo livre de aulas vagas. Afinal, foi ali, dentro daquela sala de aula em que eu comecei a me apaixonar por ela: o inicio de tudo.

― Você não tem com o que se preocupar, Bernardo. – ela me abraçou, deitando a cabeça no meu peito. ― Não precisa ficar com ciúmes. Eu amo você e você me ama. Todos sabem disso.

― É, eu sei. – beijei seus cabelos, sorrindo de leve. ― Mesmo assim, eu sempre vou me preocupar com você. Não posso evitar.

O sinal para o início das aulas soou. Nós nos beijamos, ali mesmo, no meio do corredor, com todos olhando. Não havia regras contra isso, o que não podia era matar aula para ficar de agarramento ou coisa pior, ai sim teríamos severas punições. Mas não estávamos fazendo nada de mais. Nos despedimos e cada um foi para sua determinada sala de aula.

Eu sentei perto dos meus amigos lá no fundão.

E a primeira aula foi de português, da minha mãe.

A aula mal tinha começado e eu mal podia esperar para me encontrar com a Clarissa no intervalo. Sei que parece um saco, talvez eu seja grudento demais. Mas é que passamos tanto tempo separados que eu não consigo me conter, quero estar com ela todo o tempo, ainda mais que antes, porque sem ela nada parece ter tanta graça.

― O Vestibular para o fim do ano está cada vez mais próximo, você não está com medo não? – estávamos calados até então, apenas abraçados para nos aquecermos do friozinho daquela manhã quando de uma hora pra outra ela resolveu tocar no assunto. Pouco falávamos sobre aquilo, mas parecia o momento certo para conversar. ― De não passar, de não ser como você imaginou que fosse, de se decepcionar...

― Ah não, de forma alguma. – eu sorri, desviando o olhar. ― Eu não tenho medo. Estou bastante confiante. Voltei a estudar com mais calma e tenho me desempenhado bastante desde que você voltou, apesar de ter dado uma pequena pausa para estar mais ao seu lado. Mesmo assim, as aulas no cursinho vão recomeçar amanhã e eu, com certeza, vou passar e serei o melhor professor que já existiu no mundo.

Ela riu divertida. E eu adoro ouvi-la rir.

― Mas porque da pergunta? – quis saber, tocando o rosto dela, fazendo com que ela olhasse diretamente nos meus olhos. ― Você tem medo? Você já se inscreveu? As inscrições estão acabando!

― Não, eu ainda não me inscrevi. E nem sei sou vou me inscrever. Não estou preparada, Bernardo. Não como você. Eu não sei se é isso que eu quero pra minha vida, sabe? O que eu sei é que quero estar com você, mas quanto a isso... Bem, é complicado. Preciso de uma tempo para colocar a cabeça em ordem e chegar a uma decisão concreta.

― Eu entendo. – beijei sua testa e logo depois voltei a sorrir. ― Você passou por muitas coisas nesses últimos meses e talvez não se sinta preparada. Mas seja qual for a sua decisão, eu estarei ao seu lado, eu te apoiarei. Tenho certeza que seu pai também entenderá. E também, você não precisa ter pressa. Você é jovem e não precisa tomar uma decisão precipitada se ainda não tem certeza do que quer fazer no futuro. Pense com calma, pesquise mais, pense no que você mais gosta e tome uma decisão no seu tempo, não importa quanto tempo demore para isso, só não faça a escolha errada ou você poderá se arrepender pelo resto da sua vida. E eu quero que você seja feliz, só isso.

― Obrigada, Bernardo. – ela suspirou forte, fechando os olhos, com o nariz no enterrado no meu pescoço. ― Acho que isso era exatamente o que eu precisa ouvir nesse momento.


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Notas finais do capítulo

Já deu pra perceber que essa ultima conversa entre os dois não termina por aqui. No próximo capítulo a Clarissa ainda vai bater nesse tecla e, bom, terá uma grande novidade vindo por aí.