Quando Tudo Aconteceu escrita por Mi Freire


Capítulo 3
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Os capítulos serão alternados entre os dois personagens principais. Narrados em primeira pessoa. Bernardo e Clarissa. Eu nunca fiz nada parecido antes, espero que dê certo.



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A escola representa pra mim um lugar cheio de pessoas das quais eu sou obrigada a conviver.

Diferentemente dos que as outras pessoas acreditam, me sinto bem melhor sozinha. Não tenho nenhum problema com a solidão, pelo contrário, me sinto bem melhor com ela. Somos companheiras há algum tempo. Não tenho do que me queixar. É muito melhor está sozinha, assim corro menos risco de me decepcionar com as pessoas. É muito mais aceitável quando o problema sou eu e não os outros.

Detesto quando me olhavam com pena. Como se estar sozinha não tivesse sido uma opção. Só não gosto de pessoas em geral. Isso inclui a mim. Só eu sei o quanto uma pessoa pode ser desprezível, mesmo quando tem a intensão de ser o melhor. Não consigo confiar nas pessoas. Já sofri muito, a vida me ensinou a ser assim.

Fria, cruel, amarga.

Não tenho porque tentar agradar as pessoas. Não tenho porque ser quem eu não sou. Não tenho porque forçar sorrisinhos, espalhar falsidade, fingir um eu que não existe, uma simpatia que não tenho. Posso ser tudo, muitas coisas ruins e negativas, mas não sou fingida. Essa, agora, é o que sou. Tenho minhas próprias justificativas. Mas não me convém as justificativas dos outros. Isso é problema exclusivamente delas. Não pergunto. As respostas me assustam. Gosto das coisas em seus devidos lugares. Importo-me apenas com o que é meu.

Chego em casa após uma manhã longa e exaustiva no colégio, onde não tenho escolhas, se não ir e tentar sobreviver ao que parece ser um zoológico. A casa está muito quieta. Os raios solares entram pelas janelas iluminando os cômodos. Subo até o quarto. Apesar de estar faminta.

― Clarissa? – ouço uma voz que se aproxima, conforme ela vai subindo os degraus da escada logo atrás. ― É você?

― Sim. – respondo adentrando meu quarto. Jogo a mochila no chão. Tiro o All Star. ― Sou eu, Isabel.

Isabel, se não única, é a pessoa que mais gosto no mundo. Ela é minha irmã adotiva. Dois anos mais nova. O que aparentemente não parece, já que ela é bem mais alta que eu. Branquinha e têm olhos verdes enormes que chamam a atenção mesmo de longe. Alta e magra. Os cabelos médios pretos e cacheados. Parece uma modelo.

― Vou tomar um banho. – ela diz entrando no meu quarto. Ela me abraça e me beija. Somos muito intimas, melhores amigas, irmãs e companheiras. Ela é tudo que eu tenho. E assim vice-versa. ― Você me espera para o almoço?

― Claro que sim. – sorrio, ela sorri de volta e se vai. Ouço o bater da porta do quarto dela. Em seguida o volume do som ligado. Isabel é muito fugaz, cheias de vida, ousadia e energia.

Aproveito para também tomar um banho geladinho. Lavo os cabelos e troco de roupas. Coloco algo mais leve. Faz muito calor.

Isabel e eu somos as únicas em casa. Almoçamos quieta ouvindo o som dos pássaros. Hoje, só por hoje, não precisamos esperar por Vicente para a refeição. Geralmente não podemos fazer nada sem antes esperar por ele. Quando ele não pode vir, deixa avisado.

Aproveito o resto da tarde para fazer os deveres de casa. Acabo dormindo, e só acordo ao fim da tarde. O sol está se pondo. A casa continua silenciosa. É sempre assim. Até Vicente chegar. Ele pode chegar a qualquer momento. É incerto dizer. Às vezes ele aparece cedo, outras vezes muito tarde. Temos que estar preparadas para tudo.

― Maninha, posso ter pedir uma favorzinho? – Isabel entra no quarto sem ao menos bater. Já estou acostumada. Ela tem esse jeito explosivo. ― É muito sério.

― Tá. – sento-me ereta sobre a cama, afastando alguns cachos do rosto. ― Pode falar. O que você quer? – solto um sorriso. Sei que ai vem bomba. De Isabel eu posso esperar extremamente tudo.

― Vai até a casa do Lucas por mim? – Lucas é um garoto da sala dela. Ela morre de amores por ele. Isabel só tem quatorze anos e já viveu muitas mais experiências que eu. ― Eu não posso aparecer lá de jeito nenhum. A mãe dele quer nos matar! Basta que você pegue com ele o meu trabalho de matemática.

O que eu não faria por ela? Peguei minha bicicleta, que sempre deixo parada na garagem, e saio pedalando até a casa do tal Lucas que mora na rua de trás. Torço mentalmente para que ele já esteja esperando por mim, assim como Isabel garantiu. Não posso demorar, Vicente nos mataria. Não só a mim. A nós duas.

― Aqui está. – Lucas é um garotinho muito bonito. Magro, cabelos castanhos, não muito alto, um sorriso infantil e olhos claros. ― Obrigado, Clarissa.

Pedalo distraidamente, não muito rápido, não muito devagar. Já é noite, as ruas não estão muito movimentadas. Os postes estão acessos e a lua parece dançar no céu estrelado. É só mais uma noite comum de terça feira em uma cidadezinha isolada no interior.

Vejo uma sombra ultrapassar a minha frente. Pensei ser algo da minha cabeça. Mas então tenho certeza de que fora mesmo alguém, que eu quase acabei de atropelar por acaso, mesmo sem querer.

― Ficou maluca? – paro a bicicleta. Tenho que averiguar. Preciso saber se está tudo bem. Acidentes comigo na bicicleta não costumam acontecer. Sou muito cuidadosa. Faço de tudo para evitar as pessoas. ― Quer me matar?

― Não seja exagerado. – reviro os olhos assim que percebo que é ele. O “queridinho” do colégio. Filho da professora. Bernardo Martins. ― Eu quase nem encostei em você.

Bernardo é o tipo de garoto que entraria para a categoria: pedaço de mau caminho. Não que eu tenha uma categoria. Eu nem tenho uma lista. Eu não classifico as pessoas. Mas garotos como ele são fáceis de notar onde quer que você esteja. Mesmo numa noite escura como esta. Mesmo que tenhamos nos esbarrados por acaso.

Ele é branco. O cabelo é preto brilhante, liso e com franja que a maior parte do tempo cai sobre os olhos. Olhos de um azul que parecem surreais. Mesmo no escuro, são claros, cintilantes e cristalinos. É como ter um pedaço do céu de uma tarde ensolarada dentro dos olhos. Ele é magro, mediano e tem traços afetuosos. Quando ele sorri, um lado da boca sobe primeiro que o outro. Um sorriso torto um tanto charmoso, envolvente, quase fascinante.

Bernardo é igual a problema. Ele é pai aos dezesseis anos. E mesmo que isso possa parecer um pré-julgamento, afinal, eu mal o conheço, mas não tenho sobre ele uma boa ideia, uma boa visão. Sei que isso parece injusto da minha parte, mas dele eu quero distancia.

― E dá próxima vez tome cuidado. Olhe pra onde anda! – subo na minha bicicleta outra vez. Ignorando os olhos de indignação dos amiguinhos de sempre dele.

Sei que enquanto me afasto todos eles, inclusive o Bernardo, começam a falar mal de mim. É sempre assim. Já posso até deduzir os absurdos que eles falam. Sempre as mesmas coisas, as mesmas historinhas do quanto sou esquisita, mal educada, cheias de mistérios, uma garota estupida e desprezível.

Chego em casa o mais rápido que posso com o trabalho da minha irmã em mãos. Mas assim que vejo o carro na garagem ao guardar a bicicleta, sei que estou arruinada, encrencada e provavelmente serei punida por ter saído sem autorização e sem o consentimento de Vicente que, às vezes, pode ser bem cruel e severo.

― Onde você estava Clarissa? – ele pergunta assim que piso meus pés dentro de casa. ― Eu posso saber?

Eu precisava pensar em uma desculpa qualquer.

― Amor, não brigue com as meninas. – ouço a voz de Karen vindo da cozinha. Karen é a ruiva de cabelos curtos, magricela, namoradinha do Vicente. A qual eu e Isabel detestamos. Além da voz irritante, ela é aquele tipo de mulher fútil que na maior parte do tempo só pensa em si mesma. Corpo, moda, beleza, cabelo, unha. ― Porque não vamos todos jantar?

― Você tem razão querida. – Vicente tira os olhos de mim, e posso respirar aliviada finalmente. Dessa vez eu escapei. Às vezes, a Karen se esforça pra agradar, mesmo assim, ela não é convincente. ― E que isso não se repita, Clarissa.

Vicente é o que chamamos de bipolar. Tem dias que ele é todos amores e carinho, já em outro cospe fogo e fúria. Geralmente ele chega em casa nervoso quando tem sobrecarga no trabalho. Ele é o braço direito do prefeito da nossa cidade.

Vicente me adotou quando eu tinha dez anos. Até então eu vivia jogada de um orfanato para o outro. Nunca soube de fato a história da minha família verdadeira. Tudo que me contaram foi que eles me abandonaram na porta de uma igreja. Não sei dos detalhes, dos motivos, das razões. Na maior parte do tempo sinto um vazio dentro de mim. Por não saber da minha própria história me sinto incompleta, como se faltasse um pedaço que só meus pais de verdade poderiam completar.

Como eu poderia crescer e confiar nas pessoas quando as pessoas que mais deveria me amar me abandonaram como se eu fosse um objeto descartável?

Vicente foi maravilhoso comigo nos três primeiro anos. Deu-me uma vida que eu jamais sonhei em ter. Tudo que uma garota pediu aos céus. Roupa, brinquedos, viagens. Não tem como não agradecer a ele por hoje eu estar aqui. Mas então, as coisas mudaram algum tempo depois. Ele passou a ser um homem frio, rude, grosseiro e um tanto violento. E eu nunca soube exatamente o porque da mudança.

Ele adotou Isabel há dois anos. E ela foi a melhor coisa que me aconteceu. A luz no final do túnel. Instantaneamente nos demos bem, tornamo-nos amigas inseparáveis. Somos tudo uma para a outra, eu daria a minha vida por ela. E sei que ela faria o mesmo por mim.

Ficamos ainda mais próxima, ligadas e conectadas de alguma forma conforme fomos crescendo e Vicente passou a ser mais exigente em relação ao nosso comportamento. Ele sempre quis tudo do jeito dele, um jeito muito cheio de regras, normas, regulamentos. Caso não estejamos de acordo, ele nos pune de muitas maneiras. Não chega a bater, nem nos machucar ou agredir. Mas não só se fere com atos, mas também com palavras. Cada palavra é como um tiro.

Ele sempre foi um homem muito sozinho. Nunca chegou a se casar. É filho único de pais falecidos. Rico e independente. Teve algumas namoradas. Ele é muito bonito e atraente para um homem de trinta e cinco anos. Alto, ombros largos, barba por fazer, cabelos bem cortados pretos, sorriso galanteador e tem postura, é sério, charmoso, parece um protagonista da novela das nove. Mas acredito que nenhuma delas o suportou muito tempo já que no inicio ele é bom, depois é como se revelasse mostrando seu verdadeiro eu. É como uma mascara. Ele tira quando quer. E agora tem a Karen, que trabalha na prefeitura com ele. Vicente nunca chegou a oficializar o relacionamento de dois. Ela que é muito iludida, sente-se a rainha da casa, a dona de tudo, nossa mãe, amiga, a melhor esposa do mundo. Porém, ele faz dela o que bem entender. Karen acredita que está no comando, mas é o contrário. Hoje ele está com ela, amanhã pode dispensa-la. Vai depender muito do bom humor dele.

― Já fizeram as lições de casa? – ele pergunta após o jantar. Não podemos falar, em hipótese alguma, durante as refeições.

Assentimos. Caladas. Cabeças baixas.

― Já podem ir dormir. Nada de computador ou celular. Direto pra cama. Passo no quarto de vocês em alguns minutos.

Coloco meu pijama, amarro os cabelos. Apago as luzes e deixo apenas o abajur ligado. Pepel, meu gato persa de pelagem branca e um olho azul e outro verde, já está deitado sobre a minha cama. Ele é muito espaço, preguiçoso e comilão. É a segunda pessoa – não é uma pessoa, mas é como se fosse – que eu mais amo no mundo depois de Isabel.

Antes de dormir, esperando o sono, sempre me pego pensando na vida. Nesse momento, já deitada ao lado de Pepel, fico imaginando como teria sido a minha vida ao lado dos meus pais. Quando penso neles sinto um aperto no coração. Penso milhares de possibilidades. Penso se eles estão vivos, onde estão nesse momento, no porque me abandonaram, se eu tenho irmãos, penso se gostaria de me ter outra vez e se poderíamos viver bem mesmo depois de tudo.

Nem por um minuto eu consigo odiá-los. Por mais que eu tente não consigo. Tenho muitas perguntas. Primeiro preciso das respostas e só depois terei minhas próprias conclusões.

Ouço o ranger da porta do meu quarto sendo aberta. É o Vicente entrando, como ele mesmo disse que faria, como ele faz praticamente todas as noites depois do jantar. Ele se aproxima lentamente da minha cama, provavelmente com receio de que eu já tenha pegado no sono, tentando não fazer barulho. Ele se abaixa ao pé da cama, ergue seu braço em direção ao meu rosto e acaricia minha face.

É um gesto simples, porém, com muito amor. Posso sentir através do seu toque morno. Posso sentir, mesmo que ele não diga em palavras, sinto que ele me ama. E eu o amo por ele ter “salvado” a minha vida. Devo muito a ele. E por mais durão que ele seja, sei que tem também um lado sensível, sentimentalista, capaz de amar uma garota, como eu e Isabel que não somos suas legitimas filhas, mas que ainda assim temos espaço em seu coração.

Adormeço sentindo seu carinho paternal.

Sou uma das primeiras a entrar na sala todas as manhãs logo após de ter deixado Isabel em sua sala no primeiro andar. Sentei-me na primeira carteira enfrente a mesa dos professores, assim evito fica olhando pras pessoas. Ali na frente é um lugar reservado, discreto, silencioso. Ótimo para prestar a atenção na aula. Afinal, preciso de notas boas ou eu nem sei o que Vicente seria capaz de fazer.

Aos poucos a sala vai enchendo. Tento ao máximo não olhar para as pessoas por muito tempo. Mas elas insistem em me olhar como se fosse a primeira vez que eu estivesse ali, como se fosse um bicho de outro mundo. E então, pra começar mal o meu dia, meu olhar vai de encontro ao do Bernardo, o garoto dos olhos azuis perfeitos, e nos olhamos por um momento mais que duradouro, assim que ele pisa o pé na sala com os amigos logo atrás.

Desvio o olhar. Mas ainda posso sentir que ele está me olhando enquanto caminha até o fundo da sala – que é o seu lugar - e isso está me deixando apavorada. Não sei como agir quando essas coisas acontecem comigo. Não consigo olhar para as pessoas por muito tempo, sempre acho que elas querem mais de mim do que eu posso oferecer. Espero que ele não esteja esperando que eu vá me desculpar por ontem por causa do incidente com a bicicleta.

Nada acontece. Sorte a minha.

Eu preferiria esperar Isabel para voltarmos juntas para casa. Mas a escola é um dos lugares que ela mais gosta. A saída é quando ela aproveita para ficar com os amigos. Então, eu sempre volto pra casa sozinha e ela só aparece alguns minutos depois.

― Ei – alguém chama. Não tenho certeza se é pra mim. Já estou muito perto de casa. E se não é Isabel, não tenho mais ninguém.

Olho para trás. E lá vem ele, correndo com o cabelo preto bagunçado. A mochila nas costas. Está sozinho. O suor escorrendo pelas têmporas e fazendo o cabelo grudar na nuca. O que é um tanto charmoso. Pelo menos eu acho. Bernardo deve ser o único garoto no mundo que fica incrível mesmo suado e cansado.

― Desculpe o mau jeito. – olho para ele intrigada. Que diabos ele está fazendo ali? ― Preciso te entregar uma coisa.

Observo-o abrir a mochila, vascular lá dentro e pegar algo.

― Acho que você deixou cair. – ele me estendeu. Minha caderneta de anotação. Não é uma caderneta qualquer, é praticamente um tesouro, onde guardo minhas reflexões, pensamentos, frases preferidas, pequenos textos, sonetos ou qualquer coisa do gênero. É antiga, está gasta e velha. Quase não há espaços em branco. ― É seu?

― É minha! – peguei rapidamente em um gesto exagerado. Como se ele tivesse me roubado algo. Pressionei minha caderneta de encontro ao meu peito. Não quero nem pensar o que seria de mim se a tivesse perdido, e ainda pior, caso alguém tivesse lido...

― Eu não li. Não se preocupe. – ele sorriu daquele jeito dele, um lado da boca erguendo mais que o outro. Nunca vi nada igual.

― Obrigada. – digo, tentando sorrir também. Não sou boa com sorrisos. Na verdade, eu odeio sorrir. Acho que não fica bom em mim, é quase desproporcional e...

― Eu gosto do seu sorriso. – ele diz me fazendo me sentir estranhamente estupida por sentir as bochechas corarem. ― É a primeira vez que te vejo sorrindo.

― Primeira e ultima. – volto à compostura. Pego a mochila nas costas e enfio minha caderneta ali dentro. ― E ultima vez que te agradeço também.

Assim espero.

Viro as costas e volto a pedalar.

Quero chegar em casa. Quero muito chegar em casa. Quero não ter que admitir que por um segundo me senti encantada por ele. Quero não ter que sentir esse estranho tremor percorrer meu corpo. Quero que meu coração pare de bater tão forte. Quero não ter que voltar a falar com ele outra vez e nem olhar para aqueles olhos tão azuis. Quero que o sorriso dele saia da minha mente.


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Notas finais do capítulo

O que acharam da Clarissa? Sei que ela parece um tanto... desagradável de inicio. Mas não é tudo. Coloquem-se no lugar dela por um momento: ser jogada de orfanato em orfanato, não saber sua verdadeira origem, o paradeiro dos pais e o porque de ter sido descartada. Cada um reagiria de uma forma e essa foi a forma que ela encontrou para tentar "fugir" de si mesma pela falta de confiança que ela tem nas pessoas por ter sido abandonada quando era bebê.



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