You Changed My Life - Katniss e Peeta escrita por Lih


Capítulo 32
Imprevisto Para Todos


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui após três dias e meio! *U* Estou orgulhosa de mim mesma -qn
Então galerinha, eu fiquei suuuuper feliz ao ver que vocês atenderam minhas súplicas e se manifestaram muito mais! Espero que continuem assim, é importante para mim! Muito obrigada :)
Deixo com vocês mais um capítulo que acaba com a curiosidade de todos! Boa leitura! E leiam as notas finais :3



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Thor me segue até o pé da escada, suas patinhas descendo os degraus freneticamente. A primeira coisa que noto quando abro a porta após descer o lance de degraus, é a poeira acumulada. "Eu e Peeta vamos gastar umas belas horas aqui" penso, pois assim que eu estiver liberada para esforços maiores, esse local vai precisar de uma limpeza.

Instantes após eu me acostumar com a poluição do ambiente, meus olhos passeiam por ele todo. A maioria das coisas está coberta por panos brancos que já estão à altura de serem considerados encardidos pelo pó. Mas quando meus olhos pousam sobre algo maior, percebo que encontrei exatamente o que procurava.

Puxo o lençol que o cobria, relevando que, apesar de antigo, parece quase impecável. O piano, mesmo tendo estado coberto por todo esse tempo, está levemente empoeirado de forma que tiro um pouco de seu pó com o pano que lhe cobria.

Ao observar seus detalhes, sinto uma sensação estranha que me traz lembranças de Madge, e de como ela estava tentando ensinar-me tocar. Uma tristeza toma conta de mim ao pensar no pior que pode ter acontecido à ela e à sua família quando ocorreu o bombardeio aqui no Distrito 12, pois nunca mais a vi. Nem ela e nem seu pai.

"Pare Katniss! Não pense no pior!" sussurro para mim mesma, torcendo para que as más lembranças vão embora e deem lugar às boas.

Ao ver o piano quase intocado, vem a minha memória há quanto tempo eu não o toquei. Eu o usava como uma pequena terapia quando voltei da Capital, pois de algum modo seu som me acalmava. Talvez ainda possa funcionar, não com a mesma veemência de quase oito anos atrás, mas como algo bom.

Decido sentar-me no pequeno banquinho à sua frente e pressionar tecla por tecla, permitindo o suave som que é emitido invadir meus ouvido e deixando por fim que meus dedos sigam completando uma melodia.

–--(Peeta)---

Após, estimativamente, vinte minutos embaixo da água quente, desligo o chuveiro e caminho até o quarto, já abrindo o guarda-roupa em busca do que vestir para o almoço. Acabo escolhendo uma calça jeans escura, um par de tênis brancos e uma camisa polo azul escura. Assim que me visto, penso em procurar Katniss para avisá-la que já terminei mas não sem antes passar para checar se Prim ainda está dormindo.

Sou surpreendido por um som diferente quando chego ao pé da escada e percebo que vem do porão. Ao abrir a porta que liga a cozinha ao mesmo, o som fica mais audível, de forma que consigo identificá-lo, mas preciso ver com meus olhos para confirmar minhas hipóteses.

Assim que abro cuidadosamente a porta do porão, confirmo o que jamais pensei contemplar em anos. Katniss está tocando piano, mas não só está somente no meio de uma bela música. Ela também está cantando. Como não me vê por estar de costas e de jeito algum penso em interrompe-la, fico apenas observando.

Conforme a melodia vai me alcançando cada vez mais, as lembranças tomam conta da minha mente. A recordação de Katniss cantando na sala de aula a canção do vale, e de como todos os pássaros ficavam em silêncio enquanto ela cantava, assim como ficavam quando a voz era de seu pai. E assim como estão agora.

Quando vejo a última tecla ser pressionada por seus dedos e percebo a ausência de sua voz, junto minhas mãos em baixas palmas. Ela parece se assustar por não ter noção da minha presença e vira para trás, focando os olhos em mim.

–Há quanto tempo está aqui? -pergunta tentando disfarçar seu constrangimento, mas posso ver um pequeno sorriso em seus lábios.

–Tempo suficiente para saber que minha esposa toca piano muito bem e nunca me contou. -digo quase reprimindo um sorriso.

–Bom... Eu mesma não sabia que tocava, mas não é nada de mais. -diz dando de ombros. -Madge tentou me ensinar, mas faz muito tempo. Depois de tudo o que aconteceu, passei a usá-lo como uma pequena terapia quando você ainda estava na Capital. De algum modo, o som me acalmava e me trazia esperanças. Mas depois de ter certeza de que Madge não voltaria, eu não tive mais coragem de... -ela não termina a frase. Percebo o quanto é dolorido para ela falar do passado, então apenas a abraço, impedindo que continue a se explicar.

–Shhh.. Não precisa dizer mais nada. Está tudo bem. -eu aperto mais o abraço quando ela enterra o rosto em meu pescoço.

–É incrível como qualquer coisa pode nos trazer lembranças. -alega com a dor evidente em suas palavras, deixando assim perceptível que ela se refere às lembranças ruins.

–Então se concentre nas lembranças boas.

–Mas como pode haver lembranças boas se nosso passado foi composto da por tantas tragédias? -sinto que seu desespero está prestes a voltar pelo tom de suas palavras.

–Concentre-se em comparar o passado com o presente, então. Pense em como a nossa realidade está agora. -me desvencilho do nosso abraço gentilmente para olhar em seus olhos. -Pense em como saímos vivos de duas arenas. Em como você acabou com as figuras que eram responsáveis pelo sofrimento de todos, pela nossa tortura. Em como nós sobrevivemos e seguimos nossas vidas, e principalmente: em como estamos agora. Eu, você, nossa filha. Mas não só em nós, mas também em todos que conhecemos. Cada um encontrou seu caminho e juntou forças para segui-lo graças a você, o símbolo da nossa luta.

Seus olhos acinzentados não se desviaram dos meus em nenhum momento, e percebo que estão claramente brilhantes pelas lágrimas que ameaçam a cair. Mas sei que não são de tristeza pois um sorriso adorna seus lábios. Quando uma gota escorre por sua bochecha, eu a limpo rapidamente.

–Peeta... -sua voz não passa de um sussurro. -É incrível como você transforma a tragédia na pureza, você vê o bem dentro do mal, você pinta um mundo todo cinza como se pintasse um quadro... Eu me impressiono cada dia mais com você.

–Eu que me impressiono cada dia mais com você, meu amor. -sussurro fazendo a avermelhar pelo jeito que encosta a cabeça em meu peito.

–Eu te amo. -sussurra erguendo o olhar para mim.

–Eu também te amo. -profiro antes de ela selar nosso lábios. E assim ela enlaça sua mão com a minha enquanto subimos a empoeirada escada.

Ao chegarmos à cozinha, busco um copo no armário enquanto vejo Katniss apanhar um cheio de água que estava sobre a pia e beber. Antes que eu consiga questionar, ouço-a dizer algo que me chama a atenção.

–Hum... Sabe do que estou me lembrando, Peeta Mellark? -indaga parecendo divertida. Eu apenas nego com a cabeça, incentivando-a a continuar. -Você não devia voltar a trabalhar essa semana?

–Bom, eu devia, mas optei por tirar mais uma semana por causa daqueles contratempos seus com o sono. -dou de ombros. -Vantagens de ser o dono. -percebo que ela me encara desconfiada com uma das sobrancelhas arqueadas. -O que?

–Você não precisava ter feito isso... Eu estava bem, eu estou bem.

–Você não parecia bem naquela noite...

–Bom, mas agora estou.

–Ainda assim, não vai se livrar de mim tão cedo. -digo fazendo-a rir.

–Nunca foi minha intenção. Mas não quero ser o motivo de suas faltas e de seus funcionários ficarem bravos com você...

–Acredite, eles vão entender... Vou continuar de folga hoje e amanhã, afinal, é amanhã pela tarde que Annie chega não é?

–Nossa! Eu tinha me esquecido! Nós temos que arrumar tudo caso ela queira se hospedar aqui em casa...

–Apenas precisamos checar se o quarto de hóspedes necessita de uma limpeza, não é muita coisa.

–Ah! A propósito, o porão precisa de uma lim... -ela mesma interrompe a frase, parando para escutar algo com atenção. Imediatamente ouço um barulho e nossos olhares se cruzam, confirmando nossos pensamentos. Em um rompante, Katniss desperta e corre para as escadas, eu vou logo atrás. -Arrh! Parabéns Katniss! -ouço-a praguejar nos últimos degraus. -Que tipo de mãe deixa a filha tempo demais sozinha?

–Ela acabou de acordar, não precisa se preocupar assim. -digo quando a alcanço no pé da escada. -Nós teríamos ouvido se ela estivesse chorando antes..

–Mas eu devia ser mais cuidadosa! Eu não me perdoaria se algo aontecesse por um descuido meu. Ninguém sabe o que poderia ter acontecido se..

–Katniss, meu amor! -sussurro fazendo-a parar. -Não cobre tanto de si mesma, está tudo bem. Aprendemos com os erros. -digo tentando acalma-la.

Eu mesmo não me assustei muito. A Dra. havia dito que seria completamente normal Prim acordar antes de se completar três ou quatro horas após a amamentação e também de não ser pela fralda suja ou pela fome. Emilly nos auxiliou sobre tudo e disse que os bebês podem acordar por sentirem falta dos pais, o que me parece o caso de agora pois Prim para de chorar quando a alcançamos no berço.

Katniss parece estar pensando enquanto passa os dedos levemente pelos bracinhos e o rostinho de Prim, deixando-a mais calma. Sempre que está refletindo sobre algo, percebo que fica com o olhos cinzas escurecidos e distantes.

–Você tem razão. -fala direcionando um sorrio para mim antes de pegar Prim para segurá-la. -Obrigada. -diz verificando a fralda de Prim para conferir se não está suja. -Ela está limpa mas acho melhor dar um banho porque vamos sair.

–--

Prim ainda não tem coordenação motora alguma, de modo que quando faz algum movimento na água, acaba espirrando tudo em nós. Percebo que minha camisa já está parcialmente molhada, então decido tirá-la e colocá-la sob o parapeito da janela para que seque ao sol. A caminho de volta ao lado de Katniss, percebo seu olhar com sobrancelhas arqueadas sobre mim.

–Sua intenção é... ajudar mesmo? -pergunta ainda me fitando já com Prim em enrolada em uma toalha em seus braços.

–Claro, qual mais seria? -pergunto enquanto ela passa Prim para mim. Me faço de desentendido pela justa causa de vê-la fazer uma das coisas que mais gosto. Corar. E é justamente o que acontece quando uma risada acompanha seu revirar de olhos.

–Você pode vestí-la? Preciso ir para o banho se não chegaremos atrasados. -pergunta se desvencilhando do meu questionamento. Assinto e beijo-lhe os lábios antes que ela saia em direção ao banheiro.

Observo Prim com seus hipnotizantes olhos azuis conectados aos meus, enrolada em sua toalha com toca de ursinho escolhida especialmente por Katniss. Lembro-me de quando ela chegou em casa com Effie, as duas com várias sacolas de diversas lojas em suas mãos. Katniss me disse que havia adorado comprar aquilo tudo enquanto me mostrava uma das peças que era essa toalha, e também disse que a cada dia que se passava, ela amava mais e mais a criança que crescia em seu ventre e que também estava se sentindo mais segura ao sentí-la mexer e saber que estava bem. Ouvir aquilo foi simplesmente uma chama a mais acesa dentro de mim e uma onda de alegria enorme. Sempre que eu percebi Katniss sendo domada pela sensação maravilhosa de ser mãe, eu me senti mais completo. Meu sonho foi realizado.

–--(Katniss)---

Assim que adentramos o restaurante escolhido por Haymitch e Effie, consigo vê-los sentados em uma mesa mais ao centro do ambiente. Junto a eles, já estão Gale e Delly. Enquanto eu e Peeta caminhamos até a mesa, ele com Prim em seus braços, tento não me incomodar com o fato de que todos no local aparentemente lotado estarem olhando para nós, mesmo que sejam com sorrisos e olhares encantados, e respondo-os com sorrisos, imitando Peeta.

Os únicos que sabiam da existência de nossa filha sem contar os familiares e amigos, são aqueles que me viram durante a gravidez nas poucas vezes em que saí de casa e aqueles que nos viram no hospital. Porém, de boca em boca a notícia deve ter passado. Mesmo assim, não eram muitas pessoas e nesse momento, tenho certeza de que passaram a ser mais.

–Desculpa pelo local lotado, Docinho, mas não tivemos opção. -Haymitch se apressa em se explicar quando nos sentamos. Não consigo identificar pelo seu tom de voz se ele está dizendo a verdade ou se há algo por trás disso em seus pensamentos, mas resolvo não questionar.

Peeta e eu nos sentamos à mesa. Ele ao meu lado direito com Delly à sua frente e Gale posicionado em uma das pontas da mesa. Effie à minha frente e Haymitch na outra ponta, meu lado esquerdo. Então, começamos a discutir os pratos que pediremos enquanto eu faço Prim adormecer. Ela havia acabado de ser amamentada durante o trajeto de casa até aqui, o qual percorremos de carro, de forma que está prestes a dormir.

Acabamos optando por Arroz à Grega, uma porção de salada e vários tipos de carnes grelhadas e sem gorduras pois eu ainda estou em fase de recuperação e em hipótese alguma Peeta me deixa comer algo fora da dieta especial que a Dra. me indicou.

Assim que a refeição chega e é servida por um dos garçons, peço para Peeta arrumar as cobertas no carrinho que está entre nós para eu poder colocar Prim já adormecida.

O almoço segue com conversas amenas e animadas, como a reconstrução dos distritos, as mais recentes creches e escolas no do Distrito 12, a chegada de Annie que será amanhã, sobre o emprego de Effie como organizadora de eventos em toda Panem, sobre Gale se tornar o mais novo soldado elegido por Paylor, sobre Delly finalmente decidir reconstruir a sapataria de seus pais, porém agora no Distrito 2, e os comentários de Haymitch sobre tudo, inclusive sobre nossa filha. Pelo menos há uma coisa na qual concordamos que é melhor Prim puxar a calma de Peeta do que minha falta de paciência.

A conversa se estende por mais alguns minutos após acabarmos a refeição. Vez ou outra, eu e Peeta olhamos para o carrinho e verificamos Prim. Admito ter achado Peeta um pai muito preocupado durante toda a minha gestação, mas agora, com Prim finalmente entre nós, concordo que nenhum cuidado é pouco.

–Vamos pedir a sobremesa então?! -sugere Gale.

–Hey ei ei esperem! -Haymitch se manifesta antes que alguém fale algo. -Antes, preciso fazer algo importante. -diz e se vira em direção à Effie. -Effie, minha queria.

Imediatamente eu começo a estranhar a ação de Haymitch e me vem a cabeça milhões de coisas que ele possa estar intencionado a fazer. Aparentemente não parece estar acontecendo isso só comigo, pois todos agora o observam com atenção.

–Sei que quando nos conhecemos, o mundo em que vivíamos não trazia nenhum motivo para a felicidade. E por causa disso, não tivemos a chance de conhecermos totalmente o lado bom que havia dentro de nós. Mas você, de algum modo, sempre estava animada e enxergando o melhor das coisas. -Haymitch não desvia os olhos dos de Effie que já estão marejados. Todos na mesa parecem estranhar mas, ao mesmo tempo, estão tão curiosos que não interrompem. -Você me tirou da inércia, do poço de frustrações que eu vivia, do vício no álcool. Por você, eu tive vontade de mudar. Por causa de você eu não tinha mais motivos para beber, por você eu recobrei a vontade de sobreviver.
A essa altura, as lágrimas já escorrem pela bochecha de uma Effie totalmente emocionada, Haymitch se remove da cadeira e se ajoelha, tirando algo do bolso e atraindo a atenção de todos os presentes no local. Assim que percebo o que há na caixinha em suas mãos, meu queixo cai quase que literalmente.

–Sei que nunca, em hipótese alguma, fui bom em declarações, mas... -Ele estende a caixinha para Effie, onde se encontra um anel com uma enorme pedra de brilhantes. -Effie, minha querida, você aceita se casar comigo?


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Notas finais do capítulo

SURPRESA! Se eu dissesse que haveria uma surpresa no final do capítulo, eu correria o risco de vocês pularem para ver o final antes, então... HÁ! Me digam o que acharam, mas Hayffie é *--* Bom, é isso! Espero que tenham gostado! E agradeço mais uma vez à aqueles que deixaram suas opiniões, se manifestaram, me trouxeram inspiração e animação! É muito importante a interação de leitores com escritor e é isso que faz a história continuar. Então galerinha, continuem comentando, continuem favoritando, continuem recomendando!
Beijos :* até o próximo!