You Changed My Life - Katniss e Peeta escrita por Lih


Capítulo 30
Surpresas de todos os tipos...


Notas iniciais do capítulo

LIH, VOCÊ ESTÁ ATRASADA... DE NOVO!
Ai gente eu sei, me sinto muito mal por isso :c
Mas somando a última semana de aulas + bloqueio criativo + o início das minhas aulas de inglês (nas férias alice? Sim! Nas férias... ) + jogo do BR hoje, deu nisso!
Eu acabei de acabar esse capítulo, estava terminando desde as 18h e estou com dor no corpo inteirinho! Espero que me perdoem e leiam as notas finais! Não vou enrolar muito aqui não... Boa leitura!



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–--(Peeta)---

Abro os olhos e vejo a cena mais bonita com a qual eu poderia sonhar. Katniss está com nossa filha em seus braços, amamentando-a. Ela não me vê acordado, então apenas a observo, mentalizando todos os detalhes para depois poder ilustrá-los em um quadro. Quadro esse que fará parte de uma coleção não mais de sonhos, mas sim de realizações.

Ela ajeita Prim em seus braços para fazê-la dormir novamente. Eu a olho ainda não acreditando na vericidade desse momento. Desde o instante em que eu soube que o amor da minha vida estava grávida, tudo pareceu tão surreal que custei para acreditar e ainda me pego pensando se tudo realmente é verdade.

Faz apenas uma semana, mas sempre que lembro quando Prim apareceu aos meus olhos pela primeira vez, meu coração acelera como se eu estivesse revivendo o momento. Naquele instante não havia mais dor, pesadelos, flashes, lembranças das mortes do passado ou sofrimento. Só havia nós compartilhando uma felicidade extrema em um dos momentos mais importantes de nossa vida.

Levanto meu corpo devagar para alcançá-la.

–Bom dia meu amor. -sussurro chegando ao seu ouvido.

–Bom dia. -responde sorrindo para mim, mas seu olhar está estranho. Há algo diferente, mas decido não constatar nada agora. Apenas a observo passar delicadamente o indicador por todo o sensível rostinho de Prim, que não acorda em nenhum momento.

–Ela está se mostrando calminha por enquanto... -diz com um pequeno sorriso.

–Verdade, e isso é muito bom...

–Sim... Tirando o fato de que ela acorda muito durante a noite.

–Então é por isso que você está assim? -aproveito e pergunto. -Parece cansada, está tudo bem?

–Assim como? Estou normal... -diz simplesmente. -Talvez um pouco cansada por Prim ter acordado muito de ontem para hoje... -completa antes que eu possa dizer algo.

Nos últimos sete dias que tem sido nossos primeiros como pais, estivemos tendo nossas experiências iniciais e aprendendo como lidar com essas novidades. Todas as noites em que Prim acordou durante a noite, fiquei ao lado de Katniss observando a amamentação e os cuidados que ela dispõe, além de colocá-la para dormir no berço novamente. Mas essa última noite, ela não me chamou nenhuma vez, e estranhei eu não ter acordado com seus movimentos como sempre acontece, nem com o choro de Prim, então me pergunto o porque dela ter sido tão cautelosa a ponto de não querer me acordar.

–Bom, então você deve descansar... -digo beijando sua bochecha e ignorando meus pensamentos. -Enquanto eu faço um delicioso café da manhã para nós.

Seu olhar muda instantaneamente quando ouve minhas últimas palavras, mas mesmo assim ela assente. Parece desconfortável e receosa, duas coisas que me preocupam.

Se levantando, faz um sinal para que eu a siga até o quarto de Prim. Quando a coloca no berço, eu arrumo suas cobertas enquanto Katniss nos observa.

–Quer que eu fique lá com você e que espere você pegar no sono? -pergunto, mas ela apenas nega sibilando um "não é necessário", então a levo até o quarto e vou preparar preparar nosso café, mas não sem antes beija-la uma última vez.

Desço até a cozinha e começo a preparar a massa para fazer alguns pães de queijo, e logo depois, dar início ao chocolate quente.

Assim que coloco os pães no forno, decido subir e dar uma olhada em Prim. É inevitável conferir se ela ainda está dormindo.

Quando a vejo, percebo o quanto se parece com Katniss, até em sono. Suas linhas serão iguais as dela, sendo assim, linda. Fico observando-a mais um tempinho antes de decidir passar em nosso quarto para dar uma olhada em Katniss.

Vendo-a descansar, uma onda de alívio percorre meu corpo. Seus olhos fechados, seu rosto suave e tranquilo, a respiração ritimada, os poucos fios de cabelos por cima do rosto e o resto espalhado pelo travesseiro me trazem o impulso de ir até ela, mas evito isso para não acorda-lá.

Assim que volto para a cozinha e confiro a hora no relógio, vejo que falta apenas dez minutos para os pães ficarem prontos , então percebo que fiquei bastante tempo observando Katniss e Prim. Começo a preparar o chocolate, aproveitando o tempo que me sobrou.

Logo, retiro os pães do forno arrumando-os em uma pequena cesta posta em cima da mesa e subo para o quarto de Prim, decidido a dar mais uma olhada nela e não acordar Katniss ainda.

De repente, percebo uma silhueta na porta do quarto enquanto observo Prim em seu sono. Katniss está encostada no batente, nos observando com um pequeno sorriso. Seus leves cachos caindo em cascata pelos ombros, seus olhos como nuvens nubladas, mas sempre com um brilho especial, e que agora não demonstram mais tanto aquele receio ou desconforto de antes. Ainda me surpreendo a cada manhã com a tonalidade deles. Mesmo com suas roupas simples e confortáveis para dormir, como uma calça de moletom e uma regata, ela fica extremamente linda, assim como na primeira vez que a vi. A diferença agora, é que Katniss não é mais uma garota, é uma mulher, e além disso, agora é mãe.

Ela se aproxima e envolve meu quadril com seus braço. Apesar do suspiro que ela descarrega, seus olhos mostram uma melhora de seu cansaço.

–Se sente melhor? -pergunto retribuindo o aperto do abraço que ela me propõe. Assentindo, vejo um sorriso tentador em seus lábios. Selo os meus nos dela, que responde demoradamente,

–Ela dorme tranquila mesmo. -diz encostando a cabeça em meu peito. -Nossa filha. Uma mistura de nós dois.

–Já disse que ela se parece muito com você? -comento quase adivinhando que ela coraria.

–Sim. -responde entre uma risada baixinha. -Várias vezes.

–Mas é mesmo...

–Os olhos são os seus, assim como prevejo que as atitudes também serão. -ela diz tão suavemente como se não houvesse nada de mais em suas palavras. Mas nós dois sabemos que há.

–Como assim? Porque espera que a personalidade seja mais parecida com a minha do que com a sua?

–Ahhhh, vai dizer que você quer que nossa filha puxe minha personalidade problemática, irritante e egoísta? -indaga me encarando, mas apesar de estar com um sorriso de brincadeira, suas palavras tem o peso que entrega que ela realmente acredita em tudo que disse.

–Pode parar! Você não é nenhuma dessas coisas... -puxo-a para meus lábios antes que me contrarie. -Você é protetora, corajosa, determinada, além de...

–Shh, para vai... -diz me interrompendo.

–Não quer que eu continue? -sussurro e me lembro que nossa filha está dormindo do nosso lado.

–Não... Você sabe muito bem que é melhor que ela tenha seu carisma... -diz me fazendo suspirar.

–Não vou discutir isso com você. Não agora e nem aqui. -digo contrariado e fazendo-a revirar os olhos. Depois, deita a cabeça em meu peito novamente, então ficamos um tempo assim. Ela se aconchegando em meus braços, talvez tentando esquecer por pelo menos um minuto todas as suas preocupações. Eu sentindo seu cheiro, sua respiração e vontade de acabar com sua agonia, mas não sabendo como.

–Você deve estar com fome, não é? -pergunto e logo recebo um sorriso tímido em resposta. -Vem, vamos tomar nosso café..

Antes de descermos, ela vai até Prim e a beija. Katniss está bem mais apegada do que achei que fosse ser, e eu gosto de vê-la assim.

Após um café demorado e aproveitoso, depois de Katniss não deixar sobrar nenhum pão de queijo e nem uma gota de chocolate quente, e de termos uma conversa quase amena, subimos para nosso quarto. Katniss diz que vai escovar os dentes então passo no quarto de Prim para verificá-la mais uma vez, logo vou escovar os dentes também. Quando saio do banheiro, encontro Katniss vestida apenas com sua lingerie e um shorts, por estar trocando de roupa. Ela está de costas para mim em frente ao guarda-roupa, então caminho o mais silenciosamente que minhas pernas me permitem.

–Parece que temos um tempo só para nós. -sussurro em seu ouvido enquanto prendo sua cintura com meus braços. Consigo sentir seu corpo todo arrepiar e me sinto realizado em conseguir causar esse tipo de efeito nela.

–Parece que sim. -sussurra deixando cair a blusa que estava em suas mãos. Ela passa os braços em meu pescoço e não espero para beija-la. Me distraio quando sinto seus dedos entrelaçando em meu cabelo, mas ela interrompe o beijo quando ambos ouvimos um barulho que pensei ser do guarda-roupa, e me decepciono quando percebo que é a porta. -Ou parece que não. -diz em meio a uma pequena risada enquanto pega a blusa novamente e a coloca já a caminho das escadas. Eu a sigo pensando na incógnita de quem pode ser.

Ainda estou no pé da escada quando ela alcança a porta e ao abri-la, me assusto com a expressão de surpresa que vejo em seu rosto. Ela encara a porta paralisada.

–Boa tarde, Docinho. -ouço o que me parece ser a voz de Haymitch. -Não vai nos convidar para entrar? -Haymitch, com certeza. Katniss parece sair do transe assim que escuta sua ironia e faz um sinal para que entrem. Parece estar um pouco constrangida ou nervosa, então me apresso para ir até ela.

–Boa tarde querida! -agora é Effie quem a cumprimenta. A essa altura, Haymitch já está se confortando no sofá.

–Boa tarde, ohh, Peeta! -diz Effie me abraçando quando chego a seu alcance. Ao mesmo tempo que vejo-os ao longo dos dias, parece tão normal quanto estranho. -Vocês parecem tão crescidos, parece que não os vejo a tanto tempo... -Effie quase dramática como sempre. Porém, esse carisma e humor são umas das coisas que eu mais gosto nela. -Viemos visitá-los, ver como estão, se está tudo bem...

–Sente-se Effie. Fique à vontade, tipo o Haymitch... -Katniss diz fitando-o no sofá. Ele da a língua para ela, que o fulmina novamente.

–Haymitch tenha modos! -ouço Effie repreende-lo mas paro de escutar o resto quando volto minha atenção para lá fora, onde Katniss ainda está olhando com a porta ainda aberta.

Fico sem saber como reagir quando vejo ali quem eu pensei que quase nunca mais veria. Delly e Gale parecem tão constrangidos quanto Katniss estava.

Delly, a qual eu quase nunca mais a vi, somente em meu casamento. Minha melhor amiga de infância que foi quase como uma irmã para mim. Não sei se alimento uma felicidade por revê-la, por ela estar vindo me visitar, ou uma pequena raiva por ter se afastado de mim por tanto tempo.

De Gale não sei exatamente o que pensar. Toda vez que eu o olho, ainda sinto uma dúvida em relação ao que ele ainda pode sentir por Katniss. Posso parecer louco de pensar assim sabendo que ele e Delly começaram uma vida juntos, mas não consigo evitar. Nós estavamos concertados mas se eu voltar a pensar nisso e adicionar o fato de ser considerável que ele tenha afastado Delly de mim por conta de levá-la com ele para o D2, talvez tudo possa ir em vão.

Katniss é quem me tira de meu transe quando pede para que eles entrem. Não sei como ela se sente em relação à eles, mas parece tão surpresa em vê-los como eu.

–Peeta! -sussurra Delly, quase como se estivesse com medo de se aproximar de mim. Abro um pequeno sorriso como sinal de que está tudo bem e ela me abraça. Qualquer problema que tenha entre nosso afastamento, resolveremos depois.

Assim que nos separamos, ela me fita assim como eu faço com ela, como se estivéssemos nos reconhecendo. Reparo em seus cabelos loiros que antes eram longos, agora um pouco abaixo dos ombros. Delly cresceu, mas é díficil para mim aceitar que minha melhor amiga e quase irmã, mudou tanto assim de repente. Não parece mais a garota com quem eu brincava, mas sim uma moça.

Convido-a para se sentar na sala com os outros. Assim que todos estão acomodados na sala, faço um sinal para Katniss pedindo que me acompanhe até a cozinha, e ela compreende.

–Eu não esperava por isso. -diz simplesmente.

–Bom, eu também não. Mas vamos lá, vamos recebe-los, não é? -pergunto e ela assente com um pequeno sorriso, então voltamos para a sala e nos sentamos junto à eles.

–Já voltaram? Achei que fossem demorar mais para terminarem o namoro na cozinha... -a voz de Haymitch é a primeira a soar no espaço. Sua tamanha ironia me surpreende e vejo Katniss avermelhar, não compreendo se é de raiva ou constrangimento.

–Haymitch, quer fazer o favor de se comportar? -novamente é Effie quem o repreende, fazendo-o assim ficar calado. Na minha opinião, os dois parecem bem animadinhos, mais do que o normal, principalmente Effie.

–Desculpa, querida... -ouvi bem? Haymitch sendo carinhoso... Mesmo estando em uma relação com Effie, não achei que ele chegaria à esse ponto, não em público...

–Bom, meus queridos... -começa Effie antes que alguém possa questionar.

–Desculpe a interrupção, viemos fazer uma visitinha e entregar-lhes isso. -ela diz estendendo uma caixinha de veludo azul escura em nossa direção. Eu a pego não entendendo muito bem do que se trata, mas ao abri-la, fico tão impressionado quando Katniss parece estar ao meu lado.

–Effie! Uma pulseira de ouro? Uau... -indaga Katniss com os olhos fixos na pulseira com um pingente escrito Prim.

–Nosso verdadeiro presente para a filha de vocês... -diz Effie quase chorando de emoção.

–É lindo Effie! Obrigada!

–Muito obrigado. -digo com um sorriso. -Vocês podem vê-la, ela está dormindo lá em cima.

–Quer que eu leve vocês até lá? -pergunta Katniss.

–Não precisa, Docinho. -é Haymitch quem fala. -Vamos deixar vocês a sós para conversarem... -diz se referindo à Delly e Gale que por um instante, eu havia esquecido que estavam presentes. Effie e Haymitch sobem enquanto eu e Katniss voltamos a atenção para nossos dois amigos.

Por um momento, um silêncio constrangedor se estabelece, me deixando mais confuso sobre o que eu penso em relação à visita deles. Mas só até Gale começar a conversa.

–Bom, Catnip... Peeta... Sei que estivemos afastados. Bom, Peeta. Sei que devo ter tirado um pouco a amizade de Delly com você por ter levado-a comigo para o D2, então peço que me desculpe por isso. -diz com um pequeno sorriso. Vejo de relance seus dedos se entrelaçarem nos de Delly. -E Catnip... O trabalho tem ocupado muito tempo. Sei que nunca mais vim te visitar desde o início de sua gravidez... -Gale estava com ela no início da gravides? Katniss não havia me contado isso.... -Mas queria poder recompensar-la por isso. Não quero perder nossa amizade e nem que Delly perca a amizade com Peeta. Alias, nós todos somos amigos, não é?

E assim começa uma conversa de uma "reconciliação" de amizades que na verdade nunca foram exatamente desfeitas, só um pouco esquecidas. Gale conta que eles conseguiram um tempo para nos visitar, e Delly como estava com saudades de nos ver.

Convido-os a subir para conhecerem Prim, assim como Haymitch e Effie. Depois de quatro pessoas, incluindo Haymitch, babarem por minha filha e um comentário brincalhão de Katniss sobre meu ciúmes de Prim, descemos até a sala novamente, agora com ela acordada.

Vou para a cozinha preparar um bolo para nossos convidados enquanto os mesmo conversam na sala. Katniss fica comigo enquanto amamenta Prim.

–Sabia que você não a amamentaria na sala cheia de pessoas... -comento sabendo que só Katniss irá ouvir, e também sei que a farei ficar irritada.

–Arrgh! O bolo, Peeta! Se concentra no bolo vai! -reclama e não consigo conter um sorriso.

A tarde se resume em conversas, bolo, "reconciliação" de amizades, e três casais de amigos reunidos. Delly nos conta sobre seu novo emprego no D2 como secretária do prefeito, e Gale do seu cargo militar.

Já está quase anoitecendo quando nos despedimos e os levo até a porta. Delly e Gale dizem que vão ficar alojados em um hotel aqui no 12, uma das mais recentes construções. Haymitch e Effie convidam nós quatro para almoçarmos juntos amanhã, e aceitamos.

–Uau! Que dia... -comento quando a porta se fecha.

–Que dia mesmo! Porém, foi muito bom... -diz Katniss encostando na parte de trás do sofá.

–Bom, eu achei... Mas com você, está tudo bem? -pergunto me referindo aos problemas na parte da manhã. Ela me olha confusa.

–Sim, porque não estaria? -vou até ela, cercando-a com meus dois braços e olhando em seus olhos.

–Sabe que pode me contar qualquer coisa não sabe? -pergunto calmamente. Minha intenção não é assusta-la e sim conforta-la. -Qualquer problema, qualquer medo. Eu estou com você.

Ela assente e baixa o olhar como se estivesse me escondendo algo, porém sei que não dirá nada. Eu a conheço.

–Bom, vou tomar um banho. -digo a caminho das escadas mas a tempo de ouvir um suspiro sair de sua boca.

Levo perto de vinte minutos no banho, meu tempo habitual, e quando saio, encontro Katniss já debaixo das cobertas. Ao que me parece, ela usou o outro banheiro para seu banho, já se vestiu e deu uma última olhada em Prim, se certificando de que estava dormindo. E de tanto bolo que comemos e o cansaço acumulado, já se deitou com a intenção de dormir cedo. Me visto, logo me deitando ao seu lado e sem hesitar, puxo-a para perto de mim.

–Boa noite meu amor. -sussurro perto de seus lábios.

–Boa noite. -sussurra de volta me beijando levemente, logo voltando a se aconchegar em meu peito. E ouvindo sua respiração compassada é que eu adormeço.

–--(Katniss)---

Ele está com ela, e está vivo. Mas não consigo enxerger sua expressão. Está tudo borrado, mas sei tanto que é ela quanto sei que é ele. Snow pegou minha filha e quer vingança. Ele vai usá-la para me atingir, assim como fez com Peeta, e eu não posso fazer nada. Estou amarrada, amordaçada, impotente, do jeito que ele quer. Obrigada a vê-la sofrer. Obrigada a sofrer.

Acordo com meu corpo sendo empurrado para frente. O mais assustador é que é por mim mesma. Um grito mudo sai de minha boca fechada. Ainda sinto que estou amordaçada, mas perceber que estou em meu quarto faz meu coração desacelerar, porém, insuficientemente. Foco a visão no relógio e percebo que ainda não passa de uma da manhã. Não sei em que parte da noite me afastei de Peeta na cama, mas olho para o lado e o vejo ainda dormindo, e fico agradecida por não ter acordado-o. Sendo assim, me levanto e vou até o quarto de Prim com as imagens ainda estalando em minha mente. Preciso vê-la, preciso saber se está bem.

Abro a porta tão devagar quanto os passos que dou para não acordar Peeta, e caminho até o quarto de Prim. Ao vê-la ainda dormindo tranquilamente, sinto um alívio tão grande que mal percebo as lágrimas escorrendo por minhas bochechas.

Eu queria conseguir, mas não consigo.

Queria poder afasta-los de minha mente, apagar tudo que eu já contemplei de desumano e preencher o espaço com coisas boas, com momentos amenos, mas não posso. Queria ter paz em todas as noites, tranquilidade ao lado do homem que amo e ao lado de nossa filha recém-nascida. Noites sem a volta dos tormentos, mas não tenho. Então queria deixá-los de lado, esquece-los, ignorá-los, mas justamente não consigo. E isso não prejudica só a mim, mas a todos que convivem comigo.

Os pesadelos não me deixam em paz, nunca deixaram, e sempre estive e estou ciente de que nunca deixarão, mas a frequência com que eles estão ameaçando a aparecer me incomoda. Não só por interromper meu sono ou por deixar o decorrer do meu dia mais aterrorizantes, mas porque prejudica minha nova família e porque eu não entendo o motivo de ser agora. Porque justo agora.

Peeta sempre disse que posso contar com ele, assim como disse ontem, afinal, estamos juntos nessa. Sempre estivemos. Ele me entende tanto quanto eu tento entendê-lo. Passamos por tantos conflitos que agora que estamos bem, ou parcialmente bem, o que eu menos quero é incomodá-lo com meus problemas. Mesmo que não haja problema para ele, parece haver para mim.

Eu poderia me encaixar em seus braços e sentir o conforto que eles me transmitem mesmo ele não estando consciente disso no momento, mas não gostaria de acordá-lo. Despertar de um pesadelos sem gritos mas com o coração acelerado e a mente embaralhada, e vê-lo ainda dormindo tranquilo ao meu lado, é como uma oportunidade, uma chance de deixa-lo menos preocupados com meus distúrbios.

Sinto meu coração acelerar novamente quando penso em tudo dando errado. Depois que tudo que conquistamos, não é possível não ter um pouco de paz. Não é justo.

Tento controlar minha respiração e volto para nosso quarto antes que acabe acordando Prim com meu choro. Em passos silenciosos, vou até o banheiro e sem acender a luz, lavo meu rosto com água gelada. Prefiro não ver minha aparência, não agora. Lembro-me de repente que o barulho da água poderia ter acordado Peeta, mas quando percebo já é tarde demais.

Assim que volto para o quarto, Peeta está sentado na cama com os cabelos bagunçados e uma expressão tanto preocupada como confusa. Caminho até ele como se nada tivesse acontecido. Não quero preocupa-lo.

–Kat... O que aconteceu? -pergunta com a voz fraca.

–Nada. -respondo em um sussurro. Entro novamente debaixo das cobertas e fito o teto, esperando que ele aceite minha resposta.

–Tem certeza? -pergunta tirando delicadamente os fios de cabelo de minha testa e os colocando atrás de minha orelha. Então, olhando, mesmo no escuro, em seus olhos azuis, eu desabo. Fecho os olhos como se esse ato adiantasse para esconder as lágrimas que voltam a escorrer por minha bochecha. De repente sinto seus dedos limpando minhas bochechas e seus lábios pressionados em minha testa.

–Peeta... Eu não... Não consigo.. -minha voz quase não sai, mas a necessidade de explicar tudo para ele agora é maior. Sem segredos. Não tem mais como esconder. -Os pesadelos... Eles estão voltando. Eu não consigo lidar com eles, não consigo! Não quero que nossa filha sofra do jeito que estou sofrendo. Ela não pode... Não pode passar pelo que eu passo! Eu não quero que ela sofra!

–Katniss... -sussurra agora com os braços envolta de meu corpo, me abraçando. -Está tudo bem. Ela não vai passar por isso. Não se preocupe com isso agora, estou aqui com você.

Sua voz calma e serena tem tanto poder quanto seus braços tem de me acalmar. Me aconchego em seu peito, conseguindo ouvir seu coração tão acelerado quanto o meu, e sentindo ao máximo seu cheiro inebriante, me agarrando a ele, à minha proteção. Suas mãos afagam meus cabelos, fazendo com que eu me sinta melhor a cada toque seu. Sinto seus lábios se pressionarem em minha testa mais uma vez antes de eu mergulhar no sono novamente.


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Notas finais do capítulo

AI minhas costas D'= socorro! UOU ficou grande pra &¨#¨*$*... Meu maior capítulo!
Então gente linda, é isso por hoje. Esse ship (Delly e Gale) que reapareceu nesse cap, eu nunca vi mas eu o fiz. Achei interessante, afinal, os personagens mudam tanto... Não sei o que vocês pensam dele, mas adoraria saber, então podem comentar a respeito! Hahahah. Se gostaram, poderei dar mais detalhes no próximo cap. Se querem entender melhor, também poderei dar mais detalhes. Se não gostaram... Sorry :c mas vou querer saber também.
Quero que me digam sobre tudo!
No último capítulo capítulo, fiquei feliz com o tanto de gente que comentou pela primeira vez, como a Eletryka, Percabeth4ever, JuuHEM147, Nanda Lisboa, CatarinaM, Little Writer, Leonetta Everlark Raura , Gabriella Oiveira. Muito obrigada a vocês que estão se relevando! Espero que haja mais pessoas assim.
E LEMBREM-SE: RECOMENDAÇÕES são sempre bem-vindas? Mereço? Hahahaha espero que sim... Gostaria muito :c
TENTAREI não demorar nem ter um bloqueio criativo, mas me ajudem ai né, por favor!
Beijoos :*:*