–--(Katniss)---

–Effie? Está pronta? Temos que ir. -Haymitch pergunta da sala de estar. Effie e Haymitch estavam em casa onde estávamos esperando o aerodeslizador.

–Já estamos indo! -grito de volta.

Dou uma ultima olhada no espelho enquanto Effie termina sua maquiagem. O vestido vermelho que uso me lembra muito meu vestido dos Jogos Vorazes que usei em minha primeira entrevista.

–Katniss? Você está bem? -a voz de Effie felizmente interrompe meus pensamentos. Provavelmente eu estava com uma expressão esquisita.

–Ir à Capital é... -não consigo completar minha frase mas ela parece me entender pelo jeito que se aproxima.

–As coisas estão mais diferentes do que você imagina, você não vai nem reconhecer! -ela diz um pouco animada. -Vem vamos lá!

Suas palavras conseguem me proporcionar certo reconforto de forma que respondo com um sorriso enquanto descemos as escadas.

Nós quatro entramos no aerodeslizador e em menos de uma hora estamos em frente a mansão de Paylor. Só no caminho percebo que Effie tinha razão. Tudo está diferente, quase não parecendo a causa de meus pesadelos de tempos atrás. Quando entramos percebo que o interior da mansão mudou tanto quanto o resto. Isso me deixa com uma tranquilidade reconfortante assim como a mão de Peeta entrelaçada com a minha.

Passamos por algumas salas e corredores até chegarmos a uma sala de jantar enorme. Observo cada detalhe enquanto nos aproximamos da mesa onde praticamente todos os vitoriosos estão. Vejo Johanna com um vestido preto , um pouco curto demais, conversando com Enobaria, o que me é estranho. Annie com seu filho que já está bem grandinho. Por um instante imagino Finnick ali e isso me trouxe uma breve tristeza.

Depois de cumprimentarmos todos e chegar quem faltava, a conversa cessa e permanecemos sentados quando Paylor se levanta, seguida de Plutchard, um em cada ponta da longa mesa de mogno. Ao todo estamos eu, Peeta, Haymitch, Effie, Johanna, Annie, Enobaria, Beetee, Plutchard, Paylor e alguns possíveis agentes e assessores que eu não conheço.

–Boa noite a todos. Vocês devem estar imaginando o motivo dessa convocação. Bom... Queremos dar um comunicado à vocês! -diz Plutchard passando a palavra para Paylor.

–Boa noite. Sem complicações, eu, Plutchard e nossos assessores fizemos uma reunião sobre o assunto da possível última edição dos Jogos Vorazes com crianças da Capital sugerida por Coin antes de acontecer o que aconteceu.

Começa um baixo murmúrio entre todos. Parece que ninguém se lembrava desse detalhe que agora se tornara tão importante, nem mesmo eu. No momento seguinte, todos se calam e voltam a atenção para ela esperando suas próximas palavras.

–E decidimos... -ela continua. -Que não haverá mais uma edição dos Jogos Vorazes e o mesmo está decididamente encerrado!

Vejo somente sorrisos em volta da mesa e todos comentando sobre o assunto. Parece que agora, depois de tantos anos, não precisamos manter uma preocupação com nossos atos.

Podemos viver em paz em uma sociedade justa.

–--

~~~~ 14 Meses depois ~~~~

–--(Peeta)---

Entro em casa percebendo a sala e a cozinha vazias.

–Katniss?

–Aqui em cima! -ela responde depois de alguns segundos.

O cheiro que vem do forno chama minha atenção antes que eu suba as escadas mesmo minhas ideias estando na conversa com Rosy.

–O que você está... Uau!

Vejo-a experimentando alguns vestidos em frente ao espelho. No momento com um branco de renda que vai até seus joelhos, com um decote em V.

–Gostou? Effie me trouxe da Capital hoje de manhã...

–Adorei, muito linda. -envolvo seus braços por trás beijando seu pescoço e sou correspondido quando ela se vira.

–O que você ia perguntar? -sua boca de afasta esperando uma resposta mas em vez disso eu a beijo.

–Eu não sei mais. -seu beijo me leva a derruba-la na cama.

–É sério, não temos muito tempo! -ela diz em meio a pequenos risos quando roço os lábios em seu pescoço.

–Como assim não temos muito tempo? -pergunto.

–Chamei Haymitch e Effie para jantarem em casa hoje a noite, as oito. Olho para o relógio: "19:35". -Eu sei que devia ter te avisado antes mas não consegui falar com você na padaria. -diz parecendo perceber minha expressão de preocupação.

Me lembro que tive que ficar até essa hora por causa da troca dos telefones., o que também impossibilitou nossa comunicação.

–Não se preocupe, estou cuidando da comida e se eu tiver sorte, meu Pernil com vinho tinto ficará comestível.

–Tenho certeza que sim, nem precisa de sorte.

Ela se aproxima com uma revirada de olhos e me da um selinho.

–Melhor você se aprontar para dar tempo.. -diz desabotoando os dois botões de minha camisa logo seguindo para a porta do quarto.

–Katniss, antes preciso te falar uma coisa. Volta aqui. -bato a mão no colchão. Ela se senta com um expressão confusa, parecendo um pouco com medo.

–Nos convidaram para almoçar amanhã.. A Rosy.

–E o que você disse?

–Disse que ia ver com você.

Ela espera um pouco para dizer as próximas palavras como se estivesse tomando uma decisão e seu olhar se fixa na parede.

–Essa menina não desiste nunca?

–Katniss, ela quer ser sua amiga!

–Não começa Peeta! -me interrompe com um meio grito. Encaro-a um tempo depois de um suspiro.

–Cansei de tentar. Não fica brava então, não precisamos ir.

Ela pondera uns segundos antes de falar.

–Não, nós vamos.

–Não quero que se sinta obrigada a ir.

–Não estou sendo obrigada. Só decidi que vamos.

Espero alguns segundos alguma outra reação com a mão em cima da sua.

–A hora, Peeta!

Assinto uma vez levantando para tomar um banho. Enquanto a água gelada escorria pelo meu corpo, fico pensando muito em Katniss. Eu queria poder acabar com seu ciúmes. Não queria que se sentisse mal em relação a Rosy, queria que a aceitasse como amiga.

–--(Katniss)---

Enquanto Peeta toma banho, desço na cozinha para arrumar a mesa dispondo quatro pratos e conjuntos de talheres. Dou uma olhada no forno para desliga-lo enquanto Thor persegue meus pés.

–Você vai ficar comportado, não vai? Você sempre foi comportado... -digo me abaixando e acariciando atrás de sua orelha. Seu rabo bate no chão enquanto ele lambe minha mão. Olhando para ele percebo que cresceu nesses últimos tempos, seu pelo curto cor de mel sempre um pouco caído em seus olhos.

Volto para o quarto e vejo que Peeta já esta quase pronto, colocando sua camisa. Fico um instante observando quanto Peeta mudou desde que o conheci e o quando está bonito. Quando percebo já estou com um leve sorriso bobo. Me aproximo, dobrando a gola de sua camisa e deixando um beijo no canto de sua boca quando ouço batidas na porta. Vejo que ele me encara com um sorriso comprimido.

–Vamos lá.

Ele pega minha mão encaixando-a na sua enquanto descemos as escadas. Quando Effie e Haymitch entram, não falta conversa. Tentamos sempre manter o assunto em coisas boas que não tivessem relação nenhuma com nossas perdas ou o passado. Haymitch e Effie cada dia mais parecendo um casal normal.

Assim que eles se vão, encaro a pia com a louça para lavar.

–Nem pense nisso, deixa que eu lavo -ouço a voz de Peeta atrás de mim. -Você deve estar cansado, eu to bem hoje, eu lavo.

Depois de algumas trocas de palavras chegamos a conclusão de que eu lavava e Peeta secava e guardava. Quando acabamos percebo que estou menos cansada do que imaginei ficar.

–Vou subir, você vem? -pergunto.

–Já vou, preciso colocar ração para Thor.

Assinto uma vez antes de subir as escadas e entrar no quarto já indo para o banheiro tirar leve maquiagem que eu passara. Estou revirando algumas gavetas quando sinto os braços de Peeta rodearem minha cintura enquanto tiro meu sapato para joga-lo no guarda-roupa.

–Você não está brava, está?

Por mais que eu esteja um pouco irritada com tudo isso eu tenho que dar um pouco de razão a ele, mas não toda. Que eu ainda tenho ciúmes deles dois depois desse tempo conhecendo Rosy é verdade mas eu amo Peeta. Amo o amo muito para perde-lo. Eu simplesmente não suportaria isso, muito menos se perdesse para outra pessoa. Eu sinto que a cada dia que passa fica mais difícil de me controlar mas eu sempre tento.

Balanço a cabeça em negativa enquanto viro-me para ele.

–Deixa pra lá. -digo em meio sorriso.

Ele responde com um sorriso e beija meus lábios demoradamente. Nossas línguas se tocam em uma fervura indescritível. Enquanto o beijo se aprofunda, deslizo minhas mãos até a barra de sua camisa e quando ele levanta os braços eu a puxo para cima logo jogando no chão. Volto meus olhos para os seus apoiando as mãos em seu pescoço.

–Eu te amo, Anjo -ele sussurra com os lábios a um centímetro dos meus.

Quebro esse mínimo espaço com um beijo mais intenso. Eu não precisava usar palavras para demonstrar que eu sentia o mesmo. Com minhas mãos em sua calça, desafivelo seu sinto e a empurro para o chão, meu corpo já extasiado pelo seu. Ele desce as mãos por minha cintura até as coxas, afundando os dedos em minha pele e seu toque me faz soltar um gemido contra sua boca.

Um meio sorriso surge em meus lábios quando ele me levanta até a cama e posiciono-me em cima dele com um joelho de cada lado de seu quadril no colchão como apoio. Solto o laço que prendia minha trança e com se ela desfazendo, abaixo o suficiente para as mãos de Peeta abrirem o zíper de meu vestido. Enquanto a peça desliza pelo meu corpo, Peeta inverte nossas posições me colocando embaixo dele e seus lábios roçam em meu peito como beijos. Logo eles se estabilizam na região de meus seios nus que estavam cobertos apenas pelo vestido e oscilam entre mordidas e chupões no caminho de volta a meu pescoço.

Em poucos movimentos já nos livramos de nossas últimas peças de roupas e logo sinto as mãos de Peeta, uma em meu rosto e outra em meu quadril. Assim que apoio minhas mãos em seu ombro, ele me penetra e um gemido prolongado sai de minha boca. Quanto mais eu o sentia mais eu pedia que o ritmo aumentasse e Peeta me proporcionava isso. Ele gemia contra meu pescoço a cada movimento, o que deixava meu corpo mais extasiado. Sem perceber já estou arranhando suas costas e colando minha boca com a sua quando ambos chegamos ao extremo.

Leves beijos são deixados em meus lábios antes dele me passar para o outro lado da cama, puxando o cobertor sobre nós.

–Uma reconciliação incrível, não é? -comenta fazendo-me sentir minha pele esquentar. -Boa noite, Anjo. Eu te amo, nunca se esqueça disso.

–Boa noite -passo a sussurrar em seu ouvido -Eu te amo.

Me ajeito em seus braços e fecho meus olhos, logo adormeço.

–--(Peeta)---

Quando acordo percebo que Katniss dorme tranquilamente em meus braços, quase do jeito que pegamos no sono ontem. Com cuidado solto meus braços e a cubro com mais um lençol antes de seguir caminho para o banheiro.

Depois de um banho quente e de me vestir, entro no escritório a princípio para fazer uma ligação porém hesito antes de discar os números. Vejo o relógio marcar 7:15 enquanto ouço o telefone chamar até ele se manter em silêncio por um segundo.

–Alô? -a voz de Rosy ecoa no telefone.

–Bom dia Rosy. Sou eu, o Peeta.

–Bom dia Peeta... Tá tudo bem? Sua voz está estranha...

–Sim, está sim. Desculpa te ligar meio cedo mas preciso conversar com você. Pode me encontrar na padaria daqui uns vinte minutos? Se não for um problema..

–Claro, sem problemas, quero te ajudar.

–Então te vejo lá. Obrigada Rosy.

–Magina Peeta.

Coloco o telefone no gancho e desço até a cozinha para deixar preparado um café da manhã para Katniss. Deixo as torradas com geleia e um suco de morango em cima do balcão e volto para o quarto uma ultima vez. Katniss dorme do mesmo jeito que a deixei e antes de fechar a porta, beijo seus lábios de leve sem intenção de acorda-la.

Com as chaves na mão, saio de casa já um pouco atrasado caminhando até a padaria. Quando chego, Rosy está conversando com Tony no balcão.

–Desculpa eu atrasar Rosy, meus pensamentos estão... -percebo um sorrisinho se formando em seus lábios.

–Tá tudo bem, eu acabei de chegar. Parece que você está mesmo precisando conversar.. Comprimo os lábios em um meio sorriso. -Pois é, venha comigo. Pego as chaves em meu bolso e procuro a certa entre elas enquanto Rosy me acompanha.

Quando entramos na dispensa, Rosy se senta em uma cadeira ao meu lado, ambas encostadas na parede, com a fraca luz da manhã que vinha da fresta da janela refletindo as ondulações em seus cabelos ruivos e os olhos mantinham um contraste com suas leves sardas. Desvio meus pensamentos e inicio a conversa.

–Katniss não reagiu muito bem ao seu convite... Ela ainda acha que você tem más intenções só que eu já cansei de explicar a ela que somos amigos e sempre seremos amigos, e que eu a amo.

–Você acha que eu devia ficar longe de você? -ela diz parecendo um pouco desapontada.

–Pelo menos por um tempo. Não vai ficar chateada, vai?

Ela balança fracamente a cabeça em negativa.

–Eu entendo. Ela ama você Peeta, ela só está com medo. É um ciúmes um tanto... Normal.

–Um pouco exagerado.

Ambos conseguimos uma risadinha e desvio meu olhar para ela.

–Obrigado Rosy, por compreender, por me ajudar, por tudo. Seu sorriso faz um contraste com o sol.

–Não tem de que. Qualquer coisa me procura, mas não parece ser uma boa ideia..

Do nada ouço um barulho na maçaneta da porta e quando me viro, Katniss aparece revezando seu olhar fulminante entre Rosy e eu depois parece desapontada. De primeira eu fico sem reação nenhuma minha mente procria seus possíveis pensamentos mas retomo a atenção quando ela sai do meu campo de visão. Olho para Rosy com um pedido de desculpas e corro atrás de Katniss.

–--(Katniss)---

Eu não sei o por que, mas sinto mais ódio de mim por ter levantado da cama do que dele. Eu sei que estou sendo idiota, mas o que eu posso fazer? Encontrei os dois fechados em uma dispensa, sorrindo sabe-se la por que e o que fizeram. O que Peeta espera de mim? Que eu seja totalmente resistente a tudo isso? Desde que Rosy apareceu na padaria pela primeira vez até hoje, eu sempre tentei me comportar normalmente até minha paciência acabar.

Quando ouço Peeta se aproximando atrás de mim apresso o passo até estar correndo. A última coisa que eu gostaria agora era vê-lo ou que ele me visse. Na frente da porta de casa ele me alcança me segurando pela mão. -Me larga -grito puxando meu braço.

–Katniss! -quando entramos em casa ele consegue me segurar por inteiro.

–Sai daqui Peeta!

–Me escuta Katniss!

–Eu não quero saber mais nada, o que eu vi já é o suficiente! -subo para o quarto e ele sobre atrás de mim.

–O que você acha que sabe...

–O que eu sei e que você me deixou sozinha em casa para ir se encontrar com a Rosy! Isso você não pode negar porque eu vi! -grito com toda a voz que me resta.

Meu coração estava quase saindo pela boca, minha respiração estava cumula. Meus olhos ameaçaram a derrubar lágrimas mas forcei a não derruba-las.

–Eu não queria acordar você! Eu fui falar... -o interrompo.

–Não quero saber!

–Ah tudo bem, depois não venha dizer coisas que só existem em sua cabeça. Esse ciúmes está passando dos limites. -sua voz se eleva também -Eu já cansei, Você não confia em mim!

–Me deixa em paz.

Vários segundos se passam até que ele se volta para mim.

–Devemos dar um tempo. –ele diz.