POV Escórpio

Eu estava apaixonado pela minha ruivinha.

Lilian...

Era só isso que eu conseguia pensar.

Nossa relação ainda era jovem, mas o nosso sentimento parecia vir de décadas.

Encontrei-a novamente três dias depois da festa, no Beco Diagonal. Fui com a minha mãe comprar algumas roupas, mas sinceramente, eu não estava com a mínima vontade de ficar fazendo compras junto com ela.

Enquanto ela provava algumas roupas, vi Lilian andando na rua e sem perceber, sai da loja e fui atrás dela. Estava caminhando sozinha, mas provavelmente estava com a mãe ou um dos irmãos mais velhos.

Ela não havia me visto, então, quando cheguei até ela, cruzei sua frente e a beijei. Tenho certeza que ela se assustou e mais ainda, quis me afastar, mas quando percebeu quem era, retribuiu o beijo. Ela já era parte de mim, poderia reconhecê-la a quilômetros e acho que o mesmo se aplicava a ela.

A garota que eu havia sonhado tanto tempo em ter estava agora em meus braços. Ela era a coisa mais importante para mim.

Quando nos afastamos, olhei em seus lindos olhos castanhos e passei a mão em seu rosto delicado. Ela sorriu de um jeito que fazia meu coração derreter.

–Você me assustou – falou ainda sorrindo.

–Desculpe, não pude me conter. Queria fazer uma surpresa. – respondi encostando minha testa na dela.

–Sabe de uma coisa? – disse – eu amei essa surpresa.

Encostamos nossos lábios. Lilian era delicada como uma pétala de flor. Toda vez que nos encostávamos, uma corrente elétrica parecia passar por nós.

–Foi muito bom vê-lo, mas minha mãe está me esperando. – falou. Dando-me um beijo de despedida. E foi embora me deixando parado olhando-a desaparecer no meio de tantos bruxos.

POV Alvo

Fui passar o dia n’A Toca. Meus pais precisaram voltar ao trabalho, então fui passar o dia com meus avós. Era ainda metade da manhã e já fazia uma semana que eu não tinha nem sinal de Rosa. Eu sentia um vazio sem tamanho. Porém hoje com certeza eu a veria. Minha avó gostava de reunir todos os netos durante as férias, enquanto os pais trabalhavam. Rony e Hermione não teriam outra opção senão deixar os filhos aqui.

Eu estava caminhando pelo jardim, simplesmente por não ter o que fazer do que por vontade. Vi meu primos vindo até mim. Cumprimentei-os, porém notei que todos tinham uma expressão pesarosa no rosto, como se algo tivesse acontecido. Hugo parecia desolado. Estava abatido. Será que havia acontecido algo com meus tios ou então com... Rosa.

–Hugo, o que aconteceu? – perguntei começando a me desesperar. Meu coração estava disparado em meu peito.

–A Rosa... ela... – começou a falar. Meu coração parou, ou foi essa a impressão que tive. Hugo não conseguiu terminar. Virou-se e voltou para casa.

–Fred, Tiago, Daniel vocês sabem de alguma coisa? – perguntei sem saber o que fazer.

–Pelo que meu pai e tio Jorge nos contaram, ela desapareceu. – falou Fred. Parecia que um buraco havia se aberto sob meus pés.

–Como não me contaram antes? – pedi.

–Acabamos de saber pela tia Mione e pelo tio Rony. – respondeu Daniel. Seus olhos, como os da irmã Vanessa, eram parecidos com o da mãe e estavam angustiados.

–Eles estão aqui?

–Acabaram de ir embora. Nosso pai e Rony vão começar uma investigação. Acham que podem ter sido Comensais perdidos, mas duvidam que seja realmente isso. – disse Tiago.

–Quando isso aconteceu? – interroguei.

–Ontem à tarde, quando Hugo e Rosa estavam voltando pra casa depois de terem ido a um lugar trouxa que eu não lembro o nome. – falou Fred.

–Porque Hugo está daquele jeito. Ok, eu sei que é irmã dele, mas parecia que ele se culpava por algo. – falei enquanto caminhávamos de volta A Toca. Ficar sem fazer nada estava me deixando inquieto. Eu queria poder ajudá-la, seja lá onde ela estiver.

–Mas é o que ele sente. Ele se sente culpado – falou Lilian aparecendo de repente. – Mas ele não é. Pelo menos, ninguém o culpa. Ele me contou que estava caminhando com Rosa em uma rua deserta quando duas pessoas encapuzadas apareceram na frente deles. Um deles, ele tem certeza que era uma garota.

–Peraí. Uma garota? – falei.

–Sim, e parecia que Rosa conhecia os dois. Parecia que sabia que eles iriam atrás dela. Pelo que Hugo entendeu, Rosa falou para o garoto “Acabou” antes de eles começarem a duelar. Hugo estava duelando com a garota, mas foi atingido por um feitiço da imobilidade e viu quando eles amarraram Rosa e a levaram aparatando com ela.

Parecia que algo queria ser entendido, mas eu sentia que faltava algo.

–Lilian, Hugo contou pra você como eles eram ou se ele escutou o nome de um deles? – perguntei. Uma ideia começava a se formar em minha mente.

–Não pedi. Por quê?

–Onde ele está?

–No quarto de hóspedes. Alvo, será que você pode nos contar o que está acontecendo? – escutei Lilian gritar, mas eu já havia entrado na casa. Bati no quarto em que Hugo estava. Abri a porta e Hugo estava sentado na cama. Parecia não entender o que tinha ocorrido.

–Eu soube o que aconteceu. Ninguém culpa você. Mas quero saber uma coisa. – falei com calma.

–O que? Quer saber se pode me ensinar a duelar? Eu sinto muito ok? Não precisa dizer que eu não sei nem lançar feitiços. – Hugo alterou-se. Eu sabia que tinha que manter a calma. Hugo estava estressado, mas ele sempre fora um garoto muito gentil e calmo.

–Eu não vim aqui pra dizer isso.

–Então o que veio fazer aqui?

–Saber se você viu como eles eram ou se escutou o nome de um deles.

–Porque quer saber? – Hugo surpreendeu-se com a pergunta. E quando falou, sua voz estava no tom normal – Já contei para meus pais e seus pais, mas eles não reconheceram nenhum dos dois. Porque você saberia quem eles são?

–Porque desconfio de duas pessoas.

–Bem, depois que os capuzes caíram, vi que a garota era loira, cabelos lisos e longos, a voz era um pouco irritante, mas ela era linda. Pareceu-me familiar. Na verdade, os dois são, agora que estou pensando com mais calma. Ele tinha cabelo escuro e pele bronzeada. Espera... Eu sei quem eles são...

–Sim, eu também.

–Já a vi junto com você e ele junto com a Rosa. Eles são...

–Alex e Luana.