O Sangue do Olimpo escrita por Belona


Capítulo 42
Capítulo 42




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– Tô nervoso... – Jason se remexeu desconfortavelmente. – Como é que é esse negócio, hein?

– Ah, eles só votam em como te matar. – Percy estava encostado na parede do elevador, olhando os números passarem pelo visor.

Jason fez uma careta.

– Muito engraçado.

– Talvez hoje eles não façam isso. – Percy ponderou. – Eles estão de bom humor. Ganhamos a guerra. Êêêê...

– Lembra da última vez em que estivemos aqui? – Annabeth parecia atônita. – Estávamos indo pegar Cronos.

– A gente conseguiu. – Percy recordou. – Mas voltamos mais depois disso. Eu vim ver como estava a obra.

– Ah, é. – Ela lembrou-se.

– Obra? – Hazel perguntou.

– Annabeth é a Arquiteta Oficial do Olimpo. Tudo, depois das portas do elevador, foi ela quem projetou. – Percy respondeu.

– Verdade? – Hazel virou-se para ela.

Annabeth sorriu bem na hora em que as portas se abriram. Ela e Percy saltaram pelas pedras flutuantes e começaram a caminhar. O queixo dos outros cinco despencaram enquanto observavam.

O Olimpo estava imponente. Annabeth havia projetado tudo em mármore branco e feito milhares de jardins suspensos. Tudo estava feito nos mínimos detalhes... De algum modo, as construções começavam num branco fosco, até terminar em um branco perolado, que era o maior palácio do monte, o palácio dos deuses. Ele era rodeado por canteiros de flores púrpura que nunca murchavam, e tinha uma luz própria, como se houvesse uma estrela lá dentro.

– Por que eu vejo sua cara em tudo isso aqui? – Piper cutucou Annabeth.

Annabeth deu de ombros e entrelaçou os dedos com Percy.

– Eu fiz o que meu coração mandou. – Ela sorriu.

– Ele deve ser bem colorido, então. – Jason comentou.

– Será que vai ter comida? – Percy perguntou. – Eu tô com fome.

– E quando é que você não está? – Piper revirou os olhos, rindo.

Percy fez cócegas nela e a colocou em suas costas.

– Também quero! – Leo gritou e se jogou por cima de Piper, quase derrubando os três.

– Ai. – Percy estava branco. – Eu não vou aguentar.

– Ah, fala sério. – Frank estava do seu lado.

Percy o mirou acusadoramente, mas então Piper e Leo subiram nas costas de Frank, Annabeth subiu nas costas de Jason e Hazel, nas de Percy.

E, juntos, eles andaram pelas ruas vazias até o palácio. Quando estavam subindo os degraus, eles desceram um das costas dos outros e se alinharam, os sete vestidos com jeans e tênis. Verdadeiros heróis.

Eles adentraram na sala do trono, e todos estavam em silêncio, como se soubessem que eles entrariam naquele exato momento. Deuses grandes, deuses menores, deuses de tudo quanto é tipo e seus filhos estavam ali. A sala estava lotada, e todos os olhares estavam postos neles.

– Senhoras e senhores, os sete semideuses da profecia. – Zeus anunciou, e nada mais aconteceu.

– O que faremos com eles? – Hera perguntou para Zeus, como se estivessem sozinhos, discutindo o que fariam para o almoço no dia seguinte.

Percy e Annabeth suspiraram, como se já tivessem passado por isso.

– Vamos recompensá-los, lógico. – Zeus respondeu.

– Não há presente que os pague pelo que fizeram. – Ártemis disse de seu trono prateado.

– E não há presente que os pague pelo que não fizemos. – Falou Deméter com amargura. – Ou alguém aqui nega isso?

– Vocês vão me jogar na cara pelo próximo milênio esse maldito fato. – Zeus recostou-se em seu trono.

– Pai... – Apolo franziu as sobrancelhas. – Não vamos começar de novo.

– É. – Hefesto torceu-se em seu trono mecanizado. – Já discutimos isso. Eles nos perdoam por termos feito isso, não perdoam?

Os outros deuses os fitaram em silêncio, esperando uma resposta. Os semideuses assentiram lentamente, como se não acreditassem que seres imortais estavam pedindo desculpas.

– Enfim. – Hermes estava checando as mensagens de seu celular. – Já recompensamos todos aqui. E eu estou com fome, gente. É melhor começarmos.

– Muito bem. – Zeus disse e se aprumou. – Frank Zhang, Filho de Marte e Pretor de Nova Roma.

Frank deu alguns passos hesitantes, até estar perto do trono de seu pai.

– Você deseja alguma coisa, filho? – Marte indagou. – Uma faca, um machado, uma espada?

– Só... Sabedoria. – Frank encolheu os ombros, como se estivesse prestes a receber uma bronca. Mas Marte apenas suspirou e assentiu.

– Eu entendo você. – Ele consentiu. – A Sabedoria da Guerra estará com você quando mais precisar. Agora, uma coisa que eu quero que você tenha... – Marte agitou a mão, e nela surgiu um cetro. – O Cetro de Diocleciano. – Ele o jogou para Frank, que o apanhou no ar. – Todo exército se curvará perante sua vontade, e todas as feras estarão no seu coração. Agora e por todos os momentos de sua batalha, Frank Zhang.

Todos na sala bateram palmas, e Frank sorriu e voltou para seu lugar. Ele parecia mais confiante segurando o cetro.

– Hazel Levesque. – Zeus chamou. – Filha de Plutão.

Hazel caminhou até os pés de seu pai. Imediatamente Perséfone e Hécate surgiram.

– Eu quero dar a ela um pequeno poder sobre as flores. – Perséfone sorriu.

– Hã, obrigada. – Hazel agradeceu.

– Que a Magia sempre esteja com você, Hazel – Hécate disse soturnamente. – E que você a use sabiamente, como você já faz.

– Hazel, dê-me sua espata. – Plutão pediu e estendeu a mão.

Hazel ficou ligeiramente corada.

– Eu não a trouxe, pai.

– Não tem problema. – Hades sorriu tranquilamente e agitou a mão. Nela apareceu a espata de Hazel... Mas não era a dela. Estava mudada. Quando a tocou, Hazel percebeu o que havia de diferente. Sua lâmina estava negra como piche, e espiralava uma aura, como um ímã gelado. A empunhadura era dourada, e na lâmina estavam o desenho de várias lindas flores negras, com traços vermelhos. Hazel girou a espada na mão, e um borrão se fez, como se ela tivesse girado muito rápido e a cor da espada ainda estivesse no ar.

– Uau. – Ela deixou-se exclamar. – Obrigada, pai...

– E, Hazel. – Plutão chamou. – Você está livre de sua maldição.

– Sério? – Hazel soltou. – Hã, desculpe. Quer dizer, muito obrigada, pai.

E ela sorriu largamente. Voltou para junto de seus amigos, admirando a espada.

– Jason Grace. – Júpiter chamou. – Meu filho.

Jason caminhou a passos confiantes até o trono de Zeus.

– Ele já tem a memória completa, Hera? – Zeus indagou para sua mulher.

Hera inclinou-se para frente, e Jason piscou.

– Ai. – Ele tocou a têmpora.

– Desculpe, querido. – Ela sorriu. – Foi necessário.

– Entendo. – Jason comentou.

– Você cresceu, Jason. – Zeus observou. – Subiu da Quinta Coorte, a mais baixa do Acampamento Júpiter. Tornou-se centurião e pretor... E renunciou a isso. Você quer de volta?

– Não. – Jason negou. – Frank e Reyna são os pretores.

Zeus sorriu.

– Você tem um coração justo. Digno de um romano. Pois bem, filho... O que daremos a você?

Jason ergueu as sobrancelhas, como se também não soubesse.

– Talvez eu devesse ser um pai mais presente. – Júpiter ponderou. – Você gostaria disso?

– Depende do que isso significa. – Jason disse.

– Eu também não sei o que isso significa. – Zeus sacou um pequeno raio do nada. – Tome.

Ele atirou para Jason, e Jason pegou.

– O que é isto?

– O que você acha que é? – Zeus interpelou.

– Hã, um raio.

– Exato. Thalia tem Aegis, você tem o raio. – Zeus deu de ombros. – Não significa muita coisa. Mas só use quando estiver em apuros extremos, está bem?

Jason deu um sorriso.

– E eu pensando que meus dias de apuros extremos estivessem contados.

– Nunca estarão. – Zeus chacoalhou a cabeça. – Você é meu filho. O que é que há de normal nisso?

Eles riram. Jason fez uma reverência.

– Obrigado, pai.

– Piper McLean. – Zeus convocou. – Filha de Afrodite.

Piper andou até o trono de sua mãe.

– Filha – Afrodite sorriu. – Minha preferida.

– Ih, isso vai dar briga. – Ares balbuciou enquanto observava.

– Agora não, querido. – Afrodite disse, e Hefesto lhe deu um olhar engraçado. – Quer dizer, agora não, Ares. Pipes, meu anjo... Não sei o que posso lhe oferecer. Eu acho que você se sai muito bem sozinha sem minha interferência... Mas, talvez, quem sabe, você queira que eu tire a cicatriz de seu rosto?

Piper hesitou. A resposta seria muito óbvia. Não era uma cicatriz feia, era uma linha branca que cortava seu rosto. Ela continuava bela, mas tinha uma cicatriz cortando seu rosto.

– Não. – Piper decidiu-se. – Obrigada, mamãe, mas não.

Afrodite sorriu.

– Imaginei que diria isso. E, Piper... – Afrodite tinha uma expressão séria. – Nunca deixe que as pessoas te subjuguem por ser uma filha de Afrodite. Seu poder foi tão importante nessa guerra quanto qualquer outro.

Todos os presentes na sala assentiram, concordando.

Afrodite suspirou.

– Eu abençoo-a, Piper. – Ela sorriu.

Imediatamente Piper ficou mais bonita. De algum jeito, ela nada mudara, porém algo fazia com que olhassem para ela com o mesmo magnetismo que olhavam para sua mãe.

Afrodite sacou uma espada e entregou-a para Piper.

– Você já tem Katoptris. – Ela explicou. – E acho que um arco e flecha seria um insulto muito grande ao Cupido. Então... Achei melhor uma espada. Para que os seus inimigos se curvem perante você.

Piper sorriu e girou a espada na mão, como Hazel havia feito. Era toda prateada e delicada, se é que uma lâmina podia ser delicada. Era fina, mas de longe podia-se ver que era afiadíssima.

– Obrigada, mamãe.

– Leo Valdez. – Zeus sorriu. – Filho de Hefesto, badboy do Olimpo.

Leo riu, sem vergonha nenhuma.

– Uma história e tanta, hein, filho? – Hefesto se remexeu, e sua perna estalou. – Ai. Velhas articulações, não é, mamãe?

– Eu não sei de nada. – Hera fez cara de paisagem.

– Enfim. – Hefesto agitou a mão. – Não vou lhe dar uma espada, Leo. Nem um arco, nem uma lança. Você tem suas mãos e seus instintos de mecânico. E isso é o suficiente para sobreviver a uma batalha. E, além do mais, você controla o fogo. – Hefesto sorriu de lado. – No entanto, acho que sei o que você quer.

Leo tamborilava as mãos nervosamente na calça.

– Querida. – Hefesto chamou na direção da aglomeração dos semideuses.

Os semideuses abriram caminho para ela passar. A garota usava um vestido grego e tinha o cabelo trançado. Sua aura imortal havia se apagado, mas ela ainda tinha um ar altivo e um brilho só dela.

Calipso correu para Leo e o abraçou.

Todo mundo bateu palmas e assoviou.

– E aí, satisfeito? – Hefesto provocou.

Leo meneou a cabeça, sorridente.

– Mais do que nunca.

– Percy Jackson, filho de Poseidon, e Annabeth Chase, filha de Atena. – Zeus chamou.

Juntos, Percy e Annabeth pararam perante Zeus.

– Vocês nos prestaram um grande serviço. – Zeus disse. – Mais do que jamais poderemos agradecer. Uma dívida que nunca irá ser paga. Porém... Eu tenho uma proposta para lhes fazer.

Eles estavam em silêncio, escutando.

– Posso levá-los ao Lete e apagar sua memória. Não tudo, mas... – Poseidon inclinou-se para frente. – A parte do... Tártaro.

– Nico Di Angelo está incluso na proposta. – Zeus completou.

– Eu aceito. – Nico deu passos à frente e se ajoelhou aos pés de seu pai, Hades. – Eu aceito.

Zeus ergueu as sobrancelhas para Percy e Annabeth, esperando uma resposta.

Percy fitava o chão, e Annabeth o fitava, lendo sua expressão.

– Não. – Annabeth disse.

– Não. – Percy também disse. – Alguns bons amigos estão lá... No Tártaro. E não podem voltar. Não quero esquecê-los.

– Idem. – Annabeth concerniu.

Zeus se remexeu.

– Se vocês têm tanta certeza... – Ele deu de ombros. – Bem, tenho que me inclinar ao seu pedido.

Júpiter estalou os dedos, e houve um estampido, que ecoou pelo salão. Nico se levantou, e em seu rosto tinha o sorriso mais largo que eles já viram.

– Eu não lembro... Eu sei que fui lá... Mas não lembro. – Ele sorriu ainda mais.

– Annabeth Chase. – Atena chamou. – Minha filha.

Annabeth caminhou até Atena e se curvou.

– Minha filha merece grandes honras. Ela combateu a Minerva que havia em mim e seguiu a Marca de Atena. – Atena sorriu. – E foi minha única filha digna de completar a missão.

Annabeth sorriu de lado, como fazia quando estava orgulhosa de si mesma, mas não queria admitir.

– Creio que você já é letal o suficiente sem armas. – Atena observou. – Porém... Acho que você gostaria de ser arquiteta dos deuses mais uma vez.

O sorriso de Annabeth se alargou de vez.

– Os gregos e os romanos finalmente entraram em paz. – Atena suspirou. – E ambos os acampamentos foram destruídos. Acho que você poderia construir tudo de novo. Grécia e Roma, separadas pela floresta ou pelo que você quiser. Mas que sejam uma só.

– Pode deixar. – Falou Annabeth.

– Perseu. – Poseidon chamou.

– Ah, lá vem o garoto dos presentes complicados. – Zeus ironizou. – O que você deseja, sobrinho?

– Apenas que continuem cumprindo a promessa. – Percy respondeu. - Não importa o que aconteça, não esqueçam de seus filhos.

– Não esqueceremos. – Zeus sorriu com sinceridade. – Prometo.

Um trovão ribombou pelo céu.

– Obrigado. – Percy voltou.

– Que comece a festa, então. – Zeus bateu palmas, e as Nove Musas começaram a tocar. Cada um escutava a música que queria, e todo o Monte Olimpo se iluminou. As vielas se encheram de gente e risos, e felicidade. E comida, muita comida.


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Notas finais do capítulo

Não acabou, minha gente! Podem deixar que eu aviso quando terminar. Mas tá no fim... :')