O Sangue do Olimpo escrita por Belona


Capítulo 39
Hazel




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/463601/chapter/39

Hazel entendeu o que Annabeth quis dizer. Ela correu até o navio, atracado na areia da praia, correu pela rampa baixada e quase se suicidou enquanto tentava desesperadamente procurar aquele maldito frasco.

Sabe quando você tem que fazer algo muito, muito, mas muito rápido, tem pouco tempo e as pessoas precisam de você? E aí você sai correndo feito um pato, enquanto seu coração quase explode?

A sensação que Hazel tinha era mais ou menos essa.

– Está no refeitório. – Ela disse em voz alta e saiu correndo para o refeitório. Mexeu na pia, nos armários, e estava quase se ajoelhando para procurar embaixo da mesa. – Não! Está na sua cabine, burra!

E ela saiu correndo para sua cabine. Quase arrombou a porta, mas conseguiu se controlar e procurar na gaveta de sua mobília. Lá estava. Um frasquinho contendo um líquido verde. Ela fixou o olhar naquilo e aguçou os ouvidos, escutando a batalha lá fora. Quando o retinir de espadas ficou perigosamente intenso, uma gota caiu para dentro do frasco, aumentando a quantidade.

Hazel respirou fundo e colocou o frasquinho dentro do sutiã (vergonhoso, mas era o único lugar seguro) e saiu correndo novamente. Ela saiu pela rampa e correu o máximo que podia, o máximo que suas pernas aguentavam sem tropeçar uma na outra, levantando uma nuvem de areia atrás de si.

Enquanto passava pelo gramado, ela viu Nico, Reyna e Annabeth no topo da Colina, lutando feito demônios. Ver o seu irmão em pé foi o que motivou Hazel. Ela não sabia como, mas ele estava vivo.

Ela entrou na grande casa azul que ficava imponente na base do acampamento. Havia semideuses ali, travando suas próprias batalhas. Ela desviou-se de todos e adentrou na casa.

Hazel perscrutou o primeiro andar. Nada achou a não ser uma sala confortável, uma televisão e um rádio e uma mesa com um baralho por cima. Ela viu as escadas e subiu.

No segundo andar, ela a viu. Gaia estava lá, deitada no chão, no meio do nada. Havia um tubo saindo de seu braço esquerdo e um tubo saindo de seu braço direito. Hazel suspeitou de que era por ali que Reyna e Nico deram seu sangue para ela.

Hazel obrigou-se a se acalmar. Se algo desse errado, o mundo seria destruído.

No quarto havia uma grande janela que dava para os campos de morangos. Ela viu a guerra. Viu Annabeth lutando contra uma imensa aranha, viu Jason, Zeus e uma garota lutarem temivelmente. E viu Percy e Poseidon lutando contra uma falange que saía do mar.

Ela abriu a tampa do frasco cuidadosamente, procurou uma agulha e a conectou. Imediatamente o líquido começou a escorrer pelo tubo, na direção do braço da deusa.

Levaria pelo menos alguns minutos. Hazel sentou-se sobre os calcanhares e esperou.

Enquanto esperava, fitou Gaia. Viu como ela era bonita. Sua pele não era branca nem negra, era da cor de terra. Seu vestido ia até o chão, e era verde como folha, manchado como se ela passasse o dia todo plantando cenouras e cortado como se ela ficasse brincando de correr ao redor de uma hélice. Seus cabelos eram castanhos, crespos, que iam até a cintura. E seu rosto estava calmo, como se ela estivesse mentalmente planejando o jeito como iria matar os semideuses.

Como alguém que parece tão passivo poderia ser tão cruel?

Hazel bateu um dedo no fundo do frasco, para que todas as gotas fossem parar nas veias do corpo mortal da deusa.

Ela ponderou. Sabia que tudo o que Gaia falara em seus sonhos e em suas missões era verdade. Hazel não gostaria de ficar adormecida por tanto tempo. Mas era injusto que ela e seus amigos pagassem por isso...

Não. Gaia era má. A deusa mal tinha hesitado quando teve chance. Se acordasse, Hazel tinha certeza de que Gaia a esganaria até a morte.

Lá fora as coisas não iam muito bem. E o conteúdo do frasco tinha acabado.

– Preciso fazer com que parem de lutar... – Hazel sussurrou para si mesma. – Vamos, Levesque... O que os faria parar de lutar?

Hazel olhou pela janela. Ao longe, Annabeth estava caída, e Aracne estava praticamente encima dela. E ninguém a ajudava.

– Pense como Annabeth. – Ela disse a si mesma. – E use o que você tem... O que você tem? Você tem a si mesma, um frasco e Gaia...

Hazel deu uma risadinha de escárnio, mas o sorriso seco morreu de seu rosto.

– Eu tenho Gaia, a mim mesma e a minha magia. – Ela disse. – Oh, deuses.

Hazel não sabia se ia dar certo, mas tinha que tentar. Fechou os olhos e invocou sua magia. Lembrou-se de como em Ítaca ela fizera aquele encantamento de troca de corpos e fantasias para enganar.

Ela concentrou-se, e quando voltou a abrir os olhos, ela fitava a si mesma. Havia uma menina no chão, com um tubo saindo do braço direito e um tubo saindo do braço esquerdo. O do direito brilhava como se fosse neon. Seus cabelos eram cor de canela e ondulados, sua pele era bronzeada. Ela usava uma camiseta roxa e a armadura por cima, calça camuflada e botas. E tinha uma espata na bainha.

– Então é assim que eu sou. – Hazel murmurou para si mesma e se analisou. O vestido era cortado e verde sujo, seus cabelos eram crespos e caíam até a cintura. Tinha certeza de que seus olhos eram verdes.

Hazel tinha incorporado Gaia e tinha feito o corpo dela se parecer com o seu. Uma troca de papéis.

Hazel segurou Gaia e a levantou no colo. Hazel não sabia se o que segurava era o peso de Gaia ou o peso dela mesma, mas era mediano. Cerca de sessenta quilos.

Ela desceu as escadas com a deusa no colo e caminhou pelo gramado. Ao seu redor, as batalhas paravam, as pessoas se imobilizavam para vê-la passar. Todos os deuses e semideuses a olhavam com ódio, e estavam meio desesperados por causa do corpo em seus braços.

Hazel queria dizer que ela era Gaia e que Gaia era ela, mas ainda não podia. Tinha que dar um jeito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Sangue do Olimpo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.