O Sangue do Olimpo escrita por Belona


Capítulo 38
Capítulo 38




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Percy correu até Quíron e se ajoelhou ao seu lado. Annabeth estava ali também, junto com Clarisse, os Stoll e alguns outros campistas.

– Não... – Clarisse piscou para conter as lágrimas. – Não, Quíron, aguente, por favor.

Em algum lugar atrás deles, gregos e romanos começavam a brigar, e a voz de Jason e Frank eram as mais altas, tentando acalmar. Mas a única que realmente funcionava era Piper.

– Vamos levá-lo até a Casa Grande. – Annabeth comprimiu os lábios. Seus olhos estavam tão escuros quanto o céu acima deles. Ela segurou a mão de Quíron.

Quíron não parecia sentir dor. Mas estava fraco. Aparentava sono, sabedoria e tudo o que mais honroso que se pode sentir. Ele cruzou o olhar com o de Percy, e houve um entendimento entre eles.

– Não. – Percy disse. – Tarde demais.

– Não! – Clarisse soluçou. – Tem que haver algo.

Quíron sorriu para ela.

– Minha menina... – Ele apertou sua mão. – Chegou minha hora de descansar.

Clarisse derrubou uma lágrima, e Annabeth, outra. Percy também tinha os olhos marejados.

– Por muito tempo eu treinei vocês. – Ele disse e fez uma careta, como se estivesse sentindo dor. – E vocês mostraram que meu trabalho não foi em vão.

Clarisse começou a tremer. De suas mãos irradiavam algo vermelho, e ela ainda chorava. A imagem do horror se estampava nela. Chris Rodriguez a pegou pelos ombros e a puxou para trás.

Quíron sacudiu levemente a cabeça.

– Ares tem sorte de ter uma filha como ela. – Ele voltou-se para Percy e Annabeth. – E eu tenho sorte por ter vocês.

Ele olhou para Annabeth.

– Minha querida... Eu disse para você que seu dia ia chegar. Que você teria que lutar... Eu alertei sobre tudo. Espero que tenha a preparado o suficiente.

– Preparou. – Annabeth tocou sua testa com carinho. – Tudo... Devo a você.

– Não só a mim. – Ele sorriu. – Eu fiz o que me apetecia. Eu amo você como minha filha, Annabeth. E você é a maior heroína que eu conheço. Você sempre fez o que seu coração mandou. E isso nunca é errado...

Annabeth trincou o maxilar e assentiu. Ele virou-se para Percy.

– Meu jovem encrenqueiro. – Eles, apesar de tudo, ainda conseguiram rir. – Eu sei que você nunca gostou de suas profecias. De seu destino. Porém, você nunca fugiu dele. Por muito tempo, eu pedi a ela que cuidasse de você – ele indicou Annabeth. – Mas eu sempre soube que vocês dois se protegiam. Um ao outro. – Uma lágrima escorreu do canto do olho dele. – Agora eu posso descansar... Finalmente descansar.

Então ele deu seu último suspiro, fitando o céu com uma impressão de sorriso no rosto.

– Que os deuses o abençoem, Quíron. – Annabeth fechou seus olhos, e o corpo dele tremulou e desapareceu.

Quando se viraram, um pandemônio estava rolando solto. Gregos e romanos estavam brigando, gritando insultos, e muitos já estavam com as armas prontas. Peleu jogava fogo para o céu continuamente, e Jason parecia prestes a invocar um trovão para calar-lhes a boca. Frank transformou-se em um imenso urso, o que os afastou momentaneamente. Hazel estava tentando desfazer focos de pancadaria. Até mesmo Piper tinha sacado a espada e confrontava quatro centuriões. E, para piorar a situação, uma Thalia enfurecida ostentava Aegis.

– Preciso acabar com isso. – Annabeth murmurou. – Tente fazer com que não percam a cabeça.

Ela colocou seu boné da invisibilidade e saiu a procura da Atena Partenos. Fazia algumas horas que eles haviam avistados os deuses pela última vez, e eles disseram que levariam pelo menos umas horas para fazer com que os gigantes não voltassem à vida. Algo relacionado à essência.

Tempo esgotado. Annabeth pensou e se prostrou diante da estátua. Ela tocou seu pé e olhou para cima.

Ainda era impressionante. Muito impressionante. Annabeth sentia adrenalina toda vez que via o espólio. Se é que podia se chamar de espólio.

– Atena Partenos. – Ela falou baixo, mas com convicção. – Sequência de comando: Dédalo Vinte e Três. Iniciar ativação. Faça o que você foi feita para fazer. Una gregos e romanos.

Annabeth se afastou. Por um instante, a estátua nada fez. Mas então todo o marfim começou a brilhar e a derreter. Era quase imperceptível, só que realmente modificava.

Quando o dourado escorreu da cabeça da estátua, o que era imóvel se mexeu. O cabelo da deusa, que estava preso, caiu em ondas até a cintura. Nike, a Deusa da Vitória, saiu voando até se perder de vista. Atena baixou o escudo, e a cobra atrás dele coleou pelo gramado.

A estátua de Atena Partenos se tornou a própria Atena com doze metros de altura. Ela rapidamente ficou na altura normal, para não esmagar ninguém.

– Não preciso fazer muita coisa. – Ela fitou Annabeth. – Eles já irão fazer.

Annabeth iria perguntar quem eram eles, quando um rugido soou. Todos pararam o que estavam fazendo para olhar o que estava acontecendo.

Subitamente, as fronteiras tinham sido lotadas de monstros inimigos. Não havia nada demais, mas eram muitos. Nada do que você imagine seria páreo para o que realmente acontecia. Milhares, centenas de milhares de monstros cercavam o acampamento. Tantos que Annabeth agradeceu mentalmente por Percy tê-la feito comer cinco fatias de pizza, mesmo sem ter fome. Agora, não sabia quanto tempo teria que lutar até poder descansar. Que dirá comer.

Mais um problema: os monstros estavam nas fronteiras. Só que os romanos também estavam. E estavam desprotegidos. Logo, os monstros os alcançariam e começaria uma coisa chamada “carnificina”.

Os romanos se viraram e começaram a pedir para entrar. Eles batiam contra a barreira invisível, e Annabeth perguntou-se se estava enxergando bem. Se Octavian estivesse vivo, provavelmente os teria feito comer a própria cabeça. Roma nunca, jamais pede ajuda. Agora, no entanto, eles estavam pedindo. E Annabeth entendia.

Seu olhar cruzou com o de Piper. Ela parecia um pouco assustada. Talvez não pelos monstros, mas talvez pela situação. Annabeth assentiu. Piper virou-se para o pinheiro, abriu os braços e bradou:

– Eu, Piper McLean, filha de Afrodite, dou permissão aos romanos para entrar no acampamento, agora!

As barreiras cederam e todos os romanos passaram em uma enxurrada. Eles eram muitos, só que os monstros estavam em maior número. E isso era um grande incentivo para correr, se unir e lutar.

– As árvores. – Annabeth sussurrou para si mesma. – Talvez funcione... – Ela procurou sua mãe, para pedir aprovação, mas Atena já não estava mais ali. Ela estava organizando fileiras, acalmando e ordenando gregos e romanos, armando-os e gritando ordens. E Annabeth viu os romanos, um povo, uma linhagem que nunca acreditara em Atena, obedecer.

Nem todos os camisas-roxas tinham passado, mas estava quase no fim. E logo atrás deles, uma legião inimaginável de monstros se seguia.

Annabeth rapidamente analisou o perímetro. Outro rugido vinha da floresta, o que significava que eles seriam prensados como um sanduíche. Ela estava desesperada, não tinha um plano brilhante, mas ela precisava tentar. Sacou a espada, saiu das fronteiras e partiu a primeira árvore que viu.

Tinha um tronco grosso, e era alta, porém sua lâmina a atravessou como manteiga. Ela não era tão forte. Porém, o segredo era jeito, não força. Frank percebeu o que ela estava fazendo, e se atirou contra a árvore. O tronco tombou com estrondo e rolou Colina Meio-Sangue abaixo, derrubando vários monstros que tentavam subi-la no caminho. Só que, como num enxame, vários os substituíram, como se nunca houvesse aquela porção.

– Gaia. – Annabeth se deu conta.

– Mas ela ainda não acordou! – Piper disse, derrubando uma árvore.

– O poder dela. – Annabeth sacudiu a cabeça. – Hazel! O sonífero! Rápido!

Hazel a encarou e entendeu. Então saiu correndo por entre as fileiras.

Os monstros estavam chegando cada vez mais perto. E Annabeth se deu conta de que já tinha enfrentado aqueles monstros. A Medusa estava lá. Polifemo, Kelli, Geríon, os ciclopes do Blooklyn. E viu que os monstros de Percy também estavam. Minotauro, Anteu, dracaenae, uma porção de outras coisas. Muitas coisas.

Eles eram os derrotados. Aqueles que Bob avisara no Tártaro. E o pior de tudo era que estavam outros monstros lá. Alguns que ela só ouvira falar em lendas, mas pela expressão de seus amigos, já eram conhecidos. E outros, que ela já tinha encontrado pessoalmente, só que não os tinha matado de verdade.

– Onde é que vocês estão? – Ela rosnou para o céu.

– Aqui, querida. – Ártemis surgiu ao seu lado. – Segure a barra aí. Acredite, a situação está pior do outro lado. – Então saiu correndo como uma tigresa.

Annabeth arregalou os olhos e se virou para as fronteiras.

Dez segundos, e aquilo chegaria ali.

– As fronteiras mágicas. Elas vão segurar, não vão? – Piper indagou.

Annabeth queria dizer que sim. Só que, no meio da falange inimiga, estava Circe.

– Não. – Annabeth disse. – Ela vai derrubá-las.

– Ela quem? – Piper estreitou os olhos e apertou o cabo da espada.

– Não importa. – Annabeth sacudiu a cabeça. – Apenas mate, está bem? E não olhe nos olhos da Medusa. Espere. A Medusa.

– O quê? – A fileira de frente do exército estava a menos de quinze metros, mas elas conversavam calmamente.

– Se pudermos usar o poder dela para mobilizar alguns... – Annabeth girou a espada na mão.

Piper ficou em silêncio. Se ela tinha entendido ou não, Annabeth não sabia, mas esperava que sim.

Então eles chegaram.

Não era tão difícil matá-los, eles morriam num golpe de espada. O ruim era que Annabeth os fitava nos olhos. Um por um. E via o ódio que sentiam dela. Ela sabia que deveria continuar, e continuou, mas era estranho. Ela já tinha lutado contra eles. Já os tinha matado ou driblado com sua inteligência.

Ela lembrou-se do que ela e Percy aprenderam no Tártaro. Não importa o quão forte você seja. Os problemas sempre vão voltar. Não importa quantas vezes ela matasse um monstro, ele iria retornar. Uma hora ou outra. Se desafiasse imortais... O que importava? Eles não morriam.

Ao seu lado, Piper cansou-se se ficar parada. Ela disparou Colina abaixo e, com seu exemplo, vários outros semideuses corajosos a seguiram, decepando a torto e a direito.

Percy estava do seu lado, lutando com todas as suas forças e habilidades. Nem ela nem ele saíram das fronteiras por um mesmo motivo: era o acampamento deles. A sua casa. Não podiam simplesmente deixar que passassem dali para destruir o lar dos semideuses. No fundo, Annabeth sabia que era inútil. Fosse verdade ou não, havia mais uma falange dessas vindo da floresta, e eles não iriam aguentar para sempre. Ou lutavam até a última força, ou caíam e... Fim.

Annabeth forçou sua mente parar de se concentrar. Deixou sua hiperatividade aflorar, e os movimentos fluírem.

Atrás deles, em algum lugar, Ártemis e Apolo disparavam flechas. Hefesto e Leo botavam fogo em outros pequenos exércitos que se formavam. Atena lutava temivelmente, sempre com um golpe certeiro, matando de primeira. Ela tinha uma expressão satisfeita nos olhos, as sobrancelhas arqueadas. Ares estava ombro a ombro com ela, e era quase horrível de se ver. Ele lutava como se a guerra fosse parte dele. O que, na verdade, era mesmo.

Zeus, Thalia e Jason lutavam juntos. Os deuses estavam em suas alturas normais, medianas, junto com seus filhos. Os três disparavam raios e trovões, convocando sua própria tempestade gigante. Hera estava ali por perto, brandindo uma imensa lança. Deméter fazia crescer o gramado e engolir o maior número possível de monstros.

Na Casa Grande, o que era mais inesperado aconteceu. Nico saiu pela porta, com suas roupas pretas e pele pálida, mas uma expressão convicta no rosto. Ele tirou sua espada de ferro estígio da bainha, tocou o chão e disse:

– Sirvam-me.

Cerca de duzentos mortos surgiram da terra, montados em seus cavalos esqueléticos, segurando espadas e estandartes e gritando tributos a Hades.

Poseidon surgiu do nada e disse algo a Percy. Annabeth pôde ler seus lábios de soslaio. “Preciso da sua ajuda”. Percy olhou para Annabeth. Não queria deixá-la sozinha, mas algo atrás dela o fez sorrir e sair correndo com seu pai.

Annabeth não entendeu a princípio. No entanto, ao seu lado, Reyna, a pretora, surgira, vestida com seu vestido púrpura e armadura prateada. Ela segurava lança em uma mão e espada em outra. Seus cabelos negros flutuavam ao seu redor.

Annabeth não sabia como aquilo era possível, mas não tinha tempo para perguntar. Ela apenas sorriu e disse:

– Seremos inimigas no campo de batalha, é?

Reyna sorriu, cortando Campe ao meio com sua lança, sem nem dar chance para o bicho.

– Eu disse que você nunca vira a legião lutando.

Annabeth inclinou a cabeça e se abaixou quando um porrete quase a atingiu, então fincou a espada no peito da mulher-cobra.

– Mas os gregos até que não são tão ruins. – Ela admitiu, atingindo um ciclope. – E você até que luta bem.

Annabeth não sabia como responder àquilo, então simplesmente soltou uma risada gutural.

Elas lutaram lado a lado, ombro a ombro. Reyna era esplêndida. Era rápida, graciosa e letal. Seus cabelos flutuavam à medida que ela se movia, e agia como uma romana de verdade, mais do que qualquer pretor homem poderia. Annabeth... Bem, Annabeth era Annabeth. Rápida, graciosa e letal. Como Reyna. Um dia, ela viu que, apesar de civilizações e deuses distintos, ela e Reyna tinham muito em comum. A postura de líder era uma delas.

Algo lá no meio fez Annabeth quase derrubar a espada.

– Ei, cuidado. – Reyna alertou.

Annabeth piscou com força e continuou.

Ela não tinha a mínima ideia de como aquilo acontecera. Então lembrou-se. Annabeth tinha a derrotado usando a inteligência. Percy a matara. Por dois motivos, Aracne ressurgira, e estava subindo calmamente, suas imensas oito patas movendo-se metodicamente, fitando Annabeth com seus olhos negros. Annabeth não sabia qual era a distância entre elas, mas jurava que podia sentir o cheiro enjoativo dali.

– Oh, grande. – Reyna tinha a tinha avistado. – Ela é... Aquele bicho que você perseguiu?

Annabeth assentiu, os olhos pregados em Aracne, lutando sem nem ver o que atingia.

– Vá. – Era Nico. Ele estava ali, com seus cavaleiros mortos e a espada negra. – Eu cuido disso.

Ele estava determinado. Algo entre ele e Reyna era muito parecido. Eles estavam pálidos, mas com força total.

Annabeth disse a si mesma que estava tudo bem. Ela baixou a espada, fitou Aracne nos quatro olhos, levantou o indicador e fez aquele sinal de “venha”.

Reyna e Nico sorriram encorajadoramente para ela, e Annabeth correu para dentro do acampamento, Aracne em seu encalço.

Atena a viu correndo, e viu Aracne. Ela assentiu soturnamente, como se estivesse esperando por aquilo há muito tempo.

Annabeth parou entre os chalés, naquele vão enorme, onde eles, todas as noites, cantavam ao redor da fogueira. Virou-se e encarou Aracne.

– Olá, filha de Atena. – Aracne sorriu, fazendo questão de mostrar suas presas.

Annabeth não respondeu. Apenas permaneceu imóvel, segurando a espada, vendo sua respiração criar baforadas no ar.

– Você está com medo. – Aracne de deliciou. – Eu me lembro de você assim. – Ela se aproximou-se e levantou o cabelo de Annabeth com a pata e roçou o seu pescoço, abrindo um corte com um espigão pontudo. – Com medo... Sozinha... Com aquele filho de Poseidon... Sabe como dói ser cortada por uma espada?

Annabeth levantou a espada acima da cabeça.

– Isso. Mate-me. – Aracne desdenhou. – Mostre para sua mamãezinha ali que você consegue.

E, realmente, no meio da guerra, Atena a observava.

– Engraçado. – Aracne aproximou o rosto perto do ouvido de Annabeth, as presas perigosamente perto de seu ombro. Annabeth não conseguia respirar. Estava paralisada. Aracne a envolvia com duas patas. Caso se mexesse, Annabeth poderia ser perfurada por um espigão. – Que, quando você estava no Tártaro, sua mãe não te ajudou.

Annabeth fechou os olhos. O fedor enjoativo da aranha a estava fazendo sentir tontura. E Aracne estava envolvendo seus joelhos com seda, fazendo-a quase perder o equilíbrio.

– Você viu o que sua mãe fez comigo. E você sabe o porquê. Ela fez isso porque não suporta que alguém seja melhor que ela. Porque era a verdade. Você mesma pode comprovar. Viu em minha caverna... As minhas tapeçarias. As minhas preciosas tapeçarias.

Annabeth abriu os olhos. Seu cabelo cobria a maior parte de seu rosto, mas por entre os fios loiros ela via Atena fitando-a.

Annabeth queria dizer à Aracne que era mentira, mas era a verdade. Atena não disse nenhuma palavra para a filha, pois queria que ela tirasse suas próprias conclusões. Annabeth se sentia atordoada, porém não negaria seus pensamentos. Ela aprendera que seus pensamentos eram o seu maior poder, e que nunca deveria ignorá-los. Ela deixou-se considerar.

– Você fala a verdade. – Disse para Aracne. – Minha mãe é orgulhosa. Ela não permite que ninguém diga que é melhor que ela. – Annabeth suspirou. – Mas você também não permite isso. Veja, Aracne... Você veio atrás de mim porque eu fui mais esperta que você.

Aracne arquejou, depois rosnou. Ela cravou os dentes no ombro de Annabeth, que gritou.

A garota caiu no chão, envolta por seda de aranha. Ela conseguiu alcançar sua espada e decepar as duas pernas da frente de Aracne.

A aranha caiu ao lado dela, incrédula.

– Todos nós temos razão. – Annabeth gemeu. – Eu sinto muito.

Aracne a fitou, como se em seu último suspiro fosse socá-la no nariz. Ela fez isso, mais rápida que um raio. Só que Annabeth era igualmente ligeira, e tinha a espada apontada para a garganta dela. Quando Aracne virou o rosto, seu corpo estremeceu e de desfez em um sulfuroso pó.

Annabeth tossiu, e um pouco de sangue se juntou em sua boca. Ela se sentou dolorosamente. Seus braços estavam cobertos de arranhões causados pelas patas da aranha e suas pernas também. Seu pescoço estava ardendo por causa do veneno, e seu ombro sangrava profusamente. Nada que a matasse. Ela fincou a espada no chão e se levantou.

O que viu quase a fez cair de volta.

Lá no alto, todos pararam. Os exércitos se imobilizaram, as lutas cessaram.

Gaia estava andando pelo gramado, seu vestido verde como folha, a pele morena como terra. Em seus braços estava Hazel, desacordada.


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