O Sangue do Olimpo escrita por Belona
Piper se reuniu no tombadilho com os outros seis.
Eles ficaram na posição de ponta de flecha no convés, enquanto o Argo II descia das nuvens.
O lindo sol que fizera nos dias anteriores sumira. O azul cobalto que tingia o céu fora substituído por um cinza opaco, misterioso. As nuvens, antes brancas, agora estavam escuras, como um grande hematoma.
Estava abafado, quase sem brisa. Nada no céu se movia, a não ser o grande navio.
Eles estavam ansiosos. Não podiam evitar de pensar que iriam morrer, mas pelo menos morreriam lutando.
Nenhum monstro atacara durante a noite, o que era ainda pior. Deixava-os pensando na guerra, e a expectativa aumentava.
Piper nunca entrara numa guerra de verdade. Obviamente ela lutara várias vezes desde que soube ser uma meio-sangue, porém nunca passara por essa experiência.
– A guerra começou há vários dias. – Annabeth sussurrou perto dela. – Esse aqui vai ser apenas o desfecho.
Piper assentiu e observou os outros tripulantes.
Leo estava na extremidade da proa, nos controles, atrás de Festus. Ele tamborilava as mãos na coxa e guiava o Argo II.
Hazel e Frank estavam próximos um do outro, falando baixinho, apontando e comentando. Piper queria que eles estivessem falando de como a arquitetura da cidade era boa, de como era bonita e tudo mais, só que – claramente – não era isso. Eles falavam sobre a imensa aglomeração de nuvens sobre o Parthenon.
Jason estava exatamente atrás de Piper, tão imóvel como se fosse uma estátua de Término. Seus olhos azuis gélidos perscrutavam ao redor, e de vez em quando, fagulhas saíam de suas mãos. Não falava nada, mas sua proximidade já era o suficiente.
Percy estava perto da amurada, observando tudo calmamente. Ele mantinha as mãos nos bolsos, como se a qualquer segundo fosse destampar sua caneta e fazer um estrago. Piper o achava extremamente confiável, mas havia de concordar com Annabeth e admitir que ele tinha cara de encrenqueiro.
Annabeth, por sua vez, estava apoiada no mastro principal, de braços cruzados e olhos tempestuosos, como se estivesse bolando um plano infalível. Ela usava uma legging preta, botas até os joelhos, uma camiseta branca de mangas compridas e a armadura por cima. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo alto, e ao seu lado repousava sua espada branca.
Piper e Hazel não estavam muito diferentes – com calças confortáveis, botas e armaduras. Os garotos estavam com calças de camuflagem escuras e armaduras. Ninguém queria colocar um elmo, a não ser que fosse extremamente preciso. Piper odiava elmos. Esquentava sua cabeça e suava a sua nuca, dava coceira e limitava a visão, fazendo-a se preocupar mais em tirar aquele negócio do que combater.
Leo aterrissou o navio perto do templo, e a respiração de todo mundo se acelerou. Eles haviam feito caldo de cana e colocado em várias garrafinhas, e cada um tomou uma inteira, junto com um pouco de néctar e um pedaço de ambrósia.
Eles desembarcaram, puxando suas armas e se direcionando ao templo.
– Agora. – Annabeth disse.
Piper parou e se virou para a grande Acrópole da Grécia.
“Sirvam-me”. Ela melodiou em grego antigo, e todo o imenso pátio se encheu de monstros. O exército de Joan, que ao acaso se tornara de Piper.
Todos estavam com armadura, o que era meio estranho, ver um monstro de armadura. Mas a maior parte do exército era de lestrigões, dracaenae, ciclopes, então estava tudo bem.
– Vocês são o meu exército. – Piper bradou. – Mas agora serão uma legião. Este é Frank Zhang. – Frank deu um passo a frente. – Ele é oficialmente pretor. Vocês o obedecerão quando ele mandar, e ajudarão cada um de nós – ela apontou para os sete -, quando pedirmos ou mandarmos. O inimigo são os gigantes, Gaia e possíveis outros monstros.
Os monstros assentiram. Piper disse mais algumas palavras de como era importante que usassem a armadura , e Frank falou sobre como atacariam. Então os sete adentraram no Parthenon.
– Ah, meus deuses. – Annabeth murmurou.
A magia mais uma vez entrara em ação, só que dessa vez não era de Hazel. O templo havia sido limpo, e era como se tivesse sido ampliado. O que já era grande, ficou maior ainda.
Um braseiro de bronze queimava com chamas de dez metros no meio do recinto, iluminando tudo. O templo não tinha teto, e as nuvens escuras começavam a formar uma espiral, como um tornado.
Era difícil ver o diâmetro, mas aquilo parecia não ter fim. Hazel sentiu auras negras e presenças ruins.
Eles ficaram em linha, esperando, e os gigantes apareceram. Encédalo, Hipólito, Porfírion, Efialtes, Polibotes, Alcioneu, e mais uma porrada de monstros da pesada. Tinha até titãs, como Hiperíon.
Piper teve a imensa vontade de rir, porque ela iria morrer do mesmo jeito. Era lamentável, mas era a realidade. Ela limitou-se a curvar os lábios para cima e respirar fundo.
– Vocês vieram. – Alcioneu disse. – Sabia que viriam.
Piper revirou os olhos quase que imperceptivelmente. A profecia falava disso, tudo falava disso, as pessoas comentavam isso, absolutamente tudo o que existia falava daquela maldita Batalha Final.
– É melhor começar. – A voz de Jason estava tensa. – Quanto mais enrolarmos, mais difícil será.
Alcioneu sorriu.
– Corajoso... Como seu pai. – Ele levantou as sobrancelhas. – Ou será medo?
O coração de Piper batia tão alto que ela tinha que se esforçar para ouvir o que diziam. Muitas coisas giravam ao seu redor, e ela refletiu se não tomara cana demais. Seus músculos contraíam-se e relaxavam repetidas vezes, e ela ficava pendendo a cabeça para o lado.
Os gigantes se levantaram, e ela se deu conta de que a guerra que iriam travar era o ritual para acordar Gaia. Quem vencesse determinaria o destino do mundo.
O destino não ia ser muito bom.
Todos sacaram suas armas – gigantes, monstros, semideuses.
E sem mais nenhuma palavra, a Batalha Final começou.
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