O Sangue do Olimpo escrita por Belona


Capítulo 31
Frank




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– Por que eu? – Ele perguntou.

– Porque você é o pretor, oras! – Annabeth sussurrou.

– Jason, venha comigo. – Frank pediu.

– Hã, não acho que... – Jason começou.

– Vá. – Annabeth o empurrou. – Assim ele fica mais tranquilo.

Os dois piscaram com força, meio nervosos. Em parte pelo que iriam fazer, e parte porque Annabeth estava mandando.

– Prontos? – Ela instigou.

Jason assentiu soturnamente.

Leo tentava não rir quando ela criou uma névoa colorida e jogou um dracma.

– Acampamento Meio-Sangue. – Annabeth também estava meio ansiosa. Não via sua casa há muito tempo. – Pavilhão refeitório.

– Tem certeza de que eles estão lá? – Frank perguntou.

– É hora do jantar. – Os olhos de Annabeth brilharam quando a névoa tomou forma e mostrou o pavilhão todo cheio de gente.

– Olá. – Jason disse, ficando meio vermelho.

Annabeth deu um passo para trás, analisando-os. Apenas Jason e Frank estavam enquadrados.

– Crianças. – Era a voz surpresa de Quíron.

– É, pois é. – Frank sussurrou.

– Você deve ser Frank Zhang. – Quíron deduziu.

– Ah, sim, senhor. – Frank assentiu, dando um sorriso.

– E Jason. – Quíron contentou-se. – É a primeira vez que vocês dão notícias.

– É, pois é. – Jason concordou e se encolheu quando Annabeth lhe deu um olhar frio do tipo explique, seu idiota. – Foi a primeira vez que deu tempo. As coisas estão meio corridas por aqui.

– Temos uma lista de coisas pra falar. – Frank disse, tossiu e olhou para Annabeth. – Onde está a lista?

Ela revirou os olhos, divertida, e bateu na têmpora com o indicador.

– Claro. – Frank fez uma cara de muito obrigado para ela.

– Algum problema? – Quíron instou.

– Nenhum. – Falou Jason. – É que Annabeth acha que todo mundo tem uma mente brilhante como a dela.

Todos no Acampamento Meio-Sangue se agitaram quando ele falou “Annabeth”. Todos começaram a perguntar coisas, mas Quíron bateu os cascos.

– Silêncio. – Ele ordenou, aquietando o recinto. Até o próprio centauro parecia inquieto quando a citaram. – Continue.

– Não é bem uma lista. – Jason mordeu o lábio.

– Primeiro. – Frank queria desembuchar de uma vez. – Nos reunimos em sete. Faz um tempo, mas acho que isso é importante. Três romanos e quatro gregos.

– Frank, eu, Hazel, Piper, Leo, Percy e Annabeth. – Jason consentiu.

– Segundo: conseguimos fechar as Portas da Morte. – Frank contou. – São fechadas pelo lado mortal, que fica no Épiro, e pelo Tártaro. Elas estão lacradas e destruídas. Nenhum monstro volta à vida. Pelo menos, não tão rápido como antes.

– Terceiro: temos um plano. – Jason continuou. – Ele vai dar certo. E sabemos em parte o que vai acontecer. – Ele engoliu em seco. – Quem vai morrer. Mas isso não é agora. O que queremos realmente avisar é que Gaia vai acordar aí.

Centenas de rostos de campistas empalideceram.

– Não sabemos o que fazer para ajudar. – Frank lamentou com sinceridade. – Nossa batalha é aqui. Se acabarmos....

Quando acabarmos – Jason corrigiu.

– Quando acabarmos, ajudaremos. Mas não podemos navegar ou voar para a Colina Meio-Sangue. Outros semideuses estão a caminho.

– Com a Atena Partenos. – Jason completou e olhou para Annabeth. Era a deixa dela.

– Quíron. – Annabeth ficou entre Jason e Frank. – Preciso que todos vocês me escutem.

Fez-se ainda mais silêncio. Era o que acontecia quando Annabeth falava.

– Reyna, a pretora, e Nico estão indo para o Acampamento. O Treinador Hedge os está escoltando, mas ele está indo só por causa da... – Annabeth perscrutou a plateia. – Mellie.

Mellie se identificou lá no meio. Era aquela ninfa bonita que Frank ouvira falar, mas nunca encontrara de verdade. Ela estava com uma baita barriga de grávida.

– Vocês têm que aceitar a estátua. – Annabeth disse. – É a estátua da minha mãe. Aracne a guardava, e foi pago um preço muito alto por ela. Realmente seria uma grande ajuda se vocês a aceitassem.

– Tem mais uma coisa. – Jason interrompeu. – O Acampamento Júpiter está marchando para aí.

– Eu juro pelos deuses, que eu seria a primeira a decepar a cabeça de Octavian. – Annabeth cerrou os punhos. – Mas não podemos fazer isso. Precisamos nos unir para derrotar Gaia. É a única maneira.

– Sabe o que precisamos aqui, Annabeth? – Alguém da mesa de Atena disse. – Um líder. Não seguimos a ninguém agora. Isso dificulta as coisas.

Annabeth comprimiu os lábios.

– Primeiro, Percy sumiu. – Will Solace disse. – Depois, você foi embora. Todo mundo sabe aqui que nós somos uma grande equipe. Todo mundo sofre junto. E todo mundo sabe que era você e Percy quem lideravam quase que involuntariamente. – Ele sacudiu a cabeça. – Nenhum ataque. Silêncio. Os deuses não respondem mais. Não sabemos de nada. Boatos. A guerra, aqui, não passa de boatos. Enquanto tinha um líder aqui, havia perigo, mas com o perigo sabíamos lidar.

Annabeth apertou ainda mais a boca e franziu a testa. Olhou para Quíron, e ele lhe devolveu o olhar, como quem joga uma bomba de um lado para o outro.

Annabeth engoliu em seco. Ela não estava sob nenhum tipo de teste, mas devia isso a eles. A todos eles. Sim, ela se sacrificara inúmeras vezes, mas eles eram sua família. Doía-lhe não poder estar lá, ao redor da mesa de pingue-pongue, comendo queijo e discutindo com Percy.

Percy.

Ela olhou para os lados, e graças aos deuses, seu infalível namorado estava subindo no navio, conversando com Piper e carregando um grande maço de cana cortada. Annabeth não compreendeu aquilo na hora, porém eles explicariam depois.

– Eu sei de alguém que poderia ajudar. – Ela murmurou. – Percy, venha cá.

– Hã? – Ele respondeu, arrumando as canas na amurada, organizando-as como se fossem preciosidades. - Tô indo.

– Nós não podemos estar aí e aqui ao mesmo tempo. – Annabeth falou com convicção. – Sinceramente, não sabemos nem se vamos conseguir alguma coisa.

– Somos espertos o bastante para saber que não temos chance contra os imortais. – Jason disse. – Mas somos idiotas a ponto de morrer tentando.

– Eu diria valentes. – Leo opinou. – Não quero morrer sendo chamado de idiota.

Todo mundo, tanto na Grécia como em Long Island, riu um pouco.

– Percy, quem você indicaria como líder? – Annabeth indagou quando ele ficou atrás de Jason e Frank. Os quatro se amontoaram para caber na mensagem. Annabeth puxou Piper e Hazel ao seu lado, e Jason puxou Leo. Os sete da profecia estavam mais juntos do que já estiveram em toda a extensão daquela loucura. – Eles querem um líder. Um líder que esteja no acampamento. Quem você indicaria?

Percy torceu o nariz.

– Eu diria para todos agirem como um só.

– Eles já estão fazendo isso. – Quíron assegurou.

– Então eu diria... Clarisse. – Falou Percy.

– Eu concordo. – Annabeth confirmou. – Se temos que escolher um, escolhemos Clarisse.

– Mas eu não posso. – Clarisse se levantou. – Sério, eu não posso. É muita responsabilidade.

– É mesmo? – Annabeth levantou as sobrancelhas incisivamente. – Então vai você, Connor.

– O quê? – Travis exclamou.

– Eu... Eu... – Connor gaguejou.

– Então vai o Travis. – Annabeth deu de ombros.

– O quê? – Travis exclamou.

– Não podemos. – Os dois disseram ao mesmo tempo.

Annabeth cruzou os braços.

– Entenderam agora o porquê de não termos um líder? – Ela disse firmemente. – Somos um por todos e todos por um. Somos sete aqui, centenas aí. Temos que nos unir.

– Mas e a guerra? – Will Solace pressionou.

– A guerra já está chegando. – Annabeth respondeu.

– Por que o Acampamento Júpiter está em guerra, e a gente não? – Um menininho de nove anos levantou a mão lá no meio.

– Porque eles têm um líder. – Ela rebateu. – Um líder que vai perder a cabeça quando chegarmos aí. Não é mesmo, Frank?

Frank estremeceu.

– Sim. – Ele já tinha pensado naquilo. Se chegasse a hora, ele era o pretor. Ele deveria punir Octavian. E a punição para aquilo começava com mor e terminava em te.

– De acordo com nossos sonhos e com nossas previsões... – Annabeth especulou. – O Acampamento Júpiter vai chegar na Colina no dia primeiro. Isto é, amanhã.

– Amanhã é o dia da Festa de Spes. – Frank completou. – O dia em que Gaia vai acordar. O ritual está sendo preparado, amanhã será executado. Vamos chegar em Atenas exatamente no prazo, e Reyna e Nico chegarão aí também, exatamente amanhã.

– Toda a tensão vai explodir amanhã. – Concerniu Annabeth. – E muitos vão morrer. Eu sinto muito. Mas somos semideuses. É esse o nosso destino.

– Só uma pergunta. – Alguém do chalé de Hefesto chamou. – Não vai ter... Titãs, não é mesmo?

– Eu não sei. – Annabeth respondeu. – Alguns apareceram durante o trajeto, mas acreditem, titãs não seriam problema. O problema são os gigantes, que precisam de um deus e um semideus para ser serem derrotados.

– Então... Ferrou. – A pessoa que tinha perguntado concluiu.

– Segurem a barra. – Annabeth pediu.

– Vocês não têm ideia de como é a pressão de estar aqui. – Hazel se pronunciou. – Um passo em falso, uma palavra errada, e destruímos o mundo.

– E com esse alegre comentário. – Jason suspirou. – Desejamos boa sorte.

– E nós também desejamos. – Quíron disse soturnamente. – Se me permitem a ousadia, que os deuses estejam com vocês. Mas, principalmente, estejam com a coragem que cada um de vocês possui.

Os sete fizeram que sim com a cabeça, e a névoa se dispersou.

– Eu esperava que fosse mais motivador. – Frank admitiu.

– Eles só falaram a verdade. – Piper deu de ombros. – Mas enfim. Não vamos pensar muito nisso.

– O que é isso? – Leo pegou uma cana e olhou por ela como se fosse uma luneta.

– É uma cana-de-açúcar. – Piper a roubou da mão dele. – Não brinque com isso.

– Pra que serve?

– Serve para nos deixar alertas.

– Como assim? – Jason indagou.

– É um presente de Deméter. Longa história. Vocês têm que provar para ver. – Ela sacou a faca e cortou um pedaço para cada um.

Quando provaram, os outros se sentiram estranhos no começo. Piper e Percy explicaram como funcionava.

– Quer dizer que temos poder ilimitado? – Jason sorriu. – Cara, isso é muito bom.

Percy assentiu.

– Tente.

– O quê? – Jason perguntou. – Ah.

Ele olhou para o céu e abriu os braços. As nuvens imediatamente se aglomeraram e começaram a escurecer.

– Oh, deuses. – Jason riu. – Sem o menor esforço.

– Será é assim que os imortais se sentem? – Leo murmurou enquanto brincava com uma chama por entre os dedos.

– Acho que sim. – Annabeth sorriu.

Frank e Percy notaram como ela se sentiu meio entristecida. Era a única ali que não tinha poderes.

– Você tem a sua inteligência. – Percy falou baixinho.

Annabeth assentiu, agradecida.

– Vamos para Atenas. – Leo mexeu nos controles. – Rumo à Batalha Final.


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