O Sangue do Olimpo escrita por Belona
– Então eu afrouxo isso e aperto isso? – Calipso perguntou.
– Não. – Peguei em sua mão e a conduzi pela aparelhagem. – Você aperta esse parafuso e dá um beijo no mecânico.
Ela me encarou e revirou os olhos, mas me beijou, mesmo assim.
– Então a Calipso, deusa de Ogígia, é team Leo? – Indaguei.
– Ehr, não. – A garota disse. – Sou team ninfa, curte?
Comecei a rir.
– Como vai o trabalho? – Hefesto chegou de supetão, mancando pela clareira.
– Ah, vai bem, pai. – Fiquei satisfeito em falar a última palavra. – Aquela pilha ali é um modelo. O que acha?
Hefesto andou até lá e pegou uma armadura. Ele a examinou de ponta a ponta em menos de cinco segundos, e deu um piparote no bronze.
– Bom, muito bom. Só que pesado. – Ele a devolveu a pilha. – Não sei o que você poderia usar...
– Bronze já foi. Prata já foi; casca de árvore, já... Madeira? – Ditei as opções.
– Que tal couro? – Calipso cruzou os braços.
– Usamos couro por baixo da armadura, - explicou Hefesto. – embora alguns guerreiros não coloquem o bronze por cima, quando consideram a ameaça não tão grande.
– É uma boa ideia. – Falei.
– Você diz “é uma boa ideia” para cada frase que a Calipso fala. – Hefesto disse.
Calipso deu um riso contido, daqueles em que parece mais um escarro.
– Então tem alguma ideia, pai? – Perguntei inocentemente.
– Couro. – Ele sorriu. – Vai couro, mesmo. Dupla camada, dos ombros até a cintura. Alças finas que se alargam nas costas.
– Eu sou um mecânico, não designer. – Encolhi os ombros. – Não sei como fazer isso.
– Mas eu sei. – Calipso disse. – Só precisamos arranjar o material.
– Eu cuido dessa parte. – Hefesto examinou uma pedra e começou a brincar com ela.
– E quanto ao material mágico? – Interpelei.
– Esse vai por dentro, entre as duas camadas. – Hefesto apontou. – Enquanto Calipso faz a parte de costura, você faz o material mágico. Em bronze.
– E o peso? – Comecei a ficar exasperado.
– O peso será reduzido, já que será uma coisa de meio centímetro ou um centímetro inteiro, e com a coisa toda vai dar certo. – Ele piscou.
– Temos material, temos como fazer... E a magia? – Calipso instou.
O deus suspirou.
– Espero que Hades esteja cuidando disso... E Hécate também.
– E...? – Sugeri.
– Perguntas que não devem ser perguntadas por que deuses estão em seu pequeno bolo de personalidades. – Calipso recitou pela quarta vez naquela semana.
– Exato. – Hefesto estava pensativo. Seus óculos despontando pelo nariz o faziam parecer o Papai Noel. – Quanto menos perguntas, mais fácil será a vida de vocês.
E então ele se usou o teletransporte para ir a qualquer lugar onde pudesse forjar alguma coisa.
– Três...
– Dois...
– Um. – Calipso finalizou e uma pilha gigantesca de couro surgiu em um canto da clareira. – Temos trabalho a fazer.
Ela sacou uma faca e uma caixa de costura, e eu peguei meu martelo. Só tinha que torcer para que papai estivesse certo. Conversão, muita conversão. O plano era adquirir força de impacto quando nossos inimigos nos atacassem e converter em outra espécie de força para conseguir deter Gaia. Ninguém sabia o que era, aparentemente, só sabíamos que era alguma coisa relacionada à Hipnos e à Morfeu. Deuses que lutaram no lado errado viram uma oportunidade do lado vencedor. Só não sabem que teremos que ralar para isso... Eu havia ouvido um dia, da boca de Hefesto.
– Leo? A primeira já está pronta.
Sorri ao ver o colete montado e exatamente como o deus das forjas exemplificara. Só faltava o bronze, a magia, a sorte e, se os deuses quisessem, a vitória.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!