O Sangue do Olimpo escrita por Belona


Capítulo 12
Jason




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Acordei caído no chão. Estava dolorido, de novo.

– Jason... – Gaia estava parada em um canto.

– O que você quer? – Perguntei, enquanto arfava para tirar a camiseta. Estava empapada de sangue.

– Eu já disse o que eu quero... – Ela sussurrou e veio para mais perto.

Gaia era linda e mortal. E eu a odiava. Era estranho querer bater em uma moça, e então eu lembrava o que ela havia feito e isso meio que não importava. Seu vestido verde-folha estava todo manchado de terra e partido em várias partes, como fendas. Quando ela girava, a saia abria-se como um leque mal feito, e quando ela brandia aqueles malditos chicotes, seu cabelo castanho escuro voava.

– Jason... Responda-me uma coisa. – Ela sentou-se ao meu lado. – Por que ainda não fez o que lhe pedi?

– Por que você me faz reviver a mesma coisa várias vezes? – Indaguei, colocando uma camiseta limpa.

– Você não revive as coisas várias vezes. – Ela revirou os olhos. – Bem, talvez de vez em quando. Hoje tudo foi real até a parte em que Piper apareceu de costelas quebradas. Você veio para baixo e a partir dali tudo foi um sonho. Entendeu?

– E para os outros? – Peguei minha espada e apontei para sua garganta. Gaia nem piscou.

– Para eles tudo aconteceu como no seu sonho. Até a parte em que você desceu. – Ela bocejou. – Aí tudo foi uma mentira.

– Era bom que voltasse a ser uma mentira.

– Que pena. – Ela sorriu. – Porque vai se transformar em realidade.

Gaia levantou-se e arrombou a porta, e eu a segui. Cheguei ao convés, e não vi ninguém.

Um desespero começou a me atormentar.

– Jason? – Piper me chamou, parecia vir da enfermaria. Houve um grito. – Jason!

Comecei a voltar, preocupado, mas então alguma coisa me segurou.

– Shh! – Frank me disse.

– Ficou louco?! – Exclamei. – Piper está...

– Eu estou aqui, Jason. – Piper estava do meu lado em um instante. – Eu também ouvi isso.

Os quatro pareciam alarmados, e eu nem adivinhava a cara que eu tinha naquele momento.

Lentamente nos afastamos, até nos encostar a amurada.

– Gaia. – Eu disse.

Ninguém se mexeu.

Ouvimos passos nos degraus. Alguém estava subindo.

Pelo mar Egeu irei navegar... Pelo mar Egeu irei me afogar... Pelo mar Egeu as águas se levantarão... E pelo mar Egeu, todos morrerão... – Gaia apareceu, cantarolando. – Sabem em que mar estamos? – Ela sorriu. – Egeu.

– Jason, querido, venha cá. – Ela estalou o chicote no chão. – Os sete melhores guerreiros dos deuses estão com medo?

– Ninguém têm medo de você, sua bruxa. – Piper cruzou os braços.

– Uma costela não foi o suficiente, McLean? – A deusa inquiriu, estalando o chicote. – Deveria ter contado a ele – ela me apontou – que lhe fiz uma visitinha esta noite.

– Piper? – Olhei para ela.

Ela ficou em silêncio.

– Piper? – Voltei a perguntar.

– Desculpe, Jason. – Ela estava enraivecida. – Pensei que talvez ela não fosse te procurar se eu não contasse.

Gaia sorriu mais uma vez. A maldita havia dito a mesma coisa para mim, mas com algo em troca.

– Troca. – Ela ecoou meus pensamentos. – Jason, você vem para ao meu lado, e nada acontece aos outros.

– Jason, não a ouça. – Annabeth alertou. – Ela já levou Leo e Hazel, agora quer levar você.

– Mas os deuses disseram que estávamos sendo levados para... – Comecei.

Annabeth me fuzilou com o olhar. Parei instintivamente.

– ...Levados para? – Gaia levantou uma sobrancelha, divertida.

– Para serem treinados no combate contra forças malignas de Gaia. – Annabeth completou, exasperada.

– Jason, eu já pedi pra que você venha aqui. – A Mãe-Terra rosnou.

– Não vou. – Sentenciei.

A uns dez metros de distância vi sua pupila se retrair. Ela estalou o chicote, e Piper gritou.

– Você disse que eu não ia reviver aquilo de novo! – Berrei.

Gaia deu de ombros.

– Às vezes eu também quebro promessas.

Andei em sua direção e agarrei-a pela garganta. Ela, por um momento, apenas por um momento, pareceu fraquejar. Então Piper parou de gritar e Gaia torceu meu braço.

– Fique aqui. – Ela me segurou. – Você vai comigo. E você também. – Indicou Frank com o queixo.

Ele não se mexeu. A deusa rolou os olhos e passou a mão pela extensão de um de seus chicotes. Brandiu-o, enrolando a corda na perna de Frank.

– Vem arrastado. – E puxou-o.

Ajudei meu amigo a se levantar.

Gaia havia ido até a amurada, onde os outros três estavam.

Piper estava de queixo erguido.

– Solte-os. – Ordenou.

Gaia sorriu e enfiou um dedo no ouvido. Lá de dentro tirou um bolo de algodão pequeno e compacto.

– Proteção contra poderes de semideusas atrevidas. – E o recolocou lá dentro. – Mas não se preocupem, queridos. Eu arranjei algumas outras maneiras de me reclusar a vocês.

A deusa virou-se para Percy e Annabeth.

– Como foi a viagem ao Tártaro? – Perguntou docemente.

– Amaldiçoei você a cada segundo. – Annabeth respondeu no mesmo tom. – Pena que as arai não podem subir aqui em cima.

– Você é quem pensa, menina. – Gaia retrucou. – E não ouse ser mais sábia do que eu.

Surpreendendo a todos, Gaia esbofeteou Annabeth. Acho que a menina sentiu mais choque do que dor, e não reagiu.

– Não tente ser corajoso, filho de Poseidon... – Ela direcionou-se a Percy. – Não irei dar um tapa em você. Sua dor virá mais cedo ou mais tarde... Já você...

Ela havia chego em Piper. Levantou a mão.

– Pare. – Piper disse.

Não sei se o algodão não funcionou ou alguma coisa deu errado, mas Gaia abaixou a mão. Ela deu um jeito de parecer normal, mas ela não bateu em Piper.

– Vamos. – Ela veio para o nosso lado.

Frank, num ímpeto, transformou-se em lobo e a atacou. Ambos caíram no chão. Peguei a espada e tentei ajudar, mas em um segundo Frank estava enrolado nos chicotes. Eu apontava a espada para a garganta de Gaia.

– Tente um golpe e eu puxo o laço. – Ela ameaçou. – Não se mova! Sabe que eu passei um pouquinho de vidro celestial nas cordas. Um movimento e o transformo em carne moída.

Não baixei a espada.

Annabeth aproximou-se por trás e agarrou a deusa pelos cabelos.

– Um dia... Eu irei provocar dor em você. – Annabeth rosnou. Gaia começou a fazer alguma coisa para feri-la. – E esse dia vai...

Gaia bateu com o cotovelo no ombro de Annabeth, e ela saiu voando para trás. Percy cortou os chicotes com a espada, e Frank voltou ao normal. Piper abriu um corte no braço da deusa, do qual começou a verter icor dourado. Gaia ficou tão estupefata que esqueceu-se do ato por um segundo. Chutei-a no abdome, e ela gritou.

Em um fragmento de segundo eu, Percy, Frank e Piper a tínhamos cercado.

– Meus peõezinhos. – Ela ronronou. Bateu o pé do chão, e um vórtice de terra se abriu do nada. Ela pulou em minha direção. E então não vi mais nada.


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