Casos do Acaso escrita por Juffss


Capítulo 3
Dia 02




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DIA 02

26 de novembro de 2014

O sono se estendia por cada pedacinho do corpo de Emmett. Seus músculos estavam tensionados como se corresse perigo, mas aquele movimento, quase que automático, era somente para mantê-lo acordado.

Seis da manhã e ele estava ali, sentado em uma cadeira qualquer esperando o horário de pouso do voo 1675, o que traria Rosalie, ou como ele a apelidara em pensamentos: ajuda. Ava e Noah dormiram em seus bebês-conforto enquanto Ness estava apagada nos braços de Emmett. Como invejava aqueles pequenos.

A espera se tornava insuportável enquanto ele olhava o painel que mostrava o status de cada voo. Podia ver quando surgiam novos voos na listagem de pousos, mas nunca o que ele queria que chegasse. Deixaria bem claro pra loira que ela cuidaria das crianças enquanto ele recuperava seu sono perdido por causa dela. E sim, ela não teria direito a reclamar de nada. Nada!

Seus olhos se fecharam em um cochilo que não deve ter durado um minuto se quer. Era perigoso fechar os olhos e arriscar que alguém levasse qualquer uma das crianças. Vai lá saber se todas aquelas pessoas estavam sobreas ou não, afinal de contas era Las Vegas, capital mundial da perdição.

– O senhor poderia me informar as horas? – perguntou pela milionésima vez para a pessoa de mais idade sentado ao seu lado.

Não que ele não pudesse ver no painel de controle de voos, mas ele precisava manter uma conversa agradável com alguém para que não caísse em um sono profundo. O senhor o encarou com cara de quem não queria papo e respondeu sem animo nenhum.

Com o pé, ele balançou o bebê-conforto dos gêmeos para niná-los. De fato, ele não servia para ser um pai. Exausto, essa era a palavra para descrevê-lo naquele momento. E não estava mais do que 24 horas sozinho com as crianças. Céus, ele nunca tinha desejado tanto que uma mulher chegasse a sua vida. Claro que ele era um pouco machista para “depender” de uma mulher, mas naquele ponto estava bem claro que precisava da ajuda de Rose, ele aceite ou não.

O tempo passava, as pessoas iam e vinham, alguns voos decolavam e outros pousavam, muitos que estavam na mesma situação do que ele viram seus entes ou amigos chegarem, mas ele continuava no mesmo lugar desde que chegou um pouco antes das cinco. As mamadeiras que carregava na bolsa de bebê versão masculina que fez Alice comprar já estavam se esgotando.

O relógio já marcava mais de dez quando se cansou de esperar. Deixou Nessie brincando com um dos seus aplicativos favoritos. A voz do Tom, o gato falante, já estava começando o irritar. Talvez não somente porque ela é de fato irritante, mas porque o mal humor estava falando bem mais alto naquela manhã.

Levantou lentamente caminhando até o check in da companhia aérea que Jazz afirmara que era a favorita de Rose. Se ela viesse de avião com certeza seria por ela. Colocou a cadeirinha dos gêmeos sobre a balança ao lado da recepcionista e tentou jogar todo o charme que ele tinha para ela. Sorriu mostrando suas covinhas e colocou o braço sobre o balcão. Não é de se desperdiçar, pensou depois de uma olhada para a mulher.

– Posso ajudar? – a mulher perguntou solicita.

– Sim senhorita... – ele por sua vez tentou parecer o mais galanteador que conseguia – Eu preciso saber onde o voo 1675 vindo de Nova York se encontra.

– Senhor, não sei se posso ajudá-lo. – ela respondeu sem ao menos se abalar pelo sorriso de covinhas de Emmett, ela ao menos tinha o encarado.

– Por favor... – Emm praticamente implorou.

– Senhor...

– Minha noiva está nesse voo – mentiu tentando jogar pro lado emocional. Sabia que mulheres amavam uma boa história de romance, mesmo que fosse de mentira.

– Senhor, por favor... – a atendente o encarou pela primeira vez e o gigante fez sua melhor cara de cachorro abandonado.

– Estou aqui desde as quatro da manhã ansioso pra ver minha noiva novamente... Por favor a senhorita, senhorita Kaswell... A senhorita tem filhos?

– Não senhor...

– Mas a senhorita tem uma mãe, quando era pequena como se sentia longe de sua mãe? Eu tenho três filhos desesperados para ver a mãe... – ele apontou com a cabeça para os dois bebês que acabaram de voltar a dormir.

– Olha senhor, vou fazer o melhor – ela suspirou vencida e digitou alguma coisa no computador.

– Nessie... – Emm olhou pro lado e não encontrou a menina de meio metro ao seu lado.

– O que foi senhor? – a jovem atendente o encarou sobre os cílios.

– Minha filha... – ele olhou para os lados desesperado – Olha por favor os dois? – ele perguntou desnorteado e saiu correndo antes mesmo da afirmação.

Ele tinha certeza absoluta que não tinha tirado o olho de sua sobrinhas, mas se não tinha, onde ela estava? Saiu correndo passando pelos lugares pelos quais tinham passado tentando trilhar os mesmos passos, mas não estava funcionando.

Seus olhos corriam o chão enquanto a jaqueta voava contra o vento devido a sua velocidade. Chamava o nome da pequena por todos os cantos. A segurança do aeroporto pareceu se atentar para o gigante homem correndo contra a multidão e o pararam quase o derrubando.

– A Nessie! – ele praticamente esbravejou enquanto tentava se desvincular. – ela é baixinha assim e tem cabelos meio loiros... Quase isso... É outra cor um loiro mais escuro, quase castanho!

– Do que está falando senhor? – um dos homens se pronunciou.

– Minha... Minha menininha, eu perdi ela... Por favor, vocês tem que me ajudar a Rosalie vai cortar minha garganta!

– Quem é Rosalie?

– Ela está vindo de Nova York pra me ajudar... Senhor...

– Ela é sua filha?

– Não... – disse desesperado – São filha do Edward e da Bella, eu a trouxe pra buscar a Rosalie comigo...

– Titio – a vozinha cortou o ar o fazendo olhar pra trás no mesmo momento.

Ness soltou a mão do policial ao seu lado e saiu correndo em direção ao gigante de covinhas. Emmett sentiu seu corpo relaxar pela primeira vez desde que saiu da cama no meio da madrugada para trocar os gêmeos, dar a mamadeira e rumarem para o aeroporto. Os curtos braços se jogaram contra os seus e ele a tirou do chão a abraçando.

Por pouco não chorou. Ele estava tão desesperado para encontrá-la que perdeu qualquer controle sobre seus nervos. A menina o abraçou tão forte que parecia querer cortar o corpo musculoso com as pernas e com os braços. Emm também a apertou no abraço, tomando cuidado para não machucá-la.

– O senhor é Emm? – a voz do policial se fez firme diante dos seus olhos.

– Emmett, Emmett McCarty – ele se apresentou estendendo uma mão enquanto segurava a sobrinha com o outro braço. – Obrigado Policial, eu entrei em desespero quando não a vi.

– Achei que tinha me esquecido – a pequena falou com uma voz tremula, ela chorava. Emm beijou sua testa e tentou a acalmar com palavras de que tudo ficaria bem.

– O aeroporto é bem movimentado, não tire os olhos dela novamente – ele praticamente o implorou.

– Sim senhor policial – Emm concordou com sorriso e covinhas. O homem fardado a sua frente fez sinal que estava tudo bem para o outro e ambos se retiraram.

– Cadê meus priminhos? – Nessie perguntou mais calma.

– No Check in... – o “titio” respondeu depois de um longo suspiro de alivio. – Pequenininha, se a moça perguntar você é minha filha, OK?

– Porque? – ela o encarou com os olhos ainda molhados.

– Porque eu contei uma mentirinha pra moça falar onde a Rosalie está... – contou.

– Mamãe e Papai falam que mentir é feio... – Ness esbravejou.

– Só hoje, por favor – o homem cheio de músculos pareceu uma criança implorando para a outra encobrir suas mentiras, e sorriu com a confirmação da pequena se colocando a andar na direção do guichê.

A menininha abraçou seu pescoço novamente enquanto ele andava e deitou a pequena cabeça no gigante ombro de Emmett. Em proporções, ela era a Barbie e ele era a criança que brincava com a boneca. Não que o agradasse essa comparação.

– Senhor! – a mulher o avistou e logo esbravejou – Não pode deixar...

– Desculpa, eu me desesperei – ele a cortou pegando a alça do conforto de Ava e Noah – Alguma notícia?

– O voo de sua noiva foi cancelado devido ao mal tempo de Nova York. Não temos previsão para quando ela chegará.

– Está brincando comigo! – descrente de tanto azar ele só fez sorrir de nervosismo quando, na verdade, queria chorar.

– É melhor o senhor ir pra casa e descansar... Não podemos fazer nada. – Emm gemeu de descontentamento.

– Tudo bem... Obrigado – ele resmungou se virando.

Agora era levar as crianças para a escola, dormir no período que estivesse sozinho e esperar que a sua noite não fosse tão desesperadora quando a noite passada.


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