DIA 00 – Prólogo

21 de novembro de 2014

Emmett estranhou a presença de seus melhores amigos em sua casa. Já tinha mais de cinco anos que nenhum deles apareciam nas festas que ele normalmente dava. Não que elas fossem ruins, mas elas continham informações demasiadas para pessoas casadas. E, na atual situação dos quatro amigos, aquilo não era uma festa e sim... Pegação deliberada.

Com a sobrancelha erguida, Emmett retirou uma mulher de seu colo e andou ajeitando a roupa até seus companheiros. Ele sorriu polindo os lábios com a língua. Murmurou um “E ai” e os conduziu para uma mesa mais afastada e calma.

– Tudo bem, Emm? – cumprimentou Edward.

– E ai cara? Bem? – ele disse a todo sorrisos e covinhas.

– Bem... Festa... Bem... Bacana – Jazz gaguejou.

– Jazz – Alice o olhou brava e deu um tapa em seu peito.

– Allie, meu amor... – ele disse beijando sua mão – queria que falasse o que?

– A festa é bacana, deveriam vir a minha casa mais vezes... – o anfitrião os cortou antes que a discussão começasse.

– Se suas festas fossem mais... familiares – Edward murmurou.

– São familiares – Emm respondeu.

– São sim – Bella concordou – Mas não no sentido que queremos...

– E o que querem? – Ele cruzou os braços a olhando.

– No sentido de podermos trazer as crianças. E não no sentido de fazer crianças!

– Fazer crianças é a melhor parte... Ou melhor... Fazer crianças não, treinar para fazer uma.

– Emmett – Alice resmungou.

– Ai meus tímpanos, Alice – o gigante reclamou.

– A música é bem mais alta...

– Mas a música não é tão aguda!

Alice cruzou os braços e olhou para o marido pedindo para que ele a defendesse com o olhar. Emmett solicitou mentalmente para ser internado no dia que ele soubesse o que uma mulher queria pelo o olhar, salvo exceções na cama, ressaltou.

– Emmett, vamos mudar de assunto, OK? – Jasper pediu.

– Gostosa... – Emm praticamente engoliu uma garçonete seminua que passou ao seu lado. Depois de algumas palavras a elogiando ele a pediu algumas bebidas, e estalou um tapa em suas nádegas assim que ela se virou para buscá-las. – Então... O que querem falar?

– A gente quer um favor – Jazz foi direto ao ponto.

– Pode pedir depois que estiver bêbado? – ele resmungou.

– Ainda não está não? – Eddie ironizou.

– HÁ-HÁ – Emm fingiu rir.

– Vai ter ajuda – Bella tentou amenizar a situação.

– Falem logo! – sua voz foi dura, como se ordenasse alguma coisa.

– Queremos que cuide das crianças enquanto viajamos. – Alice o encarou enquanto falava. Ele quase derrubou a bandeja da mão da garçonete quando se levantou.

– Fala sério... Vocês nunca apareceram nas minhas festas depois que casaram! E quando aparecem é pra isso? – esbravejou.

Os quatro o olharam de forma exasperada. Emmett parecia ter o dom da infantilidade presente no sangue, mas naquele momento ele realmente estava irritado. Mesmo com seus dois metros de altura e seus intermináveis centímetros de largura, os mais de 30 anos nas costas ainda não tinha pesado.

Ao contrário do amigo, os dois casais sabiam o que era uma responsabilidade vitalícia. Filhos. E, para eles, a melhor parte era que foram totalmente planejados. Bella se orgulhava da forma que tivera sua pequena Nessie. Ela sempre desejou passar por todos os estágios de uma garota apaixonada antes de ter sua própria família, e havia conseguido. Alice por outro lado, teve os filhos com pouco tempo de casada. Mas mesmo assim, os gêmeos vieram em ótima hora.

– Ah qual é Emm... Você vive a vida de solteiro que sempre quis, não se preocupa com nada, e nem tem nada pra fazer...

– Ah, obrigado por me lembrar... – ele resmungou para o amigo.

– A gente nunca te pediu nada Emm! – Eddie murmurou o olhando.

Eles se conheceram no colegial, e mesmo depois de tantos anos nunca se distanciaram. Era uma amizade genuína. Formosa em todos os sentidos da palavra. Emmett sabia disso. Sabia que devia muitas coisas aos amigos.

E, por essa amizade douradora, ele sabia muito bem que aquela era a única opção deles. Edward havia perdido sua família há menos de 6 meses, era uma das primeiras vezes que ele saíra de casa depois do incidente. Alice era órfã, uma bem sucedida estilista órfã. Isabella, por sua vez, vivera com sua mãe até que Renée fosse morar na Itália com seu mais novo marido. Jasper era o único que tinha um alicerce familiar. Ainda que seu pai fosse um louco e sua irmã mais nova uma viciada em trabalho. E deixar as crianças com um estranho era pedir para morrer.

Além do mais, ele era praticamente o irmão mais velho dos pequenos. Nessie o chamava de “tio”, e de fato ele adorava os “sobrinhos”. Mas ele tinha medo de cuidar deles. Mesmo agindo como uma criança as vezes, ele não tinha jeito nenhum para lidar com uma. Era de mais pra uma pessoa só.

– A gente sabe que tá dando um tempo no trabalho... – Jazz tentou apaziguar.

– Eu estou mesmo... Quero abrir a minha própria empresa, não aguento receber ordens de pessoas medíocres.

– Exatamente Emm... Assim como você precisa de um tempo pra isso, nós precisamos de um tempo pra nós... – murmurou Alice – Pense assim: quando for casado e tiver seus filhos nós vamos cuidar deles pra você e sua esposa viajarem...

– Isso parece maravilhoso. – ele sorriu – Eu poderia muito bem concordar, só que tem uma pequena falha no seu querido plano Lice...

– Ah é? Qual? – ela o olhou levantando a sobrancelha.

– Eu nunca me casarei e muito menos terei filhos...

– Ah tá bom – Bella riu – até parece!

– Meu apartamento é bem aconchegante para uma pessoa! – ressaltou.

– Vai sentir falta de carinho. – ela afirmou.

– É o que acha. – ele discordou e balançou a cabeça.

– Minha irmã está vindo pra te ajudar. – Jazz argumentou.

– Sua irmã, com todo o respeito, é uma chata!

– Ela mudou...

– Mudou de que? De óculos?

– Coitada Emmett! – Bella esbravejou.

– Ela só sabe falar de estudos, e eu sei lá o que ela faz!

– Se não estivesse tão concentrado nas mulheres que passavam na sua frente no nosso casamento saberia pelo menos qual era o curso que ela fez. – Alice respondeu pegando um drinque.

– Não se pode dispensar mulheres que passam piscando na sua frente – justificou.

– Você nem olhou pra minha irmã.

– Vai falar que queria que comesse a sua irmã?

– Claro que não! Eu te mataria se fizesse isso. Só que...

– Cara ela é a sua irmã, pra mim ela é um homem. – Emmett o interrompeu.

– Concordo, só que não se conversa com uma pessoa sem olhá-la. – Jazz expos enquanto o amigo revirava os olhos o ignorando.

– Ok, feito. No máximo duas semanas. Nada mais. Mas só concordo para vocês calarem a boca. – ele os encarou com um sorriso nos olhos – E porque deram o ar da graça!

– Nós iriamos fazer você aceitar por bem ou por mal – Alice revirou os olhos falando.

– Viajaremos daqui a 4 dias. – Bella contou.

– Você ficará na nossa casa! – Jasper disse tranquilamente o explicando. - Ela é maior, e assim você e minha irmã não terão de dividir um quarto. Ela ficará no nosso quarto, a Nessie no de hospede, já ajeitamos tudo para pequena, e você poderá dormir na sala de televisão. Acredite cara, é o melhor sofá-cama em que já dormi na minha vida

– Já escrevemos nossa rotina, é só copiar o que fazemos dia-a-dia. – Edward finalizou a conversa.

– Ah, Rosalie chegará na manhã do dia 26, ou seja... Um dia será só você e as crianças. Gostaria de te pedir pra buscá-la, ela não conhece nossa atual casa.

– Pra onde vão?

– Alice comprou um pacote maravilhoso chamado “Despertar dos Deuses” é um mix de Grécia e Turquia. Eu estou tão ansiosa! Foi uma pechincha.

– Vocês são uns amigos da onça – ele resmungou emburrado.

– Você nos ama Emm, é claro que aceitaria! – Eddie sorriu.

Emmett se levantou lentamente e os encarou. Colocou as mãos no encosto da cadeira e maneou a cabeça pensando. Os amigos sorriram. Ele sorriu.

– Agora vocês estão em uma festa, ajam como em uma festa! – ele ordenou indo dançar com alguma “amiga”.