Os Marotos - The Bodyguards escrita por Nina Black


Capítulo 3
Lolita


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um capitulo!! Espero que gostem! Beijos!



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POV Dorcas:

O que você faria se soubesse que tem um monte de pessoas lá fora querendo que você faça alguma coisa por elas, mas você não pode?

Bem, isso é basicamente minha vida resumida em uma frase de efeito. Sou Dorcas Meadowes, filha de Stefan Meadowes, prefeito de Londres. Minha mãe morreu em um acidente de carro quando eu tinha apenas oito anos e meu irmão Theodore Meadowes tinha dois anos.

Depois do acidente, meu pai ficou visivelmente abalado, até que uma bruxa tocou a campainha da porta da nossa casa. Pra minha mente de criança, era como a cena da Branca de Neve, onde ela vinha disfarçada e oferecesse a maçã envenenada para meu pai. O nome dela era Úrsula Wickednew. Depois de dois anos que tivemos a infelicidade de conhecê-la, meu pai se casou com ela oito meses depois, fazendo que ela atormentasse a minha vida e a do meu irmão até os dias de hoje. É, dessa vez não teve nenhum príncipe ou princesa encantada que quebrasse esse feitiço.

Se um dia me virem na rua, irão me reconhecer pelos meus cabelos loiros, que aliás, são como uma marca registrada da família Meadowes, já que meus fios são realmente muito loiros. Alguns dizem que eu e minhas amigas daríamos ótimas modelos, mas não me vejo na frente de câmeras e em cima de uma passarela. Claro, sempre gostei de ir a comícios com meu pai, e quase sempre tinha jantares na nossa casa, onde ele convidava pessoas famosas, mas sou muito desengonçada para modelar. Deixarei isso para Marlene.

 Falando em festas, amanhã a mãe de uma das minhas melhores amigas, Lilian Evans, vai dar uma festa comemorando a nossa volta de Paris, onde estudamos em um colégio apenas para meninas. E eu estou DESESPERADA, pois não acho nada para a ocasião. Nunca me preparo para esse tipo de coisa, é incrível a minha capacidade de nunca ter nada para vestir.

 Bom, nesse caso, só tinha uma saída para minha situação. Peguei meu telefone decidida, e disquei o número da minha salvadora.

 - Alô? — Marlene atendeu ao telefone e, pela voz rouca e arrastada, dava-se para entender que ela estava dormindo.

 - Lene? Sou eu a Dorcas.

 — Claro que eu sei que é você, Dorc's. Meu celular tem visor.

 Delicada e gentil como um coice de mula. Dica do dia: Nunca acorde Marlene.

 - Pode me ajudar? - Eu perguntei.

 - Claro. Mas o que aconteceu? - Ela perguntou do outro lado da linha.

 - Preciso achar um vestido ate amanhã. Não tenho absolutamente nada decente pra usar.

Me encontra na loja da Sra. Evans daqui a uma hora. Vou ligar pra Lily. Tchau.

 Desliguei o celular e desci para tomar café.

 Morávamos em uma casa grande, com vários cômodos. Mas as vezes por conta de que acabei de retornar á casa, ela parece muito vazia para mim.

— Bom dia. – Falei me sentando a mesa na sala de jantar.

— Bons modos, Dorcas! – Úrsula disse quando eu praticamente enfiei um pedaço de bolo inteiro na boca, mas ignorei seu comentário, o que aliás, faço quase sempre. Depois de tanto discutir com ela, cheguei a conclusão que ignorá-la seria a melhor saída para ambas.

Depois de dez minutos tentando engolir tudo o que vi na minha frente, me despedi de meu pai e meu irmão e fui para a loja Evans’s Fashion And Beauty. 

 Chegando lá, encontrei minhas duas amigas sentadas em um sofá muito esquisito de veludo, conversando baixinho sobre alguma coisa.

— Olá. – Cumprimentei ambas assim que me aproximei delas.

— Oi. Que magia você fez para que a Marlene saísse da cama assim, tão rápido? - Lilian perguntou para mim, e eu contei a ela sobre o fato de que eu não tenho nenhum vestido para usar.

— É que quando ela tocou no assunto de vestidos, eu me lembrei de que também tinha esquecido de comprar o meu. – Ela explicou.

 - Você tem trocentos vestidos naquele seu guarda-roupa, Lene. - Lilian suspirou.

 - Não estraga minha felicidade de comprar roupas, Lily. E, aliás, viemos aqui também ajudar nossa amiga. - Ela caminhou até mim e passou os braços nos meus ombros.

— Minha mãe pode nos ajudar, vamos entrar antes que isso aqui lote. – Lilian falou nos puxando para dentro da loja, enquanto ríamos de Marlene. 

(...)

— Então vocês querem vestidos para amanhã? Bem, eu tenho alguns aqui. – A mãe de Lilian falou e logo pediu a uma das funcionárias que trouxesse muitos vestidos para nós analisarmos qual seria o melhor.

— Mãe... Quem são eles? – Lilian apontou discretamente para três garotos parados perto do caixa. Foi nesse exato momento que eu notei a existência dos mesmo, pois estava tão perdida no meio de todos aqueles tipos de tecido. Fiquei imaginando como as jovens moças do século XVIII que estão nas histórias dos livros que eu leio se sentiam.

— Espera ai... - Marlene colocou um vestido de lado. - Eu conheço um deles, ele trabalha no haras. - Ela disse abaixando o tom da voz. - Eu vi ele ontem lá, conversamos bastante.

— Aqueles são alguns dos garçons que vão nos servir amanhã... – Dona Daisy falou.

 - Ah sim... - Eu comentei analisando um a um.

 

Parece-me que o garoto que Marlene falou que conhecia, era um moreno, alto, e que me parecia bem musculoso (olhando melhor, todos são altos e musculosos.), o cabelo dele era mais comprido do que o dos outros dois, tanto os cabelos quando os olhos eram escuros.

O outro tinha os olhos castanhos bem vivos, mas eram escondidos com os óculos que usava uma coisa que me chamou a atenção nele, foram seus cabelos castanhos bem arrepiados.

Mas, o outro, tinha olhos castanhos, mas bem claros, me lembrava a cor mel. Ao contrário do outro, seus cabelos castanho claros estavam alinhados de uma forma bem comportada.

Parei de olhá-los quando percebi que eles também nos encaravam.

 - Eu não existo. - Marlene disse colocando um vestido na sua frente, bloqueando a visão dos meninos para cima dela. 

 - Por que está assim, Lene? - Lilian perguntou tentando evitar contato visual com os três também.

 - Acabei de conhecer aquele cara ali. Ele não sabe que eu sou Marlene McKinnon! - Ela cochichou. - Vamos apenas experimentar esses vestidos.

 - Vamos sair daqui.

 - Pra que lado fica o vestiário? - Marlene perguntou colocando mais vestidos na sua frente. Eu tive que me segurar ainda mais pra não rir dela.

 - Perto do caixa... - Lilian sussurrou.

 - Espera. É onde...- Eu disse olhando para o rumo que os rapazes estavam, e era ali, bem do lado deles.

 - Não acredito. - Marlene disse. - Sério que é do lado deles? Do ladinho?

 - Sim. - Lilian disse pegando suas opções de vestido, e eu fiz o mesmo. - Vamos logo.

 - Eu vou dar a volta. - Marlene teve mais uma de suas brilhantes (ironia) ideias. - Me esperem lá dentro. - Ela disse caminhando até o outro lado da loja.

 - A Marlene é uma idiota. - Lilian disse rindo da amiga. Assim, começamos a ir em direção dos vestiários, com os rapazes nos olhando.

À medida que nos aproximávamos, parece que aquele garoto dos olhos cor de mel me encarava com mais intensidade, ou talvez poderia ser apenas uma leve impressão minha. Passamos do lado deles um pouco mais rápido que o normal e entramos nos vestiários.

A pior parte já passou, ou era o que eu pensava até o momento em que a Sra. Evans traz uma sacola cheia de: Espartilhos!

Ah... O assassino de toda mulher...

— O que é isso? – Marlene perguntou de olhos arregalados para a coisa preta que a mãe de Lily carregava nas mãos. Ela havia acabdo de chegar de sua viagem até as cabines, e agora dava de cara um uma coisa daquelas.

— Isso é o que vai fazer vocês ficarem com uma aparência elegante durante toda a festa!

— Peraí... – Comecei. – Durante TODA a festa?

 Daisy Evans poderia estar simplesmente brincando com a nossa cara.

— Sim... Só vão tirar isso depois que eu mandar! Agora, vamos experimentar! Quem vai ser a primeira? – Daisy perguntou e de uma coisa eu sei, não sobrou uma na frente dela. - Marlene! Vem aqui!

— Eu não vou usar isso! – Ela falou decidida. Mas só sei que, no final, depois de muita luta, Daisy conseguiu colocar um espartilho em cada uma de nós três.

(...)

— Eu... Vou... Morrer! – Falei sem ar depois que ela apertou aquele treco na minha cintura.

— Socorro! – Lilian falou respirando fundo. - Mãe, você ficou louca/

— Não respiro! – Marlene mal pode falar. – Não estou sentindo minha cintura... Acho que parou a circulação. - Ela disse fazendo um drama a mais.

— Daqui a pouco você se acostumam, agora, podem experimentar os vestidos. – A Sra. Evans falou saindo do vestiário.

 - Lily... - A morena chamou a amiga. - Eu não estou conseguindo ANDAR.

(...)

— Eu vou levar esse. – Eu falei para a caixa, que sorriu docemente para mim, depois que eu dei meu cartão de crédito para ela, claro. Ainda estava com a minha barriga doendo depois da sessão de tortura.

 Assim que acabamos de sair da loja, vimos que aqueles rapazes de antes não estavam mais aqui.

— Encontro vocês depois. Tenho umas coisas para resolver no haras. Meu pai me pediu... Até mais! – Marlene falou entrando no seu carro.

— Vou voltar pra minha casa para descansar. Você vem, Dorc's? - Lilian perguntou já ligando para pedir um táxi.

 - Não, obrigada. Tenho que resolver umas coisas aqui no centro, então vou ficar. Te vejo mais tarde! 

— Combinado então. - A ruiva sorriu para mim e logo foi atender seu celular.

Decidi guardar minhas coisas no meu carro. Na verdade, não havia muitas coisas que eu tinha que fazer por ali, apenas queria caminhar sozinha um pouco. Claro que eu adorava a companhia das meninas, mas queria ver o quanto Londres mudou com meus próprios olhos. Comecei caminhando pela praça que tinha ali por perto, eu realmente adorava ver as crianças brincando. Me lembra de como a infância é doce...

Andei por uns vinte minutos, mais ou menos, quando encarei um prédio gigante, que em cima estava escrito com letras douradas: Biblioteca Municipal.

Era o único lugar que eu queria estar a partir daquele momento. Como eu não havia pensando naquilo antes? Era o lugar perfeito para eu estar.

Dentro, as estantes eram todas de mármore, algumas continham livros de capas que pareciam novas, outras tinham livros que pareciam que estavam lá a mais de vinte anos... Mas um me interessou mais, um de capa toda preta, com apenas o titulo em dourado: Lolita.

 Analisei muito bem a capa e a contracapa, parecia em bom estado. Tudo ali era tão quieto, que parecia que eu estava gritando em meus próprios pensamentos. Era bem estranho. Talvez eu estivesse mesmo.

— É um livro muito bom. Tenho ele, não essa edição, mas ele é bem legal. – Alguém falou atrás de mim.

— Sério? Bem, o titulo parece-me bem... - Me virei, curiosa para saber quem era. - Legal. – E não é que era aquele rapaz da loja de roupas? Bem, o que eu disse está confirmado, ele realmente era um cara bem... Atraente. Claro, ao meu ver. Mas a pergunta era, o que ele estava fazendo ali?

— Como é seu nome? – Ele me perguntou gentilmente.

— Sou Dorcas. Prazer. – Estendi a mão e ele me cumprimentou.

— Remo Lupin. Pelo visto você gosta de livros. Vi quando você entrou, seus olhos brilharam. – Ele disse em um tom de divertimento. - Trabalho aqui há muito tempo, mas é difícil ver alguém realmente interessada em livros mais velhos um pouco, como esse.

— Pois é... Espera, Você trabalha aqui? - Ele confirmou, já ficando levemente vermelho. - Mas não é você que vai trabalhar na casa dos Evans amanha? Bom, perdoe-me se estiver errada, mas foi o que Daisy EVans me disse quando vimos você e mais dois rapazes.

 Mais direta que isso impossível, Dorcas. Depois não se pergunte por que você não arruma um namorado direito.

— Sim, vou ser garçom. Eu ajudo a família dos meus amigos quando eu posso. Na verdade, é sempre bom ganhar um dinheiro a mais no final do mês. - Ele brincou, e eu ri.

— Eu compreendo. Então, que bom que conseguiu um trabalho por lá. Daisy Evans é um amor de pessoa. Vão gostar dela. Da filha dela também, sou amiga de Lilian.

 - Fico satisfeito em saber disso. - Ele sorriu singelamente para mim. - Vai levar o livro?

 - Claro. - Eu percebi que ainda estava com ele nas mãos. - Espero gostar.

 - Tem minha indicação, Dorcas...?

 Meu sobrenome? Bem... Lá vamos nós.

 

— Meadowes. Dorcas Meadowes. – Falei observando a reação dele.

 - Não seria a filha do prefeito...? - Ele perguntou devagar.

 - Sim. Sou eu. Por isso iremos nos ver na festa. - Eu sorri para ele. - Espero que não tire nenhuma conclusão de mim... Eu sei que todos acham que somos mimadas e coisas desse tipo... Mas não somos assim. - Eu comecei a me explicar sem motivo. Claro, eu não tinha nenhuma satisfação para dar, mas eu simplesmente odiava quando as pessoas tiravam conclusões precipitadas sobre mim apenas por ser rica. Em todos os sentidos, tirar conclusões sobre outras pessoas sem conhecê-las é muito errado.

 - Bem... A única conclusão que eu tirei de você até agora... É que você se interessa por Lolita. - Ele disse sorrindo e saindo de perto de mim. Assim que ele virou uma das prateleiras, eu suspirei. Definitivamente eu não esperava essa reação de ninguém. Eu e minha mania de querer se explicar pra tudo...

 Sai rapidamente da biblioteca e resolvi voltar para casa. Meu estômago estava faminto e eu já demorara demais ali. Andei uns vinte minutos de carro até a minha casa. Assim que coloquei meu pé naquela casa, Úrsula veio me bombardeando de perguntas.

— O que estava fazendo todo esse tempo? Demorou muito! O que você viu? Não gostei do tom do seu vestido, não tinha outro melhor? Eu deveria ter ido com você mesmo!

— Úrsula! – A repreendi e contei até dez para não gritar com ela, abri os olhos e encarei aquele per de olhos verdes musgo e aquele cabelo loiro tingido dela me queimando. – Eu vou subir, tenho que tomar um banho e descansar.

— Vá logo. E tente convencer o seu irmão a ir com você, não sei como convencer aquele pestinha a tomar banho! – Ela disse, mas claro que não foi perto do meu pai. Nunca é perto do meu pai, ela é esperta, afinal.

 Megera.

 Subi as escadas rapidamente e entrei no quarto do Theo, encontrando tudo esparramado, como um típico quarto de um menino britânico de doze anos.

— Theo? – Perguntei, mas ele não me respondeu. – Theo?

— BUUUUU!! – Ele pulou na minha frente usando uma mascara de monstro, e eu claro, tive um pequeno ataque fulminante. Mas passo bem.

— Theo! Que susto! Vai, vai tomar banho porque a bruxa do mar mandou! – Falei fazendo careta.

— E eu obedeço àquela velha? – Ele riu. – Mas já que VOCÊ pediu, eu já vou para o banheiro. – Ele se retirou do quarto e eu logo fui para o meu.

Tomei um banho cheio de sais aromáticos e tudo mais, me ajuda a relaxar e a pensar. Depois coloquei um short e uma regata bem solta e me deitei na cama. Retirei o livro que peguei da biblioteca e passei os dedos no titulo.

 - Lolita... - Eu comentei sozinha.

 Quem sabe eu não consigo encontra-lo naquela festa?

 Essa será a noite em que tudo será possível.


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram?? Comentem!