Dançando Sobre o Gelo escrita por Lyria


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Fui "genial" o bastante para esquecer de citar a idade da Elsa no primeiro capítulo... Ela começa a historia com 10 anos, ok?



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“Elsa, você quer fazer um boneco de neve?”

Aquela frase machucava a garota de cabelos louros como uma facada em seu peito. Claro que ela queria brincar com Anna, claro que gostaria de passar o tempo com sua amada irmã, mas...

“Vá embora, Anna!” respondeu Elsa, do outro lado da porta.

Alguns instantes silenciosos se passaram, e então, foi possível ouvir o barulho de passos se afastando do quarto. Elsa suspirou profundamente, e precisou, mais uma vez, lutar contra as próprias lágrimas. Ela sabia que suas palavras soavam cruéis, mas ela só queria o bem de sua irmã... Não queria machucá-la novamente.

“Anna...” murmurou, encostando o rosto e as mãos contra a superfície da porta, fechando os olhos.

Não demorou para que o local sob suas mãos passasse a ser tomado por cristais de gelo. Elsa voltou a abrir os olhos, encarando aquelas marcas esbranquiçadas com uma expressão de raiva.

“Eu não pedi por isso...” ela murmurou, cerrando os punhos “Eu não quero esse poder!”

Finalmente, as lágrimas foram mais fortes que ela. Por que aquilo tinha que acontecer? Por que ela não podia ser como as outras meninas? Por que ela tinha que machucar as pessoas que amava?

“Eu só quero ser normal...”

Ela soluçou baixo, a dor em seu peito quase insuportável.

“Acredite em mim, garota... Você não é a única.”

Aquela voz desconhecida fez com que Elsa olhasse instintivamente para trás, buscando sua origem. E lá estava ele, sentado sobre a murada da janela com uma perna dobrada, e um cajado de madeira em mãos: um garoto magro e pálido, de cabelos brancos e ligeiramente bagunçados, e belos olhos azuis. Ele a observava distraidamente, como se aquela situação fosse algo comum.

Mas é claro que não era!

Com aquela visão, Elsa berrou.

Pego de surpresa por aquela reação, o garoto arregalou os olhos, gritando também em resposta, perdendo o equilíbrio e caindo para fora da janela. Temendo que o garoto se machucasse com a queda, Elsa gritou ainda mais alto, correndo em direção à janela para ver se estava tudo bem. Porém, para seu maior espanto, o garoto apareceu flutuando diante de si, fazendo com que ela tropeçasse nos próprios pés, e caísse sentada sobre o chão. Os olhos azuis da garota continuaram fixos naquele rosto pálido e desconhecido, como se ela mal pudesse acreditar no que estava vendo... E quem poderia culpá-la? Havia um menino voando à sua frente!

“Q-quem é v-você?!” perguntou ela, gaguejando. Ao menos não gritava mais “O q-que está f-fazendo no meu q-quarto?!”

O garoto franziu o cenho, parecendo ligeiramente irritado.

“O quê?” disse ele “Você quase me faz cair daqui de cima, e depois simplesmente me pergunta quem eu sou? Você deveria no mínimo pedir desc...”

O garoto interrompeu sua frase no meio, e Elsa estava prestes a dizer que era ele quem deveria pedir desculpas por entrar no quarto dos outros sem bater, quando ele voltou a falar.

“Espere aí...” disse, parecendo confuso “Você... Está me vendo?”

Foi a vez de Elsa franzir o cenho.

“É claro que eu estou te vendo!” disse, em tom incrédulo.

A reação do garoto foi o completo oposto do que a menina esperava: um largo sorriso surgiu em seu rosto, e ele começou a rir sozinho. Ah, ótimo... Ele era louco.

“Eu não acredito!” disse ele, animadamente.

“É... nem eu.”retrucou ela, em tom baixo, revirando brevemente os olhos.

Elsa respirou fundo, tentando reunir toda sua boa-educação de princesa, e então forçou um sorriso para o garoto desconhecido.

“Então, senhor... Ahn, ‘louquinho’...”

“Louquinho?” o menino de cabelos brancos arqueou as sobrancelhas com aquele apelido.

“Poderia me dizer o que está fazendo no meu quarto?” prosseguiu a mais nova, como se não houvesse escutado o outro.

Jack deu de ombros, e então, voltou a se acomodar sobre a murada da janela.

“Em primeiro lugar, meu nome é Jack Frost.” disse ele, tranquilamente “E eu só estava de passagem.”

“De passagem...?” repetiu Elsa, sem acreditar muito naquilo “Nunca te disseram que é falta de educação entrar no quarto dos outros sem bater?”

“Bem... Mesmo que eu batesse, não ia fazer diferença.”

“Como assim?”

“Sabe...” Jack levou a mão à lateral do pescoço, visivelmente desconfortável com o assunto “Normalmente, as pessoas não podem me ver.”

Elsa arqueou ambas as sobrancelhas ao ouvir aquilo.

“Ah.” disse ela “Claro.”

O tom de descrença da menor fez com que Jack entortasse levemente os lábios.

“Você não está acreditando em mim né?” ele perguntou, embora já soubesse a resposta.

“Não.” Respondeu a loira, simplesmente.

“Ótimo...”

Jack estava prestes a arriscar uma nova explicação, quando batidas à porta chamaram a atenção de ambos.

“Elsa?” era uma voz feminina “Elsa, querida... Você está bem?”

“Mamãe?”

Elsa foi até a porta, abrindo-a. Do outro lado, havia uma mulher de cabelos castanhos e escuros, acompanhada de um homem alto e loiro. Ambos carregavam expressões preocupadas em seus rostos.

“Elsa, aconteceu alguma coisa?” perguntou o homem, abaixando-se para ficar da altura da menina.

“Não, papai.”respondeu a menor, sorrindo levemente “Só estava falando para o Senhor Frost que é falta de educação entrar no quarto dos outros sem bater.”

Dizendo isso, ela indicou Jack com sua mão. O Rei e a Rainha de Arendelle se entreolharam brevemente, hesitantes, e então, o homem se aproximou da janela, espiando por ela, como que para conferir se não havia alguém pendurado do outro lado. Jack, que havia movido um pouco seu corpo para o lado para evitar ser atravessado, apenas observou o homem, até que ele se voltou para a filha, sorrindo gentilmente.

“Ah, entendi.” disse ele, rindo baixo “Você está brincando de faz de conta, não é?”

A Rainha suspirou aliviada ao ouvir aquilo, e então, também riu baixo.

“Ora, então diga para o ‘Senhor Frost’ que é realmente feio entrar no quarto de uma dama sem avisar!” disse ela, como que mergulhando na fantasia da filha.

Elsa abriu a boca para dizer que Jack não era coisa de sua imaginação, mas mudou de ideia: se seus pais não haviam visto aquele garoto sentado em sua janela, é porque havia algo de errado acontecendo.

“Só não grite tão alto da próxima vez, está bem?” pediu o pai de Elsa, dando um rápido beijo na testa da filha “Você nos deu um grande susto.”

“Divirta-se, minha querida.” disse a mãe, sorrindo ao atravessar a porta, e voltar a fechá-la atrás de si.

Elsa permaneceu parada diante da porta, a boca aberta, a mente perdida em pensamentos.

“Eles... Não te viram...” murmurou, virando-se lentamente para Jack.

O garoto desviou o olhar antes de responder:

“Eu disse, não disse?”

Elsa ficou em silêncio por um tempo, sem saber o que dizer.

“Eu... Eu não imaginei que fosse verdade...” disse, sentindo-se um tanto culpada pela forma como agira antes “Me... Me desculpe.”

“Tudo bem.”

Dizendo isso, Jack voltou a olhar para a garota, e ofereceu-lhe um sorriso. Elsa, porém, ainda se sentia mal por tudo aquilo.

“Ninguém... te viu antes?” ela perguntou, hesitante.

“Não.” respondeu o maior “Você é a primeira.”

A menina levou a mão ao peito, que doeu ao ouvir aquilo. Lentamente, ela se aproximou do outro, até estar diante dele.

“Você... Deve ter se sentido muito sozinho...” ela levou suas mãos à de Jack, segurando-as delicadamente “Assim como eu...”

Jack observou o rosto da menor, percebendo que lágrimas voltavam a surgir em seus olhos. De repente, ele compreendia sua dor.

“Então, é por isso que você estava chorando?” perguntou ele.

Elsa confirmou com a cabeça.

“Mas... Então, por que você não sai desse quarto?” voltou a questionar o garoto “Há muitas crianças lá fora que, sem dúvidas, iam adorar brincar com você.”

Elsa baixou os olhos, tristemente.

“Eu não posso deixar que ninguém descubra.” disse ela, em voz baixa.

Jack franziu levemente o cenho, confuso.

“Descubra o que?”

“Que eu sou um monstro.”

Dizendo isso, ela afastou uma de suas mãos da de Jack, tocando com ela a lateral da janela. Ali, surgiram diversos cristais de gelo, que se espalharam rapidamente sobre a madeira clara.

“Meu poder machuca as pessoas.” disse ela “Machucou a minha irmã... E pode machucar você também.”

Jack observou longamente aquela cena, e então, colocou sua mão ao lado da de Elsa, e ali, fez surgir mais cristais de gelo. Assustada, a menina se afastou da janela, mas ao notar que aquilo não era seu feito, fixou seus olhos em Jack.

“Você não é um monstro.” respondeu ele “E seu poder não pode me machucar... Porque eu sou igual a você.”

“Igual...?”

Jack sorriu para Elsa, e antes que se desse conta, a menor estava sorrindo de volta: pela primeira vez em muito tempo, ela sentiu que não precisava esconder quem realmente era.

“Seu nome é Elsa, não é?”

Só então, a menina se deu conta de que ainda não havia se apresentado.

“Sim!” disse apressadamente, endireitando seu corpo, antes de segurar a barra do vestido com as duas mãos, curvando-se levemente “Sou a Princesa Elsa de Arendelle.”

Jack riu baixo, achando graça na súbita formalidade da menor.

“É um prazer conhecê-la, Princesa Elsa.” disse ele, também curvando-se brevemente.

Foi a vez de Elsa rir da situação.

“Pode me chamar só de Elsa.”

Eles sorriram um para o outro com cumplicidade.

Podiam ter acabado de se conhecer, mas já se sentiam como se fossem melhores amigos.


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Notas finais do capítulo

O que estão achando? É meu primeiro crossover, por isso estou com um pouco de medo de ter deixado a historia um pouco estranha.De qualquer forma, Jack e Elsa são duas coisas maravilhosas, e eu nunca vou me cansar de dizer o quanto os amo. ♥