Não é mais Um Romance Literário escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 46
Capítulo 46




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/46257/chapter/46

Algumas horas antes...

-Filha, está sem fome? –Perguntou minha mãe, olhando para mim enquanto brincava com a comida que me foi ofertada.

-É. Estou sem fome. –Sussurrei.

-Eu vou preparar algo para você comer no aeroporto. –Ela sorriu e se dirigiu a cozinha para preparar uma marmita. Meu pai estava conversando com Jacob na sala. Jake estava radiante. Bem, pelo menos alguém estava feliz. Meu bolso parecia pesar. Eu tentei jogar todo o rascunho do nono livro de Edward na lixeira, mas deixei a última página. Por que fiz isso? Eu não sabia. Eu queria lê-la, acabar com a dúvida quanto aos sentimentos dele. Quem sabe na última página ele dissesse? Diria: “Ela foi mais uma que esquentou minha cama.”.

E os minutos foram se passando. Minha despedida foi rápida, eu não queria falar nada ou ouvir algo de meus pais. Queria deixar as despedidas para depois, por e-mail ou telefone. Jacob ainda sorria, seu braço em meu ombro. Então eu pensei, pensei no que faria. Talvez eu acabasse gostando novamente de Jacob. Poderíamos criar meu filho como marido e mulher, meu filho nem saberia de Edward. Meu peito se encheu de dor. Não era isso o que eu queria. Eu esperava que tudo ficasse bem, como nos contos de fadas. Lembrei-me amargamente de como Edward me criticava por sempre querer final feliz em tudo. Ele estava certo. Nem sempre as histórias terminam com final feliz. Nem sempre a mocinha se casa com o galã e têm um filho.

-Bella, tudo bem? –Jacob olhava-me preocupado. Ri fracamente.

-Sim. Melhor nós irmos. –E seguimos para o seu carro. Senti-me mal por não ter contado a Angela, entraria em contato assim que possível e pediria seu perdão. O caminho até o aeroporto foi tranqüilo. Estava cedo e o tráfego não era tão grande. Talvez a dor que eu sentia naquele momento diminuísse quando entrasse no avião. O aeroporto não estava tão tumultuado.

-Vou fazer o check-in.

-Tudo bem. Está cedo para o nosso vôo, não é?

-Sim.

-Acho que vou ao banheiro. –Eu disse. Jacob assentiu. E então eu corri para o banheiro, eu precisava respirar! Não que fosse melhor respirar em um banheiro, mas eu precisava estar em um lugar não tão abarrotado de gente. Graças aos céus o banheiro estava vazio. Entrei em uma cabine e sentei-me no vaso sanitário. Eu estava hiper-ventilando a essa hora.

“Acalme-se Bella! Tudo ficará bem! Você tem sorte por Jacob ter se oferecido assim, caso o contrário sua vida seria um inferno!” - Os pensamentos não me acalmaram. Então eu peguei a última folha dos rascunhos do nono livro de Edward que havia jogado fora. Talvez eu lesse algo desagradável ali e rumasse sem dúvidas para o avião. A folha estava um pouco amassada, ignorei. Passei rapidamente a minha vista pelo papel desejando ver as palavras “brinquedinho” ou “bela aquisição”. Qualquer coisa que mostrasse o crápula que Edward era. E o que encontrei? Nada. Continuei a ler dando mais atenção que eu gostaria. Meu queixo caiu. “Procure Bella! Procure por falhas!” Esse foi o meu mantra. Não encontrei. Meus olhos começaram a se encher de lágrimas.

“... as palavras ásperas dos pais de Megan feriram profundamente Sebastian. Sentiu-se desnorteado pela primeira vez. Claro que estavam sempre falando o quanto ele era desprezível! A imprensa o criticava por seus muitos casos, porém nunca doeu tanto ouvir tais palavras. Ele não servia para Megan, ele era errado demais. Então era assim que acabaria. Ele teria de abdicar por ela, aquela que iluminou sua vida sem ser convidada, aquela que lhe ensinou algo mais do que atração carnal. O que seria então que brotava no peito de Sebastian? Ele não sabia. Ouviu muitas vezes seus pais proferirem a palavra “amor” entre eles. Nunca entendeu bem o que significava amar alguém. Mas sabia que o que sentia por Megan era algo parecido com amor, se não fosse o próprio amor. E por ‘amá-la’, ele teria de deixá-la. Por que Megan merecia mais, algo que ele não era.”.

Minha vista escureceu. Que diabos era aquilo? O que significava? Seriam as palavras de Edward, ou de Sebastian? Por Deus, o que aquilo significava? Significava tudo, tudo! Enfim eu ouvi o que tanto queria ouvir de Edward, através de Sebastian. Ele me amava, ou pelo menos achava que me amava. E aquela conclusão doeu fisicamente. Era tarde demais. Eu não podia voltar atrás, podia? E daí se Edward me amava? E Rosalie? Eu deveria deixar para lá. Levantei-me pegando o rascunho e jogando-o na lixeira. Quando vi o papel amassado, eu chorei. Peguei rapidamente o papel desamassando-o. Pelo menos poderia levar o papel, não poderia? Coloquei o papel no bolso de meu casaco de volta e sai do banheiro. Jacob ainda estava na fila para fazer o check-in, nós tínhamos tempo. Eu tinha tempo. Tempo para decidir.

Os minutos pareceram horas. Logo Jacob conseguiu fazer o check-in. Eu tremia violentamente. O que iria fazer? Quando Jacob se aproximou de mim, carregando o carinho com nossas malas, eu quase tive um AVC.

-Bella? Você está pálida. Aconteceu algo? –Jacob colocou sua mão em minha testa.

-Eu estou bem. Vamos para o portão de embarque. Deve estar menos tumultuado do que aqui. –Jacob sorriu. Pegou minha mão eu deixe-me ser levada por ele. Eu suava frio e ele percebeu isso, mas não comentou nada. Agora estávamos em frente ao portão de embarque e o vôo havia sido adiantado. Meu tempo tinha acabado. Jacob começou a caminhar segurando minha mão e então... Eu parei. Jacob tentou me puxar, mas meu corpo não se movia. Quando ele virou-se e me viu. Eu estava chorando compulsivamente.

-O que houve, Bella? –Eu olhei para Jacob e então ele entendeu. Colocou suas mãos em meu rosto. –Bella, não!

-Jake eu... –Não conseguia falar. –Sinto muito.

-Bella, não faça isso comigo! Não faça isso com você! –Jacob reprimia um choro. Baixei minha cabeça.

-Sinto muito, eu... Eu não posso. Eu o amo.

-DE QUE ADIANTA VOCÊ AMÁ-LO? ELE NÃO A AMA, BELLA! –Jacob estava histérico, com toda a razão.

-Ele me ama, é isso o que me impede de ir com você. Sinto muito.

-Eu também amo você! –Jacob beijou-me. Eu correspondi porque aquela seria a última vez que o beijaria, acreditava. E então nossos lábios se afastaram.

-Eu vou tentar ser feliz. Tente você também, Jacob. E lembre-se que amo você.

-Não o suficiente para ficar comigo.

-Amo como um irmão. Jake, eu preciso ficar com Edward.

-E se ele não quiser você? –Jacob agora chorava. Enxuguei suas lágrimas.

-Ele vai me querer, se não eu quebrarei a cara daquele infeliz. –Sorri tristemente. Jacob sorriu.

-Ele teria que ser cego para não querê-la. E depois de ter apanhado de mim de livre e espontânea vontade eu não duvido.

-O que? Que história é essa?

-Ele foi até o hotel querendo falar com você. Ele aceitou meus socos e meus insultos.

-Eu não sabia disso.

-Você não quis saber. Nem me culpe.

-Eu sei Jake. –Ficamos nos olhando.

-Vai atrás dele.

-Sim. Você vai para Londres.

-Sim. Bella?

-O que foi?

-Me beija. –Eu acatei seu pedido em um beijo to intenso como os beijos que dava em Edward. Ele merecia.

-Você precisa ir. –Eu disse. –Por favor, não dê baixa na minha passagem. Se não meu pais saberão. Quero contar depois para eles.

-Preciso. –Jacob sorriu. Voltou a me beijar e pegou apenas as suas malas do carrinho. –Cuide-se e pegue um táxi. -Ele acenou e se foi. Meu peito doeu um pouco. Eu sabia que estava fazendo ele sofrer, mas foi melhor assim. Peguei minhas malas e segui para frente do aeroporto. Chovia muito. Felizmente consegui um taxi.

-Para onde senhorita?

-Hotel Califórnia.

Depois de alguns minutos...

-Ele não está?

-Não senhorita.

-Sabe que horas ele vai voltar?

-Não. –Por essa eu não esperava. Edward não estava no hotel, eu não tinha idéia de onde ele poderia estar. E o que eu mais queria era poder vê-lo.

-Eu vou esperar. –Disse indo me sentar na poltrona do hall de entrada.

Algumas horas depois...

“Vou enlouquecer se continuar aqui!” - Fui para o balcão. –Moço, pode ficar com as minhas malas um instante? Eu vou sair e encontrar com Edward.

-Lamento senhorita. Não posso me responsabilizar.

-Mas senhor...

-Lamento senhorita. –Oh droga! Era só o que me faltava! Eu não poderia ir até em casa deixar minhas malas.

-Então eu vou querer um quarto.

-Como disse?

-Vou querer um quarto. –Peguei minha carteira dentro de minha bolsa. Estendi o dinheiro.

-Como quiser. –O homem começou a fazer meu registro, consegui um quarto no andar inferior de Edward. Com a ajuda de um funcionário, levei minhas malas para lá. Onde ele poderia estar? Eu não tinha idéia. Olhei o telefone em cima de uma mesa.

“Talvez consiga falar com ele...” - Disquei o número de seu celular, Edward não atendeu. Tentei uma, duas, três vezes, nada. Era inútil insistir. Pensei na noite anterior, ele estava com Angela.

 “Talvez Angela saiba de algo. Vou ligar para ela!”.

No carro de Ben...

-Não tenho idéia de onde Edward possa estar. Se ele não foi para a editora, para onde pode ter ido?

-Talvez para sua casa em Camp Pendleton North.

-É uma possibilidade. –Ben continuou a dirigir enquanto Angela pegava seu celular.

-Vou ligar para a casa de Bella. Saber se embarcou. –O celular de Angela toca, ela estranha o número. –Alô? Bella? –Ben parou bruscamente com o carro.

-Bella? –Vi Angela adentrando o hotel, Ben em seu encalço. Sorri sem jeito. Angela devia estar magoada comigo por não ter dito nada a respeito de minha viagem. Ela correu e me abraçou. –O que deu em você? Por que decidiu ir para Londres assim?

-Angela, eu não embarquei, não é?

-Tem idéia do quanto ficamos preocupados?

-Sinto muito. Achei que era o melhor para mim e para o bebê, mas me enganei. Não importa mais. Eu estou aqui, não estou?

-Sim, está. –Angela sorriu. –Onde está Edward? Ele está no seu quarto?

-Como assim Angela? Pensei que ele estivesse com vocês!

-Nós estamos procurando Edward desde manhã, mas não encontramos. –Disse Ben com evidente preocupação na voz.

-Essa não!

-Tentamos falar com ele, mas ele não atende o celular. O Ben acha que ele pode ter ido para a casa dele. Está pensando em ir agora à noite para lá. –Disse Angela vendo o quanto eu estava preocupada. Respirei fundo. Eu tinha que pensar. Tinha certeza que Edward não estava em sua casa. Tive um súbito.

-Tenho uma idéia de onde ele pode estar. Ben, você pode me levar lá?

-Claro Bella!

-Acha que Edward pode estar aqui, Bella?

-Não tenho certeza. Eu vou lá. –Bella desce do carro em meio ao forte temporal.

-Espere Bella! Leve uma... Capa de chuva. –Diz Angela, mas Bella já não poderia ouvi-la.

-Deixe-a Angela. –Disse Ben.

-Será que Edward está aqui no parque onde se conheceram?

-Ah, ele está.

-Como você sabe? –Ben aponta para um veiculo do outro lado da rua.

-É o carro dele.

-Nossa! A Bella é boa de palpite! –Angela sorri para Ben. –Então... Devemos esperá-los?

-Acho melhor não. Já está tarde. Seus pais podem se preocupar com você. Eu vou levá-la para casa.

-Tudo bem.

Segui em meio à chuva pelo parque, o frio se intensificando. Não havia ninguém no parque. Claro que não havia, quem estaria naquele lugar com uma tempestade dessas? O primeiro lugar que fui foi à ponte, ele não estava lá. O parque era grande, mas eu estava disposta a percorrer cada canto daquele local para encontrá-lo. Não demorei a vê-lo. Estava sentado em um banco, os olhos fixos no céu. Tive vontade de correr até ele com usando toda a energia que me restava, mas preferi saborear aquele momento. Caminhei lentamente até ele, Edward tinha o rosto sofrido. Nunca havia visto ele daquela forma. Diminui o espaço que havia entre nós, só estávamos a poucos metros, longe um do outro.

-Nossa eu demorei horrores para te encontrar! Sabe há quantas horas estou procurando por você? –Edward ficou imóvel durante alguns instantes até levantar sua cabeça e olhar para mim. Era como se estivesse diante de uma miragem. –Finalmente eu te encontrei... Edward. –Ele levantou-se e logo estreitou o espaço entre nós até que estivéssemos abraçados. Um abraço apertado. Eu correspondi ao abraço sentindo meu corpo se aquecer em seus braços. Edward pareceu perder a força que o sustentava. Caiu de joelhos levando-me consigo. Eu ri. Aquela reação era a prova de que o que li nos rascunhos do nono livro eram os sentimentos de Edward. Ele me amava. Eu o senti tremer em meus braços, ele estava chorando.

-Bella... –Sussurrou com a voz trêmula. Edward soluçava. Doeu tanto para ele a idéia de me perder? Meus braços envoltos de seus ombros largos. Acariciei seus cabelos. Eu não iria me importar de ficar parada em meio à chuva abraçada com ele.

-Está tudo bem Edward. Eu estou aqui. –Falei em seu ouvido. Coloquei minhas mãos em sua face fazendo Edward me encarar. Ele tinha uma expressão desesperada. Enxuguei suas lágrimas que se misturaram a chuva. –Acabou Edward. Está tudo bem agora. –Sorri. Ele voltou a me abraçar.

-Pensei que iria perdê-la. –Sua voz não passava de um murmúrio.

-Mas não me perdeu. Eu estou aqui e não sairei mais do seu lado. Agora se acalme. –Passei as mãos suavemente pelas costas de Edward. Ele pareceu se acalmar gradativamente.

-Eu amo você. Eu sempre amei. –Ele disse repentinamente afastando-se de mim e olhando-me de forma tão intensa que por alguns instantes eu não consegui respirar. Ele colocou suas mãos em minha bochecha acariciando-as. Fiz o mesmo com ele. Edward encostou sua testa na minha, estava de olhos fechados. Ele sorria.

-É muito bom ouvir isso de você. Ouvir que me ama. –Disse risonha. Edward alargou seu sorriso.

-Desculpe por passar tanto tempo sem lhe dizer o que sentia. Deveria te dito antes, mas é a primeira vez que me sinto assim. É a primeira vez que amo uma mulher. Eu não conseguia nomear o que sentia.

-Você sempre foi meio lerdo pra essas coisas, seu babaca. –Edward soltou uma gargalhada gutural com minhas palavras. Eu também ri. –Agora vamos sair daqui antes que tenhamos hipotermia. –Levantei-me sentindo as pernas um pouco bambas, minha mão esquerda entrelaçada com a de Edward. Olhei o caminho que deveria fazer e depois não vi mais nada. Repentinamente minha visão escureceu.

-BELLA! –Foi tudo o que ouvi antes de não ver mais nada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Presentinho pra voces ^-^/
Deixem reviews o/