Ouvi um barulho peculiar na porta de meu quarto. Angela estava de volta.

-Bella? –Abri a porta de meu quarto. Angela adentrou segurando uma sacola.

-É o teste de gravidez?

-Sim.

-Perdão por fazê-la ir até a drogaria para comprar isso para mim Angela. Deve ter sido constrangedor.

-Tudo bem. –Peguei a sacola retirando a embalagem. Segui para o banheiro.

-Sabe como usar? –Perguntou-me Angela do lado de fora do banheiro.

-É só ler as instruções. –Murmurei sentindo a voz falhar. Segui os procedimentos descritos na caixa. Urinar na ponta do bastonete e esperar o que acontece. Se o bastonete ficar vermelho, eu não estou grávida. Se estiver azul, eu estou. Fiz todo o procedimento com aparente calma. Eu não sabia que resultado eu queria que aparecesse. O mais conveniente seria que fosse negativo, mas uma parte de mim parecia sorrir com a possibilidade de carregar no ventre um filho nosso, fruto dos dias mais felizes de minha vida. E então esperei. Angela começava a sentir impaciência.

-Bella, tudo bem? –Angela batia na porta. –Fala alguma coisa para que eu saiba que está bem! –E a cor foi surgindo no bastonete, minha respiração cessou. –Bella, eu estou aflita com você! Eu vou entrar! –E quando Angela entrou, eu não parecia estar ali. Eu estava sentada no piso frio do banheiro, o bastonete jogado. Angela se aproximou pegando o bastonete, olhou para o objeto e depois para mim.

-Então... –Ela começou. –Eu posso ser a madrinha?

-Angela... –Minha voz falhou, as lágrimas vieram. –Isso é... Algum tipo de brincadeir... –Comecei a soluçar. Angela se aproximou enquanto eu colocava pesadamente as mãos em minha cabeça.

-Não é o fim do mundo.

-Meus pais jamais aceitarão isso!

-Se Edward aceitar estará tudo bem, não é Bella?

-Eu não sei. Não sei se Edward aceitará. Não nos vemos há dois meses, Edward já deve ter me esquecido. Eu não me surpreenderia se ele me pedisse para abortar!

-Bella, se ele ou seus pais pedissem isso... Você faria?

-CLARO QUE NÃO!

-Que bom. Então... Exames de farmácia não são muito confiáveis. Seria melhor fazer um teste de sangue.

-Eu precisaria de uma companhia Angela, maior de idade.

-Bem, conhece alguém que poderia acompanhá-la sem contar aos seus pais?

-Não. Tem Jacob, mas ele não é confiável. Ninguém é a não ser você, Angela. -Parei e pensei. -Espera, tem alguém que poderia me ajudar...

-Quem, Bella?

-Não imaginei que me chamaria para me contar isso.

-Eu sei.

-Então precisa de minha ajuda para fazer o exame, Bella?

-Sim. Preciso que me acompanhe.

-Edward sabe?

-Eu nem tenho certeza. Claro que ele não sabe! Espero que não saiba, não sem eu ter confirmado. –O olhei nervosamente. Ele, depois de ter ouvido a tudo seriamente, sorriu.

-Então eu vou ser “tio”? –Ele sorria bobamente.

-Sim Ben, se eu estiver grávida. –Sorri fracamente.

-Quando quer ir até lá? No laboratório quero dizer.

-Amanhã de manhã. Encontramo-nos em frente a minha escola e de lá iremos para o laboratório.

-E você tem dinheiro, Bella?

-Bem eu... Eu tenho um pouco, mas não sei se é o suficiente.

-Não se preocupe eu irei custear o exame como um presente para o meu futuro sobrinho ou sobrinha. –Ben continuou a rir abertamente.

-Eu aceito com a promessa de que lhe pagarei assim que puder.

-Há! Como se eu fosse aceitar esse dinheiro! Então é melhor eu ir antes de seus pais chegarem aqui na sua casa, certo?

-Sim. Obrigada por vim tão rapidamente aqui assim que liguei, Ben.

-Não precisa agradecer. –Ele moveu o corpo dando a entender que iria ir embora.

-Ah espera! Pode dar uma carona para a Angela? Ela mora próximo daqui. –Falei. Ben assentiu. Chamei Angela e logo mais eu estava sozinha em casa. Angela fora com Ben para casa.

Eu estava na escuridão olhando a esplêndida figura de Edward diante de mim. Meu ventre já estava protuberante evidenciando a gravidez. Eu lhe sorri docemente aproximando-me dele, mas Edward não mostrou agrado com minha aproximação. Ele me olhou com ódio e caminhou com o intuito de se afastar. Eu entrei em desespero, corri até ele. E então, enquanto o via se afastar mais e mais negando o filho que carregava no ventre, eu despertei do pesadelo, ofegante.

-Um pesadelo... –Murmurei debilmente tentando me recompor sem muito sucesso. Logo eu teria que estar na escola para fazer o exame. Arrumei-me sem muito esmero e segui para a escola, mal falei com meus pais. Eu não consegui encará-los. Nem precisei esperar por ele, Ben já estava na porta quando eu cheguei.

-Oi.

-Oi.

-Espero não ter demorado.

-Acabo de chegar. Vamos?

-Vamos. –E assim, confiante demais para meus espectadores, adentrei o veículo sentindo um pavor imenso.

-Ben?

-Sim?

-Como acha que Edward vai receber a notícia?

-Não sei. Eu não o conheço muito bem.

-Se fosse com você, como reagiria?

-Estaria muito feliz. Sabe, é meu sonho ser pai. Minha ex-mulher, Rosalie, não me proporcionou essa felicidade.

-Eu temo que Edward renegue essa criança.

-Não vou negar Bella, é uma possibilidade. O que fará se ele não quiser essa criança?

-Não sei, mas não irei abortar. Mesmo que minha decisão custe muito caro para mim.

-Como se eu fosse permitir que você fizesse isso! Dinheiro não faltará para essa criança, eu garanto. Se Edward não assumir, eu assumo.

-Sério? –Eu ri, mas Ben não sorria quando respondeu.

-É sério.

E quando me toquei já estávamos na frente do laboratório.

-Está preparada Bella?

-Nem um pouco! Vamos. –E então saímos.

-Você fez o exame? –Perguntou-me Angela ao telefone.

-Fiz.

-Quando sai o resultado?

-Depois de amanhã.

-O Ben vai contar ao Edward?

-Pedi que não contasse. Eu mesma quero contar a ele.

-E quando contará para seus pais Bella?

-Angela, eu nem sei se estou grávida!

-Mas eu tenho certeza. Sabia que já estou pensando nos nomes?

-Angela, você não existe!

-Eu sei. –Ela sorriu do outro lado da linha. Ouvi as batidas na minha porta.

-Bella, seu primo Jacob está aqui. Vai jantar conosco. Não seja indelicada e venha até ele. –Anunciou minha mãe.

-Angela vou ter que...

-Eu sei. Pude escutar sua mãe. Até segunda.

-Até. –Desliguei o telefone e fui para a sala de estar, Jacob estava lá. Nosso relacionamento não era mais o mesmo, nunca seria. Ainda sim eu procurava ser uma pessoa agradável. Conversamos mais do que em outros dias. Tentei a todo custo esconder meu abatimento, mas Jacob era perceptivo demais, ele iria perceber. Meus pais pareciam imersos nos problemas tipicamente universitários. Fico feliz de não ter a atenção deles.

A todo o momento situações vinham em minha cabeça. Se meus pais já haviam reagido de forma ofensiva ao meu relacionamento com Edward o que dirá descobrir que eu esperava um filho dele? Eu nem conseguia imaginar como diria a meus pais a verdade.

Mesmo tentando ficar atenta a conversa durante o jantar, eu estava dispersa. Me via segurando uma criança e Edward ao meu lado, me apoiando. Talvez me via segurando uma criança sendo desprezada pelo mesmo. Como Edward iria reagir?

-Obrigado pelo jantar.

-Sabe que não precisa agradecer, Jake.

-E agora que estamos sós... –Jacob se virou olhando-me. –Diga: O que você tem?

-O de sempre primo, nada mais.

-Sinto que há algo incomodando você.

-Existe algo sim, mas essa eu guardo pra mim se não se importar. –Fui um pouco ríspida, Jacob fitou-me aborrecido. O que ele esperava? Esperava que eu fosse à mesma Bella? Mesmo evitando eu acabava culpando-o pelo que havia acontecido.

-Diga-me quando quiser. Eu sou paciente pra esperar e não espero apenas eu me conte o que a incomoda, espero por muito mais coisas. Boa noite, Bells. –Beijou-me na testa e logo saiu em seu carro.

-Estou com um mau pressentimento... –Balbuciei voltando para casa. Depois de amanhã minha vida mudaria.

-JÁ VAI! –Berrei parra a pessoa que tocava incessantemente a campainha. –Droga QUEM poderia ser? Estou atrasada para a escola e ainda por cima vai chover! –Abri a porta e então o vi. Ele estava com um envelope na mão.

-Oi Bella.

-Pegou o exame?

-Sim.

-Vejo que também o abriu. –Olhei para o envelope antes lacrado em suas mãos.

-Eu estava curioso. –Disse Ben com um sorriso e então, naquele instante, eu entendi.

-Estou grávida, não é? –Ele passou o envelope para mim.

-Sim Bella, você está. –Ele sorria. Eu não conseguia me sentir tão eufórica. Suspirei. –O que fará agora?

-Vou contar ao Edward a verdade.