Um mês se passou desde que eu e Edward nos falamos, o mês mais negro de minha vida. Os quinze primeiros dias foram terríveis para mim, quinze dias em que agi como uma boneca, fazendo a tudo mecanicamente. Ou talvez estivesse bancando a boa atriz que interpreta um papel para agradar ao público. Não chorei. Verdadeiramente teria sido melhor chorar. Os quinze últimos dias deste mês foram melhores. As aulas começaram e Angela tem me ajudado significativamente distraindo-me com programas tipicamente adolescentes: compras, cinema, teatro, etc. Meus pais estão um pouco mais complacentes. O assunto envolvendo Edward fora esquecido, ou pelo menos parcialmente esquecido. Enquanto Jacob... Ele tem tentado, mas a mágoa que me toma afasta-me consideravelmente dele, mesmo que Jacob tenha agido certo e acertado a respeito de Zero.

-Teremos que fazer dois trabalhos durante a semana.

-Verdade.

-Hei Bella, vamos fazer juntas? Nesse fim de semana.

-Tudo bem. Vá lá em casa e faremos. –Sugeri feliz por saber que Angela iria para casa no outro dia. Não gostava muito de ficar sozinha. Despedi-me de Angela sentindo-me bem, mas logo isso mudou ao olhar a pista, era o carro de Jacob. Bufei irritada. Ignorando o veículo e o próprio Jacob que o deixava , passei a caminhar.

-Bella? Espere! –Continuei a caminhar ignorando-o. Sempre que o olhava eu refletia sobre o que poderia ter acontecido caso Jacob não tivesse alertado meus pais. Talvez meu relacionamento com Edward tivesse se fortificado, meus pais aceitariam mais facilmente e estaríamos juntos. Mas eu já havia vivido de hipóteses durante um mês, eu não queria mais manter estes laços com o passado.
Jacob segurou-me abruptamente pelo braço, o olhei mortiferamente.

-O que quer? –Murmurei azeda. Jacob olhou-me entristecido, mas logo procurou disfarçar sua dor com um pequeno sorriso.

-Eu estava passando por aqui então resolvi lhe oferecer uma carona.

-Eu posso perfeitamente ir para casa sozinha Jacob.

-Por favor. –Pude ver, durante aqueles poucos segundos em que fitei os olhos de Jacob, o quanto ele estava sofrendo pelo nosso afastamento. Eu compadeci de sua dor. Sem dizer nada segui para seu carro e partimos para casa silenciosamente.

Até hoje não havíamos conversado sobre o ocorrido. Estive tão imersa em minha dor que não me dei ao trabalho de brigar com Jacob. Agora essa seria uma boa oportunidade, mas se tocasse no assunto sei que Jacob diria que estava certo e eu nem poderia discordar.

-Seus pais me convidaram para jantar.

-Hmmm... –Era sempre assim, uma conversa monossilábica.

-Você se importa Bella?

-Tanto faz. –Jacob estacionou no meio fio. Tentei sair, mas ele fora mais rápido capturando com moderada força meu braço.

-Bella eu... Eu não... –Não chegou a terminar seu discurso, abraçou-me. Tentei me desvencilhar sem sucesso. Deixei-me ser abraçada por ele.

-Jacob... –Eu o empurrei levemente. –Pare. –Não ousei fitá-lo.

-Bella, eu não posso ir sem estar bem com você!

-Ir? Ir para onde Jacob? –Ele afastou-se.

-Eu vou morar em Londres.

-O quê?

Comíamos silenciosos. Ainda tentava digerir as palavras de Jacob. Custava a acreditar que ele poderia deixar o Japão. Uma proposta e emprego em um grande escritório de advocacia em Londres, a chance que Jacob queria para se livrar de Tio Billy. Mas o que havia me surpreendido não foi o anúncio de Jacob para mim antes de comunicar ao resto da família e sim o pedido que fez.

Flashback

- Jacob eu... Você vai embora? –O olhei atordoada sem entender os sentimentos que tomaram conta de mim.

-Eu não quero ir, não ainda. Quero seu perdão. Não, seu perdão não é suficiente! Eu quero você, quero que vá comigo!

Fim do flashback

-Então Jacob... Disse que tinha algo para dizer. –Começou minha mãe.

-Sim Tia. Eu recebi uma excelente proposta de um escritório de advocacia Londrino. Seria muito bom poder trabalhar neste escritório.

-Mas você teria que morar lá, não é? –Comentou meu pai.

-Sim.

-Por quanto tempo? –Pude sentir a tensão de minha mãe. Natural. Jacob era como um filho.

-Não sei. – Jacob olhou-me tristonho. Desviei meu olhar. Meus pais continuaram a perguntar sobre os planos de Jacob, fiquei quieta. Eu estava tentando entender por que a notícia me desagradou. Era bem verdade que sentia forte mágoa pelo que Jacob fez, mas não conseguia ser indiferente a ele completamente. Jacob foi uma pessoa muito importante para mim e ainda continuava sendo. Depois de mais alguns minutos e uma deliciosa sobremesa Jacob se retirou. Mamãe me obrigou a acompanhá-lo até a porta. Ela tentava me aproximar dele desde que eu e Edward terminamos. Permaneci calada. Jacob virou-se quando já estávamos fora de casa.

-Boa noite.

-Espere Bella.

- Jacob...

-Não tomei uma decisão. Estou esperando.

-Se está esperando por uma posição minha é melhor desistir. Só porque eu e Edward não estamos juntos não significa que me atirarei nos braços do primeiro que aparecer.

-E nem eu quero isso para você. Ainda sim eu... Bella perdoe-me.

-Tarde para pedir perdão Jacob.

-Não é tarde, eu sei.

- Jacob, me dê um tempo, ok? Eu estou muito confusa! Você me magoou muito. Tem idéia do quanto me machucou?

-Eu sei Bella, mas pare para pensar. O Cullen desistiu na primeira oportunidade. Isso é uma mostra do quando você sofreria.

-Você não pode saber Jacob.

-Nem você Bella. –Nos encaramos em um verdadeiro impasse. Sorrimos. Muitas foram às vezes que testemunhamos isso. Às vezes, quando éramos crianças, tínhamos esse tipo de discussão. Jacob sempre querendo me manter segura enquanto eu só queria brincar nos brinquedos de pior estado do parque.

-Boa noite Bella. – Jacob ainda sorria enquanto seguia para o carro.

-Boa noite primo.

-Ah Edward vamos juntos para a pista de dança, vai? –A jovem o puxou da cadeira onde Edward estava sentado no bar da boate, o mesmo não mexeu um milímetro.

-Vá você. Não quero dançar.

-Tudo bem então! –Falou emburrada. –Já volto! –O beijou nos lábios indo para a pista de dança. Edward crispou os olhos.

“O que me deu para sair com essa lunática?” - Pensou enquanto fazia um sinal com a mão para que o garçom se aproximasse. –Um Martine com gelo.

-Então veja dois. –Ouviu uma voz familiar atrás de si, não precisou se virar.

-O que faz aqui Ben?

-Nada demais. E você priminho?

-Não me chame assim. Cai fora! –Edward pega sua bebida.

-Nossa! Como você está azedo! E onde está a sua namorada, a Bella? Gostaria de falar com ela. Nunca mais nos falamos. –Edward estacou perdido em suas próprias divagações.

-Ela não é mais minha namorada.

-Sério? A primeira pessoa que fica com você que acho simpática e você a chuta. Espero que não tenha magoado muito a menina. –Edward levantou-se exasperado, pegou Ichiru pela gola da camisa.

-POR QUE DIABOS ACHA QUE EU FIZ ALGO PARA MACHUCÁ-LA?

-Por que você sempre faz isso com as mulheres, ela não é exceção. Por um acaso usou a garota e descartou?

-Eu não fiz nada disso. –Edward colocou pesadamente uma das mãos na face. –Nada disso... –Saiu as pressas da boate, seu primo o fitou até Edward desaparecer pela porta. Entrou rapidamente no carro. Seguiu sem rumo certo. Essa era sua rotina agora, sempre que se sentia aborrecido pegava seu carro e partia. O problema não era fazer isso e sim para onde ele ia. Era em frente à casa dela que ele estacionava. As luzes apagadas indicando que todos já haviam dormido. Acendeu um cigarro e ficou a fitar a casa, nada mudara em um mês para ela, mas para ele sua vida parecia em pedaços.

-Devo estar enlouquecendo. –Murmurou. –O que ela é pra mim? –Antes do amanhecer Edward seguiu para sua casa deixando para trás a ponta de um cigarro acesa e suas dúvidas sobre Bella.