Amor Real - Peeta e Katniss escrita por MaryG


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Vim postar mais um capítulo para vocês. Dessa vez, ele é mais longo, mas acho que vocês vão gostar, rs. Boa leitura!



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As semanas vão passando tranquilamente. Eu e Peeta estamos cada vez mais próximos. Aos poucos, vamos construindo uma amizade bonita, sincera, sem beijos fingidos para salvar nossa vida e entreter o povo de Panem. Não é exatamente esse tipo de relação que eu gostaria de ter com ele, mas fico feliz de poder contar com sua amizade.

Agora parece que a vida de todos do 12 está voltando a fazer algum sentido. Aos poucos, cada pessoa vai buscando uma atividade que lhe traga prazer e/ou sustento. A obra da padaria de Peeta está quase concluída, e ele mal pode esperar para inaugurá-la. Delly abre uma sapataria, continuando o trabalho de seus pais. Pretendo ir lá um dia, quando passar a vergonha que ainda sinto pelo meu ataque de ciúmes que ela presenciou. Haymitch continua bebendo, mas agora ele pelo menos tem os gansos para cuidar. Uma ocupação a mais.

O livro está praticamente concluído. Só estamos aguardando o filho de Finnick e Annie (que decidiu vir morar aqui no 12 e chegará em breve) nascer para colar uma foto dele no pergaminho. Foi ideia de Peeta colocar a foto do bebê no livro, e eu e Haymitch concordamos.

Nós não estamos mais trabalhando no livro, mas Peeta sempre vem me visitar à noite. É sempre assim: Jantamos juntos, assistimos ao noticiário e depois conversamos um pouco. Sempre evitamos falar de nossas perdas, mas um dia isso se torna inevitável:

– Eu sinto muito a falta dela, Peeta – digo referindo-me a Prim. Grossas lágrimas caem dos meus olhos. – Há dias em que nem sei onde arrumo forças para levantar da cama e fazer minhas atividades.

– Eu te entendo – ele diz compreensivo. – Eu também sinto muita falta dos meus familiares, principalmente do meu pai. Ele era uma pessoa incrível. Todos nós tivemos muitas perdas, mas precisamos seguir em frente. É assim que eles querem que estejamos.

– Você é tão forte e corajoso, Peeta – digo com sinceridade, minha mão direita tocando seu rosto. – Passou por mais dificuldades que eu e ainda está aqui, me consolando.

– Você também é forte e corajosa, Katniss – ele diz. – Nós temos força e coragem diferentes, apenas isso.

– Você sempre consegue enxergar o melhor nas pessoas. Você é tão generoso, Peeta – digo, sentindo uma enorme ternura por ele.

Peeta faz uma expressão estranha com o rosto e se levanta abruptamente do sofá. Eu o acompanho, confusa com sua ação.

– Peeta, o que houve? – pergunto.

– Katniss, sei que a casa é sua, mas, por favor, saia daqui! – ele me diz, visivelmente nervoso.

Não me movo um centímetro. Olho em seus olhos e vejo que suas pupilas estão tão grandes que cobrem quase que por completo as íris azuis. Só agora percebo o que realmente está acontecendo: Ele está tendo aqueles malditos flashbacks. Ele vê que eu não saio do lugar.

– Saia daqui! Saia! Suba para o seu quarto e se tranque lá! – ele ordena e pega uma cadeira da mesa da sala, sentando nela em posição contrária e agarrando com força o encosto.

– Não, eu não vou sair! Não vou deixar você sozinho nesse estado!

– SAIA DAQUI AGORA! – ele grita. – Eu não quero te machucar!

Ele aperta com tanta força o encosto da cadeira que suas mãos ficam brancas.

– Peeta, se acalme! Isso não é real!

– SAIA DAQUI! SAIA!

– Eu não vou sair! Não vou te deixar sozinho nessa situação! – eu digo e em seguida coloco minhas mãos sobre as dele.

Ele treme violentamente com o contato, mas eu não me afasto. Em vez disso, aproximo meu rosto do dele e lhe digo:

– Você é mais forte que isso. Não deixe que ele o tire de mim.

– E-eu não quero isso, mas...

Eu me aproximo e pressiono meus lábios nos seus, interrompendo-o. Sinto-o parando de tremer aos poucos. Suas mãos relaxam o aperto no encosto da cadeira. Quando o ar me falta e eu rompo o beijo, olho em seus olhos e vejo que suas pupilas estão voltando ao tamanho normal. Dessa vez, ele melhorou mais rápido. Sua crise na Capital foi bem pior.

Ele fecha os olhos, tira as mãos do encosto da cadeira e enxuga o suor da própria testa. Quando os abre novamente, percebo que suas pupilas voltaram completamente ao tamanho normal. Ele me olha, parecendo abalado. Sinto um aperto no peito ao vê-lo assim. Será que isso nunca terá fim? Será que ele sofrerá indefinidamente? Isso me faz sentir tanta raiva do presidente Snow que ele estar morto não me parece uma pena suficientemente forte. Peeta me tira de meus pensamentos.

– Você não deveria ter ficado aqui, Katniss – ele diz. – E se eu tivesse te machucado?

– Eu sabia que você não ia me machucar. Você já está bem melhor do que estava – digo, sentindo-me feliz por ele ter se recuperado rápido dessa vez.

– Se eu fosse você, não ficaria tão segura assim – ele diz enquanto se levanta da cadeira, colocando-a em seu devido lugar. – Eu jamais me perdoaria se fizesse algum mal a você. Por favor, me prometa que vai sair de perto de mim quando eu tiver outra crise.

– Já é a segunda vez que eu fico perto de você e você melhora mais rápido com isso – digo.

– Sim, mas não podemos contar com isso. Por favor, da próxima vez, saia de perto de mim, certo? – ele pede.

– Tudo bem – digo, para evitar uma discussão.

Ele me olha, dá um leve sorriso e em seguida diz:

– Há uma coisa que não entendo...

– Qual? – pergunto.

– Por que você... ah, deixa pra lá...

– Não, Peeta. Diga.

– Por que você... bem, é a segunda vez que você me beija durante uma crise.

Um nervosismo estranho toma conta de mim. O que vou dizer? Será que agora é o momento em que vou ter que assumir o que sinto por ele e parecer uma ridícula?

Peeta me olha com expectativa, aguardando uma resposta. Minha mente trabalha rapidamente, buscando algo que eu possa dizer sem me denunciar, até que acho uma boa resposta:

– Foi algo instintivo, e deu certo, não deu? – digo.

Peeta me olha sério, e antes que eu pense que ele está desapontado, ele sorri.

– Sim, deu – ele diz. – Por mais irracional que sua atitude tenha sido.

– Você se lembra normalmente de como foi a sua crise na Capital? – pergunto. Ele assente com a cabeça. – Pensei que não lembrasse.

– Lembro, sim. Depois do beijo, você me pediu pra... bem, ficar com você...

– E você respondeu que ficaria sempre – digo, enfatizando a palavra. – Não me esqueci disso.

– Sim, e eu estou aqui com você – ele diz, parecendo constrangido.

– Não do jeito que eu gostaria – as palavras escapam da minha boca antes que eu possa contê-las.

Peeta me olha, visivelmente confuso. Droga! Por que eu fui falar isso?

– De que jeito você gostaria que eu estivesse, então? – ele pergunta.

Minha mente trabalha rápido. Preciso dizer algo que conserte a besteira que eu disse. Depois de alguns segundos, consigo inventar algo que acho que será convincente, pois é verdade.

– Sinto falta daquelas noites no trem em que dormíamos abraçados. Tenho tido pesadelos horrorosos quase todas as noites, e sempre penso como seria se você estivesse comigo, me abraçando.

Peeta me olha com uma expressão que não consigo decifrar.

– Eu entendo – ele diz. – Às vezes tenho pesadelos, também, e adoraria que você estivesse... bem, a questão é que isso poderia colocar você em risco.

– Eu não me importo – digo.

– Mas eu me importo! Como acha que eu me sentiria se fizesse algum mal a você?

– O maior mal que você pode me fazer é não estar perto de mim – digo sem pensar, mais uma vez.

Ele me olha surpreso. Ele abre a boca para dizer algo, mas desiste. Decido quebrar o silêncio.

– E então, você vai ficar para dormir comigo hoje?

– Tudo bem, eu fico. – ele diz. – Mas com uma condição.

– Qual?

– Você vai ter que prometer que irá se afastar de mim imediatamente, caso eu tenha uma crise.

– Se isso garante que você vai ficar comigo, sim, eu prometo.

Peeta dá um sorrisinho e diz:

– Eu vou passar em casa para tomar banho e depois eu venho. Vá se arrumar.

– Certo, eu vou.

– Até daqui a pouco – ele me beija no rosto e depois eu abro a porta para que ele saia.

Ponto de vista de Peeta:

Chego em casa e rumo direto para o chuveiro. Enquanto a água morna cai sobre meu corpo, penso no comportamento de Katniss. Por que ela está agindo dessa forma? O que ela tem é só carência ou ela está realmente gostando de mim? Será que Delly está mesmo certa?

Tento afastar esses pensamentos da minha mente. Irei dormir com ela hoje como amigo. Não posso confundir as coisas.

Termino o banho, me enxugo e me visto com uma roupa casual. Não posso sair de casa de pijama, afinal de contas. Quando estou pronto, rumo para a casa de Katniss.

Ela atende a porta e eu adentro sua casa novamente. Percebo que ela está usando um roupão.

– E então, vamos subir? – ela diz. – Estou morrendo de sono.

– Sim, vamos – digo.

Subimos para o seu quarto e eu deito de barriga para cima em sua cama. Sinto-me um pouco constrangido, mas então me lembro do quanto ela me pediu para vir dormir com ela e fico um pouco mais tranquilo.

Ela tira o roupão e vejo seu pijama. É bem simples. Um conjunto de camisa sem manga e calção que vai até os joelhos, ambos na cor verde-claro. Tanto a camisa quanto o calção são levemente justos, o que me faz ficar vidrado com suas curvas. Não há nada de realmente sensual em seu traje, mas tudo nela me atrai. Percebo que estou olhando demais para ela e tiro a vista. Não quero que ela perceba.

Ela se deita na cama e logo se aconchega em meu peito, exatamente como fazia no trem. Meu corpo reage de forma estranha a esse contato, mas eu ignoro.

– Boa noite, Peeta – ela diz.

– Boa noite.

Aconchego-a em meus braços e ela dorme quase que instantaneamente. Envolvido em seu calor, eu sinto as pálpebras pesarem e me entrego a um sono tranquilo e profundo.


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Notas finais do capítulo

Então, é isso, pessoal. Lembrem-se de dizer nos reviews o que estão achando. Leitores fantasminhas, apareçam! A opinião de vocês também é importante, rs.