Amor Real - Peeta e Katniss escrita por MaryG


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Os 41 reviews e as 2 recomendações (obrigada, Larissa Broedel e Ally of justice mikael!) que eu recebi depois do último post me animaram para escrever, rs. Obrigada pelo carinho, pessoal!

Espero que gostem. Boa leitura!



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– Bom, agora eu preciso ir – diz ele, levantando-se do sofá. – Eu tenho que terminar de ajudar minha família a se instalar numa das casas daqui da aldeia. Eles vão ficar aqui até que eu tenha dinheiro para comprar uma casinha para eles.

– Estou com saudade de Hazelle e seus irmãos. Vou fazer uma visita assim que eles estiverem instalados.

– Faça! Eles vão adorar. Bom, agora eu vou mesmo – ele se encaminha para a porta, mas desiste na metade do caminho e se vira. Eu olho para ele, confusa.

– Posso te dar um abraço antes de ir embora? – pede ele.

– Pode, sim. – digo, e em seguida me aproximo dele e o abraço pelo pescoço. Ele passa os braços pelas minhas costas, espalmando as mãos nelas.

– Eu senti muito a sua falta – diz ele. – Sei que tudo ainda é muito recente, mas eu não queria perder o contato com você.

Antes que eu possa dizer algo, o barulho da maçaneta girando denuncia que alguém chegou e eu e Gale nos separamos sobressaltados. Olho para a porta recém-aberta e me deparo com um Peeta assustado olhando para nós dois.

– Peeta! – exclamo, me aproximando dele. – Você veio mais cedo!

Ele nem olha na minha cara. Mantém seu olhar fixado em Gale, com uma expressão indecifrável no rosto.

– Gale?! – diz Peeta. – Você voltou?

– Na verdade, não – responde Gale. – Minha mãe e meus irmãos que voltaram. Eu só vim ajudá-los. Vou voltar para o distrito 2 daqui a três dias.

Olho para Peeta e percebo que ele está ficando estranho.

– Eu vou lá no escritório pegar uma coisa. Fique aí, Katniss – diz ele, e em seguida sai correndo, sumindo no corredor.

– O que foi que deu nele? – pergunta Gale.

– Ah, não deve ser nada – minto. Sei exatamente o que está acontecendo, e isso me causa uma sensação desagradável na boca do estômago.

– Bom, se é assim, vou indo. Eu já estava mesmo de saída.

Eu abro a porta para ele e ele sai. Assim que fecho a porta, corro para o escritório e vejo que a porta está fechada. Forço a maçaneta, mas a fechadura está trancada a chave.

– Peeta? – chamo por ele, enquanto dou leves batidinhas na porta. – Você está bem?

Escuto um barulho de metal tilintando e percebo que ele passou a chave por debaixo da porta.

– Peeta, está tudo bem? Por favor, responda!

– Minha cabeça está embaralhando. Eu estou com medo. Por favor, saia daqui – diz ele, com uma voz ligeiramente chorosa.

– Eu não vou sair daqui. Não vou deixar você – determino.

– Você prometeu que iria... – começa ele, mas eu o interrompo.

– Peeta, há uma porta trancada entre nós. Você não vai poder me machucar. Eu vou sentar aqui no chão e só vou sair daqui quando você estiver bem.

Eu me sento no chão e encosto as costas na porta. Peeta não fala nada. Talvez esteja agarrando as costas da cadeira. Depois de minutos angustiantes, ele bate na porta levemente e diz:

– Pode abrir, Katniss. Pegue a chave no chão.

Eu abro a porta e em seguida me jogo nos braços dele, abraçando-o forte. Depois de algum tempo, nós dois nos separamos e eu pergunto:

– Como você está se sentindo?

– Agora eu estou bem, mas eu estava péssimo – responde ele. – Essa crise foi um pouco mais forte que as últimas que eu tive.

– Foi por causa de Gale, não foi? – pergunto, embora já saiba a resposta.

– Sim – responde ele, constrangido. – Como eu disse a você naquele dia, usaram imagens falsas de você beijando Gale no processo do meu telessequestro. Ver vocês dois abraçados me fez lembrar daquilo e desencadeou uma crise.

Uma sensação de culpa me invade o peito. Angustiada e sentindo a pressão das lágrimas nos olhos, digo:

– Me desculpe... Eu nunca quis fazer nada que pudesse prejudicar você. Eu nem sabia que Gale estava aqui e... – vejo que Peeta está sério e olhando para o chão, como se estivesse chateado com algo. – Peeta, nós precisamos conversar. Venha – eu pego a mão dele e o conduzo para a mesinha do escritório. Ele se senta numa cadeira e eu me sento na de junto.

– Você vai me explicar por que estava abraçada com Gale na sala, não é? – pergunta ele. Sua voz soa fria e desconfiada, bem diferente da voz doce e carinhosa que ele normalmente usa comigo. Sei que ele está inseguro e enciumado, e me sinto mal com isso.

– Exatamente.

– Seja lá o que for que você tenha para me dizer, eu vou entender – diz ele. – Pode começar.

– Por que “seja lá o que for”? Você não está achando que eu vou terminar tudo entre nós para ficar com ele, está? – digo, indignada. Como ele pode pensar uma coisa dessas depois de tudo pelo que passamos juntos?

– Eu não estou achando nada – diz ele, fitando o chão. – Eu só não quero que você fique presa a mim por não querer me magoar.

Agora eu vejo o quão real e profunda é a insegurança de Peeta. Pelo visto, a minha demora para corresponder aos seus sentimentos – ou melhor, minha demora para descobrir meus sentimentos por ele – teve seu preço. Levanto a cabeça de Peeta gentilmente com as mãos, forçando-o a me olhar nos olhos.

– Gale é mais inteligente que você, sabia? – digo.

– Como assim? – pergunta ele, confuso.

– Ele entendeu super rápido que eu escolhi ficar com você porque é você que eu amo, e não porque ele não estava por perto.

Peeta arregala os olhos em surpresa, mas não diz nada. Eu continuo:

– Ele veio aqui para nós conversarmos sobre a morte de Prim. Mesmo sabendo que ele não teve culpa, eu fiquei magoada com a possibilidade de a bomba que a atingiu ter sido alguma das dele, e isso nos distanciou. Nós conversamos sobre isso e agora eu estou me sentindo muito aliviada, como se alguém tivesse tirado um peso do meu coração.

“Eu ainda não o desassociei totalmente da morte de Prim, mas agora eu não sinto mais mágoa dele. Creio que tudo ficar bem seja apenas questão de tempo. Depois que nós resolvemos isso, ele perguntou se eu acho que nós teríamos tido alguma chance caso nada disso tivesse acontecido e ele tivesse ficado no 12, e eu disse que não, sabe por quê?”

Ele dá um sorrisinho, parecendo entender o motivo. Eu continuo:

– Por causa de você. O próprio Gale entendeu isso. Eu não te escolhi como última opção, Peeta. Minha escolha foi pautada em amor, não em comodismo. Como você pôde duvidar disso depois de tudo o que eu te disse no lago? Eu só abracei Gale porque ele me pediu. Foi um abraço de reconciliação.

Ele dá um sorrisinho sem graça e diz:

– Me desculpe...

– Desculpo, mas com uma condição – digo.

– Qual? – pergunta ele.

– Você vai ter que me prometer que de hoje em diante confiará em mim e no que eu sinto por você. Você promete?

– Prometo – ele sorri.

Eu me aproximo dele e lhe dou um beijo carinhoso nos lábios.

– Bom, agora eu tenho que voltar para a padaria – ele diz depois que nós nos separamos. – Henry deve estar se perguntando por que eu tou demorando tanto. Eu vim aqui só para pegar os papéis relativos à administração da padaria.

– Você está bem para ir?

– Sim, estou. Quanto a isso, fique tranquila.

Ele pega os documentos na gaveta e depois eu o acompanho até a porta de entrada. Antes de sair, ele coloca as mãos no meu rosto e diz.

– Eu te amo.

– Eu também.

Ele me beija e vai embora.

***

Dois dias se passam rapidamente. Para meu alívio, Peeta não teve mais nenhuma crise e continuou a me tratar da mesma forma carinhosa de sempre. Creio que agora, que ele está vendo que mesmo com Gale por perto eu o escolhi, ele não vai mais ficar inseguro.

Por mais que eu queira muito rever Hazelle e os meninos, decidi que não irei visitá-los enquanto Gale estiver lá. Sei que Peeta confia em mim, mas não quero fazer nada que possa incitar uma crise nele. Não quero que nada atrapalhe a tranquilidade e a harmonia que estamos vivenciando.

Meu dia-a-dia continua semelhante ao de semanas atrás. A novidade agora é que vou à casa de Haymitch duas vezes ao dia, para colocar comida para ele e ver como ele está. Ele tem estado tão bêbado que conversar com ele tem sido difícil.

– Haymitch, você precisa se alimentar – digo.

Ele está sentado na mesa da cozinha, com um olhar vago, recusando os pãezinhos de queijo que eu trouxe para ele. Eu estou sentada em frente a ele, tentando convencê-lo a comer. Ele já era alcoólatra quando eu o conheci, mas eu nunca o vi assim, tão afundado no álcool, tão deprimido. Estou começando a pensar na possibilidade de ter acontecido algo durante essa viagem à Capital.

– Haymitch, se esforce. Não precisa comer muito. Só um pouquinho, okay?

Ele percebe que eu não vou parar de insistir e, com a cara fechada, começa a comer os pãezinhos de queijo. Para minha surpresa, ele come todos, e ainda toma o suco de laranja com entusiasmo.

– Estava com fome, não foi? – digo, sorrindo para ele.

– Um pouco, docinho, um pouco... – diz ele, com a voz embolada pelo álcool.

– Haymitch?

– Hum?

– Eu e Peeta estamos preocupados com você. Você sempre bebeu muito, mas agora está além da conta. Você não toma banho direito, não come se eu não insistir... Por que você está assim? Aconteceu algo nessa viagem?

– Vocês estão juntos, não é? – diz ele, e eu percebo que ele está fugindo do assunto.

– Você sabe que sim, Haymitch. Nós já te dissemos isso, e mais de uma vez.

Ele não diz nada. Fica simplesmente brincando com o copo.

– Se você quiser conversar com alguém, sabe que tem a nós, não sabe?

Ele assente com a cabeça.

– Vou falar com Hazelle depois, para ela dar uma arrumação na sua casa. Ela está de volta ao 12.

– Obrigado – diz ele, ainda brincando com o copo. – Você se incomoda de me deixar sozinho agora?

– Tudo bem, mas se precisar de algo, pode me telefonar que eu venho. À noite, eu venho trazer seu jantar.

Eu me levanto e vou embora para casa.

***

– Então você gostou? – pergunta Peeta.

– Adorei, Peeta! São lindos!

Já é noite e eu e Peeta estamos sentados no sofá da sala, com a TV ligada no noticiário noturno, como sempre. Hoje ele trouxe da casa dele seu material de pintura e está me mostrando as telas que ele pintou depois da rebelião. São todas de paisagens da natureza. Pôr do sol, praia, montanhas, florestas, flores, pássaros... Não têm nada a ver com os quadros que ele me mostrou no trem durante a Turnê da Vitória, que eram de cenas violentas que vivenciamos nos primeiros jogos.

– Fico feliz que tenha gostado – diz ele, parecendo orgulhoso de si.

– Só não entendi o que te fez pintar coisas belas da natureza dessa vez – digo, enquanto observo atentamente uma das telas, que está no meu colo. As outras estão empilhadas na mesa de centro. – Da outra vez, você pintou coisas bem pesadas, dizendo que isso te ajudava a lidar melhor com elas.

– É, mas dessa vez eu senti a necessidade de pintar coisas belas para lidar com as dificuldades pelas quais passei. Isso me ajudou a lembrar que há coisas muito bonitas nesse mundo, na natureza, e que por isso viver vale a pena.

Levanto o olhar para ele e percebo que ele está sorrindo para mim. Retribuo o sorriso.

– Deu certo, não deu? – pergunto.

– Deu, sim. Sabe, eu senti vontade de fazer pinturas de você... muitas vezes.

– E por que não fez? Eu adoraria ver.

– Porque eu achei que... bem, precisava te esquecer, e pintando você não ajudaria muito.

– Mas agora você não precisa me esquecer. Vou cobrar essas pinturas, viu?

Ele sorri e se aproxima de mim para me dar um beijo, tomando o cuidado de não bater na tela que está no meu colo. A campainha tocando é que nos separa.

– Quem será a essa hora? – diz ele.

– Isso a gente só vai descobrir abrindo a porta – coloco a tela que estava no meu colo na pilha de telas em cima da mesa de centro e me encaminho para a porta. Assim que eu a abro, meu estômago se contrai em nervosismo. É Gale.

– Gale, nós já conversamos. O que você quer agora? – sei que estou sendo grosseira, mas meu medo de Peeta ter um ataque de novo está falando mais alto que a minha educação.

– Não é com você que eu quero falar dessa vez. Peeta está aí?

– Estou, sim – diz Peeta, chegando junto da porta.

– Amanhã cedo eu vou embora, e não poderia ir sem antes falar com você, Peeta – diz Gale, fazendo Peeta arregalar os olhos de surpresa.


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Notas finais do capítulo

É, isso, pessoal. Digam nos comentários o que estão achando. ;)

Gente, agora vai rolar um momento "sermão". Então, eu sempre procurei ser bastante fiel aos livros, e todos vocês já perceberam isso. Eu recebo elogios da grande maioria dos leitores com relação a isso. Porém, tem algumas pessoas que eu creio que estão confundindo as coisas. Mais de uma vez recebi comentários questionando o jeito da Katniss nos últimos capítulos, dizendo que tá um pouco diferente do que ela é nos livros. Gente, em primeiro lugar, por mais fiel que eu coloque para a história ser aos livros e e por mais que eu tenha uma escrita semelhante à da Suzanne, eu não sou a Suzanne. Isso aqui não é uma continuação de "A Esperança", é uma fanfiction. Eu dou o meu toque pessoal à história. Tem autores de fanfics que exageram, realmente, mudando completamente a personalidade da Katniss e de outros personagens, mas estou certa de que esse não é o meu caso.
Eu tenho escrito a Katniss um pouco mais segura para falar de seus sentimentos porque, na minha visão, não faria sentido algum ela continuar exatamente do mesmo jeito depois de enfrentar uma guerra, ver pessoas amadas morrerem e quase perder o Peeta. Acho que todo personagem tem que amadurecer, e se vocês forem observar, ela amadureceu no decorrer dos livros, também. Inclusive, por um tempo eu escrevi a Katniss enrolada sentimentalmente, como a dos livros, e muitos leitores ficaram impacientes. Haha. No fundo, todos esperam um amadurecimento dos personagens. ;)
Enfim, eu só estou dizendo isso, gente, porque acho que tem algumas pessoas colocando na história uma expectativa muito grande de continuação do livro, esquecendo que isso aqui é uma história escrita por uma fã. ;)

Beijos e até a próxima.