Amor Real - Peeta e Katniss escrita por MaryG


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Vim postar mais um capítulo para vocês. Antes de mais nada, gostaria de agradecer a vocês por todo o carinho e incentivo. No último capítulo, recebi 26 reviews e 5 recomendações (Obrigada, mara leite, felece, RafaeliSouza, Maria Luiza Mellark e Taty Weasley!). Muito obrigada, pessoal! Isso me deixou muito feliz. :D

Sei que demorei mais que o costume para postar, mas é que esse capítulo foi complicado de escrever. Ele tem menções a alguns detalhes dos livros, então precisei fazer consultas. Espero que gostem. ^^

Boa leitura!



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Quando abro os olhos, a luz do forte sol de verão já está entrando pela janela. Lembro-me da noite anterior e um sorriso se forma nos meus lábios. Sinto uma felicidade que há tempos não sentia. Após eu e Peeta nos amarmos pela primeira vez e eu confirmar a ele que o amo, eu me aninhei mais forte em seu peito e dormi quase que instantaneamente.

Estou deitada de bruços do lado direito da cama, e não sei como vim parar aqui. Com a mão direita, apalpo o outro lado da cama para tentar achar Peeta. Sinto um misto de frustração e nervosismo ao constatar que ele não está ali. Onde será que ele está?

Viro-me e sento na cama com o lençol enrolado no corpo, tentando entender o que está acontecendo. Olho para o chão do quarto e vejo que não há mais roupas da noite anterior espalhadas por ele. As minhas estão dobradas em cima de uma cadeira e as de Peeta sumiram. Ele as recolheu, mas, afinal, onde ele está?

Já estou ensaiando levantar da cama quando ele abre a porta e adentra o quarto, trazendo consigo uma bandeja com o que eu imagino que seja o meu café da manhã. Um cheiro maravilhoso de pão de queijo quentinho impregna o ar. Ele estava apenas na cozinha, afinal de contas. Eu não havia sentido o cheiro até então porque a porta do meu quarto estava fechada. Senti insegurança à toa.

– Bom dia, meu amor – diz ele, sorrindo.

– Bom dia – digo, e sei que há um sorriso idiota no meu rosto. A alegria de vê-lo é tanta que eu sinto meu coração acelerando.

Ele se senta na cama e coloca a bandeja no meu colo, firmando seus suportes na cama, um de cada lado da minha perna. Lembro que minha mãe usou essa bandeja comigo quando eu machuquei meu pé esquerdo ao saltar da cerca e precisei ficar de repouso.

Em cima dela, há frutas cortadas, pães de queijo e uma caneca de chocolate quente. Sinto meu estômago dar sinal de vida.

– Obrigada! – digo, e não espero nem um segundo para atacar a comida.

– Não precisa agradecer – diz ele, carinhosamente. – Eu queria te acordar com beijos e te fazer uma surpresa, até deixei a porta fechada, mas você já estava acordada quando eu cheguei.

Engulo o pedaço de fruta que estava na minha boca e digo:

– Eu já estou acordada, mas você pode me beijar mesmo assim.

Peeta sorri e, em seguida, se aproxima de mim e deposita um suave beijo nos meus lábios, tomando cuidado para não derrubar a bandeja.

– Eu queria passar o dia inteiro assim, com você, mas eu preciso ir à padaria – diz ele, com pesar. – Já passou da hora, na verdade.

– Eu entendo, Peeta – digo com sinceridade. – Eu também adoraria que você... bem, pudesse passar o dia todo comigo, mas é o seu trabalho.

– Mas hoje eu só vou trabalhar meio período – diz ele, enquanto acaricia levemente o meu rosto. – Não temos nenhuma encomenda de bolo, então os meninos conseguem se virar.

– Não posso dizer que é uma má ideia – digo sorrindo. – Nós precisamos conversar.

– Sim, você tem razão – concorda Peeta. – E tem que ser com calma.

– Você volta para o almoço, então? – pergunto.

– Volto, sim. Ah, e não precisa cozinhar. Hoje eu vou trazer o almoço. Agora eu tenho que ir. Ainda tenho que passar em casa para tomar banho.

Ele deposita um beijo nos meus lábios e sai, deixando-me a terminar de comer meu café da manhã.

Após comer, eu tiro a bandeja do meu colo e afasto o lençol, para poder me levantar. Assim que levanto, completamente nua, olho para a cama e vejo que o lençol de cama está manchado de sangue. Isso me assusta, mas logo sinto alívio ao me lembrar de já ouvido que isso é normal na primeira vez.

Mais tranquila, encaminho-o para o banheiro para tomar o meu banho matinal. Após sair, visto uma roupa confortável e desço para lavar as roupas de cama.

***

Ponto de vista de Peeta:

Assim que saio da padaria, encaminho-me para a casa de Katniss, ansioso por vê-la. Tenho em minhas mãos uma travessa com um delicioso cozido de carne e batatas. A mãe de Henry e Logan está cozinhando almoço para fora, para ter uma renda a mais. Como ela cozinha muito bem, resolvi comprar o almoço de hoje a ela.

Assim que chego à porta da casa de Katniss, tento girar a maçaneta, mas está trancada. Então, toco a campainha.

Ela abre a porta e eu entro.

– Oi, de novo – diz ela, e logo se aproxima de mim para me dar um beijo. Em seguida, ela pega a travessa das minhas mãos e tira o pano que está cobrindo-a. – Hmmm! Isso aqui está com um cheiro ótimo! Vamos pra cozinha. A mesa já está posta.

Ela se encaminha para a cozinha e eu a sigo. Não posso deixar de observá-la. Ela está com os cabelos soltos. Me pergunto se ela fez isso para me agradar. Se foi, acertou em cheio. Ela fica linda de cabelos soltos.

Entramos na cozinha e Katniss coloca a travessa em cima da mesa. Lavamos nossas mãos na pia e em seguida sentamos à mesa para comer.

– Cozido de carne e batatas – diz Katniss. – Onde você conseguiu?

– A mãe de Henry e Logan está cozinhando para fora – respondo.

– Está com uma cara ótima – comenta ela. – Vamos comer.

Servimos nossos pratos e comemos em silêncio. Estou louco para conversar com Katniss, para resolver como será a nossa relação daqui por diante. Depois do que aconteceu entre nós, terá que ser algo sério. Não me contentarei com menos do que isso.

– Hmmm, está uma delícia! – diz ela, tirando-me dos meus pensamentos.

– Sim, a mãe de Henry e Logan cozinha muito bem.

Katniss de repente me lança um olhar enigmático e segura minha mão por cima da mesa.

– Peeta, eu gostaria de te levar a um certo lugar hoje, depois que a gente terminar de almoçar.

– É lá que nós iremos ter aquela conversa? – pergunto.

– Sim – responde ela, acariciando de leve o meu rosto. – Agora, vamos terminar de comer.

Terminamos de comer e lavamos a louça. Depois, subimos para o quarto de Katniss. Após escovarmos os dentes no banheiro, ela diz:

– Me espere lá embaixo. Eu já desço.

Apesar de estar genuinamente curioso com tanto mistério, eu faço o que ela pediu e desço para a sala.

Depois de alguns minutos, escuto passos na escada, mas Katniss não aparece na sala. Ela provavelmente está na cozinha, mas não vou atrás dela. Espero aqui na sala, conforme ela pediu.

Quando ela aparece na sala, está segurando o arco numa mão e na outra, uma grande bolsa de couro. Em suas costas, está a aljava de flechas. Ela está com a mesma roupa que estava quando eu cheguei – calça, blusa e sapato fechado –, não com sua costumeira roupa de caça. Isso me deixa confuso.

– Nós vamos caçar? – pergunto, indignado. – Cadê sua roupa de caça? Você sabe que eu não sou bom nisso e...

– Não, nós não vamos caçar. O arco é só para se precisarmos nos proteger. Agora pare de fazer perguntas e venha – ela me entrega a bolsa para eu segurar e pega a minha outra mão, entrelaçando na dela.

Assim que saímos da Aldeia dos Vitoriosos, viramos o centro das atenções. Na rua, todos nos observam. Ninguém vem falar conosco, mas muitos sorriem, apontam o dedo para nós e dizem coisas do tipo: “Aqueles dali não são os amantes desafortunados?” ou “Eles estão juntos de novo! Olha lá!”.

Pensei que Katniss fosse ficar constrangida, mas ela sorri para mim e entrelaça ainda mais forte as nossas mãos. Continuo andando, seguindo-a, até que chegamos à campina. Não faço ideia o que vamos fazer na floresta, se não vamos caçar.

Atravessamos a cerca e adentramos a floresta. Estou me roendo de curiosidade para saber o que viemos fazer aqui, mas já vi que não adianta perguntar. Katniss não irá me dizer. Por fim, continuo andando, acompanhando seus passos por entre a mata.

Depois de muitos quilômetros, já estou exausto e suado. Minha perna mecânica realmente não me ajuda. Katniss percebe e diz:

– Eu trouxe uma garrafinha com água na bolsa – ela abre a bolsa que está na minha mão e tira uma garrafinha de dentro. Em seguida, ela me entrega e eu bebo água. Depois ela guarda novamente.

– Você quer parar um pouco? – pergunta ela.

– Não. Estou curioso demais para parar.

Ela dá uma risadinha e pega a minha mão novamente.

– Está perto. Logo, logo você vai ver.

Andamos mais um pouco e então chegamos a um cenário que deve ser um dos mais bonitos que já vi na vida. Um belo e cristalino lago está à nossa frente.

– E então, gostou? – pergunta ela, na expectativa.

– É lindo! Eu não sabia que havia um lago como esse aqui na floresta.

– Na verdade, poucas pessoas sabem. Como você viu, é muito longe da cerca, e a maioria das pessoas não tinha coragem de entrar tão fundo na floresta. Meu pai achou o lago casualmente, num dia que estava caçando. Ele sempre me trazia aqui quando eu era criança. Eu era tão pequena quando ele me ensinou a nadar que nem lembro.

– Bem que eu achava estranho você saber nadar tão bem – digo, e ela sorri para mim.

Katniss me conduz para a margem do lado e me puxa para sentar. Acomodamos nossas coisas no chão e ficamos a observar os patinhos nadando em grupo.

– Sabe – ela começa –, depois que o meu pai morreu, eu nunca mais vi esse lago com os mesmos olhos. Vim aqui poucas vezes desde então, e quase sempre sozinha.

– Quase sempre? – eu me viro para ela. – Quem veio com você, então? Gale? – não posso impedir que um ciúme irracional me tome.

– Sim, mas foi uma única vez. Eu estava com medo das nossas conversas estarem sendo grampeadas no nosso antigo ponto de encontro, e queria propor a ele aquela fuga, lembra? – eu assinto. – Então só me restou o lago.

Eu fico aliviado, mas não digo nada. Ela continua:

– Eu nunca senti vontade de compartilhar esse lugar com ninguém, porque para mim era algo privado, só meu e do meu pai. Só trouxe Gale pelo motivo que te disse. Mas você... bem, é especial o bastante para que eu tivesse vontade de compartilhar esse lugar com você.

Dou um sorriso.

– Você também é muito especial para mim, Katniss – digo.

Ela sorri e fica olhando para o chão, brincando com a grama. Depois de um curto espaço de tempo, começa a dizer:

– Uma vez, você disse que eu não sei demonstrar meus sentimentos e...

– Por favor – eu a interrompo –, esqueça isso. Eu falei da boca pra fora e...

– Shhhhiu – ela coloca o dedo indicador sobre os meus lábios, calando-me. – Deixa eu continuar. Então, o que você disse foi a mais pura verdade. Eu sempre tive dificuldade para lidar com os meus sentimentos, e para demonstrá-los, mais ainda. Hoje eu vejo o quanto isso me atrapalhou, o quanto isso me impediu de ser feliz.

Ela se cala por um breve espaço de tempo e eu penso em falar, mas ela logo continua:

– Foi necessário perder você, foi necessário que você pensasse me odiar, para eu enfim entender o que estava sentindo. Eu sofri muito quando você ficou sequestrado. Eu nem conseguia dormir, só pensando no que estavam fazendo com você. Eu me senti tão impotente, tão desesperada...

Ela começa a chorar e eu acaricio carinhosamente o seu rosto.

– Não precisa dizer mais nada – digo.

– Sim, eu preciso – ela se afasta do meu carinho e enxuga as próprias lágrimas. – Há muitas coisas que preciso te dizer.

Não queria que ela se torturasse dessa forma, mas percebo que ela está irredutível e então fico parado, disposto a ouvi-la atenciosamente.

– Várias vezes – ela continua –, eu peguei aquela pérola que você me deu para te sentir mais perto de mim. Eu ficava passando a mão nela, imaginando que era você que eu estava tocando. Eu ficava deslizando-a nos meus lábios, imaginando que eram os seus lábios que estavam nos meus... Pode parecer algo idiota, mas isso me tranquilizava, me dava a sensação de que você estava perto de mim.

“Então depois você voltou, e me odiando. Você não faz ideia do quanto eu sofri. Eu comecei a te destratar, a me dirigir a você com grosseria em todas as ocasiões, mas hoje sei que não agi assim somente por você estar questionando os meus defeitos. O que mais motivou meu comportamento agressivo não foi orgulho, mas sim o fato de amar alguém que não me amava mais e que provavelmente nunca mais teria condições de me amar.”

Sinto uma grande emoção começar a tomar conta de mim, formando um nó na minha garganta, mas não digo nada. Seguro o choro e continuo prestando atenção ao que ela está dizendo.

– Isso me causou um grande sofrimento, mas com a guerra rolando, eu mantive minha mente ocupada com outras coisas e pude escapar um pouco desse sofrimento. Depois Prim morreu e eu matei Coin para vingar sua morte. Não só por isso, na verdade. Ela estava querendo que você me matasse quando te mandou à nossa missão na Capital. Ela nunca foi confiável. Mas, enfim, isso não vem ao caso...

“O que eu lembro muito bem nesse dia em que matei Coin é que tentei me matar em seguida e você não deixou. Naquele momento, eu senti muita raiva de você. Sofri muito nas semanas seguintes, e o que eu mais desejava era morrer. Após semanas enclausurada, tive permissão para voltar para o 12 e recomeçar a minha vida. Passei alguns dias em uma depressão profunda. Por mais difícil que tudo estivesse, não havia mais nada que me impedisse de seguir com a minha vida, mas parecia que eu estava esperando alguma coisa.”

“Foi quando eu te vi na minha frente, plantando aquelas prímulas noturnas no meu jardim, que tudo começou a mudar. Eu comecei a reagir, mesmo sem saber que era porque você estava por perto. Você vinha à minha casa todos os dias de manhã para me trazer pão, mas nós estávamos afastados. Eu sentia medo de me reaproximar de você, mas não era só por causa dos seus problemas com os flashbacks. Eu tinha medo do que estava sentindo por você e do quanto poderia sofrer por isso. Eu só me dei conta disso quando comecei a sentir a sua falta. Foi aí que eu decidi me reaproximar de você e pedi naquele dia que você ficasse para tomar café da manhã comigo. Mesmo sem saber se você ainda me amava, achei que valeria a pena ter ao menos sua amizade.”

“Minha vida se tornou outra depois que nós voltamos a conviver. Ainda há momentos em que eu me sinto triste, e acho que há feridas que nunca irão cicatrizar por completo, mas você me deu uma razão para viver. Você me deu esperança em dias melhores, me deu a promessa de que posso voltar a ser feliz e de que minha vida pode voltar a ser boa. Você salvou minha vida duas vezes: Quando me impediu de engolir a pílula e quando voltou para o distrito 12.”

Há lágrimas escorrendo pelo meu rosto livremente, e pelo rosto de Katniss, também. Ouvi-la dizer isso tudo mexeu com algo bem dentro de mim. Estou estático, mudo, sem conseguir esboçar nenhuma reação além de chorar silenciosamente.

– Sabe por que eu estou dizendo tudo isso? – ela continua. – Porque hoje eu entendo o que eu sinto por você, e é amor. Eu te amo, Peeta.

Ela não espera eu dizer nada. Simplesmente se atira nos meus braços e cola seus lábios nos meus, beijando-me com paixão. Quando o ar nos falta, nós nos separamos. Eu olho nos olhos dela e digo:

– Eu também te amo, Katniss. Muito. Eu nunca deixei de te amar, nem mesmo quando me forçaram a pensar que te odiava. O telessequestro mudou a minha cabeça, mas não o meu coração.

– Me perdoe por ter te feito sofrer tanto – diz ela, com pesar. – Se eu não tivesse me bloqueado tanto a sentimentos, poderíamos ter tido muito mais momentos felizes juntos e...

– Não seja tão dura com você – interrompo-a. – Você tinha coisas demais para se preocupar, para ficar pensando em questões sentimentais. Além do mais, se nós tivéssemos nos envolvido de verdade antes, teríamos sofrido muito mais com a separação. Tudo acontece ao seu tempo. Agora, temos uma vida inteira pela frente para termos momentos felizes juntos.

– É, por esse lado, você tem razão... – diz ela, enquanto tira carinhosamente alguns fios de cabelo da minha testa.

– Sim, eu tenho – digo, sorrindo para ela.

Pego seu rosto com as duas mãos e deposito um beijo em seus lábios.

– Peeta?

– Hum?

– Eu gostaria de te perguntar uma coisa.

– O quê?

– Você quer vir morar comigo?


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Notas finais do capítulo

Por favor, não me matem! Hahaha! O próximo capítulo virá rápido.

Lembrem-se de dizer o que estão achando nos comentários. Quero todo mundo comentando, ok? Deixem de vergonha e de preguiça. Haha. E se acharem que a história está muito boa, recomendem. ;)

Beijos e até o próximo.