Amor Real - Peeta e Katniss escrita por MaryG


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Escrevi mais um capítulo e vim aqui postar para vocês. Só tenho a agradecer pelos inúmeros comentários carinhosos e incentivadores que recebi. Muito obrigada, pessoal! Vocês não sabem o quanto isso me incentiva. :D

Boa leitura!



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Estou tão eufórica e feliz com a novidade que provavelmente nem conseguirei dormir. É como se uma parte de meu amigo estivesse voltando à vida, agora que seu filho nasceu. Penso em Peeta e no quanto ele ficaria feliz ao saber disso. Não é justo que eu o prive de saber disso por causa de nossa discussão. Preciso ir à casa dele.

Subo para o meu quarto para trocar de roupa, mas antes de me despir, vejo através da janela que a casa de Peeta está com as luzes apagadas. “Ele está dormindo”, penso. Decido, então, ir contar a novidade a ele de manhã, na padaria. É até melhor que seja assim, pois a padaria é um ambiente mais formal.

Deito na cama para dormir. É estranho não ter Peeta me abraçando. Abraço o travesseiro na tentativa – frustrada, devo admitir – de não sentir tanto a falta dele e me entrego ao sono.

***

Após uma noite terrível de pesadelos com bestantes e crianças perdidas, acordo suada e ofegante. Tomo um banho para ficar limpa e relaxar um pouco, visto uma roupa confortável e desço para a sala. Quando já estou me encaminhando para a porta, para sair e ir à padaria, ouço o telefone tocar. “Deve ser Haymitch”, penso. Atendo-o.

– Alô?

– Oi, filha.

É minha mãe. A última vez em que ela me ligou foi mais de um mês atrás, no dia do meu aniversário de 18 anos. Se não fosse por ela, eu nem me lembraria. Fiz nenhuma questão de comemorar. Nem comentei com Peeta, para não ter o perigo de ele fazer um bolo. Depois daquele dia, ela não me ligou mais, e eu, por orgulho, também não.

– Oi, mãe – respondo, tentando conter a mágoa que ainda sinto por ela ter me abandonado.

– Como você está?

“Órfã de mãe viva”, penso em dizer, mas me contenho.

– Caminhando, e você?

– Não tem sido nada fácil pra mim...

– E por acaso você pensa que tem sido fácil para mim?! – Explodo. Sempre que ela me liga, fica se fazendo de coitada.

– Filha, eu não disse isso...

– Mas age como tal. Você perdeu marido e filha, mas eu perdi pai, irmã, inúmeros amigos, sanidade, sono tranquilo, o amor incondicional do Peeta e, acima de tudo, minha mãe, que mesmo estando viva, me faz sentir como se eu fosse órfã!

Ouço-a chorar do outro lado da linha.

– Minha filha, me perdoe! – chora ela. – Eu sei que estou em falta com você. Te liguei agora justamente por isso.

– Só me ligar, não é? – digo rispidamente. – Porque vir aqui para me dar colo e secar minhas lágrimas, como uma mãe de verdade, você não vem.

Após eu dizer isso, as lágrimas começam a cair em cascatas dos meus olhos. Estou soluçando e tremendo, mas me sinto mais leve, agora que a verdade que estava há meses entalada na minha garganta saiu.

Ouço minha mãe chorar mais forte do outro lado da linha.

– Me perdoe, minha filha! Por favor, me perdoe! Eu não tenho a sua força! Eu sou fraca, muito fraca!

Não digo nada. Continuo ouvindo-a.

Eu quero ser mais presente na sua vida – ela continua. – Eu ainda não consigo voltar para o 12, mas eu estou me esforçando, minha filha. Um dia eu vou conseguir.

– Um dia... – repito.

Por favor, tenha só um pouco mais de paciência. Eu vou conseguir. Não sei quando, mas vou. Até lá, quero fazer parte da sua vida. Vou te ligar com mais frequência, eu prometo, e você pode me ligar sempre que quiser.

– Por que você passou mais de um mês sem me ligar? – questiono.

– Eu não passei mais de um mês sem te ligar. Eu cheguei a te ligar mais duas vezes, mas você não atendeu.

Lembro-me das tardes em que passei fora de casa, caçando.

– Você me ligou à tarde? – pergunto.

– Sim, no horário em que eu tinha um intervalo nas atividades da construção do hospital. Hoje eu te liguei de manhã pra ver se, mudando o horário, eu conseguiria falar com você.

– É, eu geralmente não fico em casa à tarde. Tudo bem, então.

Um silêncio constrangedor se instala entre nós. Minha mãe é quem o quebra.

– Filha, eu vou ter que desligar agora. Eu prometo que vou ser mais presente na sua vida. Por favor, me dê uma chance!

– Tudo bem...

– Pode não parecer, mas eu te amo, minha filha. Não se esqueça disso.

Antes que eu possa dizer algo, a ligação é cortada. As últimas palavras da minha mãe me causam uma emoção estranha. Agora eu sei o quão carente de amor materno eu estive nos últimos meses.

Buttercup miando esperançoso nos meus calcanhares é quem me tira dos meus pensamentos. Sei que ele está com fome, então o pego no colo, levo-o até a cozinha e coloco comida para ele. Após isso, saio de casa e enfim me encaminho para a padaria de Peeta.

Assim que entro lá, o cheiro de pão quentinho invade as minhas narinas, fazendo meu estômago dar sinal de vida. Um rapaz forte – que eu não sei se é Henry ou Logan – está embalando pães para alguns clientes e a moça, Rachel, está no caixa, recebendo o pagamento de uma cliente. Peeta e o outro rapaz devem estar na cozinha.

Assim que o rapaz termina de embalar os pães, me aproximo dele e digo:

– Bom dia. Você poderia embalar dois pães para mim?

– Posso, claro – diz ele, de forma bem simpática.

Ele termina e me entrega o que pedi.

– Obrigada – digo. – Ah, você poderia chamar o Peeta?

– Ele está ocupado, mas se eu disser que é você, ele com certeza virá. Espere só um instantinho – ele diz e depois sai por uma porta.

Às vezes, esqueço que Panem inteira sabe do meu “relacionamento amoroso” com Peeta. Após a rebelião, ninguém veio nos perguntar se estamos ou não juntos, mas o fato de ele constantemente dormir na minha casa com certeza não passou despercebido.

O rapaz volta, juntamente com Peeta.

– Henry me disse que você pediu a ele que me chamasse – diz Peeta, num tom anormalmente sério.

– Sim – digo, constrangida. – Tenho uma notícia para te dar. Haymitch me pediu.

Henry percebe que é uma conversa íntima e, sem dizer nada, se encaminha para a cozinha.

– Então, diga logo – diz Peeta. – Tenho muita coisa para fazer por aqui hoje.

– O filho de Finnick e Annie nasceu.

Um sorriso enorme se forma no rosto de Peeta, mas ele então parece se lembrar de que estava antes do tempo e seu sorriso se desfaz. Em seguida, ele pergunta:

– Mas o bebê está bem? Ele nasceu antes do tempo.

– Sim, ele está ótimo. Apesar de ser prematuro, ele nasceu forte e saudável.

Peeta então volta a sorrir, aliviado.

– Isso é maravilhoso! Mal posso esperar para vê-lo. Vai ser muito bom ter um bebê aqui, perto de mim.

– Ele ainda vai demorar um pouquinho para vir, mas Haymitch prometeu nos mandar uma foto dele, para colarmos no livro.

– Certo.

Um silêncio constrangedor se instala entre nós. Peeta coça a nuca, visivelmente desconfortável com a situação.

– Bom – quebro o silêncio –, eu vou indo, então. Não quero atrapalhar você no seu primeiro dia de trabalho.

Eu me viro para ir embora, mas Peeta diz:

– Katniss?

Eu me viro novamente, voltando a olhar para ele.

– Sim?

– Me desculpe – diz ele, e eu entendo que ele está se referindo ao que me disse na noite anterior.

– Me desculpe você, também – digo. – Eu não fui nada delicada com você.

Me aproximo dele e o abraço forte pelo pescoço, sem me importar com o fato de que ele está com o avental todo sujo de farinha. Ele retribui o meu abraço com a mesma intensidade, espalmando as mãos nas minhas costas. Passamos apenas uma noite brigados, mas ainda assim eu senti uma falta imensa do meu garoto com o pão.

Percebo que os clientes que estão na fila do caixa estão nos olhando e rompo o abraço.

– Nos vemos hoje à noite? – sussurro, para que ninguém além de Peeta possa me ouvir.

– Sim – responde ele, sorrindo – Ah, não precisa pagar os pães – diz ele, olhando para o saco que estou segurando.

Ele sorri para mim mais uma vez e se encaminha para a cozinha. Eu me viro e saio da padaria, ignorando os olhares curiosos dos clientes. Devo estar com um sorriso idiota no rosto, mas estou contente e aliviada demais para me importar com o que os outros vão pensar.

O dia passa rapidamente. À noite, Peeta vem ficar comigo, conforme o prometido. Ele me conta como foi o dia dele e eu conto como foi o meu, nada além disso. Nenhum de nós menciona a discussão do dia anterior. Após o jantar, dormimos abraçados. Acordo no meio da noite por um pesadelo envolvendo, mais uma vez, bestantes e crianças perdidas. Peeta, mais uma vez, me conforta:

– Está tudo bem, Katniss. Foi só um pesadelo – diz ele, me aconchegando em seus braços fortes.

– Era tão real, Peeta! – choro. – Ainda posso ver os bestantes perseguindo as crianças!

– Está tudo bem – ele me conforta. – Eu estou aqui, com você.

Mais uma vez, eu colo meus lábios nos dele. Não sei exatamente por que, mas isso me acalma mais do que qualquer outra coisa. É um beijo discreto, apenas um roçar de lábios, mas ainda assim sinto algo se agitando dentro de mim.

Rompo o beijo e Peeta me puxa para colocar a cabeça em seu peito. Ele acaricia meus cabelos até eu pegar no sono novamente.

E assim ficamos ao longo da semana. Após um dia de trabalho na padaria, Peeta vem à minha casa para jantar e dormir comigo. Com ele ao meu lado, sinto-me mais segura e consigo dormir melhor.

No domingo, quando Peeta trabalha apenas meio expediente, eu me acordo e ele já foi para a padaria, mas não sem deixar meu café da manhã pronto. Como, visto minha roupa de caça e me encaminho para a cerca da floresta.

No meio do caminho, um homem que eu não conheço me para na rua.

– Senhora Everdeen?

Eu já ia perguntar o porquê de “senhora”, mas então me lembro de que muitos pensam que eu “ainda” sou casada com Peeta.

– Sim? – respondo.

– Meu nome é Adrian e eu trabalho na estação. Chegou essa encomenda para a senhora, vinda da Capital – ele me entrega um envelope.

– Ah, certo. Obrigada.

– Por nada.

O homem se vira e vai embora.

Leio no envelope que o remetente é Haymitch e sei que se trata de uma foto do filho de Finnick e Annie. Fico tão ansiosa para ver a carinha dele que não aguento esperar voltar da caçada. Coloco o arco no chão (agora não há mais necessidade de deixá-lo dentro da floresta, pois caçar não é mais ilegal) e abro o envelope, tirando de dentro a foto de um lindo bebezinho dormindo. Fico olhando para a foto como uma boba, admirando o filhinho recém-nascido do meu amigo (foto do bebê). Ah, como ele estaria feliz se estivesse vivo... Esse pensamento faz com que lágrimas escapem dos meus olhos.

Enxugo os olhos com as costas das mãos, coloco o envelope com a foto no bolso da calça, pego o arco e me encaminho para a floresta. Tenho que caçar, ou então eu e Peeta ficaremos sem almoço hoje.

Abato um peru selvagem e volto para casa, para – tentar – preparar o almoço. Faço, mais uma vez, peru assado com molho de laranja, imitando a receita da Capital.

Peeta chega da padaria e almoça comigo. Por incrível que pareça, ele é só elogios para minha comida:

– Puxa, Katniss, ficou muito bom! – diz ele.

– Fico feliz que tenha gostado. Quer mais?

– Sim, por favor! – pede ele.

Coloco mais um pouco de peru no prato de Peeta e fico observando-o comer vorazmente por um tempo, até me lembrar da foto.

– Peeta, Haymitch mandou uma foto do bebê.

– Jura? Me mostre, por favor – pede Peeta, animado.

Eu pego a foto e mostro a ele.

– Nossa, ele é muito lindo! – diz ele, encantado. – Não vejo a hora de ele chegar aqui.

Olho para o envelope em minha mão e percebo que há um papelzinho dentro. Pego e leio:

“Tia Katniss, tio Peeta, eu sou o Finnick Odair Junior. Em breve, estarei aí, pertinho de vocês. Já que ainda não posso estar, mamãe e tio Haymitch mandaram essa foto, para que vocês possam me conhecer.”

– Oun, Peeta! Olha o que a Annie escreveu! – digo, sentindo a pressão das lágrimas nos olhos enquanto entrego o papelzinho a ele.

Peeta lê, e, ao terminar, fica emocionado, assim como eu.

– Adorei que Annie colocou o nome do pai no bebê – diz ele.

– Eu também.

– Quero dar todo o amor possível a essa criança, pois eu não estaria aqui se não fosse pelo pai dela. Finnick salvou minha vida três vezes.

– Três vezes? – questiono.

– Sim. Além de me salvar duas vezes na segunda arena, ele me salvou naquele dia em que nós fomos atacados por bestantes, na Capital. Eu nunca te contei isso, mas ele se sacrificou por nós.

– Então, vou dar todo o meu amor a essa criança, assim como você – digo com a voz embargada.

Peeta sorri para mim.

– Acho que agora podemos concluir o livro – diz ele.

– Sim, vamos lá.

Após lavarmos os pratos, vamos para o escritório. Pego a foto e colo numa página. Embaixo dela, escrevo: “Finnick Odair Junior, filho de Finnick Odair e Annie Cresta.”

Depois, Peeta me ajuda a lacrar as páginas com sal marinho. O livro finalmente fica pronto.

– Agora temos nossas lembranças eternizadas nesse livro – digo.

– Sim, e como você mesma disse, é para que a morte deles não tenha sido em vão. Temos que ser felizes, para honrar cada sacrifício – diz Peeta.

– Sim, e eu hei de conseguir, assim como você – digo.

Peeta se aproxima de mim e me abraça. Ficamos assim por um tempo, apenas sentindo a paz que esse contato proporciona. Estou quase avançando nos lábios dele quando o telefone – a extensão dele, na verdade – toca.


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Notas finais do capítulo

É isso, pessoal. Lembrem-se de dizer nos comentários o que estão achando. A opinião de vocês, como eu sempre digo, é muito importante para mim. ^^

Ps: Tenham paciência. Tá muuuito perto de esses dois se acertarem. :D