—Oras querida,por que você mesma não pergunta para a mãe terra? —Era uma voz tenebrosa e sedosa. Hades estava boquiaberta. Atena virou-se devagar,em direção a assustadora voz.

Autora ~ Narradora

Lá estava Gaia. Os cabelos em seu natural leito que não pinga. A pele pálida, o vestido negro.

—Gaia? —Atena

—Bisnetinha. —Irônica.

—O que faz aqui?

—Oras! Atena não tinha uma pergunta? Por que não pergunta a mim mesma,no lugar dos mortos?

—ér...eu...nós...como...—Pela primeira vez,desde nascida,Atena gaguejava.

—Atena,Atena. O peixe comeu sua língua? —Gaia soltou uma gargalhada. Quem se manifestou foi Hades.

—Não. Você não tem o direito de falar assim com ela!

—Eu posso tudo. Sou a deusa mais antiga. A patriarca de tudo e todos.

—Vai embora Gaia. Ninguém te quer aqui. —Hades

—Ninguém me quer. Mas eu quero alguém. —raízes nasceram do chão,formando uma cadeira,na qual Gaia sentou-se.

—O que? —Atena

—Isto. Alguém que vai sofrer muito...e como...as parcas podem ser más,né?

—Gaia...por favor...—Hades

—Primeiro a pergunta da jovem deusinha da sabedoria. Depois,bom,vou embora se assim querem.

—O que Deméter fez lá em baixo? Por que você calou o Estige?

—Oras! Deméter jogou uma maldição,claro. Versos simples e misteriosos,e ela não me invocou Hades. Eu apenas dei uma ajudinha,se me permite dizer. Ninguém deveria ser tratada do modo que aquele sopro do inferno a tratou. Então...tive uma conversinha com o Estige.

De olhos fechados. A deusa abriu um sorrisinho.

—Você...cancelou a promessa? —Hades

—O que? Não! Não cancelei promessa nenhuma! É claro que eu conseguiria. O Estige é uma de minhas propriedades. Mas não. Cancelar uma causaria revolta e transtorno. Apenas fiz Estige engolir Aquiles. —Hades e Atena se olharam.Perplexos.— Não! Não do tipo que Cronos engoliu os seis irmãozinhos! Apenas o devolver ao mundo inferior. A voz daquela assombração já me dava repulsa. Hunf.

Hades e Atena se olharam,novamente...assustados.

—Bom..respondi.Agora irei voltar. Meu filhinho,opositor a Atena,anda com probleminhas de inteligência. Ô bichinho burro! Já to indo queridos...nos vemos em breve. Muito em breve.

E desapareceu num rastro de terra e folhas.

Hades e Atena se olharam.

—Isso não aconteceu. —Pronunciou o deus,quase num sussurro.

—Com certeza não..Vou ir..Poseidon deve estar preocupado e....Hades! Não me olhe assim! Eu e ele não temos nada!

—Claro! Ainda nada por que Poseidon é muito lento para admitir qualquer coisa!

—Hades!

—E você muito orgulhosa para assumir!

—Arrrrg! Péssima noite!

—Há você também!

A deusa saiu em passos pesados,pensando nervosamente sobre as palavras do representante dos mortos.

Na manhã seguinte ~ Autora

Deméter,como sempre,fora a primeira a acordar. Preparava,como sua típica e comum rotina, um café. Suave,ou forte,bolos de chocolate,ou maracujá. Sempre as mesmas dúvidas,sempre a mesma coisa.

Terminava ela,de colocar as panquecas na mesa,quando Hera desceu. Braços cruzados,cara fechada. Sentou-se na cadeira do lado direito da mesa.

Lá vamos nós...

—O que houve Hera?

—Zeus! Desde esta droga de queda de identidade,só anda usando minhas maquiagens!

Deméter soltou uma gargalhada.

—Sério mesmo?

A deusa do casamento fungou.

—Oras Hera! Se uma pancada o deixou “Zeusa” outra,o deixará “Zeus”.

Hera olhou maniacamente para Deméter.

—Oh,deuses! O que foi que eu fiz! —Exclamou a agricultura,enquanto Hera subia em passos rápidos com um rolo de macarrão.

Hermes

Hermes acordou,ao seu lado,Deméter já não estava. Lembrou-se da conversa que tiveram na noite anterior.

“—Deméter...?

—Que é? —A deusa estava de costas. Arrumando as velas. A casa não tinha eletricidade.

—Posso perguntar uma coisa?

—Já esta perguntando.

—Certo.Ponto para você.

A deusa riu. A velha e boa Deméter...

—Faça Hermes,faça.

—Acha que eu deva levar Marta para o Olimpo? Talvez Héstia tenha razão...a falta de um pai possa ter causado o que aconteceu com Luke.

Hermes tentou não parecer tão tristonho quanto estava. Ou não demonstrar o quanto pronunciar aquelas palavras era difícil.

Para Deméter,Tais palavras eram como socos. Espancamentos. A deusa conseguiu separar os seus confusos pensamentos,da calma e serena voz de Gaia:”Eu te avisei..querida.”

Ela respirou fundo:

—Claro Hermes,claro. Talvez sua presença não estrague outro filho...outro filho com ela.

—E será que ela...ér...aceita?

Deméter resistiu a vontade de mandar o entregador calar a boca.

—Acho que sim. —Disse,trincando os dentes— Quem não gostaria. De ser imortal,ou morar no Olimpo?

Hermes estava pensativo. Notará que Deméter estava...estranha.

—Mas...e se forem gêmeos? Eu conseguiria? Quer dizer...tenho uma rotina corrida e...

Deméter fechou os olhos. Os abrindo e os mantendo fixos a lareira. O fogo crepitava como sua raiva naquele momento. Falar para se manter calma,a esta altura só pioraria a situação. A deusa estava a ponto de enlouquecer. Acabar com meio mundo,ou transformar Hermes em um brócolis. Em vez disto,ela apenas se sentou na cama.

—Não sei Hermes.. Mas seja o que for,será um bom pai. Boa noite.

E deitou-se. Pensativa. Apenas após escutar o ressonar de Hermes,ela conseguiu,por fim,chorar. Triste e momentaneamente.

O deus sentou-se na cama. Aquilo foi real? Deméter lhe disse que ele seria um bom pai?

Ele levantou-se,indo tomar um banho,rápido. Sem demoras. Lá,com a água batendo e escorrendo sobre seu corpo. Sentiu-se o maior idiota após,conseguir ficar no mesmo quarto que a deusa das plantações, e gastar seus tempos com um assunto inconveniente: Marta.

Atena/ Poseidon

A deusa abriu os olhos devagar,a luz invadia sua visão suavemente. Passou a mão no travesseiro ao lado,percorrendo pelo lençol,colchão..cadê Poseidon?

Ela sentou-se na cama. Relembrando a noite interior.

“Ela voltará de Hades, Poseidon dormia calmamente,os olhos cerrados. A deusa trocou-se,colocando uma camisola longa e branca. Ela deitará.Rosto a centímetros do rosto do deus dos mares. As pequenas mãos passeando sobre o rosto do deus. Percorrendo desde ao lado dos olhos,até as bochechas,descendo até os lábios. Ela se pegou os olhando fixamente,para eles. Pequenos e rosados. Se aproximou-mais um pouco,a distância agora,ronda 1,05 cm.

Perdida em seus pensamentos. Mas com o olhar sempre preso ao mesmo lugar. Atena sentiu os quentes olhos verdes se abrirem. Como tempestade marítima. O coração da deusa,tinha ultrapassado a marca 2.000 batidas por segundo. A respiração,já não sabia o significado da palavra “regular”. Ela tirou as mãos rápidamente do rosto do deus,e sentou-se na cama. Poseidon,sentou-se em seguida,parecia no mesmo confronto mental,entre a Razão e a Emoção.

Porém,ele,diferente dela. Ignorou as duas. Empurrando um mecha solta de seu cabelo para trás,e a beijando. Na fria noite. As duas e quatorze da manhã. Um pleno beijo. Apaixonado. Da guerra entre Emoção e a Razão. A dona dos sentimentos reinou,dominou. Foi apenas um beijo. Atena,esqueceu a razão,o orgulho,a lógica. Se entregando ao momento. Ela já previa se arrepender disto no dia seguinte. Mas agora não importava. Só valia sentir a sua sincronia e oposição de Poseidon,o beijo gelado,com seus lábios quentes. O doce perfume marinho. Ao terminar,o que continuava junto,eram os olhos cinzas e verdes. Poseidon iria falar algo,imaginou ela. Porém,ela se virou para o outro lado:A face vermelha,o rosto envergonhado. Poseidon apenas soltou um suspiro. Virando-se e dormindo logo em seguida.”

Agora Atena levantará,tomará banho e vestia um shorts com uma blusa solta e laranja. Foi Até a sacada.

—Aonde se enfiou Poseidon? —Ela murmurava para si mesma,quando o deus dos mares surgiu ao seu lado.

—Procurando por mim Teninha?

Dionísio/Marta

A mortal,estava no banheiro. O imortal. Lendo uns papeis que estavam fixos a parede.

—Marta. O que você esta aprontando?

—Como assim queridinho? Não estou fazendo nada!

—Esse filho não pode ser de Hermes!

Marta deu uma gargalhada.

—Você não tem como provar suas palavras. Meu caro.

Dionísio a agarrou,pressionando-a na parede.

—Eu sei de tudo. Mais do que ninguém,eu sei de cada plano seu. Cada coisa que você já causou. Quer que eu conte? Temos 13 Olimpianos por aqui!

A mortal perdeu a cor.

—O que você sabe? Que o céu é azul?

—Eu sei que a 25 anos atrás você,Hermes,Hefes....

A porta bateu. Os dois se olharam assustados. Se separando em seguida. Ouviram uma voz lá fora. Era Afrodite.

—O café está na mesa! —Cantarolou,depois,passos ecoaram pelas paredes.

—Nós não terminamos aqui. —Dionísio,num sussurro.

—É o que você acha. —Marta,em resposta.

Num clima pesado,e tenso. Os dois saíram.