Never Let me Go escrita por Kisa


Capítulo 2
Segunda Parte: Amanhecer




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And the arms of the ocean are carrying me

And all this devotion was rushing over me

And the crushes of heaven, for a sinner like me

But the arms of the ocean delivered me

Steve abriu os olhos. Estava escuro, mas não o suficiente. Havia luz entrando pela porta, vinda do corredor. Então ele pode identificar bem onde estava.

Seu quarto, em Malibu.

Instantaneamente levou a mão direita para o lado, mas não achou quem estava procurando.

Levantou e se dirigiu primeiro ao toalete. Suas mãos tremiam. O corpo todo tremia. Lavou o rosto com a água fria, precisava se certificar que estava de fato acordado. Secou o rosto com a toalha de algodão egípcio, uma extravagância, na opinião dele. Para Tony era um luxo necessário.

Saiu do quarto e foi para a direção da luz.

Vinha do quarto ao lado.

Parou antes mesmo de entrar no quarto e escorou no batente da porta. Só então ele pode respirar aliviado.

— Eu preciso de um manual prático para essa missão difícil. — Tony dizia para si mesmo — É mais complicado do que eu imaginava. Fico me perguntando como Steve faz sem querer demolir toda a casa depois.

— Senhor Stark, o vídeo que o senhor pediu já carregou.

— Muito bem Jarvis, me mostre.

Steve não pode deixar de rir ao ver o conteúdo do vídeo: uma mulher loira qualquer estava ensinando como uma pessoa deveria trocar a fralda do seu bebê.

— Jarvis, pode desligar o vídeo, eu ensino a ele.

Está certo, senhor Rogers.

— Steve, acordou cedo. Mais que o habitual. Sono difícil? — Tony sabia que Steve tinha pesadelos, algumas noites. As cenas de guerra eram difíceis de esquecer.

— Falamos disso depois, está bem. — desconversou o loiro — Agora eu vou te explicar como trocar a fralda do seu filho. Acha que consegue?

— Você está me desafiando?

— Sim.

— Está aceito. Bem lá vou eu. Fala se eu fizer algo errado, tá bem?

Tony foi pegando duas pinças grandes, daquelas que ele usa no trabalho, para tirar a fralda do pequeno Peter.

— Era só o que me falta, Tony. Não tem duas semanas que o Peter está aqui conosco e você já quer transformá-lo em uma das suas invenções? Larga isso e seja homem.

— Me diga você como eu posso ser mais homem do que eu já sou.

— Use as mãos, não é tão difícil quanto parece.

Steve foi explicando como Tony devia proceder. O problema maior foi limpar as dobrinhas de Peter. Tony não pareceu muito animado em só passar os lenços umedecidos. Ele achou que não estava limpo.

— Muito bem, Sr. Eu-Não-Sou-Fresco-Como-O-Tony, o que eu devo fazer agora?

— Passar um pouco do talco. Ajuda a não dar assadura. — Tony já ia jogando o talco de qualquer jeito e Steve o repreendeu, explicando a forma correta. — Agora você pega uma fralda limpa no armário e a coloca em Peter. Viu como é simples?

— É mais fácil lutar contra o Loki. — Tony resmungou, colocando a fralda em Peter. O bebê olhava para a cara do pai e apenas ria da situação toda. — Eu acho que mereço ouvir um “daddy” depois de toda essa trabalheira, não acha, Peter?

O garoto, ainda deitado sobre a bancada especialmente preparada por Tony para ocasiões como aquela, olhava bem para os pais.

— Pa...pa — Peter apontou para Steve.

— Acho que ele gosta mais de mim, Tony. — o loiro riu.

— Não, isso não está certo. Você sempre fala isso para ele, estou esperando a minha parte.

— Papa! — Peter jogava as mãos para o alto, querendo que Steve o pegasse.

— Tem algo muito injusto nisso tudo. — Tony saiu do quarto com a fralda suja, para jogá-la na lixeira do banheiro, do outro lado do corredor.

— Não tem nada injusto. Ele sabe que eu o amo mais que você.

— Isso é mentira!!!!!

— Pelo menos ele sabe me chamar. — Steve continuou gracejando.

— Acho que alguém vai dormir no sofá essa noite. — Tony já estava ao lado do loiro novamente e nada feliz.

Steve foi embalando o pequeno Peter em seus braços e poucos minutos depois, o bebê estava dormindo tranquilamente. Pôs o filho no berço e ambos saíram do quarto em silêncio.

Na sala, Stark se encaminhou até o bar, abriu uma garrafa de whisky e se serviu de um copo.

— Tony, eu acho que você devia diminuir o álcool.

— Steve, nós já tivemos essa conversa antes.

— Sim, mas nós agora temos o Peter.

— E o que tem o Peter?

— Como ele vai crescer ao ver o pai dele bebendo e dando mais atenção ao álcool que a ele?

— Definitivamente, você vai dormir no sofá hoje. — Tony falou, andando em direção à varanda. O ar da madrugada o ajudava a pensar mais claramente. Tentou mudar o assunto. — E o seu sonho, não quer me dizer qual é?

— Foi um pesadelo. Completo. Nessa... coisa, você não estava mais com a gente, Tony. — Steve encostou os cotovelos na proteção da varanda e enterrou o rosto entre as mãos.

— O que? Eu não estava?

— Você nos deixou, Tony. Por causa disso. — e apontou para o copo na mão direita do moreno — Mas o pior disso tudo ser um sonho, é que existe uma possibilidade muito real de acontecer.

— Eu ainda não estou entendendo. Eu deixei... — E Stark viu a dor nos olhos do loiro, e entendeu.

— Você ainda vai continuar com isso?

— Eu vou morrer um dia, de qualquer forma. — deu de ombros.

Tudo bem. Steve podia lidar com quase tudo. Ele até podia entender Stark, caso ele achasse que um simples sonho era demais. Mas tinha algo muito mais profundo na angústia de Rogers, algo que o loiro ainda não havia externado.

— Tony, eu sei que, se em nosso caminho juntos, se nada acontecer a mim ou a você, eu serei o único a restar. Eu sei disso. — Steve estava sério e olhava diretamente nos olhos de Tony enquanto pronunciava as palavras — Eu tenho quase cem anos, mas meu corpo é de uma pessoa com vinte e oito!! Você nunca imaginou, nunca sequer passou pela sua cabeça como vai ser, para mim, quando você não estiver mais aqui? Já pensou que talvez eu viva mais que a Peter? Que eu veja meu próprio filho envelhecer e que eu veja meus netos envelhecerem, um a um, para só depois de ter perdido tudo, a minha hora chegar?

“Como você acha que vai ser se eu tiver que te enterrar por causa dessa merda que você põe pra dentro, dia após dia?”

Tony não tinha resposta para aquilo. Ele cerrou as mãos, porque começou a tremer. O copo, vazio, estava na mureta da varanda. Steve, a sua frente, esperava alguma resposta.

Ela não veio.

Steve não estava totalmente correto. Tony já havia pensado naquela possibilidade. Mas procurou esquecê-la assim que ela surgiu, na ocasião.

— Eu não quero te perder, Tony. — o loiro segurou os ombros do moreno — Eu são saberia, não conseguiria ter uma vida sem você nela.

Os dois sabiam que haviam chegado a um nível que não havia mais volta. Era aquele nível onde pensar na não existência do outro chegava doer.

De que aceitar isso como uma possibilidade concreta de acontecer roubava o ar nos pulmões e as células, elas apenas deixavam de funcionar.

— Eu não consigo fazer isso sozinho, Steve. — Tony abraçou Steve, os braços trêmulos.

— Eu estou aqui. Peter está aqui. Você não está mais sozinho. — Steve retribuiu o abraço, apertando Tony contra seu peito. — Eu irei te ajudar. A única coisa que eu não quero é te perder, sabendo que eu poderia ter feito algo. E contra isso, eu posso fazer.

— Eu irei precisar de ajuda.

— Eu estarei aqui. Você precisa prometer, Tony, que nunca mais irá beber outra vez.

— Eu prometo, Steve.

Pela manhã, todas as garrafas de bebidas alcoólicas já haviam sido retiradas de 10880 Malibu Point. Tony e Steve estavam sentados no sofá branco da sala de estar da mansão, aquela madrugada fora de muito trabalho.

— Steve, eu ainda tenho uma coisa para te falar.

— Ok, prossiga.

— O que você me falou ontem, me deu muito que pensar. E... bem, é certo que chegará o dia em que eu não esteja mais com esta boa forma que você está vendo hoje.

— Hum...

— E eu não estarei mais, como eu posso dizer, desejável aos olhos de alguém mais jovem e...

— Não, não, pode ir parando por aí. — Steve interveio.

— Deixa eu terminar de falar.

— Me recuso a ouvir o que você vai falar a seguir. E já adianto a resposta. Não! Eu não vou trair você só para me satisfazer, quem você acha que eu sou?

— Não dificulta, eu estou tentando ser um marido legal, que pensa no bem estar do outro.

— Tony, você consegue sentir isso? — Steve pegou a mão direita do moreno e a colocou em cima do próprio coração — Ele nunca irá bater desse jeito para outra pessoa além de você. Eu nunca vou olhar pra nenhum outro além de você.

— Você não me deixa ser liberal. Você me acostuma mal, sabia? Você faz meu coração bater completamente sem ritmo quando fala essas coisas. Eu jamais me acostumarei com isso.

— Eu te amo, caramba. Você já devia saber que eu jamais iria aceitar isso. — Steve selou os lábios de Tony com os seus e todos os músculos dele relaxaram quanto o abraçava. — E eu gosto quando consigo tirar a sua eloquência.

— Você não era assim antes — Tony fez Steve deitar no sofá e deitou sobre o peito dele — eu preferia quando eu te deixava vermelho sempre. Ah, sei, é só eu falar umas sacanagens no seu ouvido, aquelas que te deixam excitado.

— Tony!!

— Viu. Já está funcionando. — Tony aconchegou a cabeça sobre o peito de Steve — Daqui exatos dois minutos o Peter acorda. Quem vai buscar.

— Você vai, você está por cima.

— Certo, então você faz a mamadeira. E depois?

Depois de Tony dar banho em Peter e Steve alimentá-lo, os três deitaram na grande cama do quarto do casal.

Steve achava que aqueles momentos, esses tão pequenos que eram sempre compartilhados eram os que fariam tudo valer a pena.

Tony acreditava que eles valiam por uma vida inteira.

E Peter veria tudo valer a pena por uma vida inteira.

No futuro, ao lado dos pais.

And it's over

And I'm goin' under

But I'm not givin' up

I'm just givin' in

Never let me go, never let me go…


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Notas finais do capítulo

Ah, olá gente

Viram, não foi tão ruim quanto vocês pensaram u.u

Eu queria dizer algumas coisas. Como por exemplo o Stark ter parado de beber. Essa parte eu tirei das HQs. Nela o Steve ajuda Tony a sair do alcoolismo e o faz prometer que ele nunca mais beberia novamente.

Eu sinceramente acho isso uma das coisas mais lindas da minha vida e eu queria trazer pra uma fic essa parte.

Enfim, espero que tenham gostado. Apesar do drama, eu adorei escrever, me sinto uma vencedora na vida hsuashaushaushua.

Obrigada, viu, gente, vocês são lindos.

Bjos e até a próxima.